sábado, 3 de novembro de 2012

Explosivos Termobáricos #051


Os explosivos termobáricos, mais conhecidos como "bombas ar/combustível", são armas que produzem uma onda de choque, com uma duração significativamente mais longa do que as produzidas por explosivos condensados. Isso é útil em aplicações militares, onde esta maior duração aumenta o número de vítimas e causa mais danos às estruturas. 

Há muitas variantes diferentes de armas termobáricas que podem ser montadas à mão, como lançadores tipo RPGs e armas antitanque.

Os explosivos termobáricos cortam o oxigênio do ar circundante, enquanto a maioria dos explosivos convencionais consistem de uma pré-mistura de combustível oxidante (por exemplo, a pólvora contém combustível de 25% e 75% oxidante). Assim, numa comparação de peso são significativamente mais energéticos do que os explosivos condensados. Sua dependência de oxigênio atmosférico torna-os impróprios para utilização subaquática, em altitudes elevadas ou em condições atmosféricas adversas. No entanto, eles tem vantagens significativas quando usados dentro de ambientes confinados, tais como túneis, cavernas e bunkers.



O termo termobárico é derivado das palavras gregas para "calor" e "pressão": thermobarikos. Outros termos utilizados para esta família de armas são armas termobáricas de alto impulso, armas de calor e pressão, bombas de vácuo, ou explosivos ar-combustível.

Em contraste com explosivos condensados, onde a oxidação em uma região confinada produz uma frente de rajada, essencialmente, a arma termobárica cria a partir de um ponto inicial uma grande explosão que acelera uma onda de choque produzindo frentes de pressão dentro da mistura de combustível e oxidante e, em seguida, no ar circundante.

Os explosivos termobáricos criam após as explosões uma nuvem de vapor, que incluem a dispersão de poeira inflamável ​​e gotículas. Em épocas anteriores eram mais frequentemente encontrados em fábricas de farinha e em seus recipientes de armazenamento, e mais tarde em minas de carvão. Na atualidade encontramo-los mais comumente em navios petroleiros e refinarias vazias, como em Buncefield, no Reino Unido, onde a onda de choque acordou pessoas que moravam a cerce de 150 km a partir do centro da explosão.


O sistema da arma termobárica consiste de um recipiente cheio de uma substância combustível, no centro da qual existe um pequeno explosivo convencional chamado de "carga de dispersão". Os combustíveis são escolhidos com base em sua oxidação, que podem ser de metais em pó, tais como alumínio ou magnésio, ou materiais orgânicos, possivelmente com um oxidante auto-contido parcial. O desenvolvimento mais recente envolve o uso de nanocombustiveis.

O rendimento efetivo de uma bomba termobárica requer a combinação mais apropriada de uma série de fatores, entre eles o quão bem o combustível é disperso, a rapidez com que se mistura com a atmosfera envolvente do início da ignição e sua posição em relação ao recipiente de combustível. 

Existem projetos que permitem que o combustível seja contido por tempo suficiente para que se aqueça bem acima de sua temperatura de auto-ignição, de modo que, mesmo com a refrigeração durante a expansão do recipiente, resulta em ignição rápida uma vez que a mistura está dentro dos limites de inflamabilidade convencionais.

Em confinamento, uma série de ondas de choque reflexivas são geradas, mantendo uma bola de fogo que pode se estender de 10 a 50 segundos. Além disso existe o resfriamento dos gases e a pressão cai drasticamente, levando a um vácuo parcial, poderoso o suficiente para causar danos físicos a pessoas e estruturas. Este efeito tem dado origem a "bomba de vácuo".

A sobrepressão dentro da detonação pode chegar a 430 psi e a temperatura pode pode alcançar de 2.500° a 3.000° celsius. Fora da nuvem a onda de choque viaja a mais a 3,2 km/s.

Em um estudo feito em 01 de fevereiro de 2000 pela Agência de Inteligência de Defesa dos EUA diz que: A explosão contra alvos vivos é única e desagradável .... O que mata é a onda de pressão, e mais importante, a rarefação subsequente "vácuo", que rompe os pulmões .... Se o combustível deflagrar, mas não detonar, as vítimas serão severamente queimadas e provavelmente também inalem o combustível em chamas. 

Uma vez que os combustíveis mais comuns utilizados, são o óxido de etileno e óxido de propileno, que são altamente tóxicos, uma vez detonados devem ser tão letais para o as pessoas dentro da nuvem como a maioria dos agentes químicos.


De acordo com um estudo separado da Agência Central de Inteligência dos EUA "o efeito de uma explosão dentro de espaços confinados é imensa. Aqueles perto do ponto de ignição simplesmente desaparecem. Aqueles na orla são propensos a sofrer muitos ferimentos internos, e, portanto, invisíveis, incluindo o estouro do tímpano e órgãos do ouvido interno, concussões graves, pulmões e orgãos internos, e, possivelmente, a cegueira". 

De acordo ainda com o documento especula-se que "o choque e ondas de pressão causam um mínimo de dano ao tecido cerebral ... é possível que muitas das vítimas de tal arma ainda que inconscientes pela explosão, possam sofrer por alguns segundos ou minutos, enquanto sufocam."

Uma nova plataforma portátil de lançamento de uma arma termobárica foi desenvolvida pelos russos a RPO-A um lança foguete, que foi amplamente desenvolvido, ficando conhecida por ter sido usado na Chechênia.

As forças armadas russas desenvolveram variantes de munição termobáricas para várias de suas armas, como a granada TGB-7V termobáricas com um raio de letalidade de 10 metros, que pode ser iniciado a partir de um RPG-7. A GM-94 de 43 mm um lançador de granadas que é projetado principalmente para disparar granadas termobáricas para o combate próximo. Com a granada pesando 250 gramas sendo 160 gramas de mistura explosiva, o seu raio de letalidade é de 3 metros. A RPO-A é uma RPG projetado para disparar foguetes termobáricos. O RPO-M, por exemplo, tem um ogiva termobárica com semelhante capacidade destrutiva a um projétil de artilharia de 152 mm de alto poder explosivo de fragmentação. A RPG-27 e RPG-26, respectivamente tem a variante mais potente, com sua ogiva que pode atingir uma área de 10 metros de letalidade e produzindo os mesmos efeitos de cerca de 6 kg de TNT.  O RMG é um derivado do RPG-26 que usa uma ogiva em tandem, em que a ogiva principal produz uma abertura para a carga principal entrar e detonar no interior.

Existem muitas outras munições de origem russa com variantes termobáricas, o foguete S-8 de 80 mm tem as varienate termobáricas S-8DM e S-8DF. O S-8 de 122 mm, possui o foguete e o S-13D e S-13DF. Ogiva do S-13DF pesa apenas 32 kg, mas seu poder é equivalente a 40 kg de TNT. A variante KAB-500-OD da KAB500KR tem uma ogiva termobárica de 250 kg . As bombas ODAB-500PM e ODAB-500PMV tem uma ogiva de 190 kg. A KAB-1500S guiada por GLONASS possui uma ogiva de 1.500 kg, e produz uma bola de fogo com um raio de 150 metros, sendo sua zona de letalidade de raio de 500 metros.

Em setembro de 2007 a Rússia explodiu com sucesso a maior arma termobárica já feita. Seu resultado teria sido maior do que a menor arma nuclear já produzida. A Rússia a nomeou como o "Pai de Todas as Bombas" em resposta aos Estados Unidos que desenvolveram a MOAB, cuja alcunha é a "Mãe de Todas as Bombas", e que anteriormente detinha o prêmio da mais poderosa arma não-nuclear da história. A bomba contém uma ogiva de 6.400 kg, carregando combustível líquido como o óxido de etileno, misturado com nanopartículas energéticas, tais como alumínio, em torno de uma carga de dispersão alto-explosiva.

O uso militar da bomba termobárica foi adimitido pela então União Soviética na guerra do Afeganistão no início dos anos 1980. Relatos não confirmados sugerem que forças militares russas utilizaram armas termobáricas na Batalha de Grozny (na primeira e segunda guerras da Chechênia) para atacar combatentes chechenos, sendo utilizado lança foguetes portáteis.

Durante a crise dos reféns de 2004 da escola de Beslan, foi relatado o uso de armas termobáricas pelas Forças Armadas Russas no seu esforço para retomar a escola. O sistema usado pode ter sido a RPO-A, TGB-7V, RShG-1 ou a RShG-2 durante o ataque inicial a escola. Cerca de três a nove armas RPO-A foram encontradas mais tarde nas posições da Spetsnaz. O Governo russo admitiu mais tarde o uso da RPO-A durante a crise.

De acordo com Ministério da Defesa do Reino Unido, as forças militares britânicas também usaram armas termobáricas em seus mísseis AGM-114N Hellfire, transportado por helicópteros Apache e UAVs, contra o Talibã na guerra no Afeganistão.

Os militares americanos também usaram armas termobáricas no Afeganistão. Em 03 de março de 2002, uma bomba de 910 kg guiada a laser foi usado pelo exército americano contra complexos de cavernas em que Al-Qaeda e o Talebã se refugiaram na região de Gardez no Afeganistão. Os fuzileiros navais americanos também utilizaram armas termobáricas durante a primeira e a segunda Batalha de Fallujah.

O uso não militar com explosivos de ar combustível foram feitos por guerrilheiros após atentados contra quartéis em 1983, na cidade de Beirute, no Líbano, utilizando um mecanismo explosivo com gás, provavelmente, propano, butano ou acetileno. O explosivo utilizado no atentado de 1993 ao World Trade Center incorporou o princípio da arma termobárica, usando três tanques de gás de hidrogênio engarrafado para melhorar a explosão e como ignitor uma descarga elétrica em um combustível sólido, com base no princípio termobárico. Um sistema parecido foi usado para atacar a boate Sari no atentado de 2002 em Bali, Indonésia.

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