O submarino tem
como sua principal característica a capacidade de operar incógnito, ou seja, é
muito difícil saber se ele está ali ou não. Quanto menos ele aparecer, mais
presente se fará nos cenários onde sua presença for provável, pois esta simples
possibilidade pode fazer frotas inteiras ficarem restritas a suas bases, mesmo
não estando fisicamente presente e deixando a dúvida ao adversário. O conflito
das Falklands/Malvinas confirmou este pressuposto, mesmo eles tendo se mostrado
presentes com o afundamento do ARA Gen Belgrano, concluindo-se que as operações
britânicas teriam sido mais difíceis sem a sua contribuição para o controle de
área. O controle de área marítima pressupõe superioridade e, para assegurá-la,
a contribuição do submarino é complementar à dos navios, aviões e helicópteros
(voando de terra ou embarcados). Ela se manifesta através do emprego do
submarino contra navios de superfície e na proteção contra outros
submarinos que tentem burlar este controle. Sob certas circunstâncias, o papel
do submarino no controle de área pode crescer, sem prescindir dos navios e das
aeronaves, principalmente se o adversário dispuser de aviação (contra a qual o
submarino é útil apenas para detecção e alarme). No conflito de 1982 no
Atlântico Sul, os submarinos ingleses induziram a esquadra argentina a ficar em
suas bases (após o afundamento do Cruzador Belgrano, episódio de disputa pelo
controle); entretanto, a supremacia naval assim obtida não teria bastado: o que
permitiu a retomada das ilhas foi a capacidade da força de superfície e
aeronaval inglesa de operar na área, a despeito do tenaz e contundente esforço
aéreo argentino.
Deixando de lado
o lançamento de mísseis nucleares, que é a capacidade submarina mais comumente
divulgada, o submarino é útil para a projeção sobre terra como vetor de
pequenas incursões, facilitadas por sua discrição, e como instrumento auxiliar
ou complementar para o controle da área onde deve ocorrer a projeção. Na tarefa
de negar ao inimigo o uso de área marítima, a discrição do submarino o faz uma
ferramenta de primeira grandeza, juntamente com a aviação baseada em terra,
esta apenas podendo operar quando a área de operações está ao alcance de
suas bases aéreas. Essa capacidade do submarino constitui um problema às
maiores potências navais, que o sentem como ameaça real quando operando contra
potências menores. Já no início do século passado, um primeiro-ministro inglês
advertia que a Inglaterra não devia contribuir para o desenvolvimento do
submarino, que poderia vir a pôr em risco a predominância inglesa nos mares -
como pôs nas Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Neste entender, aos países de
menor expressão caberia apenas uma estratégia naval defensiva e costeira e,
como os submarinos são úteis para finalidades mais amplas, poderiam até comprometer o tranquilo predomínio naval dos poderosos (no caso o Reino Unido),
de forma que é natural que se sentissem contrariados por vê-los prestigiados
nos programas navais das nações menos poderosas. Voltando ao exemplo do
conflito das Falklands/Malvinas: a Inglaterra teria enfrentado graves
dificuldades se a Argentina dispusesse de uns poucos submarinos modernos que,
com a aviação voando do continente, haveriam de criar severa ameaça para os
navios-aeródromo e transportes de tropa no teatro próximo às ilhas. A
preponderância inglesa talvez acabasse por prevalecer, pois a Argentina não
poderia disputar o controle da área em virtude da ameaça dos submarinos
ingleses, mas o patamar de risco e o custo do sucesso teriam sido mais altos.
De propulsão
convencional ou nuclear, o acima exposto é verdadeiro à medida que ambos contam
com a característica de operar incógnitos, embora em níveis distintos. Um
submarino convencional é muito discreto quando operando apenas com seus motores
elétricos usando a energia de suas baterias, mas essa discrição é comprometida
quando ele navega na superfície ou próximo dela para que seu snorquel possa
aspirar ar atmosférico e recarregar estas baterias com o giro de motores
diesel, poupando sua energia armazenada para as situações táticas de interação
com o adversário. Assim, embora o submarino convencional possa ser muito mais
discreto que o nuclear por curtos períodos, este é mais discreto no cômputo
geral, porque independe da atmosfera. A superioridade do submarino de propulsão
nuclear se mostra quando se analisa a autonomia e velocidade máxima, onde se
mostra capaz de alcançar áreas distantes com rapidez e nela executar patrulha
extensa, graças à alta velocidade que pode manter por longos períodos.
Essa vantagem também existe no cenário tático, pois o nuclear assume posição de
ataque e se evade da reação com maior rapidez do que o convencional, que está
sujeito à limitação das baterias. Foi a mobilidade dos submarinos nucleares que
permitiu aos ingleses a rápida implementação e a eficiente manutenção da zona
de exclusão no teatro das Falklands/Malvinas, com poucos submarinos (4
supostamente). Outro fator a considerar é que o submarino nuclear pode operar
por longo tempo, já que o combustível é inesgotável, sob a perspectiva prática
operacional. Sua autonomia é limitada apenas pela resistência das tripulações e
pela capacidade de transportar gêneros e pelo consumo de armas, enquanto que a
do convencional é limitada pela capacidade e pelo consumo de combustível. Deduz-se,
pois, que embora o submarino convencional continue útil para negar o uso do
mar, é evidente que o submarino nuclear é vocacionado para ir mais longe,
patrulhar áreas maiores e por mais tempo. O submarino convencional supera
o nuclear apenas na discrição, enquanto propulsado por suas baterias, mas isso
só é possível por tempo relativamente curto, tão mais curto quanto maior tiver
que ser a velocidade usada. É de se esperar que o aperfeiçoamento das máquinas
do submarino nuclear venha a reduzir até mesmo esta vantagem do convencional.
Para impedir que
navios adversários se aproximem do litoral e águas costeiras (defesa da
fronteira marítima), a melhor solução seria o controle da área por navios,
aviões voando de terra e, complementarmente, por uns poucos submarinos
convencionais. Entretanto, se for conveniente aprofundar a defesa para maiores
distâncias do litoral, o submarino nuclear se torna mais interessante. Ele será
tanto melhor do que o convencional para esse propósito, quanto mais distante (e
mais extensa) for a área onde se deseja estabelecer esta influência por
submarinos. Para dificultar a navegação adversária em águas distantes (negar o
uso do mar), os submarinos nucleares, cuja excelente mobilidade lhe permite
implementar patrulha distante e extensa, são mais adequados, com um número de
submarinos menor do que seria necessário para implementá-la com os
convencionais. Note-se que em ambos os casos o submarino nuclear apresenta uma
vantagem adicional provida por sua mobilidade privilegiada: sua movimentação
para a área de patrulha e seus movimentos podem ser mantidos mais facilmente em
sigilo, já que a propulsão nuclear lhe permite independer da atmosfera e manter
total anonimato. Retornando ao exemplo relativo às Falklands/Malvinas: como foi
dito acima, com uns poucos bons submarinos convencionais, a Argentina poderia
ter produzido graves dificuldades em torno das ilhas (área razoavelmente
restrita e próxima). Entretanto, se a Argentina tivesse contado com 2 ou 3
unidades nucleares, o problema inglês seria maior porque a ameaça argentina se
estenderia das proximidades da base de Ascensão até as ilhas em disputa
(principalmente se a Argentina dispusesse de esclarecimento aéreo para orientar
os submarinos). Esse exemplo elucida o valor do submarino nuclear como
instrumento de defesa distante, num quadro de confronto com potências melhor
preparadas.
Considerando o
aspecto mais estratégico e a operação de esquadras de primeira linha como a US
Navy, os submarinos de ataque propulsados por energia nuclear (SSN) são
excelentes vetores de projeção de força. Eles exercem o controle do mar em
apoio a grupos de ataque de superfície, escoltam submarinos de mísseis
balísticos e negam acesso a grupos de batalha inimigos em zonas de
interesse. Um SSN normalmente precisa apenas atracar para suprir provisões
e armas, realizar reparos e manutenção e mudar a tripulação. Além da
resistência prolongada, a energia nuclear fornece ao SSN uma velocidade
submersa sustentada de mais de 30 nós. Isso se traduz em mobilidade oculta
e de longo alcance, que supera as unidades de superfície no inventário de
qualquer marinha que não os possui. Os SSKs (submarinos não nucleares) não
têm velocidade estratégica, mas o tamanho de um SSN limita implantações
efetivas nos litorais e estuários, e seu tamanho o torna menos furtivo,
aumentando a probabilidade de detecção. Portanto, existem missões operacionais
para as quais os SSNs não são adequados. O deslocamento de mais de 7.000
toneladas da classe Virginia da US Navy e da classe Astute do Royal Navy
provavelmente os torna muito longos e muito altos da quilha ao periscópio para
operar efetivamente em águas rasas. Embora a classe Barracuda francesa
seja menor, estas unidades ainda não são particularmente adequados para
operações em zonas litorâneas, em comparação com SSKs menores e de baixa
assinatura. Por outro lado, devido à falta de mobilidade, os SSKs não são
adequados para apoiar forças de superfície em movimento rápido. Uma
velocidade sustentável de menos de 10 nós, torna um SSK vulnerável à detecção
enquanto respira para recarregar suas baterias.
Mesmos com os
avanços na tecnologia de sonar, a detecção e direcionamento de submarinos em
águas confinadas e rasas, onde salinidade variável e zonas térmicas estão
presentes, permanece extremamente difícil. Nessas águas litorâneas, os
submarinos convencionais são encarregados de coleta de informações, vigilância
e reconhecimento (ISR). Eles realizam a proteção de rotas, pontos de
estrangulamento e portos. Também são adequados para operações precursoras -
isto é, para "preparar um espaço de batalha antes das operações principais
". Sua primeira tarefa é "pesquisar a área, identificar
ameaçasm, explorar e avaliar o meio ambiente". Embora perfeitamente
adequado para um papel de ISR em águas costeiras, uma vez que as operações
hostis iniciam, o submarino convencional moderno pode facilmente se tornar uma
plataforma letal de armas, seja como caçador-assassino ou em apoio a um grupo
de batalha. Operar um submarino a menos de 2 nós, apenas à metros acima do
fundo do mar irregular ou com um fundo não detectado por um período prolongado,
são as tarefas mais adequadas para um SSK. Não obstante os avanços feitos em
ladrilhos anecóicos e os benefícios do ruído ambiente presentes em águas rasas,
a assinatura acústica do reator nuclear de um SSN e suas aparências associadas
raramente serão ocultadas. A assinatura infravermelha de um reator nuclear é
detectável em quase todos os estados de mar devido à estrutura térmica dos
padrões de ondas. Perto do fundo do oceano, a entrada de água de
resfriamento nos SSNs está propensa à injestão de contaminantes. Por outro
lado, os submarinos convencionais atuais são extremamente silenciosos, com
assinaturas magnéticas e infravermelha muito baixas. Quando alimentados
por baterias de íon de lítio e propulsão AIP, esses submarinos podem operar em
estado de silêncio de patrulha ou permanecer no fundo do mar por várias semanas
sem vir a superfície para ligar seus motores diesel e renovar o ar.
A Propulsão Nuclear
Um navio ou
submarino movido a energia nuclear usa um reator nuclear para gerar
calor. O calor provém da fissão do combustível nuclear contido no
reator. Como este processo também produz radiação, é necessário que o
reator esteja envolto em uma armadura capaz de bloqueá-la e proteger a
tripulação. Os componentes de um reator (usina) são feitos de aço de alta
resistência, trocadores de calor (gerador de vapor) e tubulações, bombas e
válvulas associadas. Cada reator contém mais de 100 toneladas de blindagem
de chumbo, parte da qual se torna radioativa por contato com material
radioativo ou pela ativação de nêutrons de impurezas no chumbo. Todo este peso também requer que o reator seja montado no centro do navio, por questões de equilíbrio.
A maioria das
plantas de propulsão nuclear usa um projeto de reator de água pressurizada
(PWR) que possui 2 sistemas básicos - um sistema primário e um secundário. O sistema primário circula água comum e consiste no reator,
nas tubulações, nas bombas e nos geradores de vapor. O calor produzido no
reator é transferido para a água sob alta pressão, para que não
ferva. Essa água é bombeada através dos geradores de vapor e volta ao
reator para reaquecimento. Nos geradores de vapor, o calor da água no sistema
primário é transferido para o sistema secundário para criar vapor. O
sistema secundário é isolado do sistema primário para que a água nos dois
sistemas não se misture, reduzindo a contaminação. No sistema secundário, o vapor flui dos geradores para
acionar as turbinas a vapor, que podem acionar geradores que alimentam motores
elétricos ou diretamente os eixo propulsores do navio, além de gerar toda a
eletricidade que o navio necessita. Depois de passar pelas turbinas, o
vapor é condensado e devolvido na forma
de água aos geradores de vapor pelas bombas de alimentação. Assim, os
sistemas primário e secundário são sistemas fechados onde a água é recirculada
e renovada. Como este ciclo não requer oxigênio, a nave pode operar completamente
independente da atmosfera terrestre por longos períodos de tempo.
Os reatores
navais sofrem repetidas variações durante as manobras do navio, ao contrário
dos reatores civis que operam em estado estacionário. Os requisitos de
segurança nuclear, radiação, choque, silêncio e desempenho operacional, além da
operação próxima à tripulação, ditam padrões excepcionalmente altos para
fabricação de componentes e garantia de qualidade. As partes internas de
um reator naval permanecem inacessíveis para inspeção ou substituição ao longo
de uma longa vida útil - diferentemente de um reator nuclear comercial típico,
aberto para reabastecimento aproximadamente a cada dezoito meses.
Ao contrário das
usinas nucleares comerciais, os reatores navais devem ser robustos e
resistentes o suficiente para suportar décadas de operações rigorosas no mar,
sujeitos às exigências de lançamentos, rolagens e demandas rápidas de energia
do navio, possivelmente em condições de batalha. Essas condições -
combinadas com o ambiente hostil dentro de uma planta de reator, que sujeita
componentes e materiais aos efeitos a longo prazo de irradiação, corrosão, alta
temperatura e pressão - requerem um esforço de tecnologia ativo, completo e
perspicaz para operar o reator e aprimoram a confiabilidade das
plantas operacionais, além de garantir que a tecnologia de propulsão nuclear
naval ofereça as melhores opções para necessidades futuras. Não há demanda
civil por sistemas de propulsão nuclear silenciosos, compactos e resistentes a
choques, que manteriam atualizados os projetistas e os trabalhadores da
produção. O resultado é uma concorrência reduzida e custos mais altos. Os
requisitos para os componentes da usina de propulsão nuclear naval são muito
mais rigorosos do que o necessário para produtos civis.
Os componentes
nucleares dessas usinas estão alojados em uma seção do navio chamada
compartimento do reator. Todos os compartimentos do reator têm o mesmo
objetivo, mas podem ter formas diferentes, dependendo do tipo de
navio. Para submarinos, o compartimento do reator é um
cilindro horizontal formado por uma seção do casco de pressão do navio, com
anteparas blindadas em cada extremidade.
As usinas de
propulsão de navios movidos a energia nuclear continuam sendo uma fonte de
radiação mesmo depois que os navios são desligados e o combustível nuclear é
removido. O reabastecimento remove todos os componentes da fissão, pois o
combustível é projetado, construído e testado para garantir que contenha os sub-produtos gerados. Mais de 99,9% do material radioativo restante é parte
integrante das ligas estruturais que formam os componentes da planta. A
radioatividade foi criada pela irradiação de nêutrons dos elementos de ferro e
liga nos componentes metálicos durante a operação da planta. Os 0,1%
restantes vem da corrosão radioativa e produtos de desgaste que foram circuncidados
pelo líquido de arrefecimento do reator, tornando-se radioativos pela exposição a
nêutrons no núcleo do reator e depois depositados nas partes internas do
sistema de tubulação.
O combustível em
um reator contém átomos de urânio selados no revestimento de metal. O
urânio é um dos poucos materiais capazes de produzir calor em uma reação em
cadeia auto-sustentável. Quando um nêutron causa a fissão de um átomo de
urânio, o núcleo de urânio é dividido em partes que produzem átomos de produtos
de fissão com menor número atômico. Quando formados, os produtos de fissão
inicialmente se separam em velocidades muito altas, mas não viajam muito longe,
alguns milésimos de polegada, antes de serem parados no revestimento do
combustível. A maior parte do calor produzido no processo de fissão vem da
interrupção desses produtos de fissão no combustível e da conversão de energia
cinética em calor.
A radioatividade
é criada durante a fissão, porque alguns desses sub-produtos são altamente
radioativos quando formados, e onde reside a maior parte da radioatividade
produzida. O combustível de urânio nos núcleos dos reatores de propulsão
nuclear naval utiliza combustível e revestimentos altamente resistentes à
corrosão e à radiação. Como resultado, o combustível é muito estável e
possui uma integridade muito alta. O combustível é projetado, construído e
testado para garantir que cada célula contenha e mantenha os sub-produtos
resultantes, de forma que não haja liberação do sub-produto de fissão do
combustível em operação normal.
A fissão de
urânio também produz nêutrons enquanto a usina nuclear está em operação. A
maioria dos nêutrons produzidos é absorvida pelos átomos no combustível e
continua a reação em cadeia. No entanto, alguns dos nêutrons viajam para
longe do combustível, e são absorvidos na estrutura metálica que sustenta o
combustível ou nas paredes do vaso de pressão do reator. Quantidades
vestigiais de produtos de corrosão e desgaste são transportadas pelo fluido de
arrefecimento do reator das superfícies metálicas da planta do reator.
O líquido de
arrefecimento do reator transporta alguns desses produtos radioativos pelos
sistemas de tubulação, onde uma parte da radioatividade é removida por um
sistema de purificação. A maioria dos radionuclídeos restantes são
transportados do depósito do núcleo do reator aos sistemas de
tubulação. Esses nêutrons, quando absorvidos no núcleo de um átomo
não-radioativo como o ferro, podem produzir um átomo radioativo. Por
exemplo, o ferro-54 contém um total de 54 partículas. A adição de um
nêutron adicional produz um átomo contendo 55 partículas, chamadas
ferro-55. Este átomo é radioativo. Em algum momento posterior, ele se
transforma em um átomo de manganês não-radioativo-55, liberando energia na
forma de radiação. Isso é chamado de deterioração radioativa. Devido à
necessidade de os tripulantes viverem nos navios durante a operação, os
compartimentos do reator são projetados para atenuar os níveis de radiação fora
do compartimento do reator para níveis extremamente baixos.
A energia nuclear
é particularmente adequada para embarcações que precisam permanecer no mar por
longos períodos sem reabastecimento ou para propulsão submarina de alto
desempenho. Mais de 160 navios são movidos por mais de 200 pequenos reatores
nucleares na atualidade, sendo a maioria submarinos, mas temos também
quebra-gelos, cruzadores e porta-aviões. No futuro, as restrições ao uso de
combustíveis fósseis no transporte, podem levar a propulsão nuclear marinha a
um uso mais difundido. No momento, temores exagerados sobre segurança
causam restrições políticas no acesso aos portos.
O trabalho de
propulsão marítima nuclear teve início na década de 1940 e o primeiro reator de
teste foi iniciado nos EUA em 1953. O primeiro submarino movido a energia
nuclear, USS Nautilus , foi lançado ao mar em 1955. Isso marcou a
transição de submarinos de embarcações subaquáticas lentas para navios de
guerra capazes de sustentar 20 a 25 nós submersos por semanas a fio. O
Nautilus levou ao desenvolvimento paralelo de outros submarinos (da classe Skate),
alimentados por reatores únicos de água pressurizada, e um porta-aviões, o
USS Enterprise , alimentado por 8 unidades de reatores Westinghouse em
1960, e um cruzador, o USS Long Beach em 1961.
Em 1962, a
Marinha dos EUA tinha 26 submarinos nucleares operacionais e 30 em
construção. A energia nuclear revolucionou a Marinha. A tecnologia foi
compartilhada com a Grã-Bretanha, enquanto os desenvolvimentos franceses,
russos e chineses prosseguiram separadamente. Após os navios da classe Skate, o
desenvolvimento do reator prosseguiu e, nos EUA, uma única série de projetos
padronizados foi construída pela Westinghouse e pela GE. A Rolls Royce
construiu unidades semelhantes para os submarinos da Marinha Real e depois
desenvolveu o projeto para o PWR-2. A Rússia desenvolveu projetos de reatores
refrigerados por PWR (reator nuclear de água pressurizada) e chumbo-bismuto,
este último não persistindo. Eventualmente, 4 gerações de PWRs submarinos
foram utilizadas, o último entrando em serviço em 1995 com
a classe Severodvinsk. Os maiores submarinos já construídos são
a classe Russian Typhoon de 26.500 toneladas (34.000 t
submersa) , alimentada por reatores PWR duplos de 190 MWt, embora tenham
sido substituídos pela classe Oscar-II de 24.000 t (por
exemplo, o Kursk ) com o mesmo conjunto de força.
O registro de
segurança da marinha nuclear dos EUA é excelente, sendo atribuído a um alto
nível de padronização nas unidades de força e sua manutenção, e à alta
qualidade do programa de treinamento da Marinha. No entanto, os primeiros
esforços soviéticos resultaram em vários acidentes graves - cinco nos quais o
reator foi danificado irreparavelmente, com os demais resultando em vazamentos
de radiação, com mais de 20 mortes por radiação. No entanto, na terceira geração
de PWRs navais da Rússia no final da década de 1970, a segurança e a
confiabilidade se tornaram uma alta prioridade. (Além dos acidentes com
reatores, incêndios e acidentes resultaram na perda de 2 submarinos soviéticos
e dos Estados Unidos, outros 4 deles tiveram incêndios, resultando em perda de
vidas).
A Rússia
construiu 248 submarinos nucleares e 5 navios de superfície (mais 9
quebra-gelos) movidos por 468 reatores entre 1950 e 2003, quando operava cerca
de 60 navios nucleares. No final da Guerra Fria, em 1989, havia mais de 400
submarinos movidos à energia nuclear em operação ou em construção. Pelo menos
300 desses submarinos já foram desativados e alguns foram cancelados devido a
programas de redução de armas. A Rússia e os EUA tinham mais de 100 em serviço,
com o Reino Unido e a França com menos de 20 e a China com 6. O total hoje é de
cerca de 150, incluindo novos encomendados. A maioria é alimentada por urânio
altamente enriquecido (HEU). A Índia lançou seu primeiro submarino nuclear em
2009, o Arihant SSBN, de 6000 dwt, com um único PWR de 85 MW
potenciando uma turbina a vapor de 70 MW. É relatado que custou US $ 2,9
bilhões e foi comissionado em 2016. O segundo e um pouco maior SSBN da classe
Arihant, o INS Aridamanestá está sendo construído no Ship Building Center
em Visakhapatnam e deve ser comissionado em 2022. Ele terá um reator mais
poderoso. Estão planejadas outras 3 embarcações da classe Arihant lançadas
em 2023 e, em seguida, 6 SSBN 2 vezes o tamanho dos Arihant. Os SSNs terão um
tamanho semelhante ao SSBN da classe Arihant e alimentado por um novo reator
sendo desenvolvido pela BARC. A Índia também arrendou um submarino de
ataque nuclear da classe Akula-II russo de 7900 dwt (12.770 toneladas
submersas) quase novo por 10 anos a partir de 2010, a um custo de US$ 650
milhões: o INS Chakra , anteriormente Nerpa. Ele possui um
único PWR de 190 MWt VM-5 / OK-659B (ou OK-650B), acionando uma turbina a vapor
de 32 MW e dois turbogeradores de 2 MWe.
Os EUA têm a
principal marinha com porta-aviões e todos movidos a energia nuclear, enquanto
juntamente com a Rússia, possui cruzadores com a mesma planta propulsora (EUA:
9; Rússia: 4). Os EUA construíram 219 navios deste tipo até meados de 2010.
Todos os porta-aviões e submarinos dos EUA são movidos a energia nuclear. (Os
novos grandes porta-aviões do Reino Unido são alimentados por duas turbinas a
gás de 36 MW acionando motores elétricos.) A Marinha dos EUA acumulou mais de
6200 anos de experiência em reatores sem acidentes, envolvendo 526 núcleos de
reatores nucleares ao longo de 240 milhões de quilômetros, sem um único
incidente radiológico, durante um período de mais de 50 anos. Operava 81 navios
(11 porta-aviões, 70 submarinos - 18 SSBN / SSGN, 52 SSN) com 92 reatores em
2017. Existem 10 porta- aviões Classe Nimitz em serviço
(CVN 68-77), cada um projetado para 50 anos de vida útil com um reabastecimento
de meia-idade e revisão complexa de seus 2 reatores A4W Westinghouse.
A classe Gerald Ford (CVN 78 em diante) tem um casco semelhante
e cerca de 800 tripulantes a menos, e 2 reatores mais poderosos Bechtel A1B,
acionando 4 eixos, bem como o sistema eletromagnético de lançamento de
aeronaves.
A Marinha Russa
construiu mais de 6500 reatores náuticos até 2015. Estima-se que tem 8
submarinos estratégicos (SSBN / SSGN) em operação e 13 submarinos de ataque
(SSN), além de alguns submarinos a diesel. A Rússia anunciou que construiria 8
novos submarinos SSBN em seu plano para 2015. Seu único projeto de
navio-aeródromo nuclear foi cancelado em 1992. Possui um cruzador movido a
energia nuclear em operação e outros 3 estão sendo revisados. Em 2012, anunciou
que seus submarinos estratégicos de terceira geração teriam uma vida útil
prolongada, de 25 para 35 anos. Em 2012, foi anunciada a construção de um submersível
de alto mar movido a energia nuclear. Baseado no submarino classe Oscar,
aparentemente foi projetado para missões de pesquisa e resgate.
A China tem cerca
de 12 submarinos movidos a energia nuclear (6-8 SSN tipo 93 da classe Shang e
tipo 95, 4-5 SSBN tipo 94 da classe Jin e tipo 96) e estava construindo mais
21. Em fevereiro de 2013, a China Shipbuilding Industry Corp (CSIC) recebeu
aprovação e financiamento do estado para iniciar pesquisas sobre tecnologias
essenciais e segurança para navios movidos a energia nuclear, com navios
polares sendo mencionados, mas porta-aviões sendo considerado um objetivo mais
provável para o novo empreendimento. Seu primeiro submarino movido a energia
nuclear foi desativado em 2013, após quase 40 anos de serviço. Em junho de
2018, a China National Nuclear Corporation (CNNC) solicitou propostas de
construtores de navios para o primeiro quebra-gelo nuclear do país. (Seu
primeiro porta-aviões de construção doméstica, Shandong, é
convencionalmente movido a óleo). A França possui um porta-aviões movido a
energia nuclear e 10 submarinos nucleares (4 SSBN, 6 SSN da classe Rubis), com
seis SSN da classe Barracuda entrando em operação em 2020, sendo
o Suffren o primeiro. O Reino Unido possui 12 submarinos, todos movidos
a energia nuclear (4 SSBN, 8 SSN).
As doses de
radiação ocupacional para tripulação de navios nucleares são muito
pequenas. A exposição ocupacional média anual dos reatores navais dos EUA
foi de 0,06 mSv por pessoa em 2013, e nenhum pessoal excedeu 20 mSv em nenhum
ano nos 34 anos seguintes. A exposição ocupacional média de cada pessoa
monitorada nas instalações dos reatores navais dos EUA desde 1958 é de 1,03 mSv
por ano.
Os reatores
navais (com exceção da classe Alfa russa descrita abaixo) são do
tipo de água pressurizada (PWR), que diferem dos reatores comerciais que
produzem eletricidade: Eles fornecem muita energia a partir de um volume muito
pequeno e, portanto, a maioria opera com urânio altamente enriquecido (> 20%
de U-235, originalmente c 97%, mas aparentemente agora 93% nos últimos
submarinos dos EUA, c 20-25% em alguns países ocidentais), 20% nos reatores
russos de primeira e segunda geração (1957-81) e 21% a 45% nas unidades russas
de terceira geração (40% na Arihant da Índia) .Reatores franceses
mais novos funcionam com combustível pouco enriquecido. Eles têm uma vida útil
longa, de modo que o reabastecimento é necessário somente após 10 anos ou mais,
e novos núcleos são projetados para durar 50 anos em navios-aeródromo e 30-40
anos na maioria dos submarinos, embora com fatores de capacidade muito mais
baixos do que uma usina nuclear (<30%). O design permite um vaso de pressão
compacto com proteção interna contra radiação. O vaso de
pressão Sevmorput para um reator marítimo relativamente grande tem
4,6 m de altura e 1,8 m de diâmetro, incluindo um núcleo de 1 m de altura e 1,2
m de diâmetro. A eficiência térmica é menor do que nas usinas nucleares civis
devido à necessidade de produção flexível de energia e restrições de espaço
para o sistema de vapor.
A longa vida útil
do núcleo é possibilitada pelo enriquecimento relativamente alto do urânio e
pela incorporação de um moderador como o gadolínio - que é progressivamente
esgotado à medida que os produtos de fissão e os actinídeos se acumulam, e o
material físsil é usado. Esses moderadores acumulados e redução de
material físsil normalmente causariam menor eficiência de combustível, mas os
dois efeitos se anulam. No entanto, o nível de enriquecimento do combustível
naval francês mais recente caiu para 7,5% de U-235, sendo o combustível
conhecido como 'Caramel', originalmente desenvolvido para reatores de pesquisa
e oferecendo a possibilidade de maior densidade de combustível, ajudando a
minimizar o tamanho aumentado. Ele precisa ser trocado a cada dez anos, mais ou
menos, mas evita a necessidade de uma linha de enriquecimento militar
específica, e alguns reatores serão versões menores dos instalados
no Charles de Gaulle . Em 2006, o Ministério da Defesa anunciou
que os submarinos da classe Barracuda usariam combustível com
"enriquecimento civil, idêntico ao das usinas de energia da EdF",
cerca de 5% enriquecido, e certamente marca uma grande mudança lá.
A integridade a
longo prazo do vaso de pressão do reator compacto é mantida, fornecendo uma
blindagem interna de nêutrons. (Isso contrasta com os primeiros projetos
civis de PWR soviéticos, onde a fragilização ocorre devido ao bombardeio de
nêutrons de um vaso de pressão muito estreito). As marinhas russa, americana e
britânica dependem da propulsão da turbina a vapor, os franceses e chineses nos
submarinos usam a turbina para gerar eletricidade para propulsão. Os submarinos
de mísseis balísticos russos, bem como todos os navios de superfície são
movidos por dois reatores. Outros submarinos (exceto alguns submarinos
russos) são alimentados por um. Os primeiros submarinos russos eram alimentados
por PWRs VM-A usando 20 a 21% de combustível de urânio enriquecido e produzindo
70 MWt. Estes tinham vida útil total de 1440 horas. Os reatores VM-2 e VM-4,
que também usam 20% de combustível enriquecido, produzem 90 MWt, o seguiram nos
submarinos russos de segunda geração, com unidades gêmeas em navios maiores. Os
PWRs VM-5 gêmeos, cada um com 190 MWt e fornecendo 37 MW de eixo, alimentaram
os navios SSBN de terceira geração, com uma única unidade nos SSNs. O
pequeno submarino de Losharik (Projeto 210, AS-12) é um navio
especializado capaz de atingir grandes profundidades e possui um reator E-17
PWR. Os submarinos russos da classe Alfa tinham um
único reator rápido de nêutrons VM-40, refrigerado a metal líquido, de 155 MWt
e usando urânio muito altamente enriquecido - 90% de combustível U-Be
enriquecido. O gerador de vapor OK-550 gira eixos de 30 MW. Esses vasos com
cascos de titânio eram muito rápidos, mas tinham problemas operacionais para
garantir que o refrigerante de chumbo-bismuto não congelasse quando o reator
era desligado. Os reatores precisavam ser mantidos funcionando, mesmo no porto,
pois o fornecimento de aquecimento externo não funcionava. O projeto não teve êxito
e foi utilizado em apenas 8 navios afetados por problemas, que foram
desativados prematuramente. O K-27 da Rússia foi um antecessor experimental
da classe Alfa com reatores gêmeos VT-1 ou RM-1 resfriados a
chumbo-bismuto. Depois de alguns anos de serviço, sofreu um acidente com
um reator multifatorial em 1968, foi instalado na Baía de Gremikha e depois
afundado em 1979. Agora, ele precisa ser resgatado e desmontado lá. Os
cruzadores russos usam reatores gêmeos KN-3 de 300 MWt.
O Nautilus da
Marinha dos EUA em 1955 tinha um S2W PWR com 93% de combustível
enriquecido, vida útil do núcleo de 900 horas na potência máxima, fornecendo 10
MW de potência no eixo. Seu segundo submarino nuclear, o USS Seawolf,
SSN-575, tinha um reator S2G resfriado a sódio e operou por quase 2 anos
(1957-58) com isso. O reator de espectro intermediário elevou a
temperatura de entrada do líquido refrigerante em 10 vezes mais que
no Nautilus, com planta refrigerada a água, fornecendo vapor
superaquecido, e ofereceu uma temperatura de saída de 454 °C, em comparação com
os 305 °C do Nautilus. Era altamente eficiente, mas compensando isso, a planta
apresentava sérias desvantagens operacionais. Aquecedores elétricos grandes
eram necessários para manter a planta quente quando o reator estava inoperante,
para evitar o congelamento de sódio. O maior problema era que o sódio se
tornava altamente radioativo, com meia-vida de 15 horas, de modo que todo o
sistema do reator tinha que ser mais fortemente blindado do que uma usina
resfriada a água, e o compartimento do reator não podia ser adentrado por
muitos dias após o desligamento. O reator foi substituído por um tipo PWR
(S2Wa) semelhante ao Nautilus. Por muitos anos, os submarinos da
classe Los Angeles, construídos em 1972-96, formaram a espinha dorsal
da frota do SSN (ataque) dos EUA e 62 foram construídos. São 6900 dwt
submersos e têm um reator GE S6G de 165 MW acionando 2 turbinas a vapor de 26
MW. O intervalo de reabastecimento é de 30 anos. O submarino SSN da
classe Virginia dos EUA possui um reator S9G de cerca de 150 MW
acionando um sistema de propulsão a jato de bomba de 30 MW construído pela BAE
Systems (originalmente para a Marinha Real). O reator não precisa de
reabastecimento por 33 anos. São cerca de 7900 dwt, e 12 estavam em
operação em meados de 2015, com mais 16 em ordem e um total eventual de 48. Os
14 SSBNs da classe US Ohio (e 4 convertidos em SSGNs para
mísseis guiados) têm um único reator nuclear S8G de 220 MWt, fornecendo 45 MW
de potência no eixo. Estes requerem reabastecimento de meia-idade em cerca
de 25 anos.
Diferentemente
dos PWRs, os reatores de água fervente (BWRs) circulam água que é radioativa
fora do compartimento do reator e também são considerados muito barulhentos
para uso submarino.
A potência de um
reator varia de 10 MWt (em um protótipo) a 200 MWt nos submarinos maiores e 300
MWt em navios de superfície, como os cruzadores de batalha da
classe Kirov. A Classe Nimitz possui 2 unidades A4W e estes fornecem 104
MW a cada eixo (USS Enterprise tinha 8 unidades A2W de 26 MW em cada eixo
e foi reabastecido 3 vezes). Os Novos Gerald Ford têm reatores A1B
mais poderosos e mais simples, pelo menos 25% mais potentes que o A4W,
portanto, cerca de 700 MWt, mas operando um navio que, além da propulsão da
turbina a vapor, é totalmente elétrico, incluindo uma lançadeira
eletromagnética. Consequentemente, o navio tem cerca de 3 vezes a capacidade
elétrica da Classe Nimitz . A classe Ford foi
projetada para ser reabastecida em uma vida operacional média de 50 anos.
Os menores submarinos
nucleares são os submarinos franceses de ataque da
classe Rubis (2600 dwt) em serviço desde 1983, e utilizam um reator
CAS48, um reator PWR integral de 48 MW da Technicatome com 7% de combustível
enriquecido que requer reabastecimento a cada 7 a 10 anos. O porta-aviões
francês Charles de Gaulle (38.000 dwt), comissionado em 2000, possui
2 unidades PWR integrais K15, dimensionadas a partir do projeto CAS48,
dirigindo turbinas Alstom de 61 MW e o sistema pode fornecer 5 anos a 25 nós
antes do reabastecimento. A classe Le Triomphant de submarinos
de mísseis balísticos (14.335 dwt submersos - o último lançado em 2008) usa
esses PWRs navais K15 de 150 MWt e 32 eixos MW com propulsão a jato.
Os Classe Barracuda de ataque (5200 dwt), terão propulsão híbrida:
elétrica para uso normal e a jato para velocidades mais altas. A Areva TA
(anteriormente Technicatome) fornecerá 6 reatores aparentemente de apenas 50
MWt e com base no K15 para os submarinos Barracuda, o primeiro deve ser
comissionado em 2017. O intervalo de reabastecimento é de cerca de 10
anos. Como observado acima, eles usarão combustível pouco enriquecido -
cerca de 5%.
Os submarinos
de mísseis balísticos da classe Vanguard britânica (SSBN) de
15.900 dwt submersos, têm um único reator PWR2 com 2 turbinas a vapor acionando
um único jato de bomba de 20,5 MW. Novas versões com o "Core H" não
exigirão reabastecimento durante a vida útil do navio. Os submarinos de
ataque da classe Astute do Reino Unido de 7400 dwt submersos têm
um reator PWR2 modificado (menor) que aciona duas turbinas a vapor e um único
jato de bomba relatado como 11,5 MW, e estão sendo comissionados a partir de
2010. Em março de 2011, uma avaliação de segurança do projeto PWR2 foi lançada,
mostrando a necessidade de melhoria da segurança, embora eles tenham capacidade
de resfriamento passivo para efetuar a remoção de calor por decaimento. O PWR3
para a substituição do Vanguard será em grande parte um design dos EUA.
O principal
reator russo é o VM-5 PWR com uma unidade geradora de vapor OK-650 de 190 MWt,
usando 20-45% de combustível enriquecido. Essa instalação é geralmente
conhecida simplesmente como sistema de energia nuclear OK-650. Os grandes
submarinos de mísseis balísticos (SSBN) e submarinos de mísseis de cruzeiro têm
2 deles com turbinas a vapor que fornecem 74 MW juntos, e seus submarinos de
ataque de terceira geração (SSN) possuem uma única unidade VM-5 mais OK-650,
alimentando uma turbina a vapor de 32 MW. A quarta geração SSBN da
classe Borei com uma única usina OK-650 de 195 MWt é o primeiro
projeto russo a usar propulsão a jato. É relatado que um reator naval de quinta
geração é do tipo supercrítico (SCWR) com circuito de vapor único e espera-se
que funcione 30 anos sem reabastecimento. Um protótipo em grande escala estava sendo
testado no início de 2013.O porta-aviões Shtorm da
Rússia (Projeto 23000) será equipado com reatores RITM-200. A China
desenvolveu sua primeira usina nuclear submarina na década de 1970, com alguma
ajuda russa. Diz-se que o reator 300 MWe Qinshan de 2 circuitos encomendado em
1994 se baseia nos primeiros reatores submarinos. Pouco se sabe sobre as usinas
nos submarinos nucleares chineses de hoje, mas as do tipo 93 e 94 são mais
barulhentas devido às bombas de refrigeração, e isso está sendo corrigido nos
SSNs do tipo 95 e no tipo 96 SSBNs, possivelmente com engenharia reversa a
partir de equipamentos civis dos EUA. Pelo menos em reatores anteriores,
acredita-se que a China use combustível de urânio com baixo enriquecimento.
O Arihant da Índia (6000 dwt) possui um PWR de 85 MWe usando
urânio enriquecido em 40%, acionando uma ou duas turbinas a vapor de 35
MW. Ele possui 13 conjuntos de combustível, cada um com 348 barras de
combustível, e foi construído de maneira autônoma. O reator foi crítico em
agosto de 2013. Uma unidade de protótipo de 20 MW operou por vários anos a
partir de 2003.A Marinha do Brasil estava propondo a construção de um reator
protótipo de 11 MW até 2014 para operar por cerca de 8 anos, com vista a uma
versão em tamanho real usando urânio com baixo enriquecimento em seu submarino
SNBR de 6000 toneladas e 100 m de comprimento a ser lançado em 2025. O Centro
Atômico de Bariloche, na Argentina, está considerando planos semelhantes para
um submarino TR-1700 com energia nuclear.
O desmantelamento
de submarinos nucleares descomissionados tornou-se uma tarefa importante para
as marinhas dos EUA e da Rússia. Após o desmonte, a prática normal é cortar a
seção do reator da embarcação para descarte em aterros rasos como lixo de baixo
nível (o restante sendo reciclado normalmente). Na Rússia, os navios inteiros,
ou as seções seladas do reator, às vezes permanecem armazenados à tona
indefinidamente, embora os programas financiados pelo ocidente estejam tratando
disso e todos os submarinos descomissionados devam ser desmantelados.
Em 2015, 195 dos 201 submarinos russos descomissionados haviam sido
desmantelados, e o restante, bem como 14 navios de apoio, devem ser desmontados
até 2020.
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