domingo, 2 de março de 2014

Caçadores de Submarinos - Parte 2 #091


Parte 1

Os sistemas submarinos mais importantes do mundo são os submarinos lançadores de mísseis nucleares (SSB/SSBN), e são eles que absorvem a maior parte da atividades de ASW. Estas naves transportam de 12 a 24 mísseis. Eles deslocan-se rapidamente a suas áreas de patrulha e utilizam ao máximo as características variáveis dos oceanos para evitar sua descoberta.

Os SSBN lançam seus mortíferos vetores nucleares (SLBM) a profundidades de cerca de 90 m de profundidade, podendo ser em sequència com intervalos de alguns minutos ou simultaneamente, dependendo da nave. Suas precisão é inferior a dos mísseis baseados em terra devido a incertezas na localização exata do submarino lançador, embora o advento da tecnologia GPS deva ter minorado este problema.

O rastreamento de um SSBN é dificílimo e em muitos casos impossível, o que os torna armas extremamente perigosos e de grande capacidade de retaliação. O aumento no alcance do mísseis transportados também permite estabelecer áreas de patrulha mais afastadas dos alvos, permanecendo em alguns casos nas próprias águas territoriais. Atualmente somente os EUA, a Rússia, a França, o Reino Unido e a China continenal possuem estas naves, sendo que a três últimas em número reduzido.Uma maneira prática e relativamente fácil de avaliar as tensões que podem envolver o uso de submarinos lançadores de mísseis balísticos é vigiar o que o outro lado mantém estacionado.



A  questão da acústica

O deslocamento de um submarino provoca uma série de alterações  possíveis de serem detectadas em seu entorno, que são usadas pelos especialistas para detectar sua presença. Procura-se explorar, descobrir e aperfeiçoar cada vez mais os métodos de detectá-las a fim de prover uma localização mais rápida e precisa destas naves em meio às inconstantes condições oceânicas.

O ruído hidrodinâmico é a primeira caraterística que ele provoca, resultante do atrito da água com o casco, durante seu deslocamento. Este ruído é acentuado pelas protuberâncias e orifícios do casco como os turcos e furos de inundação, domos e portas de acesso a periscópios, antenas, e armas. Cabos de reboque de VDS também vibram e provocam ruídos. Nos submarinos nucleares, mais ruidosos que os SSK, temos fontes de ruído em partes não balanceadas das turbinas e cavitação de fluidos que circulam no circuíto fechado. A hélice propulsora que pode ser mais que uma, provoca turbilhonamento na ponta das pás provocando bolhas e um som sibilante que se propaga em sentido horizontal, sendo acentuado com o aumento da velocidade. Em baixas velocidades este ruído é usado  para identificação do próprio submarino, pois a frequência do ruído é a frequência natural das próprias hélices. Duas hélices aumentam estes efeitos.



Efeitos Magnéticos

Os cascos submarinos são grandes massas magnéticas que causam anomalias ao atravessar as linhas de força do campo magnético terrestre. Sensores aerotransportados denominados MAD (detector de anomalias magnéticas) podem captar estas anomalias em áreas específicas, onde já se identificou a presença dos submersíveis, não sendo adequados para busca em grandes áreas. Estes navios também criam campos elétricos e magnéticos através de seus componentes, como os processos eletroquímicos de suas baterias, que podem ser transmitidos pela água e captados por bobinas colocadas no fundo do mar ou em outros veículos.
O deslocamento de um submarino também provoca uma esteira que pode ser percebido por um sonar ativo. A turbulência das hélices pode subir a superfície causando variações no padrão das ondas, perceptíveis por radares OTH. Esta turbulência também provoca a subida de água mais fria que se mistura com a água mais quente da superfície, provocando um diferencial de temperatura que pode ser captado por sensores infravermelhos em satélites ou aeronaves. O movimento próximo a superfície provoca um ligeira elevação na superfície que pode ser captada com satélites com radar-altímetro.



Comunicações

Veja : Deep Siren

As comunicações são um grande problemas das naves submarinas, já que a radiação eletromagnética é muito atenuada pelo meio aquático. Seu principal meio de comunicação são os enlaces VLF, que necessariamente precisam de antenas externas. Em patrulha os submersível podem levar antena montadas em bóias com cabos de cerca de 500 m. Outros sistemas exigem que venham próximos a tona cerca de 3 m. As transmissões em ELF podem ser recebidas até 100 m, mas possuem qualidade muito baixa. A atualização da sistemas INS também exige que ele naveguem próximos a superfície por longos minutos. Todos estes procedimentos necessários as ligações com o resto do mundo os tornam muito vulneráveis e são alvo de constante pesquisa com vista ao seu aperfeiçõamento.

Durante a Guerra da Falklands/Malvinas os SSN ingleses, através de enlaces-rádio com os patrulheiros Nimrod baseados em Ascensão tiveram que pedir autorização a Londres para afundar o ARA Gen Belgrano, mostrando o quão são necessárias as ligações com o comando, ligações estas que podem ser rastreadas e medidas possibilitando a localização mais precisa destas naves.



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