sábado, 29 de novembro de 2025
A Defesa Antiaérea de uma Força-Tarefa Naval **048
terça-feira, 25 de novembro de 2025
Guerra Eletrônica (Parte 4) - O Radar **076
O Radar (Radio Detection And Ranging) é o sensor eletrônico mais confiável e comumente empregado, funcionando independentemente da luz do dia. Ele pode ser instalado em qualquer plataforma e medir com precisão a posição e a velocidade de objetos no ar, mar e terra; não tendo capacidade submarina. São usados em um amplo leque de aplicações e na atividade militar são usados em reconhecimento e alerta inicial, detecção e rastreamento de alvos, orientação e controle de mísseis e interceptadores, detecção de fogo de artilharia a fim de responder em contrabateria, navegação e alerta de colisão, sensoreamento remoto e mapeamento do solo, seguimento do terreno e medição de altitude, além de outras aplicações.
Sua origem é antiga. A formulação matemática fundamental,
que possibilitou um estudo aprofundado dos fenômenos de propagação das ondas
eletromagnéticas, pode ser encontrada nas Equações de Maxwell, apresentadas em
1871. O ponto de partida é a teoria eletromagnética desenvolvida pelo
físico escocês James Clerk Maxwell. Em 1865, Maxwell previu
matematicamente a existência de ondas eletromagnéticas que se propagavam à
velocidade da luz, unificando os campos da eletricidade, magnetismo e óptica em
um conjunto de equações. Os trabalhos de Maxwell foram confirmados
experimentalmente por Heinrich Hertz em 1888. Hertz, um físico
alemão, demonstrou em laboratório a produção e detecção de ondas de rádio,
provando que elas podiam ser refletidas, refratadas e polarizadas da mesma
forma que a luz visível, validando assim a teoria de Maxwell e abrindo caminho
para inúmeras aplicações tecnológicas. A compreensão das propriedades das ondas
eletromagnéticas inspirou inventores a explorar seu potencial para além da
comunicação sem fio.
Em 1904, o alemão Christian Hülsmeyer patenteou
uma invenção notável denominada "Método para informar ao observador a
presença de objetos metálicos com ondas eletromagnéticas". Seu
dispositivo, o "Telemobiloscope", foi projetado para detectar a
presença de navios no mar, especialmente em condições de pouca visibilidade,
como nevoeiro, alertando sobre possíveis colisões. Embora rudimentar e
limitado, o trabalho de Hülsmeyer representa a primeira aplicação prática
registrada do princípio que viria a ser o radar, utilizando a reflexão das
ondas de rádio para um propósito de detecção, e não de comunicação. Mais tarde,
em 1922, o inventor italiano Guglielmo Marconi, apresentou um trabalho
descrevendo as possibilidades da rádio-detecção usando a reflexão das
ondas eletromagnéticas. Marconi notou que as ondas de rádio podiam ser
refletidas por objetos metálicos, como navios, e sugeriu que essa propriedade
poderia ser usada para localizar embarcações e outros obstáculos, inclusive
prevendo a futura aplicação do radar para fins de navegação e segurança.
A década de 1930 é apontada como o catalisador para o
impulso nas pesquisas do radar. Em um cenário geopolítico tenso, a necessidade
de sistemas eficazes de alerta antecipado tornou-se primordial. A Inglaterra,
reconhecendo essa urgência, assumiu a liderança no desenvolvimento dessa
tecnologia, superando inclusive os Estados Unidos. Esse pioneirismo resultou na
criação de um radar com um alcance de 65 km já em 1936.
O ápice dessa fase de desenvolvimento militar foi a
implementação da cadeia de estações-radar na costa leste da Inglaterra em 1938.
Esse sistema de defesa integrada foi decisivo para a vitória da RAF na Batalha
da Inglaterra, um dos confrontos aéreos mais importantes da guerra. A
capacidade de detectar aeronaves inimigas e coordenar a defesa aérea de forma
eficiente proporcionou uma vantagem estratégica inestimável, ilustrando
perfeitamente a influência da tecnologia na estratégia militar e no desfecho de
conflitos.
Um avanço tecnológico fundamental ocorreu em 1940, com a invenção do magnetron de cavidade ressonante na Universidade de Birmingham. Essa válvula revolucionária permitiu a geração de pulsos de radar de alta potência em comprimentos de onda muito menores, cerca de 90 mm. A inovação do magnetron possibilitou a miniaturização dos equipamentos de radar, tornando viável sua instalação em plataformas móveis, como navios e aeronaves, o que ampliou significativamente as capacidades operacionais e táticas das forças aliadas.
O radar funciona através da emissão de radiação
eletromagnética de forma direcionada, captando em seguida seu eco e medindo a distância
do alvo através do tempo que o sinal leva para ir até o alvo e voltar. A
direção é dada pelo azimute da antena, que pode girar em 360º ou em ângulos
menores, dependendo do modelo do equipamento e seu emprego dedicado.
As ondas eletromagnéticas viajam pelo espaço e ao encontrar seu(s) alvo(s), seja uma aeronave, um vaso de superfície ou qualquer outro refletor, parte dessa energia é refletida de volta na direção do emissor, na forma de um "eco". A antena, que alterna entre os modos de transmissão e recepção, capta esse eco, na forma de um sinal extremamente fraco. Esse sinal é amplificado, processado e analisado por sistemas eletrônicos dedicados.
No radar de pulso, versão mais comumente usada, um transmissor de alta potência gera um pulso concentrado de micro-ondas, que é direcionado para uma área específica, desliga seu transmissor e fica aguardando o retorno (eco) desse pulso. O pulso seguinte só é enviado assim que tenha decorrido tempo suficiente para que o pulso em trânsito atinja o alcance projetado do radar e retorne. A taxa com que os pulsos são enviados denomina-se Frequência de Repetição de Pulsos (PRF). Quanto maior o alcance do radar menor a sua PRF. Modelos modernos podem se valer de PRFs variáveis, usadas de acordo com o alcance demandado. O Comprimento do Pulso é importante para que o radar possa distinguir entre vários alvos ao mesmo tempo. Se este comprimento é maior que o tempo necessário para que o pulso se desloque de um alvo ao outro, os ecos se sobreporão e o radar não poderá distingui-los. Pulsos curtos são desejáveis para distinguir alvos, mas carregam pouca energia e consequentemente reduzem o alcance. A PRF se constitui na principal “impressão digital” do radar e seu principal parâmetro de identificação.
O radar de onda contínua (CW), ao contrário do radar de pulsos, transmite sem interrupções, porém varia sua frequência para poder determinar os dados do alvo.
Antenas de radar geralmente têm a forma de um refletor sólido ou reticulado iluminado por um alimentador central ou outra fonte de energia. Elas operam segundo o mesmo princípio do holofote, com uma única fonte de energia iluminando o refletor para formar um feixe. A antena de um radar é projetada para produzir um formato de feixe mais adequado à tarefa para a qual o equipamento foi projetado. Um feixe fino e no formato de um lápis é mais adequado ao rastreamento de alvos, enquanto os feixes em forma de leque e semifocalizados são frequentemente empregados em operações de busca. Alterações mecânicas na antena permitem uma avaliação modesta da conformação dos feixes para aplicações múltiplas, mas uma antena convencional é basicamente projetada para gerar um único tipo de feixe preconcebido para adequar-se, em maior ou menor grau, às especificações operacionais que o equipamento está capacitado a cumprir. Além do feixe principal, as antenas também têm feixes secundários menores (conhecidos como lobos laterais), que irradiam em diversos ângulos, a partir do feixe principal ou, mesmo diretamente, para a parte posterior. Os projetistas tentam minimizar o tamanho dos lobos laterais, uma vez que eles são explorados pelos sistemas de EW dos inimigos.
O radar de vigilância é em geral projetado para fornecer informação precisa sobre alcance e posição, enquanto descreve alvos com variados ângulos de elevação e tende a utilizar um feixe no formato de um leque com apenas uns poucos graus de largura, mas com 30° ou mais de altura. Como a amplitude do feixe é inversamente proporcional às dimensões da antena, as antenas empregadas em equipamentos desse tipo tendem a ser largas e relativamente baixas. Radares especializados em calcular altitudes e empregados para medir a altitude de aeronaves em mira, detectadas por equipamento de vigilância, requerem uma precisão de elevação de primeira classe e, portanto, tendem a ser estreitos e muito altos. Radares de rastreamento devem ser precisos em ambos os planos e, portanto, requerem antenas cuja altura e largura sejam similares. A forma de varredura também depende do papel desempenhado. Equipamentos de vigilância tendem a varrer um setor angular ou uma circunferência completa. Quando direcionados na posição de um alvo, os calculadores de altitude apresentam uma forma de varredura semelhante à de um "aceno", característico e exclusivo de radares desse tipo. Quando os radares transportados por caças operam no modo de busca, eles geralmente procuram alvos empregando uma forma de varredura chamada de rastreamento de barra múltipla. Após a localização do alvo, eles, como a maioria dos radares de rastreamento, manterão suas antenas apontadas na direção do alvo com uma visada fixa ou quase fixa.
Embora os princípios básicos tenham permanecido inalterados durante décadas, a eficácia militar do radar aumentou sensivelmente devido ao avanço tecnológico. Os transmissores mais antigos trabalhavam com uma frequência fixa estável, prefixada durante a fabricação ou selecionada no campo, entre diversas opções. Um equipamento assim tão simples era relativamente fácil de monitorar ou interferir. Assim, a agilidade de frequência é uma característica de muitos radares modernos: as frequências operacionais do transmissor e do receptor são rápida e imprevisivelmente mudadas dentro de uma faixa de valores, dificultando a localização de sinais, por receptores de busca, e inutilizando equipamentos de interferência mais simples, projetados para usar uma única frequência prefixada. A agilidade de frequência oferece uma vantagem adicional. Uma aeronave ou um navio podem parecer, a olho nu, de um tamanho praticamente constante, mas para o radar o tamanho aparente deles frequentemente irá variar. Numa frequência qualquer, o tamanho do alvo depende muito de sua altitude, de modo que ele pode variar muito rapidamente à medida que pequenas alterações no seu aspecto causem variações na quantidade de energia refletida. A agilidade de frequência reduz esse problema. Numa dada atitude de um alvo, os pulsos em algumas frequências serão fortemente refletidos, enquanto que outros, em frequências bem menos adequadas ao alvo, serão refletidos mais fracamente. À medida que a frequência do transmissor muda de um pulso a outro, a potência dos sinais recebidos também muda. Integrando-se a amplitude de um grande número de pulsos sucessivos, o radar é capaz de eliminar em muito os efeitos de tais flutuações.
Um problema dos radares com agilidade de frequência era o fato de que o magnetron dos radares tradicionais desde o início da década de 40, tinha que ser otimizado ao ser empregado numa frequência fixa exata ou aproximada. Na pesquisa de maior agilidade, os projetistas voltaram sua atenção para uma fonte alternativa de sinais na forma de um tubo de ondas propagantes (TWT), que é capaz de operar em níveis de alta potência sobre uma largura de faixa que, tipicamente, pode se estender até 10% acima da frequência central. Outra vantagem associada aos tubos de ondas propagantes é sua capacidade de operar com formas de modulação complexas (métodos de se alterar sistematicamente uma forma de onda de acordo com outro sinal). O magnetron era idealmente adequado a aplicações em radares de pulsos, uma vez que seu ciclo de trabalho é tipicamente cerca de 0,1% para 99,9% do tempo de transmissão, não havendo radiação de potência e a saída completa apresentando a forma de uma série de pulsos curtos, mas de alta energia. Esse ciclo muito elevado de ligado/desligado é exatamente o necessário a radares de pulsos simples, mas impede o emprego desses radares em modos de operação mais complexos, necessários a aplicações secundárias, além do aperfeiçoamento de melhor proteção contra interferência. Mais uma vez, o tubo de ondas propagantes revelou-se útil, já que seu ciclo de trabalho atinge uma ordem de grandeza mais alta do que a de um magnetron.
Até a década de 1970, o processamento de sinais nos
equipamentos de radar era totalmente analógico. Os alvos e outros dados eram
representados por sinais elétricos que podiam ser amplificados, formatados ou
processados, conforme a necessidade. A eletrônica analógica é simples e bem
conhecida, mas tem a desvantagem de acrescentar ruídos indesejáveis aos sinais
empregados, e a adoção de eletrônica mais complexa implica em mais ruído.
As novas gerações de radares, empregam o processamento de
sinais digitais, que podem ser catalogados ou processados sem o risco de
degeneração. Num sistema digital, os dados são armazenados de forma integra, e
são praticamente imunes a ruído ou interferência, não obstante a quantidade de
vezes que sejam processados.
Num radar analógico convencional, a interpretação do
painel é uma habilidade que os operadores devem dominar, ao aprenderem como se
distinguem alvos de ruídos atmosféricos e comuns. Particularmente no caso dos
radares que tentavam seguir alvos, voando em baixa altitude, isso sempre foi um
problema. A qualidade da imagem apresentada no painel do radar degenera
acentuadamente à medida que as reflexões do sinal, no terreno e em obstáculos
abaixo do alvo, inundam o radar.
Nos radares digitais, o painel não emprega mais a
simbologia de radar analógico (frequentemente referida como dado
"bruto"), mas sim, uma simbologia gerada digitalmente. No lugar de
manchas disformes de luz, os alvos são apresentados numa forma simbólica, de
acordo com a preferência do usuário, alvos "amigos" podem ser
círculos, "desconhecidos", quadrados e, "hostis",
triângulos; todos devidamente acompanhados de números de busca e dados
pertinentes buscados em bibliotecas digitais preexistentes. Os sistemas de
estado sólido são uma tecnologia que utilizam semicondutores para gerar e
processar sinais, substituindo a tecnologia tradicional de magnetron. Esses
sistemas oferecem vantagens como maior durabilidade, menor consumo de energia,
maior confiabilidade, imagens mais nítidas e a capacidade de monitorar
múltiplos alvos simultaneamente.
Dados digitais podem ser facilmente enviados a longa distância por enlaces de comunicações, ocorrendo, algumas vezes, a introdução de ruídos. Assim, recorre-se às técnicas elaboradas para se identificar e corrigir qualquer truncamento introduzido por má transmissão. Isso facilita o envio de dados em grande escala e possibilita que aeronaves AEW, transmitam informações detalhadas sobre alvos para estações terrestres e a outras aeronaves AEW ou interceptadores. E a informação pode ser analisada, selecionada e redistribuída digitalmente em diversos sistemas sem a intervenção humana.
Uma combinação do processamento de sinais digitais com
transmissores de tubos de ondas propagantes possibilitou a criação de radares
de pulsos-Doppler, os quais são capazes de operar no modo "de cima para
baixo", a partir de interceptadores, estrearem alvos em voo rasante. Pela
percepção do deslocamento de frequência no sinal de eco, refletido por um alvo
devido ao efeito Doppler, o radar pode agora distinguir entre os sinais de eco
refletidos pelo alvo e os sinais de eco, bem mais fortes, provenientes de um
terreno ao fundo. Os pulsos de saída individuais da cavidade do magnetron não
guardam entre si qualquer relação de fase, mas o TWT possibilitou que sinais de
baixa potência, de um oscilador ultraestável, sejam empregados para disparar
uma série de pulsos de saída coerentes (isto é, que guardam entre si uma
relação de fase), cujo eco poderia ser precisamente comparado para se detectar
a diferença de frequência.
As propriedades dos sinais coerente são difíceis de serem
descritas em termos simples, mas uma analogia grosseira talvez ajude. Nos
primórdios da era do rock, a polícia de uma cidade escocesa decidiu reprimir o
comportamento ocasionalmente turbulento de alguns fās. Os policiais, trajando
jaquetas longas e calças "bocadesino" e com os cabelos devidamente
engordurados, conhecidos como "Teddy Boys", começaram a se misturar
aos jovens locais. A tática, porém, foi um fracasso: a cena de alguns altos
"Teds" rumo à discoteca local, em passo de marcha, causou riso.
Sinais coerentes são tão facilmente detectáveis entre sinais normais como os
"Teds" policiais o foram na discoteca. Seu comportamento rigidamente
controlado destacou-os.
Um problema no projeto dos radares de pulso-Doppler é que
os tubos de ondas propagantes não possuem uma potência de saída semelhante à
potência do magnetron, de modo que frequências mais elevadas de repetição de
pulsos devem ser empregadas para assegurar-se que o alvo é iluminado com
energia suficiente. Os magnetrons operam mais eficazmente em baixas frequências
de repetição de pulsos (menos que 5 kHz), embora o TWT possibilite o emprego de
frequências médias de repetição de pulsos ou mesmo frequências elevadas. Porém,
como as frequências elevadas de repetição de pulsos não dão tempo suficiente
para que os pulsos individuais completem a viagem de ida e volta ao alvo, antes
que o próximo pulso seja enviado, os pulsos individuais precisam ser modulados
em baixa frequência para que o radar possa determinar qual pulso é responsável
por qual eco e, assim, calcular a distância do alvo.
Este alcance calculado não é tão preciso como o obtido
por radares de baixa frequência de repetição de pulsos de modo que recentemente
os projetistas de radares começaram a empregar frequências médias de repetição
de pulsos, na faixa entre os 6 e 16 kHz. Uma vez que as frequências de
repetição de pulsos, adequadas à obtenção de boas informações sobre o alcance
(suficientemente baixas para possibilitar que os pulsos individuais completem a
viagem de ida e volta, antes que o próximo pulso seja enviado), talvez não
sejam as melhores para se medir a velocidade dos alvos, uma série de frequências
de repetição de pulsos na faixa média são frequentemente empregadas em rápidas
sequências.
Um outro problema das frequências elevadas de repetição
de pulsos ocorre quando o alvo e o radar têm baixa velocidade relativa - uma situação
que pode facilmente ocorrer se uma caça estiver se aproximando de seu objetivo
por trás. O rastreamento de todos os aspectos e de todas as altitudes de alvos
móveis pelo radar de pulsos-Doppler exige uma série de formas de ondas.
Antes do advento do processamento digital, a informação Doppler era derivada de uma série de até 1000 filtros nos circuitos do radar. Estes eram projetados para um determinado conjunto de condições, de modo que a mudança nas frequências de repetições de pulsos não era possível. Frequências adicionais iriam requerer conjuntos de filtros adicionais. Num equipamento moderno, estas operações de filtragem são realizadas por software, e podem ser automaticamente modificadas para combinarem-se com a forma da onda transmitida.
Uma outra característica dos radares mais modernos é o
largo emprego de antenas de placas planas. Em vez de empregarem refletores
passivos, eles usam sistemas de antenas, compostos a partir de um grande número
de elementos denominados deslocadores de fase. Cada deslocador transmite uma
minúscula porção do sinal, com um retardo programável produzindo um feixe.
Num radar convencional, a antena deve apontar na direção
do alvo. Muitos sistemas de antenas em fase empregam a nova antena plana que
substitui a antena convencional, em forma de "prato" ou "casca
de laranja" e, portanto, mantém o servossistema ou o mecanismo de
varredura tradicionais empregados para orientar as antenas. Para rastrear alvos
múltiplos – uma necessidade militar comum - uma a antena deve varrer uma grande
porção do céu ou terreno preestabelecido e, assim, elaborar um "arquivo de
rastreamento" de alvos a partir dos dados, de posição e de velocidade,
obtidos à medida que cada alvo é brevemente iluminado pelo diagrama de
varredura.
Ou então, alterando o grau de comutação de fase gerado em cada elemento de um sistema, o projetista do radar pode planejar como o feixe pode ser direcionado ou formatado, de acordo com as necessidades. A antena pode permanecer fixa, enquanto o feixe é varrido para alinhá-lo com o alvo. Ao rastrear alvos múltiplos, a antena é capaz de mudar rapidamente de um alvo para outro em microssegundos, o que possibilita o controle quase que simultâneo de todos os alvos.
Um problema fundamental que persegue tanto projetistas
como operadores de radar, sonar ou qualquer tipo de sistema de leitura remota é
o "ruído". Ele pode surgir na forma de sinais indesejáveis que chegam
ao sistema através de sua entrada normal ou a partir de atividade eletrônica
gerada no próprio sistema. A quantidade de ruído gerado no interior do sistema
pode ser minimizada por um bom projeto, mas nunca totalmente eliminada.
Os elétrons de um componente eletrônico ou mesmo de um pedaço de fio elétrico movem-se aleatoriamente numa quantidade que depende da temperatura do componente ou do fio. Trata-se de um fato fundamental da física. Desses movimentos resultam correntes elétricas minúsculas e aleatórias que o sistema recebe como sinais de baixa intensidade. Não se trata de um problema teórico, como a operação de alguns eletrodomésticos demonstram. Se um televisor com antena interna é ligado num local de sinal fraco, a imagem será fraca e parcialmente obscurecida (ou inexistente na tv digital) por pontos brancos aleatórios, que se movimentam rapidamente, denominados pelos técnicos de televisão como "chuvisco". O sinal é tão fraco que os componentes eletrônicos do aparelho tentam interpretar o ruído como um sinal autêntico. Como o ruido ocorre aleatoriamente, resultam minúsculas zonas de interferência aleatórias, espalhadas sobre a imagem. O ruído é um fator significativo na guerra eletrônica. Muitos métodos de ataque visam a introduzir ruído no sensor inimigo, enquanto algumas das técnicas empregadas por projetistas de radares e sonares, numa tentativa de reduzir os efeitos do ruído - inclusive o conceito "Range Gate" mencionado anteriormente acarretam uma fraqueza que os planejadores de contramedidas podem explorar com sagacidade na batalha eletrônica.
Um radar phased array é um sistema de radar que usa um
conjunto de antenas eletronicamente direcionados para emitir seu feixe sem que
seja necessário mover fisicamente a antena. Os sistemas de radar tradicionais
normalmente dependem da rotação mecânica de uma única antena ou de um pequeno
conjunto de antenas para varrer o espaço aéreo circundante. Em contraste, o
radar phased array atinge a direção do feixe ajustando o tempo e a fase dos
sinais enviados para cada elemento de antena do array. Essa capacidade de
direcionamento eletrônico do feixe permite que este equipamentos varra
rapidamente múltiplas direções, rastreie vários alvos simultaneamente e alterne
rapidamente entre diferentes tarefas, como vigilância e rastreamento.
Phased array em radar refere-se à técnica de controle da
fase das ondas eletromagnéticas emitidas por cada elemento de antena em um
array. Ao ajustar com precisão a fase destas ondas, o sistema de radar pode
controlar a direção e a forma do feixe de radar produzido pelo conjunto. Este
controle eletrônico fornece direção e varredura rápida do feixe, permitindo que
o radar rastreie alvos com eficácia e se adapte às mudanças nos requisitos
operacionais em tempo real. A tecnologia de matriz progressiva é amplamente
utilizada em sistemas de radar modernos para melhorar o desempenho, a agilidade
e a confiabilidade em comparação com os radares tradicionais de varredura
mecânica.
A tecnologia de arranjo progressivo refere-se a um
arranjo de antenas onde as fases relativas dos respectivos sinais que alimentam
as antenas variam de modo que o padrão de radiação efetivo do arranjo seja
aumentado em uma direção desejada e suprimido em direções indesejáveis. Isso
permite que o sistema direcione o feixe eletronicamente sem mover fisicamente
as antenas. Ao controlar a fase do sinal de cada elemento da antena, o radar
pode obter direcionamento preciso do feixe, varredura rápida do feixe e
recursos aprimorados de rastreamento de alvos em comparação com sistemas de
radar convencionais.
Os benefícios do radar de matriz progressiva incluem
maior agilidade, flexibilidade e velocidade na direção e varredura do feixe. Ao
contrário dos radares de varredura mecânica que requerem peças móveis, o radar
phased array pode direcionar eletronicamente o feixe do radar em
microssegundos, permitindo a varredura rápida do espaço aéreo circundante e o
rastreamento de vários alvos simultaneamente. Esta capacidade aumenta a
capacidade do radar de detectar e rastrear objetos em movimento rápido, como
aeronaves e mísseis, e melhora a consciência situacional em ambientes
operacionais dinâmicos. Além disso, o radar de matriz progressiva oferece
custos de manutenção reduzidos e maior confiabilidade devido ao seu design de
estado sólido e menos peças móveis.
Um exemplo deste tipo de radar é o sistema AN/SPY-1 usado em sistemas de combate AEGIS em navios da US Navy. O AN/SPY-1 é um radar multifuncional que utiliza tecnologia progressiva para fornecer vigilância de longo alcance, rastreamento e capacidades de defesa antimísseis. Consiste em vários conjuntos de elementos de antena dispostos em forma cilíndrica ao redor do mastro do navio. Ao direcionar eletronicamente os feixes de radar emitidos por essas matrizes, o radar AN/SPY-1 pode rastrear simultaneamente centenas de alvos e guiar mísseis para interceptar ameaças que chegam, tornando-o um componente crucial dos modernos sistemas de defesa naval.
domingo, 16 de novembro de 2025
Guerra Eletrônica (Parte 3) Medidas de Apoio Eletrônico (ESM) **037
Guerra Eletrônica parte 2 - O Espectro Eletromagnético
Medidas de Apoio Eletrônico (ESM)
A exploração eletrônica é a primeira forma que qualquer
força armada lança mão para obter informações sobre seus inimigos ou potenciais
inimigos. Ela é usada tanto em tempos de paz como em situações de crise e
conflito. Conhecer seu inimigo é uma das máximas da guerra, e a vigilância e o
reconhecimento eletrônico são constantemente usados a fim de atingir este
objetivo. Lançar mão destes meios se mostra muito conveniente pois não viola
qualquer tipo de regra internacional em tempos de paz e não expõem ao perigo os
meios de inteligência em tempos de crise e conflito.
A espionagem eletrônica se encarrega de alimentar
bibliotecas com parâmetros de radares e sistemas de armas e de comunicações
para que possam ser usadas quando necessário, interceptar mensagens e fornecer
subsídios diversos a elaboração da ordem eletrônica de batalha dos inimigo e
potenciais inimigos
Ordem Eletrônica de Batalha (EOB): é um conceito
militar que se refere ao conhecimento detalhado da organização, localização,
capacidade e intenções das forças inimigas, especificamente no que diz respeito
ao seu uso do espectro eletromagnético, relacionando seus sistemas eletrônicos,
seus localizações, frequências usadas por cada sistema e seus “modus operandi”,
e todas as outras informações relacionadas a estes sistemas.
Estas informações permitem realizar interferências
eletrônicas, monitorar sinais, determinar a localização físicas dos emissores,
e outras ações que permitem aos comandantes localizar o inimigo, acompanha-lo e
engajá-lo.
No campo de batalha moderno, emitir qualquer tipo de
radiação eletromagnética fatalmente sensibilizará um sistema passivo de
monitoramento do inimigo, que em muitos casos poderá resultar em uma resposta
mortal, de forma que todas as emissões devem ser disciplinadas e reduzidas ao
mínimo, e efetuadas somente quando autorizadas.
Todos os atores de um teatro de operações devem se
limitar a emitir o mínimo indispensável, pois sempre haverá um sensor passivo à
espreita. Sensores de radiação eletromagnética podem ser ativos e passivos. O
radar é um sensor ativo, que se vale da própria radiação refletida para obter
sua informação desejada e um alvo primário dos sensores passivos do
inimigo. Radiocomunicadores também são
emissores de radiação e alvo das MAGE (medidas de apoio de guerra eletrônica) e
embora não sejam sensores, são faróis acessos na escuridão. A situação tática
determinará o nível desta disciplina de emissões, e em situações assimétricas
ela pode em muito ser relaxada à medida que um dos lados assume a supremacia
das operações. Em tempos de paz emissões alimentam as bibliotecas eletrônica
dos inimigos em potencial e em tempo de guerra denunciam seus emissores que
viram alvos.
Ao uso de medidas de apoio eletrônico (ESM) chamamos de
esclarecimento eletrônico. Os registros assim adquiridos, vindos de diversos
sistemas, são sistematizados e mostrados aos comandantes de forma a compor um
cenário dos meios inimigos. O grau de eficiência deste esclarecimento é função
da área coberta pela unidade de tempo, guardadas as particularidades de cada
sistema dedicado. Cabe aos sistemas de comando e controle (C2) relacionar estes
dados à situação tática e disseminá-los entre suas forças para ações efetivas.
Devido ao alcance e letalidade dos sistemas de armas modernos, cada vez vale mais a condição de vantagem de quem encontra o inimigo primeiro e realiza um ataque efetivo, enquanto esquiva-se da recíproca. O campo de batalha eletrônico moderno é hoje a chave da vitória.
Primeira forma de emprego da EW, o reconhecimento eletrônico é uma atividade passiva e discreta, exercida principalmente em tempos de paz e visa monitorar toda a atividade eletrônica praticada nas áreas de interesse de uma nação, com vistas a formação de bancos de dados de informações eletrônicas.
Estas informações coletadas a partir dos emissores dos meios aéreos, terrestres e navais de potenciais inimigos, e também, por que não dos meios amigos, são analisadas, avaliadas, e interpretadas, e por fim usadas para alimentar as memórias dos sistemas MAGE e permitir o planejamento tático das ações de EW e de resposta de fogo. Quando em operação, os sistemas eletrônicos inimigos devem ser localizados e identificados, e a partir das informações previamente armazenadas são tomadas as ações adequadas.
Formas de Reconhecimento Eletrônico
- SIGINT (Signal Inteligence) (Inteligência de sinal) - Consiste na detecção, identificação, classificação e análise de emissões eletrônicas amigas, inimigas, potenciais inimigos e outros. A localização do sinal não é muito importante pois busca-se suas características, e esta pode mudar quando do emprego operacional. Pode ser tática ou estratégica. São realizadas por plataformas aéreas, terrestres, marítimas ou espaciais (satélites).
- ELINT (Eletronic Inteligence) (Inteligência eletrônica) - É a forma de SIGINT em que as emissões-alvo não são comunicações eletrônicas nem explosões nucleares, e sim sinais de radares e outros emissores.
- COMINT (Comunication Inteligence) (Inteligência de comunicações) - É a forma de SIGINT em que as emissões-alvo são derivadas das comunicações eletrônicas. Pode ser explorada para localizar as forças inimigas ou obter informações relevantes.
- TELINT (Telemetry Inteligence) (Inteligência de telemetria) - É a forma de SIGINT que tem a função de coletar dados de voo (telemetria) de aeronaves e foguetes.
- RINT – RADINT (Radiation Inteligence) (Inteligência de radiação) - É a forma de SIGINT que se destina a coleta informações derivadas de todos emissores de energia residual (emissões não propositais) e que não seja uma detonação nuclear. Por exemplo, a presença de um transformador de energia emitindo involuntariamente pode denunciar a presença de atividade naquele local.
- MAGE/MAE/ESM (medidas de apoio eletrônico) - Semelhante a ELINT pois busca a detecção de radares hostis e outros equipamentos. A diferença é que a ELINT concentra-se na pesquisa original ou repetida confirmação dos dados paramétricos, enquanto a MAGE consistem nas ações de busca, interceptação, identificação e localização dos sinais eletrônicos para reconhecimento imediato da ameaça (durante as operações). Apenas para emissores já conhecidos.
- RWR (Radar Warning Receiver)(Alerta Radar) - É um sistema MAGE especializado a prover alerta contra ameaças imediatas como artilharia antiaérea e mísseis SAM e AIM guiados por radar. Este sistema detecta a radiação que o está "iluminando" e alerta o piloto para tomar medidas evasivas/defensivas.
As atividades de reconhecimento eletrônico envolvem a medição dos parâmetros das transmissões de rádio-frequência dos radares (RF), frequência de repetição de pulso (PFR) e duração de pulso (PD), além da razão e padrão de varredura . A maioria dos radares tem RFs e PRFs de reserva para uso em tempos de guerra e a monitoração frequente irá revelar estes modos. A monitoração COMINT também revelam padrões e devem ser monitoradas constantemente.
Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica (MAGE/MAE/ESM)
Os sistemas MAGE atuam no sentido de detectar, interceptar, monitorar, localizar, gravar e registrar, avaliar, identificar e analisar a radiação recebida de forma a identificar sua fonte em proveito das operações ou da segurança própria. Uma emissão radar detectada, pode por exemplo, alertar que um míssil guiado por esta radiação específica está se aproximando.
O alerta antecipado da presença inimiga é sempre uma função dos receptores MAGE, que sempre detectarão a “iluminação” dos radares inimigos antes que as plataformas dotadas desses receptores possam ser vistas pelos radares emissores, pois as ondas radar, para retornarem na forma de "ecos" úteis aos equipamentos radares inimigos, têm que percorrer um caminho de ida e volta. Grandes distâncias atenuam essas ondas que terão potência suficiente para chegar aos receptores MAGE, mas os "ecos" de retorno carregando a informação útil podem se tornar pouco discerníveis pelos emissores. Esta situação em particular é própria à função de Alerta Radar (RWR), por periscópios de submarinos, navios de superfície e aeronaves. Um submarino ou caça pode saber da presença de uma emissão hostil de forma instantânea e evadir-se em tempo hábil. Os parâmetros recebidos podem também ditar as contra-medidas ativas adequadas, se for o caso.
De características discretas, pois tem emissão zero, a monitoração de sinais compreende basicamente a busca, interceptação e goniometria do sinal e da fonte, sua análise e Identificação se valendo de bibliotecas de sinais.
Radiogoniometria (esta técnica será descrita com mais detalhes em artigo próprio)
A radiogoniometria é uma técnica usada para localizar, monitorar e interceptar emissões como comunicações de rádio e outras, utilizando equipamentos para determinar a direção de um sinal de transmissão. É empregada em diversas funções, como navegação, reconhecimento de comunicações e inteligência eletrônica, tanto em ambientes de navegação marítima e aérea quanto em cenários táticos terrestres. Permite identificar a origem de transmissões de rádio, como as feitas por inimigos, ajudando a prever seus movimentos e ações, auxilia na determinação da posição de uma embarcação ou aeronave por meio da identificação da direção de sinais de rádio de auxílio à navegação, como faróis de rádio. É fundamental para coletar informações sobre as comunicações do adversário, auxiliando na tomada de decisões estratégicas e táticas, além de envolver a identificação de diversas comunicações em diferentes frequências.
Utiliza os radiogoniômetros, que são equipamentos que captam os sinais de rádio e determinam a direção de onde eles vêm. Podem ser fixos (em estações costeiras ou aéreas) ou portáteis para uso em campo. Se valem de técnicas de triangulação, que -e a mais comum para determinar a localização dos emissores. Envolve a tomada de direções de um sinal de diferentes pontos de observação para encontrar o ponto exato de origem. Outras técnicas como os métodos de diferença de tempo na chegada (TDOA) e a diferença de potência na chegada (PDOA) também são utilizados para localizar o transmissor. Em equipamentos portáteis, é comum a integração com uma bússola para facilitar a leitura da direção do sinal, mesmo com o movimento da embarcação ou aeronave.
Guerra Eletrônica (Parte 4) - O Radar
domingo, 9 de novembro de 2025
Mergulhadores de Combate **038
Durante a “War
of Attrition” (Guerra de Atrito contra o Egito) em 1969, mergulhadores israelenses
desembarcaram incógnitos em uma ilha ocupada por forças egípcias no Canal de
Suez. A sua frente barreiras de arame farpado reforçando um muro de concreto
defendiam seu alvo: uma unidade radar. Despindo-se de seus equipamentos de
mergulho e conferindo a operacionalidade de suas armas, cortaram o arame e
escalaram o muro, abrindo fogo contra sentinelas que estavam poucos metros
acima. Mais à frente neutralizaram o restante da guarnição com fogo pesado de armas
automáticas e granadas de mão, assegurando as condições para destruição do
radar-alvo com a instalação de cargas explosivas.
Vindos de uma
embarcação próxima e discreta, normalmente um submarino, este exemplo mostra a
perigosa atividade do mergulho de combate. Além de incursões como a descrita
acima do tipo “Comando”, os mergulhadores de combate (MC) realizam
reconhecimento, inspecionam praias de desembarque e removem e desativam minas,
entre outras funções afins e que exigem treinamento apurado e habilidades
superiores de combate, sua função é a de se infiltrar, sem serem percebidos, em
áreas litorâneas e ribeirinhas, e executar tarefas de alta complexidade de
valor estratégico. Devido às suas características, estas tropas de pequeno
efetivo sempre procuram atuar de forma discreta, engajando com o inimigo de
forma ostensiva apenas em situações inevitáveis.
São soldados
integrantes das forças especiais por definição, geralmente vinculados a suas
respectivas marinhas de guerra e com doutrina semelhante às outras forças
especiais, porém voltados a uma atuação a partir do mar. Também são
especialistas em guerra irregular (guerrilha) o que também caracteriza a sua
doutrina das forças especiais. Atuam principalmente, como dito, a partir de
submarinos que os levam até suas áreas de atuação e depois os recolhem. Podem
sair nadando, em caiaques, barcos ou em veículos especialmente construídos como
minisubmersíveis, que podem ser lançados ainda sob a água. Também podem
alcançar o alvo através de infiltração aeroterrestre ou desembarcando de
helicópteros.
Possibilidades
de Atuação dos Mergulhadores de Combate:
- Limpeza de Portos e Canais de
acesso, minas e destroços;
- Detecção e desativação de
engenhos explosivos convencionais e improvisados;
- Ataques de sabotagem, Interdição
e diversionários contra navios (com minas imantadas, de retardo, que são
presas aos cascos), instalações portuárias, diques, defesas costeiras,
plataformas petrolíferas, refinarias e terminais de petróleo, reconhecimento
e vigilância de praias, rios, canais e portos;
- Apoio a operações de guerra anfíbia. As complexas operações anfíbias têm, nos MECs, elementos
virtualmente indispensáveis. Cabe a eles obter informações vitais ao
desembarque como o gradiente (inclinação) da praia escolhida, dados sobre
o tipo de solo (areia, pedra, lama, etc.) obstáculos naturais e
artificiais, minas e a existência de" edificações e habitantes da
área. Igualmente importante será a avaliação das forças de oposição, o que
deve ser feito sem contato com o inimigo, se possível;
- Apoio a operações C-SAR;
- Recuperação pessoal aliado;
- Seqüestro de pessoal
selecionado;
- Buscas Subaquáticas;
- Patrulhas de segurança e
contraterrorismo.
Origens Históricas
A atividade
de mergulhador de combate, embora possua raízes antigas, foi impulsionada e
moldada para sua forma moderna principalmente por forças navais durante os
conflitos do século XX, especialmente a Segunda Guerra Mundial.
As origens do
mergulho com propósitos militares podem ser traçadas até a Grécia Antiga,
onde já havia relatos do uso de mergulhadores para reconhecimento, recuperação
de objetos e, em apoio a operações militares, como a destruição de embarcações
inimigas ou barreiras portuárias. No entanto, essas atividades eram
rudimentares, dependendo da capacidade de prender a respiração ou de
equipamentos de respiração muito básicos.
O verdadeiro nascimento
da atividade de mergulhador de combate como uma força de operações
especiais organizada e equipada ocorreu no século XX, com o desenvolvimento de
equipamentos de mergulho autônomo (SCUBA) e táticas especializadas. As
principais forças que deram este impulso foram a Regia Marina Italiana, considerada
a pioneira no desenvolvimento das táticas modernas de mergulho de combate.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a unidade conhecida como "Decima
Flottiglia MAS" utilizou com grande eficácia mergulhadores e torpedos
tripulados ("maiali") para afundar navios de guerra britânicos em
portos do Mediterrâneo, demonstrando o potencial estratégico dessa força; e a Royal
Navy, que em resposta às ameaças italianas e à necessidade de suas próprias
capacidades de operações especiais, desenvolveram unidades como o "Special
Boat Service" (SBS) e equipes de demolição subaquática. Outra força a
ser mencionada é U.S. Navy com o desenvolvimento e padronização do treinamento
de mergulhadores de combate, inicialmente com as equipes de "Underwater
Demolition Team" (UDT), que mais tarde evoluíram para os modernos "Navy
SEALs". O intercâmbio de experiências com as forças aliadas e o
desenvolvimento de doutrinas de combate foram fundamentais para a consolidação
da atividade nos EUA. Essas forças, através da necessidade imposta pela guerra
e dos avanços tecnológicos em equipamentos de mergulho, transformaram o
mergulho de combate em uma capacidade militar essencial, focada em infiltração
discreta, reconhecimento e sabotagem em ambientes aquáticos e litorâneos,
inspirando a criação de forças deste tipo em diversas marinhas de todo o mundo.
Perfil
Operacional das Forças de Mergulhadores de Combate
As principais
missões das forças de operações especiais são a ação direta contra forças e
alvos militares convencionais; a guerra não convencional em apoio a objetivos
militares estratégicos mais amplos; o reconhecimento especial contra alvos
táticos, tanto estratégicos quanto de campo de batalha; e outras operações
conforme necessário para apoiar operações e objetivos militares convencionais.
Uma das
missões da equipe SEAL da US Navy que se enquadra perfeitamente na categoria de
ação direta, são as operações com mergulhadores de combate. Embora essas
operações sejam praticamente desconhecidas na era das operações
antiterroristas, sem dúvida teriam algum impacto em uma futura guerra contra um
adversário militar com uma marinha capaz. Não há ativos navais da Al-Qaeda para
alvejar e destruir, nem portos do Estado Islâmico para infiltrar e sabotar, mas
certamente existem muitos alvos navais tanto na China quanto na Rússia.
Em uma guerra
contra a China, por exemplo, os Estados Unidos enfrentariam milhares de
quilômetros de litoral chinês. Os portos, bases navais e ancoradouros situados
ao longo dessa costa seriam alvos fáceis para as forças de mergulhadores de
combate. O mesmo se aplica à Rússia.
O Objetivo
das Operações de Mergulhadores de Combate
O objetivo de
uma operação de mergulhadores de combate é atacar um alvo naval inimigo,
geralmente situado em um porto ou próximo à costa. Esses alvos podem incluir
submarinos, navios de guerra, embarcações de apoio naval ou mesmo
infraestrutura marítima, como portos, docas ou outras estruturas fixas ao longo
da costa que dão suporte às operações navais ou ao comércio marítimo do
inimigo. Por outro lado, um navio inimigo no mar seria um alvo para a marinha
em geral atacar com recursos de superfície, aéreos ou submarinos, e não tanto
para uma equipe de forças especiais.
O que é
necessário para que isso aconteça?
Uma operação
de mergulhadores de combate é semelhante a qualquer outra missão das Forças de
Operações Especiais no que diz respeito ao processo de planejamento. Uma ordem
operacional é emitida pelo comando superior, designando um elemento operativo
em teatro de operações para atacar um alvo, digamos, um porta-aviões chinês
atracado. Se for um alvo marítimo, como descrito acima, a missão quase
certamente será atribuída a uma unidade SEAL da US Navy ou ao SBS da Royal Navy.
O elemento operativo
planejaria a missão da mesma forma que planeja todas as missões; o principal
fator de diferenciação seria a complexidade adicional de uma infiltração
subaquática, ou uma que seja uma combinação de infiltração aérea, de superfície
e subaquática.
Usando o
exemplo do porta-aviões, um mergulho de combate pode decidir se infiltrar a
partir de um helicóptero ou submarino localizado em alto-mar. Em seguida, usariam
pequenas embarcações de combate infláveis para se infiltrar ainda mais perto da
costa. A embarcação
de ataque deixaria duplas de mergulhadores de combate para a infiltração subaquática final até o alvo. Eles também podem se infiltrar com a ajuda de
tripulantes de embarcações
de combate de guerra especial ou mesmo convencionais.
O ataque
propriamente dito poderia ocorrer através da colocação de minas magnéticas no
casco do navio de guerra atracado, onde as duplas de mergulhadores
posicionariam os explosivos e nunca emergiriam. O ataque também poderia
envolver os mergulhadores de combate emergindo e colocando explosivos em um
alvo próximo à água.
Se o ataque
em si fosse um assalto ou incursão envolvendo armas leves e a perseguição
de um alvo acima da superfície da água, a equipe de MC poderia perseguir o alvo
e retornar à água para a exfiltração, ou poderia ser extraída por algum método
direto alternativo, como um helicóptero. No entanto, missões que ocorrem acima
da superfície da água são mais apropriadamente descritas como uma infiltração
"sobre a praia" e uma incursão de ação direta do que uma verdadeira
operação de mergulhadores de combate. Uma operação de mergulhadores de combate
geralmente significa que o alvo está na água e o elemento atacante não sai da
água, nem mesmo emerge de baixo.
Quando o alvo
é destruído, sabotado ou incapacitado de alguma forma, os mergulhadores de
combate geralmente já estarão em plena retirada da área-alvo, pois não
gostariam de estar perto de um navio de guerra explodindo, por exemplo. Os MC
podem então retirar-se da área-alvo exatamente da maneira inversa à
infiltração, ou usar recursos diferentes, dependendo da missão e dos recursos
disponíveis.
Os Riscos das Operações com Mergulhadores de Combate
As operações
de mergulhadores de combate apresentam os mesmos riscos que qualquer outra
missão das Forças de Operações Especiais. Esses riscos podem incluir navegação
malsucedida até o alvo, falha de equipamento, interrupções de comunicações,
contato com o inimigo durante a infiltração ou no alvo, falha em atingir o alvo
com sucesso e muitas outras contingências.
Mas existem
riscos adicionais associados à parte subaquática da operação: as duplas de
mergulhadores podem se perder e ficar sem ar durante a navegação até o alvo;
podem sofrer falhas de equipamento debaixo d'água; podem não conseguir colocar
os explosivos no alvo correto (navios parecem muito semelhantes quando vistos
debaixo d'água); ou podem ser descobertos no alvo enquanto colocam os
explosivos. Todos esses riscos tornam as operações de mergulhadores de combate
extremamente complexas e perigosas, razão pela qual exigem centenas de horas de
treinamento e preparação antes mesmo de uma unidade chegar ao teatro
de operações.
As operações
de mergulhadores de combate são uma capacidade que a maioria dos comandantes provavelmente
valorizam muito em seus arsenais táticos e estratégicos. No entanto, nas forças
armadas americanas de hoje, a maioria provavelmente tem experiência ou
conhecimento limitado da execução dessas operações ou das capacidades reais dos
elementos SEAL que as realizam.
Assim como os
comandantes de operações especiais tiveram que se adaptar rapidamente a um novo
ambiente operacional durante a Guerra Global contra o Terrorismo, os
comandantes de forças convencionais que enfrentarem guerras contra adversários
de mesmo nível no futuro precisarão descobrir rapidamente a melhor maneira de
utilizar seus recursos de operações especiais. Essa é a forma como as guerras
geralmente são travadas, e as nações capazes de se adaptar mais rapidamente
costumam ser proclamadas vencedoras.
Veículos de Propulsão para Mergulhadores de Combate
Os Veículos de Propulsão para Mergulhadores são dispositivos
movido à bateria que podem transportar 1 ou 2 mergulhadores e seus equipamentos
debaixo d'água ou ao longo de sua superfície.
São utilizados como plataformas de inserção clandestina por
mergulhadores de combate de diversas marinhas como os Seal da US Navy. Estes
dispositivos permitem que os mergulhadores de combate se desloquem
consideravelmente mais longe debaixo d'água e emerjam menos fatigados do que
quando se movem por conta própria.
O principal veículo de propulsão para mergulhadores (DPV)
militar é o Stidd DPD (Dispositivo de Propulsão para Mergulhadores), fabricado
nos EUA, com mais de 400 unidades vendidas em todo o mundo. Ele se destaca por
sua robustez e confiabilidade, gozando de boa reputação entre as Forças
Especiais, e não se compara aos brinquedos sofisticados disponíveis no mercado
civil. Os DPDs são maiores e mais robustos do que os veículos de propulsão para
mergulhadores usados por mergulhadores recreativos e técnicos.
Os DPDs (dispositivos de proteção contra intempéries)
utilizados pelas unidades militares dos EUA são fabricados pela STIDD Systems
Inc. Os dispositivos possuem cascos anodizados de alta resistência, feitos de
alumínio naval soldado. A flutuabilidade é garantida por um núcleo composto de
PVC de células fechadas. A parte frontal do DPD apresenta uma placa frontal
transparente de policarbonato.
Os DPDs podem operar até 35 m abaixo da superfície e
têm um alcance de até 12 km. A velocidade média é de 2,5 km/h.
O modelo padrão e mais comum utiliza um único propulsor
eletrônico direcionável e silencioso, alimentado por uma bateria de íon-lítio.
Uma versão de longo alcance possui uma segunda bateria, enquanto um terceiro
modelo, mais rápido, ostenta dois propulsores independentes, cada um alimentado
por uma bateria.
A profundidade e o rumo do DPD são controlados por um manche
operado com uma só mão. A estação de pilotagem dos DPDs abriga uma bússola
magnética e um medidor de profundidade. Um painel de navegação opcional
apresenta um mapa móvel juntamente com dados de um sonar de varredura do fundo.
Com 2,23 metros de comprimento e um peso de apenas 79 kg
(175 libras) no ar, o DPD pode ser facilmente lançado de diversas plataformas.
Ele pode ser transportado até a praia e de volta por seus operadores, e lançado
na água por paraquedas.
Equipamento de Mergulho em Circuito Fechado
Os mergulhadores de combate usam respiradores de circuito fechado a fim de permitir
operações silenciosas e sem bolhas e tempos de mergulho estendidos. Esses
sistemas funcionam reciclando a respiração exalada de um mergulhador, reciclando
o dióxido de carbono para reinalação. Os principais recursos incluem baixas
assinaturas acústicas, materiais não magnéticos, controle eletrônico e sistemas
de comunicação integrados, juntamente com máscaras especializadas e
computadores de mergulho.
Principais Componentes e Recursos
Os respiradores de circuito fechado (CCRs) usam o CO2 produzido
na respiração subaquática para reciclagem, contado com absorventes químicos,
como Sofnolime,
para remover o dióxido de carbono do ar exalado. Contam com Sensores de
oxigênio que monitoram a pressão parcial do oxigênio injetando oxigênio
automaticamente para manter um ponto de ajuste, fornecendo avisos aos
mergulhadores sobre níveis perigosos de oxigênio altos ou baixos. O sistema
adiciona oxigênio ao circuito para manter uma mistura de gases respirável,
permitindo tempos de mergulho prolongados e consumo de gás reduzido em
comparação com sistemas de circuito aberto.
O design de circuito fechado elimina as bolhas altas
associadas ao mergulho tradicional, tornando os mergulhos mais furtivos. Muitos
deste respiradores de nível militar são construídos com materiais não
magnéticos para operações em ambientes sensíveis. As máscaras faciais completas
fornecem um excelente campo de visão e podem ser configuradas para sistemas
respiratórios e de comunicação.
Computadores de mergulho de nível militar são necessários
para monitorar o desempenho do respirador, gerenciar misturas de gases e
permitir uma transição segura para o resgate de circuito aberto em caso de falha do sistema. Os mergulhadores
de combate também podem usar arneses especializados, que podem ser montados na
parte traseira para manter a frente do mergulhador livre, bem como sistemas de
peso integrados e nadadeiras de mergulho.
Uma opção menos complexa, os SCRs (respiradores
semi-fechados) também são usados por mergulhadores militares. Eles são mais
simples de operar e podem ser um trampolim para sistemas de circuito
fechado.
Entre as vantagens para o mergulho de combate temos que a
operação silenciosa e sem bolhas é fundamental para operações secretas, o uso
eficiente do gás permite missões mais longas do que os sistemas de circuito
aberto permitiriam. A Flexibilidade operacional os torna adequados para uma
ampla gama de operações, desde trabalhos em águas rasas até desminagens mais
profundas, dependendo do dispositivo específico. O monitoramento eletrônico fornece avisos para
condições perigosas e a capacidade de alternar para o modo de circuito aberto,
garante a segurança em caso de mau funcionamento. Alguns destes respiradores
fornecem um fluxo constante de gás umidificado, o que é mais confortável para o
mergulhador.
Algumas
Forças de Mergulhadores de Combate
Special Boat Service
(SBS)
O Special
Boat Service é a unidade de forças especiais de elite da Royal Navy. Esta
unidade de "Nível 1" é responsável principalmente pelo
contraterrorismo marítimo e por apoio à guerra anfíbia. Grande parte das
informações sobre o SBS são altamente confidenciais, e a unidade não recebe
comentários do governo britânico nem do Ministério da Defesa (MoD) devido ao
sigilo e à sensibilidade de suas operações.
O SBS faz
parte das Forças Especiais do Reino Unido (UKSF). É também
considerado a unidade irmã do Serviço Aéreo Especial (SAS) do British Army. O SAS especializa-se em
contraterrorismo, resgate de reféns, ação direta e proteção pessoal, entre
outras áreas. Ambas as unidades recebem apoio direto do Regimento de
Reconhecimento Especial (SRR) para fins de vigilância e reconhecimento. Essas
unidades estão sob o comando operacional do Diretor das Forças Especiais (DSF).
Origens
Quase todas
as Forças Especiais do Reino Unido de hoje têm suas origens nas unidades de
comandos criadas durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, a
Grã-Bretanha criou diversas unidades especiais que realizaram uma variedade de
operações ousadas contra as Potências do Eixo. O SBS remonta a várias dessas
unidades. Elas realizaram incursões, sabotagens e reconhecimento a partir de
pequenas embarcações, canoas e submarinos durante a Segunda Guerra Mundial.
Essas
unidades foram muito ativas na Grécia. Além da Seção Especial de Barcos dos
Comandos do Exército, o Reino Unido possuía outras unidades marítimas. Algumas
delas eram o Destacamento de Patrulha de Represas dos Fuzileiros Navais Reais
(RMBPD), formado em 1942, e as Equipes Combinadas de Pilotagem de Operações.
Após a guerra, em 1945, o Ministério da Guerra dissolveu a maioria delas,
concluindo que não eram mais necessárias.
Suas diversas
funções, juntamente com grande parte de seu pessoal, foram absorvidas pela
Seção Combinada de Operações de Praia e Barcos (COBBS) dos Fuzileiros Navais
Reais (Royal Marines), criada em 1947. Essa unidade foi inicialmente comandada
pelo Major Herbert “Blondie” Hasler. No ano seguinte, a COBBS formou uma nova
Seção Especial de Barcos. Em 1951, o nome foi alterado para Companhia Especial
de Barcos.
Operações do
SBS
As primeiras
missões do SBS ocorreram na Palestina e envolveram a remoção de minas de
artilharia e minas magnéticas de navios em Haifa. O SBS também participou da
Guerra da Coréia. Seus membros foram mobilizados em operações ao longo da costa
norte-coreana, bem como em operações atrás das linhas inimigas, destruindo
linhas de comunicação e instalações, além de coletar informações. Durante a
Guerra da Coreia, o SBS operou a partir de submarinos, assim como seus
antecessores em tempos de guerra.
Em 1952,
equipes do SBS estavam de prontidão para combate no Egito, caso a revolução de
Gamal Abdel Nasser se tornasse mais violenta. O Ministério da Defesa também
preparou o SBS durante a crise de Suez em 1956 e o golpe
contra o rei Idris I da Líbia
em 1959, mas em ambos os casos, as equipes não entraram em ação. Em 1961, equipes do SBS realizaram
missões de
reconhecimento durante o Conflito Indonésio
(Operação Claret).
Nesse mesmo ano, o Iraque ameaçou
invadir o Kuwait pela primeira vez, e o SBS posicionou um destacamento no
Bahrein.
Em 1972, o
SBS ganhou destaque quando uma equipe de quatro especialistas em desativação de
explosivos saltou de paraquedas no Atlântico para abordar o navio de
passageiros "Queen Elizabeth II" após uma ameaça de bomba. Depois de
inspecionar o navio, a equipe não encontrou nenhuma bomba e o FBI prendeu o
autor da farsa. O SBS também realizou operações na Irlanda do Norte durante
o período conhecido como "The Troubles" (Os Conflitos), inclusive com
submarinos. Em janeiro de 1975, duas equipes de caiaque do SBS, a bordo do HMS
Cachalot, realizaram uma operação contra o tráfico de armas na área entre Torr
Head e Garron. Em 1973, a Seção Especial de Barcos foi renomeada para Esquadrão
Especial de Barcos.
SBS na Guerra
das Falklands/Malvinas
Em 1982, após
a invasão argentina, o SBS foi enviado para a Geórgia do Sul. Lá, os operadores
do SBS se dedicaram principalmente a localizar e eliminar as forças argentinas
quando possível, além de direcionar o fogo de artilharia.
Em 22 de
abril de 1982, a situação das tropas britânicas na geleira Fortuna, na Geórgia
do Sul, estava se tornando cada vez mais perigosa devido às condições
climáticas. A Aviação Naval enviou 3 helicópteros para resgatar a equipe: 2
helicópteros Westland Wessex HU 5 do 845º Esquadrão Aéreo Naval e um Westland
Wessex HAS 3 do 737º Esquadrão Aéreo Naval. As condições adversas causaram a
queda de 2 dos 3 helicópteros. Todos os ocupantes sobreviveram, embora alguns
tenham ficado feridos, e foram posteriormente resgatados com sucesso. Em 9 de
maio de 1982, 2 equipes do SBS invadiram um navio espião argentino, o ARA
Narwal, que vinha monitorando a frota britânica. Em 21 de maio, uma força do
25º SBS eliminou com sucesso uma posição argentina no topo de Fanning Head, que
representava uma ameaça significativa ao desembarque britânico.
O SBS no
Oriente Médio
Na Guerra do
Golfo (1990-91), o SBS não desempenhou um papel anfíbio. No entanto, o
Ministério da Defesa britânico estabeleceu uma "linha de operações"
no centro do Iraque. O SAS operava a oeste e o SBS a leste. Além de procurar
lançadores móveis de mísseis Scud, o SBS era responsável por uma área com cabos
de fibra óptica que forneciam informações de inteligência ao Iraque. Vários
anos depois, em setembro de 2000, o SBS e o SAS participaram da Operação
Barras, em Serra Leoa. Lá, resgataram 5 soldados britânicos capturados.
Em novembro
de 2001, os Esquadrões C e M do SBS desempenharam um papel fundamental na
invasão do Afeganistão no início da guerra. Eles faziam parte da Força-Tarefa
Conjunta de Operações Especiais Combinadas (CJSOTF) durante a Operação
Liberdade Duradoura. Em particular, membros do Esquadrão M, juntamente com outros
operadores, participaram da batalha de Tora Bora. O SBS integrou-se diretamente
à Força-Tarefa Sword (posteriormente Força-Tarefa 11), uma unidade secreta, sob
o comando direto do JSOC. Essa unidade era uma força de "caça e
eliminação" dedicada a capturar ou matar líderes importantes e alvos de
alto valor dentro da Al-Qaeda e do Talibã.
Na invasão do
Iraque em 2003, o Esquadrão M foi destacado para a Jordânia como Força-Tarefa
7, parte da CJSOTF-Oeste. Sua missão era realizar ataques aerotransportados
contra diversas instalações petrolíferas iraquianas equipadas com pistas de
pouso no deserto. Uma vez capturadas, essas instalações eram utilizadas como
áreas de concentração para as Forças de Operações Especiais. Em 2005, a DSF
reequilibrou o destacamento das forças especiais britânicas, com o Afeganistão
sob a responsabilidade do SBS e o Iraque sob a do 22º SAS.
O
SBS no século XXI
Em 27 de
fevereiro de 2011, durante a Primeira Guerra Civil Líbia, a BBC noticiou que o
Esquadrão C auxiliou na evacuação de 150 trabalhadores do setor petrolífero em 3
voos de aeronaves C-130 Hercules da RAF, de um aeródromo perto de Zella para
Valletta, em Malta.
Em 2012, uma
pequena equipe do SBS tentou resgatar 2 reféns do Boko Haram na Nigéria. A
missão, conhecida como a tentativa de resgate de reféns em Sokoto, não teve
sucesso, pois os sequestradores mataram os 2 reféns antes ou durante a operação.
Em 21 de
dezembro de 2018, a equipe do SBS resolveu uma situação ao invadir o navio
porta-contentores Grande Tema. 4 clandestinos sequestraram a embarcação
exigindo entrada no Reino Unido. Em 25 de outubro de 2020, a equipe do SBS
invadiu o navio-tanque Nave Andromeda, a sudeste da Ilha de Wight. Eles
suspeitavam que 7clandestinos nigerianos, em busca de asilo na Grã-Bretanha,
haviam sequestrado a embarcação. O SBS acabou entregando-os às autoridades
locais.
Objetivo do SBS
O SBS,
juntamente com os outros regimentos das Forças Especiais Britânicas, foi
concebido para auxiliar tanto em guerras prolongadas quanto em guerras
assimétricas. Isso responde à necessidade de forças especiais compostas por
unidades pequenas, bem treinadas e com amplo apoio, operando em campos de
batalha onde as linhas de combate são mal definidas e os inimigos se misturam
às forças aliadas. Essas forças especiais atuam como "multiplicadores de
força", ou seja, pequenas equipes de operadores que alcançam resultados
comparáveis aos de forças maiores.
Os operadores
do SBS são mergulhadores experientes. Desde a sua formação durante a Segunda
Guerra Mundial, a unidade utiliza a água como meio para movimentações e ataques
clandestinos. Hoje, grande parte da função de vigilância e reconhecimento cabe
ao SRR, uma unidade formada, organizada e equipada para realizar essa
atividade. Isso liberou o 22º SAS, o SBS e o Grupo de Apoio para se
concentrarem em ações ofensivas, além de influência e apoio.
Para além
destas tarefas tradicionais, o papel das forças especiais britânicas centra-se
hoje na luta global contra o terrorismo. O SBS, juntamente com as outras forças
especiais do Reino Unido, está, portanto, preparado para combates irregulares e
assimétricos.
Doutrina SBS
A missão do
SBS é bastante multifacetada, pois seus operadores são altamente qualificados
em disciplinas especializadas para realizar diferentes tipos de missões muito
exigentes. Suas competências estão principalmente voltadas para o combate ao
terrorismo marítimo (CTM), resgate de reféns e incursões secretas.
O SBS também
é treinado em guerra anfíbia, demolições subaquáticas, vigilância e
reconhecimento, bem como coleta de informações. Para estas últimas tarefas, o
SBS recebe apoio de outras unidades de elite das Forças Especiais do Reino
Unido, como o SRR e o SFSG. Além disso, os operadores do SBS são especialmente
treinados para realizar sabotagens e ações ofensivas contra alvos de alto
valor.
O SBS também
é responsável por operações de apoio quando necessário, incluindo o
direcionamento de ataques aéreos, artilharia e fogo naval, bem como munições
guiadas de precisão. Esta unidade altamente especializada e secreta é
reconhecida por realizar algumas das missões mais perigosas e desafiadoras do
mundo.
Mergulhadores
de Combate Ucranianos em Ação
Após a
invasão ilegal e anexação de território da Crimeia em 2014, forças militares da
OTAN e de alguns países não pertencentes à OTAN estiveram envolvidas no
treinamento das forças armadas ucranianas, incluindo os mergulhadores de
combate do 73º Centro de Operações Especiais Marítimas. Após a invasão em larga
escala da Ucrânia em 2022, o treinamento e o fornecimento de equipamentos
continuaram, com suas forças especiais envolvidas em diversas operações, cujos
detalhes permanecem em grande parte secretos. No entanto, os ucranianos
ocasionalmente nos permitem vislumbrar operações que envolveram seus
mergulhadores de combate, incluindo o ataque para retomar a ilha ucraniana de
Zmiinyi, localizada ao sul de Odessa e próxima à fronteira da Ucrânia
continental com a Romênia. A ilha é fundamental para as rotas marítimas de
navios mercantes que transportam cargas de e para a região de Odessa.
Em 24 de
fevereiro de 2022, navios de guerra russos aproximaram-se da Ilha Zmiinyi
(também conhecida popularmente como Ilha da Serpente) e exigiram a rendição dos
ucranianos do destacamento de fronteira ali estacionado. Apesar de estarem em
desvantagem numérica e de armamento, os guardas de fronteira responderam com
palavras nada amigáveis, ordenando que os russos se retirassem. Os russos
decidiram não obedecer e, após um breve bombardeio, desembarcaram suas tropas e
tomaram a ilha, capturando os defensores, que foram libertados pouco depois em
uma troca de prisioneiros.
Os ucranianos
não estavam dispostos a desistir da ilha, então, quando surgiu a oportunidade,
bombardearam-na a tal ponto que, em 30 de junho, os russos se retiraram, embora
tenham classificado a retirada como um gesto de "boa vontade". O que
os planejadores militares ucranianos não conseguiram determinar foi se todos os
russos haviam partido ou se alguns permaneceram para aguardar o retorno dos
ucranianos e emboscá-los.
Na noite de 7
de julho de 2022, mergulhadores de combate do 73º Centro de Operações Especiais
Marítimas das Forças de Operações Especiais (Ucrânia) aproximaram-se da Ilha de
Zmiinyi de forma secreta, utilizando veículos subaquáticos para o transporte
dos mergulhadores. Os veículos específicos não foram divulgados, mas podem ser
quaisquer embarcações de propulsão para mergulhadores ou veículos de transporte
de mergulhadores em serviço em todo o mundo. Como a unidade foi treinada pelas
forças especiais americanas e britânicas, é provável que tenham recebido
embarcações utilizadas por essas forças. De fato, houve inúmeros relatos na
mídia de que o Serviço Secreto Britânico (SBS) viajou para a Ucrânia para
auxiliar no treinamento dos mergulhadores de combate do 73º Centro de Operações
Especiais Navais ucraniano no uso de Dispositivos de Propulsão para
Mergulhadores. Oficialmente, o Ministério da Defesa não comenta publicamente
tais atividades. Esses veículos são abertos para o mar, permitindo que os
mergulhadores utilizem seus equipamentos de mergulho de combate submersos.
Certamente,
presume-se geralmente que os ucranianos não tinham acesso a um submarino,
portanto a operação teria sido realizada a partir de embarcações de superfície
que transportariam os mergulhadores até uma distância operacional da zona de
desembarque em terra. Em seguida, sob a cobertura da escuridão, os
mergulhadores teriam usado botes infláveis para
se aproximarem da costa antes de entrarem na água com seus veículos de propulsão para a etapa final da aproximação. Ao chegarem à ilha, estariam preparados para
quaisquer defensores que pudessem ter ficado para trás e, não querendo um
confronto em grande escala, teriam feito uma transição cautelosa da água para a
terra. Com a zona de desembarque imediata segura, teriam inspecionado a costa
em busca de minas antidesembarque ou outras obstruções e marcado quaisquer que
fossem neutralizadas. No mar, as tropas de apoio estariam prontas e, uma vez
confirmada a segurança da zona de desembarque, os mergulhadores sinalizariam
para a força principal de desembarque que poderiam prosseguir.
A força
principal teria desembarcado e se movimentado taticamente para verificar a área
em busca de defensores e recolher quaisquer itens de equipamento militar,
incluindo armas, dispositivos de comunicação e documentos que tivessem sido
deixados para trás quando a força de ocupação russa fugiu. Para marcar
presença, as tropas hastearam bandeiras ucranianas em diferentes pontos da ilha
e a bandeira do 73º Centro Naval de Operações Especiais da Marinha Ucraniana
também foi hasteada em Zmiinyi. No entanto, o ataque foi planejado para ser de
curta duração e, como navios de guerra russos foram avistados navegando em
direção à ilha e tendo concluído suas tarefas, a força invasora se retirou da
ilha para evitar o ataque de mísseis e artilharia lançado pelos navios de
guerra russos. A força retornou à sua base sem baixas.
Enquanto as
forças militares russas fugiam para o outro lado do rio Dniepre, as forças
ucranianas se consolidaram antes de lançar uma operação para expulsar as tropas
russas de uma península estratégica na costa do Mar Negro. Um ataque de
comandos à Península de Kinburn, uma faixa de terra que se projeta para o mar
ao sul de Mykolaiv e que estava ocupada pelas forças russas, ocorreu em 23 de
novembro de 2022. A Península de Kinburn, com aproximadamente 5 km de extensão,
está localizada na ponta oeste da península, na foz do rio Dniepre no Mar
Negro. Uma operação bem-sucedida interromperia o bombardeio de Odessa,
reabriria o porto de Mykolaiv para a exportação de grãos e permitiria que as
tropas ucranianas avançassem para uma posição que ameaçaria a principal linha
de suprimentos logísticos da Rússia para a Crimeia, a cerca de 225 km a leste.
Seria uma tarefa árdua, mas, considerando a capacidade militar da Ucrânia,
aparentemente nada pode ser descartado.
Se os
ucranianos conseguissem controlar a Península de Kinburn, seriam capazes de
bloquear efetivamente o Rio Dniepre e impedir o acesso dos russos aos portos de
Kherson e Mykolaiv, o que seria um primeiro passo para a eventual retomada da
Crimeia. Natalie Humeniuk, porta-voz do Comando de Operações do Sul da Ucrânia,
anunciou que a Península de Kinburn era “uma zona de operações militares
ativas”, mas se recusou a dar mais detalhes. Em 8 de janeiro de 2023, Nataliia
Humeniuk, porta-voz do Comando Operacional Sul da Ucrânia, afirmou que “nenhuma
mudança crítica ocorreu na frente sul, onde as forças armadas ucranianas estão
trabalhando para a ‘destruição das capacidades de combate russas’ em quase toda
a margem esquerda (controlada pela Rússia) do Dniepre, ou seja, estão
realizando ataques às instalações de retaguarda russas”.
Um ataque
marítimo teria envolvido os mergulhadores de combate do 73º Centro Naval de
Operações Especiais da Ucrânia como principais elementos anfíbios, que seriam
desdobrados com outras forças especiais usando botes infláveis. Os detalhes da
missão não foram divulgados, embora haja relatos não confirmados de que forças
especiais ucranianas desembarcaram usando pequenas embarcações para percorrer
os 4 quilômetros da cidade costeira de Ochakiv até a península.
Atravessando
o rio Dnipro
O jornal
ucraniano Pravda descreve como mergulhadores de combate das Forças de Operações
Especiais atravessaram o rio Dnipro para alcançar os ocupantes de uma vila na
margem oposta. Os mergulhadores entraram no rio e nadaram pelo fundo até o
território controlado pelos russos, à frente de um grupo invasor que os seguia
em botes infláveis. Sua missão era reconhecer uma área onde os botes pudessem
desembarcar sem resistência e, uma vez estabelecida uma área segura, a unidade
atravessou o rio e seguiu em direção à vila ocupada.
Os invasores
russos haviam criado postos de observação avançados na aldeia para identificar
qualquer atividade ucraniana em seu lado do rio, mas quando a unidade, composta
por membros do 73º Centro de Operações Especiais Marítimas da Ucrânia e da
Legião Internacional, cruzou o rio em botes infláveis e
avançou para limpar
cada casa danificada, descobriu que os ocupantes inimigos haviam partido.
Durante a operação, houve fogo
de metralhadora inimiga, mas não
ficou claro qual foi o impacto, embora pareça que a unidade não permaneceu na
aldeia por muito tempo, já que os russos poderiam usar a artilharia para
bombardeá-los. O objetivo dessas ações limitadas provavelmente era sondar as
linhas inimigas para coletar informações, com resultados que permanecem
secretos.
US Navy SEALs (SEa, Air,
and Land - Mar, Ar e Terra) (Seal no inglês – foca)
Os SEALs da US
Navy foram criados pelo presidente John F. Kennedy em 1962 como uma pequena
força militar marítima de elite para conduzir guerras não convencionais. Eles
executam missões clandestinas, de pequeno porte e alto impacto, que grandes
forças com plataformas de grande visibilidade (como navios, tanques, jatos e
submarinos) não conseguem realizar. Os SEALs também realizam reconhecimento
especial essencial em terra de alvos críticos para ataques iminentes por forças
convencionais maiores.
Nascimento
dos SEALs da Marinha
Os SEALs são
a força de escolha do Comando de Operações Especiais dos EUA, dentre as Forças
de Operações Especiais (SOF) da Marinha, do Exército e da Força Aérea, para
conduzir operações militares marítimas de pequenas unidades que se originam e
retornam a um rio, oceano, pântano, delta ou litoral. Essa capacidade litorânea
é mais importante do que nunca em nossa história, visto que metade da
infraestrutura e da população mundial está localizada a menos de 1,6 km de um
oceano ou rio. De importância crucial, os SEALs podem navegar em áreas de águas
rasas, como o litoral do Golfo Pérsico, onde grandes navios e submarinos têm
sua atuação limitada pela profundidade.
Os SEALs da
Marinha são treinados para operar em todos os ambientes (mar, ar e terra) que
lhes conferem o nome. Os SEALs também estão preparados para operar em climas
extremos, desde o deserto escaldante ao Ártico congelante e a selva úmida. A
atual busca dos SEALs por alvos terroristas evasivos, perigosos e de alta
prioridade os leva a operar em regiões remotas e montanhosas do Afeganistão e
em cidades devastadas pela violência entre facções, como Bagdá, no Iraque.
Historicamente, os SEALs sempre tiveram "um pé na água". A realidade
atual, no entanto, é que eles iniciam ataques letais de Ação Direta com a mesma
eficácia tanto por ar quanto por terra.
Origens na
Segunda Guerra Mundial
Os SEALs de
hoje incorporam em uma única força a herança, as missões, as capacidades e as
lições de combate aprendidas de 5 grupos audaciosos que não existem mais, mas
que foram cruciais para a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial e no
conflito da Coreia. Esses grupos eram os Scouts (do Exército) e os Raiders (da
Marinha); as Unidades Navais de Demolição de Combate (NCDUs); os Nadadores
Operacionais do Escritório de Serviços Estratégicos; as Equipes de Demolição
Subaquática da Marinha (UDTs); e os Esquadrões de Lanchas Torpedeiras.
Esses
diversos grupos, treinados na década de 1940 para atender a necessidades
urgentes de segurança nacional, combateram na Europa, no Norte da África e no
Pacífico, mas foram em sua maioria dissolvidos após a Segunda Guerra Mundial.
No entanto, as UDTs foram novamente convocadas e se expandiram rapidamente para
a Guerra da Coreia em 1950. Demonstrando grande engenhosidade e coragem, essas
unidades marítimas especiais conceberam e executaram, com relativamente poucas
baixas, muitas das missões, táticas, técnicas e procedimentos que os SEALs
ainda realizam hoje.
Essas missões
incluíam reconhecimento de praias e hidrografia, corte de cabos e redes com
explosivos; destruição explosiva de obstáculos subaquáticos para viabilizar
grandes desembarques anfíbios; ataques com minas magnéticas, operações
submarinas e localização e marcação de minas para navios caça-minas. Eles
também realizavam levantamentos fluviais e treinamento militar estrangeiro. Ao
mesmo tempo, os antecessores dos SEALs foram pioneiros em natação de combate,
mergulho em circuito fechado, demolições subaquáticas e operações com
mini-submarinos (submersíveis secos e molhados).
Unidade
Marítima da OSS
Escoteiros
(aqueles que operam sozinhos) e Invasores
Para atender
à necessidade de uma força de reconhecimento de praia, pessoal selecionado do
Exército e da Marinha se reuniu na Base de Treinamento Anfíbio de Little Creek,
em 15 de agosto de 1942, para iniciar o treinamento de batedores e invasores
anfíbios (conjunto). A missão dos batedores e invasores era identificar e
reconhecer a praia alvo, manter uma posição na praia designada antes do
desembarque e guiar as ondas de assalto até a praia de desembarque.
O primeiro
grupo incluía Phil H. Bucklew, o “Pai da Guerra Naval Especial”, que dá nome ao
Centro de Guerra Naval Especial. Comissionado em outubro de 1942, esse grupo
entrou em combate em novembro de 1942 durante a OPERAÇÃO TOCHA, os primeiros
desembarques aliados na Europa, na costa norte-africana. Os batedores e os
batedores também apoiaram os desembarques na Sicília, Salerno, Anzio, Normandia
e no sul da França.
Um segundo
grupo de batedores e invasores, codinome Unidade de Serviço Especial nº 1, foi
estabelecido em 7 de julho de 1943 como uma força conjunta de operações
combinadas. A primeira missão, em setembro de 1943, foi em Finschafen, na Nova
Guiné. Operações posteriores ocorreram em Gasmata, Arawe, Cabo Gloucester e nas
costas leste e sul da Nova Bretanha, todas sem qualquer perda de pessoal.
Conflitos surgiram em relação a questões operacionais, e todo o pessoal não
pertencente à Marinha foi realocado. A unidade, renomeada 7º Batalhão de
Batedores Anfíbios, recebeu uma nova missão: desembarcar com as lanchas de
assalto, sinalizar canais com bóias, erguer marcadores para as embarcações que
se aproximavam, prestar atendimento aos feridos, realizar sondagens em
alto-mar, explodir obstáculos na praia e manter comunicações de voz ligando as
tropas em terra, as lanchas que se aproximavam e os navios próximos. O 7º
Batalhão de Batedores Anfíbios conduziu operações no Pacífico durante todo o
conflito, participando de mais de 40 desembarques.
A terceira
organização de Escoteiros e Incursores operava na China. Os Escoteiros e
Incursores foram destacados para lutar ao lado da Organização de Cooperação
Sino-Americana (SACO). Para reforçar o trabalho da SACO, o Almirante Ernest J.
King ordenou que 120 oficiais e 900 homens fossem treinados para a “Operação
Anfíbia Roger” na escola de Escoteiros e Patrulheiros em Fort Pierce, Flórida.
Eles formaram o núcleo do que foi idealizado como uma “organização anfíbia de
guerrilha composta por americanos e chineses, operando em águas costeiras,
lagos e rios, utilizando pequenos barcos a vapor e sampanas”. Embora a maior
parte das forças da Operação Anfíbia Roger tenha permanecido no Campo Knox em
Calcutá, três dos grupos entraram em ação. Eles realizaram um levantamento do
Alto Rio Yangtzé na primavera de 1945 e, disfarçados de trabalhadores braçais,
conduziram um levantamento detalhado de três meses da costa chinesa, de Xangai
a Kitchioh Wan, perto de Hong Kong.
Unidade de
Demolição de Combate Naval (NCDU)
Em setembro
de 1942, 17 militares da Marinha especializados em salvamento chegaram à Base
Aérea de Little Creek, na Virgínia, para um curso intensivo de uma semana sobre
demolições, corte de cabos com explosivos e técnicas de incursão de comandos.
Em 10 de novembro de 1942, essa primeira unidade de demolição em combate
conseguiu cortar uma barreira de cabos e redes no rio Wadi Sebou durante a
Operação Tocha, no Norte da África. Suas ações permitiram que o USS Dallas (DD
199) atravessasse o rio e desembarcasse Rangers americanos, que capturaram o
aeródromo de Port Lyautey.
Os planos
para uma invasão maciça da Europa através do Canal da Mancha haviam começado, e
informações de inteligência indicavam que os alemães estavam colocando extensos
obstáculos subaquáticos nas praias da Normandia. Em 7 de maio de 1943, o
Capitão-Tenente Draper L. Kauffman, "O Pai da Demolição em Combate
Naval", recebeu ordens para criar uma escola e treinar pessoas para
eliminar obstáculos em uma praia ocupada pelo inimigo antes de uma invasão.
Em 6 de junho
de 1943, o Capitão-Tenente Kaufmann estabeleceu o treinamento da Unidade de
Demolição de Combate Naval em Fort Pierce, Flórida. A maioria dos voluntários
de Kaufmann vinha dos batalhões de engenharia e construção da Marinha. O
treinamento começou com uma semana exaustiva, projetada para separar os homens
dos meninos. Alguns disseram que os homens tiveram bom senso suficiente para
desistir e abandonar os meninos. Era, e ainda é, considerada a "SEMANA DO
INFERNO".
O treinamento
utilizou botes infláveis e, surpreendentemente, pouca natação. A ideia era que os homens remassem
e trabalhassem em águas
rasas, deixando as demolições
em águas profundas
para o Exército. Nesse
ponto, os homens passaram a usar fardas da Marinha com botas e capacetes.
Receberam ordens para se manterem presos aos botes por cabos de segurança e permanecerem fora da água o máximo possível. A experiência de Kauffman era em desarmar
explosivos; agora, ele e suas equipes estavam aprendendo a usá-los ofensivamente. Uma inovação foi o
uso de pacotes de tetril de 1,1 kg (2,5 libras) colocados em tubos de borracha,
criando assim tubos explosivos de 9 kg (20 libras) que podiam ser manipulados
ao redor de obstáculos para demolição.
Em abril de
1944, um total de 34 Unidades de Defesa Naval (NCDUs) foram enviadas para a
Inglaterra em preparação para a Operação Overlord, o desembarque anfíbio na
Normandia.
Testado em
combate: Invasão da Normandia no Dia D
6 homens da
Unidade de Demolição de Combate Naval Onze (NCDU-11) de Kauffman foram enviados
à Inglaterra no início de novembro de 1943 para iniciar os preparativos para
limpar as praias para a invasão da Normandia. Posteriormente, a NCDU-11 foi
ampliada para equipes de assalto de 13 homens. Os Scouts e Raiders também foram
mobilizados para iniciar o reconhecimento da costa da Normandia.
O General
Rommel, o mais alto Marechal de Campo de Hitler, implementou as complexas
defesas encontradas no litoral francês. Estas incluíam, de forma criativa,
postes de aço cravados na areia e cobertos com explosivos. Grandes barricadas
de aço de 3 toneladas, chamadas de Portões Belgas, foram colocadas bem na zona
de arrebentação. Além disso, ele posicionou estrategicamente ninhos reforçados
de morteiros e metralhadoras. Os batedores e os batedores passaram semanas
coletando informações durante missões de vigilância noturnas ao longo da costa
francesa. Réplicas dos Portões Belgas foram construídas na costa sul da
Inglaterra para que a UDT (Unidade de Defesa do Ulster) praticasse demolições.
A estratégia da UDT era derrubar os portões, não destruí-los e espalhá-los
pelas praias, criando assim um obstáculo maior para as tropas que avançavam.
Homens
armados com artilharia naval de longo curso, incluindo bombas e projéteis,
lideraram o ataque inicial às 2 praias de desembarque americanas de Omaha e
Utah. Em seguida, uma primeira onda de tanques e veículos de transporte de
tropas desembarcaria para eliminar quaisquer bunkers e atiradores alemães
remanescentes. As equipes de assalto da Demolition Gap entrariam com a segunda
onda e trabalhariam na maré baixa para remover os obstáculos.
Como
frequentemente acontece na névoa da guerra, os aviões Aliados acabaram lançando
suas bombas muito para o interior. A artilharia naval, então, disparou a maior
parte de seus projéteis muito além das posições alemãs, causando estragos nas
terras agrícolas francesas, mas deixando os canhões alemães, bem posicionados,
em perfeitas condições de funcionamento. Esses canhões dispararam fogo
terrestre devastador contra as forças Aliadas que se aproximavam. As marés
também acabaram empurrando muitas das equipes de demolição bem à frente da
primeira onda. Elas se viram as primeiras a desembarcar nas praias. Muitas das
equipes foram mortas por metralhadoras e morteiros antes de chegarem à praia.
Outros membros da equipe, sob fogo inimigo, conseguiram colocar cargas nos
obstáculos e explodi-los. Em um dado momento, soldados estavam se abrigando
atrás dos obstáculos, que continham explosivos com temporizadores. Os soldados
americanos rapidamente se dirigiram para as praias para evitar se tornarem
baixas amigas na guerra. A missão era abrir 16 corredores de 15 metros de
largura para o desembarque. Ao anoitecer, apenas 13 estavam abertos, e essas
praias cobraram um alto preço das equipes de assalto naval.
Dos 175
homens da NCDU e da UDT na praia de Omaha, 31 foram mortos e 60 ficaram
feridos. Seus companheiros na praia de Utah tiveram um destino muito melhor,
pois a praia era consideravelmente menos fortificada. 4 foram mortos e 11
ficaram feridos quando um projétil de artilharia atingiu uma das equipes que
trabalhavam para limpar a praia. Semanas antes da invasão, todos os homens
disponíveis da equipe de demolição subaquática foram enviados de Fort Pierce
para a Inglaterra. A maior perda ocorreu no desembarque na praia de Omaha, na
Normandia. Poucos meses após o fim da guerra, as equipes da UDT foram
dispersas. Isso encerrou um período difícil, porém evolutivo, na história da
Guerra Naval Especial.
Em 6 de junho
de 1944, enfrentando grandes adversidades, as Unidades de Demolição de Navios
(NCDUs) na Praia de Omaha conseguiram abrir 8 brechas completas e 2 parciais
nas defesas alemãs. As NCDUs sofreram 31 mortos e 60 feridos, uma taxa de
baixas de 52%. Enquanto isso, as NCDUs na Praia de Utah encontraram fogo
inimigo menos intenso. Elas avançaram 640 metros de praia em 2 horas e outras 820
metros até o final da tarde. As baixas na Praia de Utah foram
significativamente menores, com 6 mortos e 11 feridos. Durante a Operação
Overlord, nenhum demolidor morreu devido ao manuseio inadequado de explosivos.
Em agosto de
1944, as Unidades de Desembarque Naval (NCDUs) da Praia de Utah participaram
dos desembarques no sul da França, a última operação anfíbia no Teatro de
Operações Europeu. As NCDUs também operaram no teatro do Pacífico. A NCDU 2,
sob o comando do Tenente Frank Kaine, que dá nome ao prédio do Comando de
Guerra Naval Especial, e a NCDU 3, sob o comando do Tenente Lloyd Anderson,
formaram o núcleo de seis NCDUs que serviram com a 7ª Força Anfíbia,
encarregada de limpar os canais de navegação após os desembarques de Biak a
Bornéu.
Pacífico Sul
– Crescimento da UDT
Após uma
grande catástrofe na ilha de Tarawa, a necessidade da Unidade de Transporte
Aéreo Não Tripulado (UDT) no Pacífico Sul tornou-se gritante. As ilhas desta
região têm marés imprevisíveis e recifes rasos que podem facilmente impedir o
avanço dos navios de transporte naval. Em Tarawa, a primeira leva conseguiu
atravessar o recife em veículos anfíbios (Amtracs), mas a segunda leva, em
lanchas Higgens, ficou presa em um recife exposto pela maré baixa. Os
fuzileiros navais tiveram que desembarcar e caminhar até a praia. Muitos se
afogaram ou morreram antes de chegar à areia. Os Amtracs, sem reforços da
segunda leva, foram dizimados na praia. Foi uma lição valiosa que a Marinha não
permitiria que se repetisse. Os Mergulhadores de Combate foram então chamados
em busca de uma solução.
A 5ª Força
Anfíbia estabeleceu treinamento em Waimanalo, na costa de Oahu, no arquipélago
havaiano. Participaram homens de Fort Pierce, bem como do Exército e dos
Fuzileiros Navais. Estavam representados os Scouts e Raiders, além das Equipes
Navais de Demolição em Combate. Eles treinaram às pressas para o ataque a
Kwajalein em 31 de janeiro de 1944. Este foi um ponto de virada crucial para as
táticas da UDT (Underwater Demolition Team). O plano era enviar equipes de
reconhecimento noturno, como as que os Scouts e Raiders estavam acostumados a
usar. Então, o Almirante Turner, preocupado com a presença de obstáculos
colocados pelos japoneses, ordenou 2 operações de reconhecimento diurnas.
As missões
deveriam seguir o procedimento padrão. A 1ª equipe deveria ir em um bote
inflável, trajando uniforme completo, botas, coletes salva-vidas e capacetes de
metal. O recife de coral mantinha a embarcação muito distante da costa,
impedindo a avaliação precisa das condições da praia. Os operadores tomaram uma decisão que mudaria
para sempre a Guerra Naval Especial. Tirando tudo, exceto as roupas íntimas,
nadaram destemidamente através do recife. Retornaram com esboços da localização
dos canhões na praia, juntamente com informações sobre um muro de troncos
construído para impedir desembarques e outras informações vitais. O Nado de
Combate Naval passou a integrar a Lista de Tarefas Essenciais da Missão da
Unidade de Treinamento de Combate Naval (UDT).
Após
Kwajalein, a UDT criou a Base Experimental e de Treinamento de Demolição em
Combate Naval em Maui. As operações começaram em abril de 1944. A maioria dos
procedimentos de Fort Pierce foi modificada, com ênfase no desenvolvimento de
excelentes nadadores. Treinamento extensivo foi realizado na água sem linhas de
vida, usando máscaras faciais e vestindo calções de banho e sapatos aquáticos.
Esse novo modelo nos deu a imagem que permanece até hoje do "Guerreiro
Nu" da UDT na Segunda Guerra Mundial. Os desembarques continuaram e, em
Iwo Jima, as equipes de reconhecimento se saíram bem. As maiores baixas da UDT
não ocorreram na água, mas a bordo do contratorpedeiro USS Blessman, quando um
bombardeiro japonês o atingiu. Quando a bomba explodiu no refeitório, 15 homens
da equipe da UDT morreram. Outros 23 ficaram feridos. Essa foi, de longe, a
perda de vidas mais trágica sofrida pela UDT no teatro de operações do
Pacífico.
Até então,
todas as ilhas exploradas ficavam em águas do sul. Logo, as forças se
deslocaram para o norte, em direção ao Japão. Sem proteção térmica, os homens
da UDT corriam o risco de hipotermia e cãibras severas. Esse problema foi
extremo durante o levantamento topográfico de Okinawa. O maior destacamento da
UDT na guerra empregou as equipes veteranas 7, 12, 13 e 14, além das
recém-treinadas equipes 11, 16, 17 e 18. Quase 1000 membros da UDT trabalharam
em conjunto em operações reais e simuladas para criar a ilusão de desembarque
em outros locais. Estacas pontiagudas fincadas no recife de coral da praia
protegiam as praias de desembarque em Okinawa. As equipes 11 e 16 foram
enviadas para explodir as estacas. Após todas as cargas serem instaladas, os
homens nadaram para limpar a área e a explosão subsequente eliminou todos os
alvos da equipe 11 e metade dos alvos da equipe 16. A equipe 16 abandonou a
operação devido à morte de um de seus homens; portanto, sua missão foi
considerada um fracasso e uma vergonha. A Equipe 11 foi enviada de volta no dia
seguinte para concluir a missão e, em seguida, permaneceu para guiar as forças
até a praia. A UDT continuou se preparando para a invasão do Japão. Após a
explosão da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki, a guerra terminou rapidamente.
A necessidade de uma invasão do Japão foi evitada e o papel da UDT no Pacífico
Sul chegou ao fim.
Ao todo,
foram estabelecidas 34 equipes UDT. Vestindo trajes de banho, nadadeiras e
máscaras faciais em operações de combate, esses "Guerreiros Nus"
entraram em ação em todo o Pacífico, em todos os principais desembarques
anfíbios, incluindo: Eniwetok, Saipan, Guam, Tinian, Angaur, Ulithi, Pelilui,
Leyte, Golfo de Lingayen, Zambales, Iwo Jima, Okinawa, Labuan, Baía de Brunei
e, em 4 de julho de 1945, em Balikpapan, em Bornéu, que foi a última operação
de demolição das UDT na guerra. A rápida desmobilização ao final da guerra
reduziu o número de UDTs em serviço ativo para 2 em cada costa, com um efetivo
de 7 oficiais e 45 praças cada.
China
Um graduado
de Annapolis, chamado Milton E. Miles, morou na China e sabia falar o idioma.
Ele foi enviado para lá para fazer tudo ao seu alcance para preparar um
possível desembarque aliado na China. Embora o desembarque nunca tenha
ocorrido, Miles causou grande perturbação às regiões da China ocupadas pelos
japoneses. Ele estabeleceu uma valiosa rede de vigilância ao longo de 1300
quilômetros da costa. Também fundou um campo de treinamento de guerrilha em
conjunto com um senhor da guerra chinês. Dali, comandaram muitos ataques
bem-sucedidos e incursões de guerrilha contra os japoneses. Outro membro da
UDT, Phil Buckelew, também passou um tempo infiltrado na China continental,
interrompendo as linhas de comunicação inimigas e fornecendo informações aos
comandantes da Marinha. O Centro de Guerra Naval Especial Philip Buckelew em
Coronado, Califórnia, recebeu esse nome em homenagem a esse homem lendário.
UDT na Coreia
A Guerra da
Coreia começou em 25 de junho de 1950, quando o exército norte-coreano invadiu
a Coreia do Sul. Inicialmente, com um destacamento de 11 militares da UDT 3, a
participação da UDT expandiu-se para 3 equipes, totalizando 300 homens.
Durante a
“guerra esquecida”, as Equipes de Demolição Subaquática (UDT) lutaram
heroicamente e discretamente. A UDT começou a empregar a experiência em
demolição adquirida na Segunda Guerra Mundial e a adaptou para um papel
ofensivo. Mantendo o uso eficaz da água como cobertura e camuflagem, bem como
método de inserção, a UDT da era coreana tinha como alvo pontes, túneis, redes
de pesca e outros alvos marítimos e costeiros. Desenvolveram também uma
estreita relação de trabalho com a UDT/SEALs da República da Coreia (ROK), a
quem treinaram, relação que perdura até hoje.
Durante a
Guerra da Coreia, a UDT aprimorou e desenvolveu suas táticas de comando,
concentrando seus esforços inicialmente em demolições e desativação de minas.
Além disso, a UDT acompanhou comandos sul-coreanos em incursões no Norte para
demolir túneis ferroviários. Os oficiais de alta patente da UDT desaprovavam
essa atividade por se tratar de um uso não convencional das forças navais, que
as afastava demais da linha d'água. Devido à natureza da guerra, a UDT manteve
um perfil operacional discreto. Algumas de suas missões mais conhecidas incluem
o transporte de espiões para a Coreia do Norte e a destruição de redes de pesca
norte-coreanas, utilizadas para abastecer o Exército do Norte com várias
toneladas de peixe anualmente.
Como parte do
Grupo de Operações Especiais (SOG), as UDTs realizaram com sucesso incursões de
demolição em túneis ferroviários e pontes ao longo da costa coreana. Em 15 de
setembro de 1950, as UDTs apoiaram a Operação CHROMITE, o desembarque anfíbio
em Inchon. As UDTs 1 e 3 forneceram pessoal que entrou à frente das embarcações
de desembarque, explorando os bancos de lama, marcando pontos baixos no canal,
limpando hélices emperradas e procurando minas. 4 membros das UDTs atuaram como
guias de ondas para o desembarque dos fuzileiros navais.
Em outubro de
1950, as UDTs apoiaram operações de desminagem no porto de Wonsan, onde
mergulhadores localizavam e marcavam minas para os caça-minas. Em 12 de outubro
de 1950, 2 caça-minas americanos atingiram minas e afundaram. As UDTs
resgataram 25 marinheiros. No dia seguinte, William Giannotti realizou a 1ª operação
de combate americana utilizando um equipamento de mergulho autônomo (aqualung)
ao mergulhar no USS Pledge.
Durante o
restante da guerra, as UDTs realizaram reconhecimento de praias e rios,
infiltraram guerrilheiros atrás das linhas inimigas a partir do mar,
continuaram as operações de desminagem e participaram da Operação FISHNET, que
prejudicou gravemente a capacidade de pesca da Coreia do Norte.
A Guerra da
Coreia foi um período de transição para os homens da UDT. Eles testaram seus
limites anteriores e definiram novos parâmetros para seu estilo especial de
guerra. Essas novas técnicas e horizontes expandidos posicionaram a UDT de
forma favorável para assumir um papel ainda mais amplo à medida que as
tempestades da guerra começavam a se formar ao sul, na península vietnamita.
Vietnã
intensifica operações – Equipes SEAL são formadas
Em 1962, o
presidente Kennedy criou as Equipes SEAL 1 e 2 a partir das Equipes UDT
existentes para desenvolver uma capacidade de Guerra Não Convencional da
Marinha. As Equipes SEAL da Marinha foram concebidas como o equivalente
marítimo dos "Boinas Verdes", as Forças Especiais do Exército. Elas
foram imediatamente enviadas ao Vietnã para operar nos deltas e nos milhares de
rios e canais do país, interrompendo com eficácia as linhas de comunicação
marítimas do inimigo.
A missão das
equipes SEAL era conduzir operações de contra-guerrilha e operações marítimas
clandestinas. Inicialmente, os SEALs assessoravam e treinavam as forças
vietnamitas, como a LDNN (SEALs vietnamitas). Mais tarde na guerra, os SEALs
realizaram missões de ação direta noturnas, como emboscadas e incursões, para
capturar prisioneiros de alto valor para a inteligência.
Os SEALs eram
tão eficazes que o inimigo os apelidou de "os homens de rosto verde".
No auge da guerra, 8 pelotões SEAL estavam no Vietnã em regime de rotação
contínua. O último pelotão SEAL deixou o Vietnã em 1971 e o último conselheiro
SEAL em 1973.
Período
colonial inicial
Os franceses
colonizaram o Vietnã em 1857. O país fez parte da Indochina Francesa até a
Segunda Guerra Mundial, quando ficou sob domínio japonês por um breve período.
Durante o domínio japonês, os cidadãos vietnamitas se rebelaram, apoiados pelos
comunistas e pelo OSS (Escritório de Serviços Estratégicos, precursor da CIA).
Um novo sentimento nacionalista surgiu entre os vietnamitas. A Segunda Guerra
Mundial catalisou o movimento nacionalista, liderado por um homem que se
autodenominava Ho Chi Minh.
Após a
guerra, a França retornou e buscou retomar o controle do Vietnã e de outros
territórios controlados pelos japoneses. Já em 1941, o Partido Comunista da
Indochina clamava pela libertação do domínio francês. O Viet Minh, organização
política e militar do movimento nacionalista, sob a liderança de Ho Chi Minh,
ganhava força no norte. Em 1945, Ho Chi Minh proclamou a República Democrática
do Vietnã e o direito dos vietnamitas de se autogovernarem. Sua Declaração de
Independência foi redigida de forma semelhante à Declaração de Independência
dos Estados Unidos de 1776, na esperança de obter apoio e simpatia de seu
antigo aliado, os Estados Unidos.
As eleições
que se seguiram foram fortemente favoráveis à
posição do Viet Minh,
e Ho Chi Minh foi proclamado Presidente da nova República e exigiu a retirada
imediata dos franceses e a independência total do Vietnã. Ho Chi Minh fez essas
exigências contando com o apoio e a ajuda que recebia de 2 fontes importantes:
os comunistas chineses e as equipes do OSS americano. Os comunistas chineses
treinaram o Viet Minh e lutaram ao lado deles contra os japoneses. O OSS
americano assessorava Ho Chi Minh em sua luta conjunta contra os japoneses. O
governo dos Estados Unidos percebeu que o Viet Minh era uma força de combate
eficaz e que a organização de Ho Chi Minh era a única liderança estável no
Vietnã.
Com o apoio
dos chineses e do OSS a Ho Chi Minh, a França teve dificuldades em se opor à
sua nova República. No final de 1945, as equipes do OSS foram finalmente
retiradas e os franceses concordaram em reconhecer a República Democrática do
Vietnã, desde que esta permanecesse parte da França. Os franceses também
concordaram que, se em algum momento futuro o país desejasse se unificar sob a
liderança de Ho Chi Minh, a França acataria a decisão do povo.
No entanto,
as negociações fracassaram, pois nenhum dos lados estava disposto a fazer
concessões reais. Confrontos armados começaram entre as tropas francesas e o
Viet Minh, agora chamado de Frente Nacional. O Vietnã se dividiu: Ho Chi Minh
consolidou seu poder no norte, em Hanói, enquanto os franceses estabeleceram
governo e comando no sul, em Saigon.
Os franceses,
com seus aliados vietnamitas, lutaram contra o Viet Minh de 1946 a 1953. Essa
guerra consistiu principalmente em ações de guerrilha, sem que nenhum dos lados
tivesse uma vantagem clara. A política militar francesa não se mostrou eficaz
contra as táticas de guerrilha, e o melhor que os franceses podiam fazer era
manter as principais áreas povoadas e as principais linhas de comunicação, na
esperança de atrair o Viet Minh para um confronto direto. Os franceses estavam
sofrendo pesadas perdas e baixas e precisavam de uma grande vitória.
Acreditavam que, se conseguissem levar o Viet Minh para um campo de batalha
convencional, a França teria a vantagem.
A armadilha
foi montada em um pequeno vale no noroeste do Vietnã, que se acreditava ser uma
base de poder guerrilheira, a cerca de 240 quilômetros a oeste de Hanói e a 40
quilômetros da fronteira com o Laos. Sob o comando do General Henri Navarre, as
tropas francesas planejaram atrair o Viet Minh para a batalha com uma grande
força de assalto aerotransportada, que asseguraria o vale e estabeleceria uma
fortificação ao redor do aeródromo abandonado ali presente. Quando o Viet Minh
atacasse, os franceses os aniquilariam.
Dien Bien Phu
tornou-se uma das maiores batalhas do pós-Segunda Guerra Mundial. Os franceses
foram derrotados em Dien Bien Phu porque subestimaram enormemente a
determinação e as habilidades das forças guerrilheiras vietnamitas. As
fortificações francesas eram insuficientes; estavam em desvantagem numérica, de
armamento e de manobras. Nem a bravura das tropas francesas, nem o heroísmo
lendário dos paraquedistas da Legião Estrangeira Francesa foram suficientes
para reverter a situação. Essa derrota chocou o povo francês e seu governo,
eliminando sua vontade de continuar a guerra.
Em julho de
1954, as negociações entre a França e a recém-formada República, realizadas em
Genebra, finalmente produziram um acordo. O Acordo de Genebra pôs fim ao
domínio colonial no Vietnã, estabelecendo um plano para a transição pacífica de
poder dos franceses para os vietnamitas. O acordo dividiu a Indochina em 4 partes:
Laos, Camboja, Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. O Viet Minh, fervorosamente
comunista e liderado por Ho Chi Minh, governou o Norte, enquanto os franceses
auxiliaram no estabelecimento de um governo vietnamita anticomunista no Sul,
chefiado pelo Imperador Bao Dai.
Com a região
norte sendo o centro industrial e as regiões sul, agrícolas, a divisão do
Vietnã gerou problemas econômicos. Essa divisão também causou uma grande
mudança populacional. A grande população católica do Norte, temendo represálias
do novo regime comunista por seu apoio aos franceses, iniciou um êxodo para o
Sul. Estima-se que 100.000 vietnamitas estacionados em todo o Sul, por ordem do
governo de Hanói, também começaram seu êxodo para o Norte. No entanto, pelo
menos 5.000 deles permaneceram, juntando-se à Frente Nacional de Libertação do
Vietnã do Sul para formar o Viet Cong (VC). Eles viviam nas aldeias do Vietnã
do Sul e lutavam contra o ARVN (Exército da República do Vietnã), financiado
pelos Estados Unidos, e contra as tropas americanas.
Ho Chi Minh
estava confiante de que venceria as eleições e voltou sua atenção para os
problemas econômicos e sociais que seu governo enfrentava. Ele percebeu que os
EUA poderiam auxiliar o Sul em seu estabelecimento, mas não previu que o Vietnã
do Sul encontraria motivos para cancelar as eleições. Os americanos apoiaram o
primeiro-ministro do Vietnã do Sul, Ngo Dihn Diem, que substituiu Bao Dai,
exilado. Ngo Dihn Diem gradualmente expandiu sua esfera de poder, enquanto os
Estados Unidos começaram a assumir o papel de apoiador deixado vago pelos
franceses.
Os Estados
Unidos se envolvem
O Camboja foi
o único Estado envolvido que se recusou a assinar o Acordo de Genebra;
declarou-se neutro e era liderado pelo Príncipe Norodom Sihanouk.
Embora o
Camboja tenha tentado jogar com todos os lados uns contra os outros, a guerra
só chegou ao Camboja anos mais tarde. O Laos, cujo líder era o Príncipe
Souvanna Phouma, tentou desenvolver um governo de coalizão neutralista com
apoiadores tanto pró-ocidentais quanto pró-comunistas. O meio-irmão do Príncipe
Phouma, o Príncipe Souphanouvoing, liderava a facção comunista, chamada Pathet
Lao. O Príncipe Boun Oum tinha o apoio do Exército Real Laosiano (ERL), com
25.000 homens; o ERL liderava a facção pró-ocidental, e o governo dos Estados
Unidos o apoiava para conter a crescente presença comunista na Ásia.
Cada facção
tentou ativamente obter vantagem no governo. As eleições de 1958 deram mais
votos ao Pathet Lao, e os EUA pressionaram Souvanna Phouma a renunciar em favor
de Phoui Sananikone, apoiado pelos americanos, que daria continuidade à
política neutralista. Esse apoio dos Estados Unidos foi ofensivo para muitos.
Um jovem capitão, Kong Le, que comandava o batalhão de paraquedistas do
Exército de Libertação do Laos (RLA), tomou a capital do Laos, Vientiane,
exigindo o retorno às políticas neutralistas.
A União
Soviética começou a enviar armas, veículos e artilharia antiaérea para as
forças de Kong Le, enquanto o Exército do Vietnã do Norte (NVA) enviou quadros
para treinar as tropas do Pathet Lao.
Devido à
posição sem saída para o mar do Laos, para obter qualquer vantagem, tropas
americanas teriam que ser mobilizadas, e os problemas de abastecimento eram
muito grandes. Os Estados Unidos abandonaram o Laos e direcionaram seu apoio em
armas e ajuda militar, incluindo aeronaves e conselheiros das Forças Especiais,
para o Vietnã do Sul.
No final da
década de 1950, existiam poucas Forças de Operações Especiais. O Exército tinha
os Boinas Verdes e a Marinha, suas Equipes de Demolição Subaquática (UDT).
Essas unidades de elite eram treinadas para combater e operar atrás das linhas
de uma guerra convencional, especificamente no caso de um avanço russo pela
Europa.
A Marinha
entrou no conflito do Vietnã em 1960, quando as UDTs transportaram pequenas
embarcações rio acima pelo Mekong até o Laos. Em 1961, os conselheiros navais
começaram a treinar as UDTs vietnamitas. Esses homens eram chamados de Lien Doc
Nguoi Nhia (LDNN), que pode ser traduzido como "soldados que lutam sob o
mar".
O presidente
Kennedy, ciente da situação no Sudeste Asiático, reconheceu a necessidade de
guerra não convencional e utilizou as Operações Especiais como medida contra a
atividade guerrilheira. Em um discurso ao Congresso em maio de 1961, Kennedy
expressou seu profundo respeito pelos Boinas Verdes. Ele anunciou o plano do
governo de enviar um homem à Lua e, no mesmo discurso, destinou mais de cem
milhões de dólares para o fortalecimento das Forças Especiais, a fim de ampliar
a capacidade das forças convencionais americanas.
Percebendo a
preferência da administração pelos Boinas Verdes do Exército, a Marinha
precisava definir seu papel no âmbito das Forças Especiais. Em março de 1961, o
Chefe de Operações Navais recomendou a criação de unidades de guerrilha e
contraguerrilha. Essas unidades seriam capazes de operar no mar, no ar ou em
terra. Esse foi o início oficial dos SEALs da Marinha. Muitos membros dos SEALs
vieram das unidades UDT da Marinha, que já haviam adquirido experiência em
guerra de comandos na Coreia; no entanto, as UDTs ainda eram necessárias para a
força anfíbia da Marinha.
As 2
primeiras equipes ficavam em costas opostas: a Equipe 2 em Little Creek,
Virgínia, e a Equipe 1 em Coronado, Califórnia. Os homens das recém-formadas
equipes SEAL eram treinados em áreas não convencionais, como combate corpo a
corpo, paraquedismo em grandes altitudes, arrombamento de cofres, demolições e
idiomas. Entre as diversas ferramentas e armas exigidas pelas equipes estava o
fuzil de assalto AR-15, um novo projeto que evoluiu para o atual M-16 e M-4. Os
SEALs participavam do treinamento de substituição da UDT e passavam algum tempo
aprimorando suas habilidades em uma equipe da UDT. Ao ingressarem em uma equipe
SEAL, eles passavam por um curso de treinamento básico de doutrinação SEAL
(SBI) de 3 meses no Campo Kerry, nas Montanhas Cuyamaca. Após o curso de
treinamento SBI, eles entravam em um pelotão e treinavam táticas de pelotão
(especialmente para o conflito no Vietnã).
O Comando do
Pacífico reconheceu o Vietnã como um potencial ponto crítico para as forças
convencionais. No início de 1962, a UDT iniciou levantamentos hidrográficos e o
Comando de Assistência Militar do Vietnã (MACV) foi formado. Em março de 1962,
os SEALs foram enviados ao Vietnã com o objetivo de treinar os comandos
sul-vietnamitas utilizando os mesmos métodos de treinamento que eles próprios
haviam recebido.
Em fevereiro
de 1963, operando a partir do USS Weiss, uma unidade de reconhecimento
hidrográfico naval da UDT 12 iniciou um levantamento ao sul de Da Nang. Desde o
início, encontraram fogo de franco-atiradores e, em 25 de março, foram
atacados. A unidade conseguiu escapar sem feridos, o levantamento foi
considerado concluído e o Weiss retornou à Baía de Subic.
Em 1963, a
LDNN vietnamita começou a obter sucesso em suas missões. Operando lanchas de
patrulha rápida da classe "Nasty", fornecidas pelos Estados Unidos e
fabricadas na Noruega, a partir de Da Nang, a LDNN conseguiu realizar diversos
ataques contra alvos norte-vietnamitas. Em 31 de julho, as lanchas
"Nasty" foram usadas em uma missão para destruir um transmissor de
rádio na ilha de Hon Nieu. Usando morteiros de 88 mm na noite de 3 de agosto,
bombardearam o radar no Cabo Vinh Son.
Devido ao
imenso poder de fogo do canhão sem recuo de 88 mm, os norte-vietnamitas
acreditaram que os canhões de grosso calibre de um navio da Marinha dos EUA os
estavam bombardeando. Partindo dessa premissa, lanchas do Exército Popular do
Vietnã (NVA) realizaram um ataque diurno ao USS Maddox, que navegava ao largo
da costa norte-vietnamita, interceptando transmissões de rádio. Este ataque,
juntamente com um segundo ataque ocorrido mais tarde no mesmo dia contra o USS
Turner Joy, ficou conhecido como o Incidente do Golfo de Tonkin.
O incidente
do Golfo de Tonkin deu aos Estados Unidos o poder legal e político para
justificar um envolvimento mais forte no conflito do Vietnã. Um bombardeio a
uma base aérea americana em 30 de outubro de 1964 matou 5 militares. Outro
ataque na véspera de Natal atingiu um alojamento militar americano em Saigon,
matando 2 militares. O presidente Lyndon Johnson ordenou uma retaliação
"olho por olho": para cada ataque dos norte-vietnamitas, as tropas
americanas responderiam da mesma maneira. O início da Operação "Flaming
Dart", que incluiu o bombardeio americano de alvos no Vietnã do Norte,
colocou os Estados Unidos no meio de uma guerra total.
A CIA iniciou as operações secretas dos SEALs no início de 1963. No começo da guerra, as operações consistiam em emboscar movimentações de suprimentos e localizar e capturar oficiais norte-vietnamitas. Devido à precariedade das informações de inteligência, essas operações não obtiveram muito sucesso. Quando os SEALs receberam os recursos necessários para desenvolver sua própria inteligência, as informações se tornaram muito mais oportunas e confiáveis. Os SEALs e as Forças de Operações Especiais em geral começaram a apresentar um enorme índice de sucesso, o que rendeu a seus membros um grande número de condecorações.
Entre 1965 e 1972, 46 SEALs morreram no Vietnã. Em 28 de outubro de 1965, o Comandante Robert J. Fay foi o primeiro SEAL morto no Vietnã por um disparo de morteiro. O primeiro SEAL morto em combate ativo foi o operador de radar de segunda classe Billy Machen, morto em um tiroteio em 16 de agosto de 1966. O corpo de Machen foi recuperado com o auxílio de fogo de 2 helicópteros, após a equipe ter sido emboscada durante uma patrulha diurna. A morte de Machen foi uma dura realidade para as equipes SEAL.
Inicialmente,
os SEALs foram destacados em Da Nang e arredores, treinando o Sul em mergulho
de combate, demolições e táticas de guerrilha/antiguerrilha. Com o desenrolar
da guerra, os SEALs foram posicionados na Zona Especial de Rung Sat, onde
deveriam interromper o suprimento e o movimento de tropas inimigas, e no Delta
do Mecong para realizar operações fluviais (combate em vias navegáveis interiores).
As águas
barrentas do Delta forneceram a base para o desenvolvimento das operações
fluviais dos SEALs. Os SEALs se adaptaram rapidamente e com resultados mortais.
Os braços de rio, enseadas e estuários se interligavam, criando uma vasta área
para operações tanto do Norte quanto do Sul. Os SEALs e as tripulações dos
barcos da Marinha que operavam em águas rasas tinham como missão vencer essa
parte da guerra, impedindo ao máximo o movimento de tropas e suprimentos vindos
do Norte.
As equipes
SEAL vivenciaram essa guerra como nenhuma outra. O combate com o Viet Cong era
extremamente próximo e pessoal. Ao contrário dos métodos convencionais de
guerra, como disparar artilharia contra uma localização específica ou lançar
bombas a 9.000 metros de altitude, os SEALs operavam a centímetros de seus
alvos. Os SEALs tinham que matar a curta distância e responder sem hesitar, ou
seriam mortos. No final da década de 1960, os SEALs fizeram grandes progressos
com esse novo estilo de guerra. Suas ações foram as mais eficazes contra
guerrilhas e contra guerrilhas em toda a guerra.
Contudo, nos
Estados Unidos, a política de guerra estava se voltando contra o governo. Os
protestos contra a guerra se intensificaram consideravelmente no final da
década de 1960. O público americano começou a questionar essa guerra que
ceifava tantas vidas de jovens. A ansiedade e a raiva causadas pela guerra
começaram a cobrar seu preço, e a violência eclodiu no país. Unidades da Guarda
Nacional foram enviadas aos campus universitários para dispersar os
manifestantes. O agora infame incidente em Kent State, que resultou em 4
mortes, foi um dos muitos confrontos entre manifestantes e o governo.
Os SEALs
continuaram a fazer incursões no Vietnã do Norte e no Laos, e extraoficialmente
no Camboja, controlado pelo Grupo de Estudos e Observações. Os SEALs da Equipe
2 iniciaram um destacamento singular, com membros da equipe SEAL trabalhando
sozinhos com comandos sul-vietnamitas. Em 1967, uma unidade SEAL chamada
Destacamento Bravo (Det Bravo) foi formada para operar essas unidades mistas
EUA/ARVN, denominadas Unidades Provinciais de Reconhecimento (PRU) do Vietnã do
Sul.
No início de
1968, os norte-vietnamitas e o Viet Cong orquestraram uma grande ofensiva
contra o Vietnã do Sul. Praticamente todas as grandes cidades sentiram os
efeitos da "Ofensiva do Tet". O Norte esperava que ela se tornasse o
Dien Bien Phu americano. Eles queriam quebrar o desejo do público americano de
continuar a guerra. Como propaganda, a Ofensiva do Tet foi bem-sucedida: os
Estados Unidos estavam cansados de uma guerra que não podia ser vencida, por princípios sobre os quais ninguém tinha certeza. No entanto, o Vietnã
do Norte sofreu enormes baixas e, de um ponto de vista puramente militar, a
Ofensiva do Tet foi um grande desastre para os comunistas.
Em 1970, os
EUA decidiram retirar-se do conflito. Nixon iniciou um Plano de Vietnamização,
que devolveria a responsabilidade pela defesa ao Vietnã do Sul. As forças
convencionais estavam sendo retiradas, porém, as operações dos SEALs
continuaram. Os SEALs desenvolveram uma nova base na ponta da Península de Ca
Mau e criaram uma base de apoio flutuante, agora conhecida como Seafloat,
soldando 14 barcaças. Acessível pelo mar, ela também servia como área de pouso
para helicópteros.
Em 6 de junho
de 1972, o Tenente Melvin S. Dry morreu ao cair na água após saltar de um
helicóptero a pelo menos 10 metros de altura. Parte de uma operação abortada de
resgate de prisioneiros de guerra realizada por veículos de apoio logístico
(SDV), o Tenente Dry foi o último SEAL da Marinha a morrer no conflito do
Vietnã. O último pelotão SEAL deixou o Vietnã em 7 de dezembro de 1971. O
último conselheiro SEAL deixou o Vietnã em março de 1973.
As UDTs
voltaram a entrar em combate no Vietnã, apoiando os Grupos Anfíbios de
Prontidão. Quando integradas aos grupos fluviais, as UDTs realizavam operações
com lanchas de patrulha fluvial e, em muitos casos, patrulhavam o interior, bem
como as margens dos rios e praias, a fim de destruir obstáculos e bunkers. Além
disso, o pessoal das UDTs atuava como conselheiro.
Em 1º de maio
de 1983, todas as UDTs foram redesignadas como SEAL Teams ou Swimmer Delivery
Vehicle Teams (SDVT). Posteriormente, as SDVTs foram redesignadas como SEAL
Delivery Vehicle Teams.
Unidades
Especiais de Barcos
A história da
SBU também remonta à Segunda Guerra Mundial. As lanchas torpedeiras costeiras e
as lanchas torpedeiras são as ancestrais das atuais PC e MKV. O Esquadrão de
Lanchas Torpedeiras nº 3 resgatou o General MacArthur (e posteriormente o
Presidente das Filipinas) das Filipinas após a invasão japonesa e, em seguida,
participou de ações de guerrilha até o fim da resistência americana. As lanchas
torpedeiras participaram, então, da maioria das campanhas no Pacífico Sudoeste,
conduzindo e apoiando missões conjuntas/combinadas de reconhecimento, bloqueio,
sabotagem e incursões, bem como atacando instalações costeiras, navios e
combatentes japoneses. As lanchas torpedeiras foram usadas no Teatro de
Operações Europeu a partir de abril de 1944 para apoiar o OSS na inserção de
espiões e membros da Resistência Francesa, além de realizar manobras de
desinformação em desembarques anfíbios. Embora não haja uma ligação direta
entre as organizações, a adesão da NSW se baseia na similaridade das
embarcações e das missões.
O
desenvolvimento de uma sólida capacidade de guerra fluvial durante a Guerra do
Vietnã produziu o precursor do moderno tripulante de embarcação de combate de
Guerra Especial. As Equipes de Apoio Móvel forneciam apoio de embarcações de
combate para as operações dos SEALs, assim como os marinheiros das Lanchas de
Patrulha Fluvial (PBR) e das Lanchas Rápidas (Swift Boat). Em fevereiro de
1964, a Unidade de Apoio de Embarcações UM foi estabelecida sob o Grupo de
Apoio às Operações Navais do Pacífico para operar o programa recém-reinstaurado
de Lanchas de Patrulha Torpedeira Rápida (PTF) e para operar embarcações de
alta velocidade em apoio às forças da Guerra Naval Especial. No final de 1964,
as primeiras PTFs chegaram a Da Nang, no Vietnã. Em 1965, o Esquadrão de Apoio
de Embarcações UM começou a treinar tripulações de Lanchas de Patrulha Rápida
para operações de patrulha costeira e interdição no Vietnã. À medida que a
missão no Vietnã se expandia para o ambiente fluvial, embarcações, táticas e
treinamentos adicionais evoluíram para a patrulha fluvial e o apoio aos SEALs.
Equipes de
Veículos de Entrega SEAL
As equipes
SDV têm suas raízes históricas nos feitos dos mergulhadores de combate
italianos e britânicos e dos submersíveis de mergulho durante a Segunda Guerra
Mundial. A Guerra Naval Especial (NSW) entrou no campo dos submersíveis na
década de 1960, quando o Centro de Sistemas Costeiros desenvolveu o Mark 7, um
SDV de inundação livre do tipo usado atualmente, e o primeiro SDV a ser usado
na frota. Os Mark 8 e 9 vieram em seguida, no final da década de 1970. O Mark 8
Mod 1 atual e o Sistema Avançado de Entrega SEAL (ASDS), um submersível de
mergulho seco, fornecem à NSW uma capacidade sem precedentes que combina os
atributos da mobilidade subaquática clandestina e do mergulhador de combate.
As operações pós-Guerra do Vietnã nas quais as forças da NSW participaram incluem URGENT FURY (Granada, 1983); EARNEST WILL (Golfo Pérsico, 1987-1990); JUST CAUSE (Panamá, 1989-1990); e DESERT SHIELD/DESERT STORM na Somália, Bósnia, Haiti, Libéria, Enduring Freedom e Iraqi Freedom, além de diversas missões secretas ao redor do mundo. Consulte a seção Operações para obter informações sobre algumas dessas operações mais interessantes. Consulte a seção “Aceite o Desafio” para obter informações sobre como se tornar um desses guerreiros de elite.

























