As operações de contra-insurgência são
aquelas dirigidas contra forças irregulares (não governamentais) que ameaçam a
soberania de um governo estabelecido. A forma de combate adotada por estas
forças é invariavelmente a tática da guerrilha, pois geralmente são forças
potencialmente mais fracas que as governamentais e fazem uso do combate
assimétrico sem linha de contato definida, usando métodos como a sabotagem e a
dispersão, atacando e fugindo, levando as forças governamentais a campanhas de
desgaste, longas e cujo principal alvo é o moral destas. Faz parte também da estratégia destas forças
a conquista do apoio da população, pois dela dependem para esconde-se e fazer
funcionar seu suporte logístico.
A derrota militar destas forças consiste em
ações que visem restabelecer o funcionamento com segurança dos órgãos que
compõem o estado estabelecido em áreas sob controle destas forças, incluindo
ações de apoio ao governo local a fim de torná-lo autossustentável e possa
construir um ambiente favorável à conquista da confiança e apoio da população
local.
Estas forças podem se fazer presentes mesmo
dentro de um cenário de guerra convencional através de milícias que apóiam este
ou aquele lado, e que atuam em proveito deste, mesmo que sob controle próprio.
A ação destas forças podem ampliar ou complementar de forma significativa as
operações das forças constituídas.
A tropa mais adequada a este tipo de
operação são as forças de operações especiais, amplamente apoiadas por forças
aeromóveis e estruturas de inteligência eficientes, tendo sempre como foco o
apoio da população local.
Estas forças são motivadas por razões
político-ideológicas, étnicas, religiosas e com menor incidência econômicas e
procuram a derrubada do poder constituído e o estabelecimento de uma nova ordem
política e social. Podem contar com o apoio externo ou não, estatal ou não de
estados com ideologias afins. Dentre as formas de apoio que podem acontecer
temos o alinhamento ideológico e disseminação do proselitismo insurgente; apoio
político; assistência financeira; auxílio militar, incluindo assessoria
técnica, treinamento e provisão de equipamentos, armas e munições; concessão de
uso do território para treinamento e homizio; apoio operacional a ações
específicas; e envolvimento direto em ações armadas e operações de combate.
A
legitimidade do Estado e o apoio da população constituem os pilares da contra-insurgência.
A formulação de políticas públicas integradas, que atendam às demandas
políticas, econômicas e sociais da população local, são importantes para
enfraquecer o apelo extremista dos insurgentes à luta armada. Tal condição é
fundamental para isolá-los e frustrar seu esforço armado.
São
requisitos fundamentais ao combate de contra-insurgência:
- Políticas de melhoria das condições de vida da população local, buscando saciar seus anseios e reivindicações, focando sempre na satisfação de suas necessidades básicas;
- Colaboração interagências, com unidade de esforços;
- Privação aos insurgentes de apoio interno e externo e de seus locais de homízio;
- Intenso uso de operações de inteligência, informação, assistência a população civil, operações especiais e tipo polícia;
- Uso limitado de força letal a fim de prevenir efeitos colaterais indesejados;
- Uso de forças locais de segurança, ênfase na conduta ética e ações legítimas junto a população.
O
uso puro e simples da força, sem a observância do que foi dito anteriormente
tem-se mostrado contraproducente, afetando a legitimidade do poder e
prejudicando o fluxo de informações oriundo da população, fomentando um
ambiente de insegurança e instabilidade. A falta de apoio da população local
pode também resultar na falta de apoio da comunidade internacional. Este
cenário é propícios aos insurgentes que exploram esta brecha e procuram trazer
a população para o seu lado.
Uma campanha bem sucedida desta natureza requer amplo
esforço de inteligência, muito antes do início das operações propriamente
ditas, sua continuidade durante, e um esforço da consolidação da situação mesmo
depois das ações militares cessarem, pois devido a incerteza quanto a
constituição e efetivos dos insurgentes, deve-se prevenir a sua volta. Forças
de operações especiais, altamente treinadas, deverão conduzir as ações mais
pontuais contra os insurgente e as forças convencionais caberá as operações
tipo polícia, com a coleta de dados e interação com a população. Patrulhamento
ostensivo proporcionando segurança aos locais e isolamento dos insurgentes, deve
ser praticado todo o tempo.
Informações
são fundamentais a qualquer tipo de operação, que são conduzidas com maior
precisão e eficácia. Uma busca eficaz de inteligência deve obedecer à seguinte
prioridade:
- alvos do sistema logístico, incluindo interdição do apoio externo;
- alvos de valor psicológico, incluindo as lideranças; e
- eliminação seletiva de alvos, neutralização de grupos armados e/ou captura de seus apoios civis.
As forças militares devem também serem empregadas em
tarefas de ajuda humanitária e programas assistenciais pormenorizadamente
elaborados. Quanto maior o nível de colaboração entre militares e civis no
interior da área conflituosa, maiores serão as chances de êxito da campanha de
Contra-insurgência.
Na
Contra-insurgência, a missão das forças militares (convencionais e de operações
especiais) é definida pela ação de pacificar.
Na prática, significa erradicar a ameaça proveniente das forças irregulares,
sobretudo, seu braço armado, isolando-as de seus apoios locais, desmantelando
sua infra-estrutura e neutralizando seu poder de combate.