sábado, 10 de dezembro de 2016

Veículo de Combate de Infantaria (IFV/APC) #128


Advento do carro de combate a partir da Primeira Guerra Mundial trouxe a solução para o impasse da guerra de trincheiras, criado pelas metralhadoras. Esta nova arma imprimiu maior dinamismo às batalhas permitindo, através de sua proteção blindada que se criassem brechas nos campos de tiro saturados pelo projéteis das armas automáticas. 

O carro de combate veio para ficar, atingindo sua maturidade na Segunda Guerra Mundial e possibilitando a criação da guerra de movimento, denominada pelos alemães de blitzkrieg. Ele agrega couraça, poder de fogo e mobilidade de forma equilibrada, fazendo-o um poderoso instrumento tático. Como todo Golias, estes também não são isentos de vulnerabilidades. As armas anticarro logo começaram a aparecer na forma de fuzis anticarro, rojões e mísseis guiados (ATGMs). A infantaria inimiga logo ganhou condições de fazer frente aos carros de combate e um novo impasse tático passou a existir.

Senhores do campo aberto, os carros de combate (MBTs) passaram a deslocar-se a grandes velocidades alocando o fogo de sua arma principal onde fosse necessário, seja contra outros carros e alvos mais resistentes ou em apoio a infantaria amiga, batendo pontos fortes e facilitando a progressão desta. Porém sua blindagem, um dos grandes trunfos destes veículos, sempre apresentaram o ônus do peso e apesar dos avanços nesta área, um carro que hipoteticamente viesse a contar com proteção blindada total contra tudo o que existe apresentaria um peso que o tornaria inviável, a ainda assim nada impediria que novas contramedidas mais potentes fossem criadas.




Mesmo podendo apresentar uma ameaça devastadora a infantaria inimiga, todos os carros de combate do passado e da atualidade apresentam vulnerabilidade às seções anticarro desta mesma infantaria, contra as quais pouco podem fazer uma vez que estão dispersas e camufladas, e não se pode atingir com eficácia aquilo que não se sabe onde está. A solução encontrada para este impasse tático foi a criação da infantaria de apoio, onde utilizando o conceito de armas combinadas, a infantaria passou a acompanhar os carros principais nos campos de batalha, justamente para lhes proporcionar proteção contra a infantaria anticarro, reduzindo sua vulnerabilidade ante estas ameaças dispersas que o carro de combate principal tem dificuldade de engajar.

Porém necessário se fez conciliar a velocidade de avanço da infantaria com a dos carros de combate, claramente discrepantes. A solução para este problema foi embarcar a infantaria nos chamados táxis de batalha, veículos blindados especialmente concebidos para transportá-la e acompanhar os carros principais. Estes veículos deveriam desenvolver a mesma mobilidade de seus irmãos mais pesados e permitir que a infantaria se apresentasse onde se fizesse necessário para combater, primeiramente desembarcando e numa abordagem mais recente a partir do próprio veículo. A estes veículos denominamos na atualidade de APC (armored personal carrier - VBTP - veículo blindado de transporte de pessoal) e numa evolução deste conceito temos os IFVs (infantry fighting vehicle - VCI - veículo de combate de infantaria), que são APCs capazes de prover apoio ao combate, ou APCs potencializados.

O primeiro IFV produzido em massa foi o Spz 12-3 alemão e serviu o Bundeswehr de 1958 até os anos 80, quando deu lugar ao Marder. Tinha um canhão de 20 mm e levava uma esquadra de 5 infantes. Em 1967 a URSS desfilou o BMP-1 que surpreendeu pelo perfil muito baixo e estava armado com um canhão de 73 mm e mísseis Sagger, transportando um grupo de combate de 8 infantes e mais 3 tripulantes. Sua couraça resistia a impactos de 12,7 mm e parcialmente a 20 mm, dependendo do ângulo de contato. Seu armamento, no entanto era potente contra os APC ocidentais, com notória vantagem.



Os EUA seguiram com o M2 Bradley como seu primeiro IFV, depois de muito tempo usando o APC M113, usado até hoje no mundo inteiro. Surgiram no RU o Warrior e na Alemanha o Marder como já citado. Outros países foram se equipando com modelos próprios, como a África do Sul com o Ratel já em 1971, que foi concebido sobre rodas para avanços rápidos.

Os IFVs são veículos mais potentes que os APCs e capazes de oferecer a infantaria, além de transporte, apoio de fogo e C3I, poís portam canhões automáticos de 20 a 40 mm, mísseis anticarro e eletrônica embarcada que oferecem elevado índice de consciência situacional (o BMP russo surgiu com um canhão de 73 mm). Os APCs geralmente limitam-se ao transporte dos infantes sob a proteção de alguma couraça, e seu armamento orgânico está limitado a armas de autodefesa, principalmente contra aeronaves na forma de metralhadoras pesadas, podendo oferecer seteiras para combate embarcado. As blindagens de ambos são muito inferiores aos dos MBTs que acompanham, basta comparar os pesos de cerca de 30 toneladas nos IFVs mais pesados aos 60-70 toneladas dos MBTs. Podem oferecer ameaças a estes se dotados de ATGMs.


Concebidos para acompanhar os MBTs, ganham importância na atualidade com a intensificação dos conflitos assimétricos e urbanos, cenário ondem dispensam a presença destes. Os IFVs oferecem um bom equilíbrio entre couraça, poder de fogo e mobilidade, principalmente por serem capazes de aeromobilidade em aeronaves não extremamente pesadas, se não houver a exigência de enfrentar MBTs com seu armamento de tubo, claramente insuficiente.


Os IFVs/APCs são montados tanto sobre rodas como sobre lagartas, sendo estes último mais adequados a atuarem com os MBTs como infantaria blindada e os primeiros para comporem tropas mecanizadas, sendo mais leves. As blindagens variam muito e são fator preponderante na determinação do peso do veículo. Os modelos mais leves são capazes de resistir a disparos de infantaria 7,62 mm e alguns 12,7 mm, além de estilhaços de artilharia, podendo também alguns modelos receberem blindagem adicional modular. Os modelos CV-90 sueco e BMP-3 russo são capazes de absorver impactos frontais de 30 mm. A blindagem frontal tende a ser mais resistente, sendo a superior e inferior, além das laterais e traseira mais finas. Modelos mais baixos oferecem menor silhueta e maior facilidade de ocultação, enquanto que projetos mais recentes estão sacrificando a pouca altura em favor de uma maior distância do solo para maior proteção contra IEDs e minas terrestres, principalmente nos modelos sobre rodas. Não é função de um IFV combater MBTs, mas pode fazê-lo de forma limitada se dotados de ATGMs e atuando em apoio aos seus MBTs e em situações extremamente necessárias.


As armaduras modulares dos IFVs mais modernos permitem que ele seja configurado conforme a missão. O finlandês Patria AMV por exemplo, possui módulos de várias espessuras. Este recurso permite uma diminuição do peso, para, por exemplo, valer-se de aeromobilidade. Modelos como o russo BMP-3 contam com sistemas de proteção ativa que o protege de projéteis com velocidades de 700 m/s e os modelo israelenses contarão com contramedidas para munição APFSDS. Estes blindados também podem cruzar muitas pontes que os MBTs não podem, o que lhe garante mobilidade superior e estes.

Outro sistema presente em praticamente todos são dispersadores de fumígenos e alguns modelos contam com Flares para despistar ATGMs IR.

Alguns IFV denominados Heavy Infantry Fighting Vehicle (HIFV) são versões IFV de carros de combate principais (MBTs) e dotados da mesma blindagem, por consequência igualmente pesados. Como exemplo deste carros temos o T-15 Armata russo derivado do T-14 e o Namer baseado no chassi do Merkava IV.

Outra característica presente em muitos IFVs e APCs, principalmente devido ao seu baixo peso é a flutuabilidade que lhe permite capacidade anfíbia em águas interiores. Esta característica é especialmente interessante naqueles veículos que atuam na cavalaria mecanizada, fazendo as pontas de lança de forças maiores e encarregadas de assegurar a outras margem dos rios para que as forças que vem depois possam realizar a travessia dos cursos d'agua através de pontes lançadas pela engenharia de combate de forma segura. A tração sobre rodas dá aos veículos assim equipados a capacidade de deslocamento a grandes distâncias por estradas, enquanto que aqueles sobre lagartas dependem de pranchas ou transporte ferroviário para deslocamentos estratégicos. Já em terrenos muitos difíceis a propulsão a lagarta se faz superior aquela sobre rodas, porém estes sempre são a distâncias mais curtas.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A Evolução Recente da Infantaria *127


baseado no C7-1

A infantaria moderna consolidou seu modo de combate com o advento das últimas tecnologias que surgiram a partir da Primeira Guerra Mundial. As formações rígidas, herdadas das antigas falanges gregas e baseadas no fogo contínuo e nas formações em linha, deram lugar a moderna forma de combate baseadas na combinação de fogo e movimento denominada manobra.

Já nos idos da revolução francesa a infantaria passou a libertar-se das rígidas formações geométricas de outrora e dos intervalos para mudança de formação, adquirindo maior flexibilidade, evolução esta catalizada pelo surgimento do fuzil moderno, carregado pela culatra, com maior alcance e precisão, e maior cadência de tiro. Intervalos entre as formações passaram a existir, batidos pelo fogo de armas mais potentes.

O início do século XX consagrou as novas práticas de combate, lastreadas pelos avanços da revolução industrial, e permitiu a infantaria já dotada dos fuzis em substituição aos ultrapassados mosquetes e arcabuzes e das metralhadoras que passaram a prover volume de fogo ao campo de batalha, firmar-se no seu papel de núcleo e base de qualquer força terrestre.

As primeiras metralhadoras, inicialmente pesadas e entregues a artilharia, foram evoluindo e tornando-se mais leves e práticas, forçando o infante a procurar abrigo junto ao solo. Companhias de armas automáticas foram criadas e a guerra entrou no impasse da guerra de trincheiras, característica da Primeira Grande Guerra.




Apoiada pelas outras armas, a infantaria passa a atuar com o apoio das bocas de fogo da artilharia e com a proteção dos carros de combate da cavalaria, formando com essa um binômio usado com sucesso até os dias atuais, recuperando a impulsão perdida com o advento das metralhadoras. Com maior impulsão surgem os obstáculos artificiais que potencializam os naturais, como os campos minados, o que leva ao surgimento da engenharia de combate como forma de não frear a recém conquistada recuperação da impulsão em combate.

A guerra civil espanhola já faz uso intenso da motorização e a Segunda Guerra Mundial disponibiliza ao infante proteção blindada, permitindo a estes acompanharem os carros de combate, proporcionando-os proteção contra a infantaria inimiga, desembarcando quando já bem próximos desta. Os tempos contemporâneos também trouxeram a aviação que potencializou a infantaria com fogos de apoio e mobilidade nunca antes experimentada.




As lições da grande guerra da segunda década do século XX consolidaram o batalhão como unidade tática padrão da infantaria e organizaram os homens em torno das metralhadoras, formando as esquadras e grupos de combate, que por sua vez integram os pelotões e estes suas companhias. As esquadras atuam pelo conceito do fogo e movimento e proteção mútua, enquanto uma progride a outra a cobre pelo fogo, em movimentos alternados, formando os grupos de combate (GCs). Esta organização mostrou-se eficaz e se mantem atualmente.

Interessante se faz dizer que os avanços táticos ao longo dos tempos são frutos do avanço técnico das armas, pois são suas possibilidades que permitem as novas práticas de combate. Os avanços implementados já no início da Primeira Guerra Mundial podem ser listados como: O fogo passou a restringir o movimento, o combate esquemático deu lugar ao flexível fazendo uso do abrigo e da dispersão, a organização do terreno passou a ter grande valor com a construção de posições fortificadas e o infante aproveitando-o de acordo com suas características dando-lhe um aspecto de esvaziamento, os dispositivos passaram a ser desdobrados em profundidade para melhor a absorção do choque inimigo e a ênfase da defensiva sobre a ofensiva, em parte obrigada pela impasse das trincheiras.




Já na Segunda Guerra Mundial passou-se a buscar os pontos fracos do dispositivo e a infiltração que permite o assédio aos flancos e a retaguarda, menos defendidos, colocando-se dessa forma em posição vantajosa e dando a ofensiva sua importância perdida. Com comunicações mais eficientes, a infantaria passou atuar de forma combinada com a cavalaria, a artilharia e a engenharia de combate, potencializando o poder de cada uma.

A Guerra russo-japonesa deu início às operações noturnas como forma de superar o devastador fogo das metralhadoras. Os meios aéreos e mecanizados permitiram a partir da Segunda Grande Guerra as manobras de envolvimento, potencializadas pela introdução do helicóptero, que teve sua primeira guerra de peso no Vietnam. 




O grau de urbanização alcançado no Século XX tornou os centros urbanos cenário para as guerras de resistência, onde o carro de combate passa a ter papel secundário e infantaria cresce no seu grau de importância, atuando como protagonista das operações. O combate em localidade se mostra como um grande problema aos comandantes militares e a flexibilidade do infante vem de encontro a mais este desafio, pois só ele pode efetuar a varredura das edificações, casa por casa, rua por rua. O carro de combate, senhor do campo aberto, atua também neste cenário, porém como arma de apoio, assim como a artilharia, a engenharia de combate e os helicópteros. As forças irregulares, cada vez mais presentes nas batalhas modernas, atuam muitas vezes mescladas à população civil e cabe a infantaria fazer esta distinção e atuar seletivamente.



O combate embarcado, onde carros especialmente construídos (IFVs) permitem a infantaria atuar protegida pela couraça e ao mesmo tempo acompanhar os carros de combate, valendo-se de proteção mútua com armas potentes orgânicas em seus veículos, passaram a povoar as forças de choque dos exércitos do século XXI, modernizando o conceito de armas combinadas e tornando a infantaria blindada ainda mais eficaz. A infantaria também aprendeu a lançar-se a partir do mar, já nos meados do século passado, através do aperfeiçoamento das técnicas de assalto anfíbio e dotando as marinhas de guerra de poder para estabelecer cabeças de praia amplas e seguras, para que tropas mais numerosas possam desembarcar com tranquilidade. A infantaria conquistou os céus, e através de assaltos aeroterrestres possou a posicionar-se em qualquer ponto dentro de território inimigo, garantindo o domínio de pontos sensíveis até que tropas por terra venham ao seu encontro, em operações de junção.



A tecnologia disponível a partir da última metade do século XX passou a oferecer recursos nunca antes disponíveis, como a capacidade de combater à noite de forma inquestionável e as novas proteções de kevlar que oferecem proteção eficiente sem o ônus das pesadas armaduras dos soldados de outrora. Os desenvolvimentos da tecnologia digital passaram a oferecer a capacidade de NCW a cada um dos infantes, permitindo um grau de comando e controle, assim como de consciência situacional excepcional. Um general, sentado em sua poltrona em seu QG permanente, pode visualizar o que uma esquadra está vendo em combate do outro lado mundo em tempo real, assim como a disposição de seus pelotões e companhias, intervindo se necessário como se lá estivesse. O helicóptero veio para lhe oferecer mobilidade sem igual, permitindo-lhe posicionar-se pontualmente em longas distâncias e tempos curtos, transpondo facilmente obstáculos, combater e em seguida ser recolhida e mudar de posição dando dinamismo ao espaço de batalha.



Seus princípios  e características permanecem, no entanto inalterados. Combater em qualquer terreno e sob quaisquer condições meteorológicas, tendo o indivíduo como núcleo de sua força, onde se sobressai a competência individual e o adestramento, a capacidade de liderança e a fortaleza moral. A capacidade de fazer fogo de uma distância de onde se pode ver as expressões faciais do inimigo, em seguida movimentar-se e fazer fogo novamente, são exclusividades desta arma, base dos exércitos de todo o mundo.  




domingo, 20 de novembro de 2016

O Sonar #126



O Sonar é instrumento fundamental da guerra anti-submarino. Ele é um dispositivo criado para detectar e localizar objetos submersos na água por meio das ondas sonoras que os alvos refletem ou produzem.

O sonar ativo funciona basicamente como o radar, só que usa pulsos sonoros no lugar das ondas de rádio. As ondas de rádio não se propagam sob a água, além de poucos metros.

O pulso do sonar é emitido e ao encontrar um obstáculo, retorna ao emissor. Medindo-se o tempo que o pulso levou para ir e voltar, tem-se como calcular a distância do objeto ecoado com “relativa” precisão. A precisão é “relativa” porque os pulsos do sonar sofrem diversos tipos de atenuação causados pela temperatura, salinidade e pressão da água, que mudam de acordo com as estações do ano, posições geográficas e condições atmosféricas.

O som é uma ondulação mecânica cuja propagação é possível por causa da conexão elástica entre as moléculas. As moléculas nos líquidos estão mais próximas umas das outra do que no ar, por isso a velocidade do som na água é 4,4 vezes maior que no ar. A velocidade exata do som na água é de 1.438 m/s, quando a temperatura da água é de 8 graus Celsius.

A velocidade e a direção das ondas sonoras dependem da temperatura, salinidade e profundidade da água. Por exemplo, o aumento da temperatura da água faz com que a velocidade do som seja maior. Quando o som se propaga através de camadas de água de diferentes temperaturas, ocorre o fenômeno da refração, que é o desvio da onda sonora. A refração pode ser negativa (verão) ou positiva (inverno).



Refração negativa (gráfico acima): durante o verão, a temperatura da água diminui com o aumento da profundidade. A onda sonora se desvia para o fundo do mar. Se submarino está em menor profundidade, perto da superfície, o sonar do navio pode não detectar o submarino.



Refração positiva (gráficos acima): durante o inverno, a temperatura da água aumenta com a profundidade. As ondas sonoras se curvam para a superfície do mar. Se o submarino está junto à superfície do mar, o sonar do navio pode detectá-lo. A refração positiva torna o alcance do sonar maior.



As termoclinas (gráfico acima): quando se usa um batitermógrafo, é possível detectar camadas de água onde a temperatura é maior do que a camada mais quente da superfície e que tem logo abaixo dela, uma camada de água mais fria. Quando encontra uma camada de temperatura menor, a onda sonora se curva rapidamente para o fundo. A onda sonora vai para o fundo do mar e torna-se inútil. Se um submarino está submerso na termoclina ou abaixo dela, ele não será capturado pela onda sonora e assim permanecerá indetectado.

Existem normalmente duas camadas de termoclinas no verão. Uma camada fica a cerca de 15 a 20 metros de profundidade, e uma outra em torno de 150 metros de profundidade. A de profundidade de 15 a 20 metros é importante, porque durante o verão, à tarde, se as condições climáticas são boas, um submarino não pode ser detectado por um sonar de casco de navio.

Ao mesmo tempo, essa profundidade é boa para observação e lançamento de torpedos. Se um navio de superfície pretende detectar um submarino, ele terá de ser equipado com sonar rebocado de profundidade variável (VDS). Nesse caso, o sonar deve ser mergulhado abaixo da termoclina.



O sonar ativo, principal sensor abaixo d’água dos navios de guerra anti-submarino, emite pulsos sonoros popularmente conhecidos como “ping”, que ao encontrarem um obstáculo, retornam ao emissor. Medindo-se o tempo que o “ping” leva para ir e voltar, tem-se como calcular a distância do objeto ecoado com “relativa” precisão. Mas os pulsos sonoros sofrem diversos tipos de atenuação e alteração na sua velocidade, causados pela temperatura, salinidade e pressão da água, que mudam de acordo com as estações do ano, posições geográficas e condições atmosféricas.

Já que o mar é um ambiente dinâmico, principalmente com os navios em movimento, as camadas termais podem mudar de profundidade, alterando a curva de alcance do sonar. Essas curvas de alcance são computadas com dados obtidos no lançamento de sondas batitermográficas (XBT), que vão mergulhando e transferindo para o navio ou aeronave, a localização das camadas termais naquele momento, a pressão da água, salinidade, dados esses que permitem obter a velocidade do som em dada profundidade. Essas sondas são lançadas periodicamente.

Notar que no desenho, parte do feixe do sonar emitido pelo navio, se propaga próximo da superfície, no fenômeno conhecido como “duto de superfície” e parte do feixe se desvia para baixo, voltando para cima logo adiante (por causa do aumento de pressão, que eleva a velocidade do som). O desvio dos feixes sonoros deixa uma zona de “sombra”, na qual o submarino normalmente procura se ocultar, pois ele também possui batitermógrafo e sabe qual é a profundidade da camada.

Nessas condições, o submarino conhece a posição do navio de superfície, porque usa o sonar passivo, que usa hidrofones só para escuta. Normalmente, o alcance do sonar passivo de um submarino é no mínimo o dobro do alcance do sonar ativo de um navio de superfície, o que lhe dá uma enorme vantagem tática.



Submarinos sabem com antecedência onde estão os navios inimigos, ouvindo o ruído de suas máquinas e a emissão dos seus sonares ativos. Desse modo, os submarinos podem ocultar-se na camada termal e esperar o melhor momento e posição para o ataque.

Em certas condições, os submarinos conseguem escutar navios de superfície a mais de 50 milhas de distância, enquanto o alcance típico do sonar ativo dos navios gira em torno de 10 milhas (excetuando-se as situações de “zona de convergência”). Os sonares ativos de helicópteros têm alcance ainda menor, pois são sonares de alta frequência.

Para enfrentar o problema das camadas termais, usa-se o VDS (sonar de profundidade variável), que pode ser mergulhado dentro da camada. Como desvantagem, o sonar de profundidade variável tem alcance menor que o sonar de casco, pois normalmente emprega altas frequências devido ao pequeno tamanho do transdutor. O VDS também limita a mobilidade do navio, que não pode navegar em altas velocidades nem fazer manobras bruscas, sob o risco de arrebentar o cabo e perder o “peixe”. 

Nas fotos abaixo, dois tipos de “peixes” VDS, um canadense e outro francês.




Helicópteros Navais #125



A década de 1950 confirmou a tendência do uso de aeronaves de asas fixa embarcadas cada vez maiores e mais pesadas. A aviação embarcada da Segunda Grande Guerra com suas aeronaves leves ficara para trás. Frente a este fato, a maioria das marinhas de guerra do mundo se viu impossibilitada de contar com navios aeródromos dedicados, mesmo em um futuro previsível de longo prazo. O desenvolvimento do helicóptero naval veio de encontro aos anseios destas frotas com recursos limitados, e constituí-se até os dias de hoje no componente de aviação naval de todas as marinhas, sejam as mais modestas como componente único, seja nas mais abastadas fazendo parceria com as aeronaves de asa fixa.

Equipados com vasta gama de equipamentos, eles podem ser operados em quase todos os tipos de navios, mesmo aqueles que não dispõem de aparelhos de parada e catapultas, bastando-lhes uma plataforma de pouso e um hangar de manutenção, viável de serem instalados em fragatas, destróieres e outros navios que as marinhas possuem. Os pioneiros foram os ingleses com seu limitado Wasp para ASW, capaz apenas de transportar um torpedo controlado pelo navio, sem qualquer tipo de sensores ou sistemas dedicados. Foram logo seguidos por franceses e italianos, tendo os norte-americanos demorado mais a adotar o conceito, talvez pelo fato de possuírem grandes navios-aeródromo e terem se envolvido no mal sucedido programa DASH e confiados no limitado míssil ASROC., adotando no inicio dos anos 1970 o Sea Sprite. O tempo mostrou a validade deste conceito, sendo que grande escoltas capazes de operar até 3 deles foram construídos por japoneses e canadenses.




Tal como no combate terrestre, o moderno helicóptero naval embarcado é um meio de combate de altíssimo valor. Todas as belonaves de superfície da atualidade são configuradas para operá-lo, ou em algumas de menor capacidade pelo menos para recebê-lo.

Eles são operados a partir dos navios-aeródromos (porta-aviões), sejam eles de apoio anfíbio ou de núcleo da frota em quantidades maiores, e em número de uma até três unidades em fragatas e destróieres, navios de patrulha e outros navios de apoio. Também existem belonaves especialmente configuradas para operarem com porta-helicópteros que também dão conta de um maior número deles.

Os helicópteros navais embarcados devem ser plataformas versáteis e capazes de operação em mais de um tipo de missão, pois freqüentemente operam sozinhos devido a limitação de espaço dos conveses de voo (convoo) da maioria de seus navios plataforma. Recentemente, devido aos avanços da tecnologia, estão se tornando cada vez mais uma realidade a presença de veículos aéreos não tripulados que podem ser aeronaves de asas rotativas, que, devido a não necessitarem de embarcar tripulantes, podem ter tamanhos menores e operarem em quantidades maiores que uma ou duas unidades nos mesmos convoos que seus similares tripulados operam.




Os helicópteros são um componente significativo no poder de combate de um navio moderno, sendo uma extensão de seus sensores e sistemas de armas. São construídos desde modelos mais leves como os Super Lynx europeu aos mais pesados como os Seahawk norte-america e NH-90, também europeu, e seu tamanho determina a quantidade de sistemas que poderá operar, bem como em que plataforma poderá ser embarcado, e em que quantidade. Podem, devido a sua alta velocidade em relação à velocidade do navio, serem lançados para identificar contatos além-horizonte com rapidez e engajarem em combate de forma autônoma ou integrada ao seu navio-mãe ou a outro componente da frota.




Dentre suas tarefas mais usuais, eles executam a busca e o ataque anti-submarino. Durante uma operação desta natureza, podem permanecer no convoo em condições de responderem imediatamente a um contato qualquer dos sensores do navio, podendo voar rapidamente até suas proximidades para identificação mais apurada, empreender localizações mais precisas e colocar suas armas dentro do alcance operacional delas. Podem ainda em cenários de contato inimigo iminente, voarem a frente da frota, executando a varredura das águas adjacentes e proporcionando segurança aos navios de superfície.

No combate a meios de superfície, podem voar em missões de esclarecimento além do horizonte (OTH), realizando vigilância e reconhecimento, localizando meios inimigos e fornecendo guiagem de meio curso à mísseis antinavio lançados dos navios amigos, ou mesmo atacando alvos com mísseis e torpedos orgânicos, além de atuar na designação e aquisição de alvos para mísseis de cruzeiro, seja contra alvos navais ou terrestres.




No combate terrestre a partir do mar, podem transportar tropas dos navios até posições no litoral, fornecer apoio de fogo se devidamente equipados e proporcionar observação, seja de esclarecimento ou para controle de fogo de artilharia naval. Podem ainda, no apoio ao combate anfíbio, servirem de mulas de carga entre o navio e as posições de terra, abastecendo as tropas com munições e outros suprimentos.

Podem atuar ainda em proveito da segurança dos meios de superfície, posicionado em grande altitude, fornecer alerta aéreo antecipado (AEW) ampliando o horizonte-radar das belonaves, detectando a presença de aeronaves ou mísseis hostis. Outra missão usual é a transferência de carga entre navios, ou ainda portarem sistemas de engodo a mísseis antinavio inimigos que voam rente a superfície, atraindo-os como se fossem o próprio navio, que passando por baixo das aeronaves imunes a eles, acabam perdendo-se no mar.




Completando suas possibilidades pode lançar minas ou participar de sua varredura, efetuar evacuação aeromédica (EVAM), empreender operações de guerra eletrônica (EW) como a triangulação de emissores e retransmissão de comunicações, realizar busca e salvamento (SAR) e busca e salvamento de combate; em busca, por exemplo, de pilotos abatidos (CSAR), além de combater outras aeronaves de vôo lento. Em operações de baixa intensidade pode apoiar a abordagem de navios como escolta de lanchas de abordagem e outros helicópteros, ou transportando comandos, devendo ser equipados com metralhadoras e foguetes.




Estas capacidades estão presentes em diferentes helicópteros em variadas configurações, sendo improvável que uma única aeronave agregue todas elas ao mesmo tempo.

Desde a década de 1960 que este tipo de aeronave tem se mostrado presente em todos os conflitos com componente naval, atuando ativamente em episódios como a guerra do Vietnam, das Falklands-Malvinas, no Golfo-Pérsico e Guerra-Fria por exemplo.




Os modernos helicópteros navais são equipados com toda uma gama de sistemas defensivos que lhe garante um capacidade ótima de sobrevivência em combate, como blindagens de baixo peso, sensores alerta-radar(RWR) e alerta contra mísseis (MAWS), chaffs e contramedidas contra guiagem infravermelha (FLARES). Alguns podem carregar ainda mísseis ar-ar IR para combate contra outros helicópteros. Dentre os sensores que esta aeronave pode transportar temos dos radares de abertura sintética (SAR), o FLIR e outros eletroópticos, radares de vigilância e complexos sistemas de ESM que lhe permitem o desempenho das variadas missões já mencionadas. Para ASW ele pode transportar sonares de profundidade variável, MAD e sonobóias.




A operação dos sonares a partir do helicóptero pode ser dar sem problemas em modo ativo sem denunciar a posição dos meios de superfície, podendo dar pistas falsas sobre estas posições.

Outras capacidades que uma aeronave deste tipo deve ter para operar com proficiência sobre o ambiente marítimo são: sistema de pouso automático e enganchado, proteção contra a corrosão marítima, capacidade de absorver com tranqüilidade os choques contra o convés durante pousos e decolagens decorrente do balanço do navio, sistema de flutuação, capacidade de ser reabastecido em vôo pelo navio, ter rotores e cauda dobráveis para reduzir seu tamanho a facilitar sua hangaragem, amplo espaço para tropas e equipamentos, possuir guincho de carga. Outra característica desejável mas não essencial é ser bimotor para o caso de falha de uma das turbinas.

Para operar helicópteros os navios devem ter hangar se o mesmo for orgânico e convoo, que devem ser amplos o bastante para o modelo de aeronave utilizado. Quanto mais ao centro e mais baixo forem, menor será o balanço neste ponto. Deve ter a capacidade de pouso enganchado para momentos em que o mar está alterado, paiol para o armamento da aeronave e suprimento de combustível.



domingo, 7 de agosto de 2016

O Franco-Atirador (Sniper) #123


O franco-atirador ou "sniper" é o caçador dos campos de batalha. Sua função é o abate de alvos de valor significativo, como oficiais e outros cuja perda provoquem prejuízos ao inimigo maiores que a perda de um simples combatente. Para a maior parte dos combatente a batalha é algo impessoal, um confronto contra uma equipe adversária, mas para o franco-atirador é um confronto "um contra um". Seu grau de eficiência pode ser descrito pela frase: "um tiro, um abate". Pode atuar como observador avançado para artilharia e controlador aéreo avançado, além de coletar informações em campo.

Sua aproximação se dá de forma incógnita, empregado um variedade de técnicas de camuflagem e movimentação furtiva, muitas vezes seguida de uma espera que pode durar horas ou dias, até que o momento adequado permita levar sua missão a cabo. Pode permanecer imóvel pelo tempo que se fizer necessário, ignorando adversidades meteorológicas, sem fazer o mais leve movimento, sempre em busca do anonimato tático. Após o disparo, que se faz a distâncias consideravelmente longas, pode continuar imóvel aguardando o momento de deixar o local em que se encontra sem ser notado, como o cair da noite. O atirador de elite como é conhecido, pode ter diferentes níveis de treinamento podendo ser um elemento de atuação isolada e treinamento super apurado, ou um apoiador para a infantaria e treinamento mais genérico.

Cabe ao caçador distinguir entre muitos quem é o comandante, o mensageiro, o rádio-operador e outros. O abate de cachorros e seus tratadores também é muito usado, uma vez que estes são usado para localizar suas posições. Outros alvos são comandantes de blindados e helicópteros, observadores avançados e outros caçadores e guarnições de armas coletivas.




Durante a Segunda Guerra Mundial, algumas da exigências do British Army para escolha de seus caçadores era, entre outras, inteligência acima da média, vigor físico destacado, aptidão para permanecer isolado por períodos longos e pontaria inquestionável; características mais presentes nos homens oriundos do meio rural. Com o fim da guerra esta modalidade de combate foi deixada de lado pela maioria dos exércitos. Os ingleses, no entanto, logo perceberam o erro devido às escaramuças dos guerrilheiros no seu vasto império, e estes combatentes de elite tiveram seu lugar assegurado em suas fileiras. A Guerra da Coréia e do Vietnam mostraram sua importância.

Uma das atribuições do franco-atirador é impor um pressão psicológica ao inimigo. Estar em uma área onde a presença deles é reconhecida ou pelo menos provável, faz-se pensar duas vezes antes de fazer qualquer movimento, mesmo na segurança de uma base. Se alguém for periodicamente atingido esta tensão se acentuará em demasia. Seus alvos são de alto valor, determinados por uma observação cuidadosa, não desperdiçando seu tempo com alvos de menor importância. Seu treinamento enfatiza a observação e a capacidade para determinar o que interessa de fato.




Uma segunda função deste combatente é servir de vanguarda ao avanço da infantaria, abatendo aqueles elementos inimigos que constituem obstáculos ao avanço, como por exemplo as guarnições de metralhadoras que podem deter o avanço de frações inteiras. Uma boa prática para estes combatentes é atuar em duplas, com um indivíduo atuando como observador e portando uma arma automática para autodefesa.

A arma do atirador de precisão é especialmente destinada podendo ser um simples fuzil melhorado e dotado de aparelho de pontaria mais apurado, geral mente usado no apoio a frações de infantaria; até armas especialmente constituídas atirando a distâncias que alcançam 2 km ou mais. O fuzil padrão da infantaria é uma arma produzida em série e eficiente para o combate a distâncias de 100 ou 200 m, porém não atende as demandas de alcance e precisão a distâncias mais longas. O moderno fuzil do franco atirador é uma arma de culatra móvel, cano pesado, coronha e peças de apoio ajustáveis, assim como o gatilho. Seu aparelho de pontaria possui mira telescópica dotada de zoom e telêmetro para medir distâncias e determinar alcances, munição selecionada de alta precisão e seu calibre pode chegar aos outrora usados para tiro antiaéreo de 12,7 mm, padrão de armas ocidentais. Possui bipé, redutor de clarão do disparo e silenciador de boca. Funcionamento de repetição é preferência devido a sua maior precisão, sendo que o semi-automático evita o movimento manual do ferrolho, facilitando a ocultação e discrição.




Indivíduos fumantes, que usam óculos que pode oferecer reflexos, ou ainda que não estejam em saúde perfeita são prontamente desqualificados para esta função, pois uma pequena tosse pode revelar sua posição. O altíssimo nível de concentração exigido pode gerar estresse e diminuir sua eficácia, sendo que estes soldados devem atuar preferencialmente em sistema de revezamento. O treinamento nesta função é útil também para o soldado comum, que pode atuar em seu pelotão com mais eficácia e elevar o nível geral das fileiras de infantaria.

Este soldado desfruta de um nível de liberdade não alcançado pelos demais, pois pode ir onde quiser  a fazer o que bem entender, é claro, dentro dos limites de sua missão. Sua capacidade e perícia influem diretamente na vida e na segurança de seus companheiros, e apesar do alto risco de se atuar sozinho ou no máximo com a companhia de um observador/designador de alvos, ele desfruta de ampla autonomia.





sexta-feira, 25 de março de 2016

Minas Terrestres #122



A mina terrestre é um dispositivo explosivo, de acionamento passivo geralmente pela vítima, instalada em grupos de forma a constituir obstáculo à passagem de tropas a pé ou veículos, blindados ou não, ou ainda de forma combinada com a presença de ambos os tipos. Apresentam baixo custo, longa vida útil e demandam pequeno emprego de mão de obra para serem instaladas; razão pela qual se proliferaram muito em todos os conflitos do século XX, principalmente aqueles de baixa intensidade, tornando-se um grande problema para a população civil, mesmo após o fim das hostilidades, pois o custo de sua remoção tem se mostrado excessivamente alto.

Seus primeiros usos estavam relacionados a escavação de túneis sob posições inimigas, com a posterior detonação destas posições que de outro modo apresentavam grande dificuldade de transposição. Desde a antiguidade as minas, construídas de forma artesanal até então, são empregadas no conflitos e fazem parte da história destes, porém foi na Primeira Guerra Mundial que a guerra de minas, como a conhecemos hoje, surgiu, com a escavação de túneis sob as trincheiras em impasse, que eram minados e detonados em acionamento programado para acontecer imediatamente antes do avanço. Esta situação persistiu até o aparecimento do carro de combate no final da guerra.




As primeiras minas modernas surgiram então como IEDs (dispositivos explosivos improvisados), quando seu utilizavam granadas de artilharia plantadas no solo e acionadas eletricamente à distância para, como manobra defensiva, deter o avanço de veículos. Usava-se também dispositivos improvisados de auto-acionamento destas granadas, que serviram de precursores das minas modernas.

A Segunda Guerra Mundial marcou a maioridade deste dispositivo bélico, quando na batalha de El Alamein as vanguardas alemãs foram mantidas a distância por campos minados extensos e estrategicamente colocados, embora estas minas tenham sido usadas desde o início da guerra até o final em todos os teatros deste conflitos, com menor importância da campanha do pacífico.

A Guerra do Vietnam usou intensivamente a mina terrestre, acentuadamente o tipo antipessoal, tornando o avanço pela restritas trilhas no interior de suas selvas e arrozais perigoso e responsável por mais de 10% das baixas deste conflito, quer seja por minas convencionais como por armadilhas improvisadas, explosivas ou não. A Guerra do Golfo, uma guerra predominantemente mecanizada, viu o emprego maciços destes dispositivos nas linhas de defesa iraquianas, que por terem sido desdobradas sem a alocação de fogos de proteção, foram facilmente superados pelas forças aliadas já preparadas para enfrentar este tipo de obstáculo.




Minas terrestres modernas são dispositivos constituídos por um invólucro, que pode ser de metal ou não, recheado por uma carga explosiva que provoca seu estilhaçamento através do acionamento por compressão ou descompressão, quando seu dispositivo acionador é deflagrado, existindo 2 tipos básicos: o antipessoal (AP) e o anticarro (AC), sendo que a mina AC não é acionada pelo peso de uma pessoa.

Cadeia de Acionamento

Uma mina, seja ela fabricada em série ou um dispositivo improvisado pode ser acionada por um grande número de formas: pressão, descompressão, ondas eletromagnéticas, ondas acústicas, tração, temporizadores, fotocélulas, gravidade, química, eletricidade, calor e outras; sendo os dois primeiros os mais usados nos dispositivos produzidos em série.

Sua detonação começa com um ação de iniciação, geralmente provocada pela vítima, quando por exemplo pisa sobre a mina e fere uma espoleta, que detona a carga principal, ou ainda detona uma pequena carga secundária que detona esta primeira. Esta pressão sobre o dispositivo acionador, pode em alguns modelos, apenas arma-lo, com sua detonação se dando no momento em que a pressão cessa. Neste caso se o agente acionador permanecer imóvel mantendo a pressão nada acontecerá. Outra forma de acionamento muito usada, neste caso em armadilhas, é a tração através de um cordão de tropeço, onde uma linha transversal à trilha, ao ser tracionada pelo pé de uma pessoa, provoca a liberação de um dispositivo de travamento que segura uma mola comprimida, golpeando esta uma espoleta e iniciando a detonação. O cordão de tropeço pode ainda esta agindo como retém da mola, e ao ser cortado dar início a detonação.




A espoleta é um dispositivo constituído por pequena quantidade explosivo altamente sensível (fulminato de mercúrio por exemplo) que ao ser golpeada pelo dispositivo acionador provoca a detonação de uma carga mais estável montada ao seu redor. O dispositivo acionador é aquele encarregado de golpear a espoleta, e pode ser uma mola, um pequeno solenóide, a mistura de produtos químicos instáveis, um ignitor elétrico ou outro assemelhado. Pode-se conseguir um grande número de variações combinando-se vários acionadores e métodos de ação de iniciação.

A carga acionada pela espoleta é uma carga menos sensível que esta, e exigem uma detonação (da espoleta) para explodir, e pode ser uma pequena carga secundária que posteriormente detonará a carga principal ou em alguns modelos que não tem carga secundária, diretamente a carga principal.

Tipos de Minas

Como já mencionado as minas podem ser anticarro ou antipessoal, existindo outras de uso menos comum. As minas antipessoal são banidas por tratados internacionais, porém continuam mantando pelo mundo, mesmo em locais onde a guerra não mais existe. Sua limpeza levará ainda muitos anos e dispenderá enormes recursos. São armas construídas para mutilar e não matar, pois um soldado ferido faz com que seus companheiros deixem de combater para prestar-lhe socorro.

As minas antipessoal são basicamente de 4 tipos diferentes, aqui classificadas de acordo com seu modo de atuação. As minas explosivas são o tipo mais comum e são construídas para atingir pés e pernas com sopro explosivo violento, e requerem pressão de cerca de 5 kg, podendo ser acionadas pelo peso de uma criança. São construídas em invólucros de plástico o que as torna difíceis de rastrear por detectores magnéticos. São enterradas e alguns modelos podem ser lançados ao ar. As minas de fragmentação são montadas acima do solo, acionadas por cordões de tropeço, podendo ainda ser montadas em cima de estacas. Possuem grande quantidade de balins metálicos e atingem todos ao redor da detonação. Existem modelos que são lançados ao ar antes da detonação. Existem ainda as minas de fragmentação direcionais que detonam seus fragmentos em uma única direção, podendo ser montada em árvores ou colocadas acima do solo e acionadas por cordão de tropeço.




As minas anticarro visam a inutilização de veículos, são bem mais potentes que as minas AP e só podem ser acionadas por eles, exigindo pressões superiores a 150 kg. Destroem completamente veículos comuns e imobilizam os blindados, mais resistentes, estourando seus pneus e rompendo suas lagartas. São enterradas ao longo de vias ou em campos minados para criar barreiras, podendo ser combinadas com minas AP a fim de dificultar sua desativação por equipes a pé. podem ser explosivas ou de penetração, estas últimas destinadas a penetrar carros blindados e causar efeitos a sua guarnição, seja de sopro, tóxicos ou fragmentação.

Existem ainda as minas anti desembarque anfíbio, que são montadas na praia e além delas; minas anti-aeroterrestres que visa inutilizar áreas de aterragem de tropas vindas do ar; minas flutuantes de contato usadas contra pontes; minas de dispersão que são lançadas em cacho por aeronaves; minas improvisadas (IEDs), as simuladas e as de exercício.