Juan Carlos Losada
Em 1943, o líder soviético Josef Stálin exigiu, várias vezes e por muito tempo, a abertura de uma frente no oeste para aliviar suas forças do enorme desgaste que sofriam em suas vitoriosas, mas muito caras, operações contra os alemães. Os aliados hesitavam: suas dúvidas foram alimentadas pelo fracasso do ataque ao porto francês de Dieppe em 1942, que terminou com 80% de baixas - e pelas defesas da costa atlântica. Portanto em 1942 e 1943 os Aliados limitaram-se a ajudas os soviéticos com o intenso fornecimento de material.
Os britânicos já estavam suficientemente ocupados com a luta contra submarinos alemães no oceano Atlântico, contra o Japão na Ásia e contra a Alemanha nos céus e no Norte da África. Além disso, quando os norte-americanos entraram na guerra no final de 1941, acreditaram que ainda era muito cedo para atacar a França e que o melhor a fazer era enviar suas forças para onde os britânicos já estavam lutando.
Era evidente que, em 1942, a Alemanha ainda era muito forte: um desembarque planejado apressadamente e protagonizado por forças escassas e pouco preparadas poderia resultar em um desastre. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill mantinha viva memória das enormes baixas sofridas na Franças durante a Primeira Guerra Mundial e do esmagador exito alemão em 1940, que obrigou os ingleses a se retirarem de Dunquerque às pressas. Ele não queria obter a vitória por um preço tão alto e preferiu continuar com a estratégia de extenuar os alemães na zona do mediterrâneo.
A situação mudou ao longo de 1943. A Alemanha passou a sofrer um desgaste contínuo por parte dos bombardeios aliados, foi humilhada em Stalingrado e, após o frustrado contra-ataque de Kursk, começou a recuar em toda a frente russa. As tropas francesas de ultramar uniram-se aos Aliados e, após as vitórias na África e os desembarques na Itália, perceberam que os nazistas já estavam suficientemente esgotados: era o momento para serem surpreendidos por um grande desembarque. Em contrapartida, as forças aliadas, especialmente as norte-americanas, haviam alcançado volume e maturidade suficientes para realizar a missão e sustentar e sustentar a guerra, tanto no Pacífico como na Europa. A indústria norte-americana já estava em plena capacidade e tinha condições de fabricar grandes quantidades de material de guerra, com a vantagem de que não precisava temer qualquer ameaça de ataque inimigo.
Na conferência Trident, realizada em maio de 1943 em Washington, nos estados Unidos, os norte-americanos conseguiram convencer os britânicos sobre a necessidade de invadir a França. Pretendiam acabar com a guerra o mais cedo possível e sabiam que um avanço em direção ao centro da Europa e dos Bálcãs (que era a base da estratégia britânica) seria lento e consumiria grande quantidades de homens e material. A data prevista para a invasão era um ano mais tarde, mas, já no verão de 1943, os planos de desembarques na França começaram a ser esboçados. As tropas passaram a ser treinadas e enviadas para a Inglaterra com este objetivo. Assim, na véspera da invasão, as forças norte-americanas nas ilhas britânicas somavam 15 milhões de homens. Ao mesmo tempo, durante o primeiro trimestre de 1944, os Estados Unidos remeteram mais de 9 milhões de toneladas de munições para o Reino Unido.
No final de agosto de 1943, na Conferência de Quebec, denominada Quadrante, o desembarque foi oficializado como operação Overlord. Na Conferência de Teerã (Eureka). Em novembro do mesmo ano, os Aliados do ocidente confirmaram seu compromisso com Stálin. Pouco tempo depois, designaram o general norte-americano Dwigth D. Eisenhower como comandante supremo da operação Overlord. Como comandantes supremos da Força Aérea e da Marinha estariam os altos comandantes britânicos. Como comandante supremo das forças terrestres foi designado Bernard Law Montgomery, o vencedor da batalha de El-Alamein. Sob sua liderança, estariam o 1º Exército dos Estados Unidos do general Omar Bradley e o 2º Exército britânico do general Miles Dempsey. A nomeação de Eisenhower foi uma surpresa: ele não havia combatido na Primeira Guerra Mundial e, até sua entrada em combate na Segunda Guerra havia comandado apenas um batalhão. Mas as razões para sua nomeação logo seriam compreensíveis: Eisenhower sabia como tratar os Aliados sem favoritismo ou distinções, era um grande grande coordenador e tinha uma personalidade afável e cativante, cheia de tato, mas ao mesmo tempo, firme. Sem dúvida, essas características eram tão ou mais importantes do que os aspectos puramente militares, pois ele passaria a lidar com três orgulhosos generais, o francês Charles de Gaulle, absolutamente marginalizado na operação, o inglês Montgomery e o norte-americano George S. Patton.
A data escolhida, a princípio, foi 1º de maio de 1944. O lugar determinado por eliminação: descartaram-s as áreas onde o clima, as correntes, a topografia, o estado das comunicações para o interior da França ou a densidade das defesas alemãs impediriam o desembarque. Após a experiência de de Dieppe, os Aliados sabiam que era quase impossível tomar um porto, pois as defesas eram sólidas. Desta forma, a ação deveria ser em uma praia. Optaram, então, pelas praias da Normandia, em função do fácil acesso para o interior, suas vastas planícies de declive muito suave, o terreno que favorecia a penetração rápida e, acima de tudo, por causa da pobre presença defensiva dos alemães no local. Também foi considerado que o terreno plano facilitaria a instalação de aeródromos. No entanto, um estudo mais minucioso do teatro de operações feito pelos generais Eisenhower e Montgomery levou à conclusão de que seria necessário empregar mais efetivos no desembarque do Dia D e elevá-los até dez divisões. As resultantes complicações logísticas, principalmente a necessidade de mais embarcações de desembarque, implicaram em um adiamento da data definitiva da operação em pouco mais de um mês.
O desenvolvimento da operação Overlord foi um esforço muito complicado, diante de toda engrenagem que precisaria ser movida, as centenas de milhares de homens que teriam de ser mobilizados, e ainda era necessário considerar que tudo deveria atravessar mo mar e as defesas inimigas. Junto à operação Overlord seria planejada outra de caráter naval, a operação Netuno, liderada pelo almirante britânico Bertran Ramsay. Ele foi o responsável por todos os aspectos navais da empreitada que, obviamente, eram imprescindíveis. Foi necessário reunir mais de 7 mil navios de guerra e de carga para transportar homens e material, além de projetar e construir sete diferentes modelos de embarcações de desembarque capazes de transportar carros de combate, soldados e material motorizado que, no final, somariam mais de 20 mil unidades. Também foi necessário construir cais artificiais para que fosse possível operar nas prais da Normandia e reunir cerca de 80 navios antigos para que fossem afundados e pudessem ser usados como um quebra-mar quando as cabeças de praia estivessem consolidadas, de forma a permitir o descarregamento das tropas.
Aproveitando sua grande superioridade, a aviação aliada também teve um papel importante nos preparativos prévios. Durante o primeiro trimestre de 1944, aumentou-se a frequência de voos de observação por toda a costa francesa para fotografar as defesas alemãs. As ações aéreas também destruíram as vias de transporte ferroviário que ligavam a costa francesa ao interior para, assim, atrasar a chegada dos reforços alemães após o início do ataque. A operação foi um sucesso e, após bombardeios maciços em março, abril e maio, em que foram lançadas quase 70 mil toneladas de bombas, o tráfego ferroviário na Bretanha e na Normandia havia sido reduzido a apenas 15% do normal e, dessas regiões com o interior da França, estava reduzido para nenos de 50%. Das 24 pontes que existiam entre Le Havre e Paris, 16 haviam sido destruídas e 5, seriamente danificadas, o que passou a restringir o tráfego pesado. Os depósitos de combustível tiveram destino semelhante, bem como os barracões das locomotivas e a maioria dos aeroportos perto da costa. Com este nível de destruição, as forças alemãs da costa normanda focaram muito isoladas da retaguarda e praticamente impossibilitadas de receber reforços rapidamente, caso houvesse um desembarque na área - o que, por fim, mostrou-se crucial para o sucesso da operação.
No entanto, o preço de tamanha mobilização foi muito alto. Houve perdas significativas de aeronaves e tripulações aliadas por causa da artilharia antiaérea alemã. Além disso, a população civil francesa sofreu graves danos. Cerca de 100 mil franceses morreram ou ficaram feridos nessas operações, sem contar a destruição de propriedades.
Na conferência Trident, realizada em maio de 1943 em Washington, nos estados Unidos, os norte-americanos conseguiram convencer os britânicos sobre a necessidade de invadir a França. Pretendiam acabar com a guerra o mais cedo possível e sabiam que um avanço em direção ao centro da Europa e dos Bálcãs (que era a base da estratégia britânica) seria lento e consumiria grande quantidades de homens e material. A data prevista para a invasão era um ano mais tarde, mas, já no verão de 1943, os planos de desembarques na França começaram a ser esboçados. As tropas passaram a ser treinadas e enviadas para a Inglaterra com este objetivo. Assim, na véspera da invasão, as forças norte-americanas nas ilhas britânicas somavam 15 milhões de homens. Ao mesmo tempo, durante o primeiro trimestre de 1944, os Estados Unidos remeteram mais de 9 milhões de toneladas de munições para o Reino Unido.
No final de agosto de 1943, na Conferência de Quebec, denominada Quadrante, o desembarque foi oficializado como operação Overlord. Na Conferência de Teerã (Eureka). Em novembro do mesmo ano, os Aliados do ocidente confirmaram seu compromisso com Stálin. Pouco tempo depois, designaram o general norte-americano Dwigth D. Eisenhower como comandante supremo da operação Overlord. Como comandantes supremos da Força Aérea e da Marinha estariam os altos comandantes britânicos. Como comandante supremo das forças terrestres foi designado Bernard Law Montgomery, o vencedor da batalha de El-Alamein. Sob sua liderança, estariam o 1º Exército dos Estados Unidos do general Omar Bradley e o 2º Exército britânico do general Miles Dempsey. A nomeação de Eisenhower foi uma surpresa: ele não havia combatido na Primeira Guerra Mundial e, até sua entrada em combate na Segunda Guerra havia comandado apenas um batalhão. Mas as razões para sua nomeação logo seriam compreensíveis: Eisenhower sabia como tratar os Aliados sem favoritismo ou distinções, era um grande grande coordenador e tinha uma personalidade afável e cativante, cheia de tato, mas ao mesmo tempo, firme. Sem dúvida, essas características eram tão ou mais importantes do que os aspectos puramente militares, pois ele passaria a lidar com três orgulhosos generais, o francês Charles de Gaulle, absolutamente marginalizado na operação, o inglês Montgomery e o norte-americano George S. Patton.
A data escolhida, a princípio, foi 1º de maio de 1944. O lugar determinado por eliminação: descartaram-s as áreas onde o clima, as correntes, a topografia, o estado das comunicações para o interior da França ou a densidade das defesas alemãs impediriam o desembarque. Após a experiência de de Dieppe, os Aliados sabiam que era quase impossível tomar um porto, pois as defesas eram sólidas. Desta forma, a ação deveria ser em uma praia. Optaram, então, pelas praias da Normandia, em função do fácil acesso para o interior, suas vastas planícies de declive muito suave, o terreno que favorecia a penetração rápida e, acima de tudo, por causa da pobre presença defensiva dos alemães no local. Também foi considerado que o terreno plano facilitaria a instalação de aeródromos. No entanto, um estudo mais minucioso do teatro de operações feito pelos generais Eisenhower e Montgomery levou à conclusão de que seria necessário empregar mais efetivos no desembarque do Dia D e elevá-los até dez divisões. As resultantes complicações logísticas, principalmente a necessidade de mais embarcações de desembarque, implicaram em um adiamento da data definitiva da operação em pouco mais de um mês.
O desenvolvimento da operação Overlord foi um esforço muito complicado, diante de toda engrenagem que precisaria ser movida, as centenas de milhares de homens que teriam de ser mobilizados, e ainda era necessário considerar que tudo deveria atravessar mo mar e as defesas inimigas. Junto à operação Overlord seria planejada outra de caráter naval, a operação Netuno, liderada pelo almirante britânico Bertran Ramsay. Ele foi o responsável por todos os aspectos navais da empreitada que, obviamente, eram imprescindíveis. Foi necessário reunir mais de 7 mil navios de guerra e de carga para transportar homens e material, além de projetar e construir sete diferentes modelos de embarcações de desembarque capazes de transportar carros de combate, soldados e material motorizado que, no final, somariam mais de 20 mil unidades. Também foi necessário construir cais artificiais para que fosse possível operar nas prais da Normandia e reunir cerca de 80 navios antigos para que fossem afundados e pudessem ser usados como um quebra-mar quando as cabeças de praia estivessem consolidadas, de forma a permitir o descarregamento das tropas.
Aproveitando sua grande superioridade, a aviação aliada também teve um papel importante nos preparativos prévios. Durante o primeiro trimestre de 1944, aumentou-se a frequência de voos de observação por toda a costa francesa para fotografar as defesas alemãs. As ações aéreas também destruíram as vias de transporte ferroviário que ligavam a costa francesa ao interior para, assim, atrasar a chegada dos reforços alemães após o início do ataque. A operação foi um sucesso e, após bombardeios maciços em março, abril e maio, em que foram lançadas quase 70 mil toneladas de bombas, o tráfego ferroviário na Bretanha e na Normandia havia sido reduzido a apenas 15% do normal e, dessas regiões com o interior da França, estava reduzido para nenos de 50%. Das 24 pontes que existiam entre Le Havre e Paris, 16 haviam sido destruídas e 5, seriamente danificadas, o que passou a restringir o tráfego pesado. Os depósitos de combustível tiveram destino semelhante, bem como os barracões das locomotivas e a maioria dos aeroportos perto da costa. Com este nível de destruição, as forças alemãs da costa normanda focaram muito isoladas da retaguarda e praticamente impossibilitadas de receber reforços rapidamente, caso houvesse um desembarque na área - o que, por fim, mostrou-se crucial para o sucesso da operação.
No entanto, o preço de tamanha mobilização foi muito alto. Houve perdas significativas de aeronaves e tripulações aliadas por causa da artilharia antiaérea alemã. Além disso, a população civil francesa sofreu graves danos. Cerca de 100 mil franceses morreram ou ficaram feridos nessas operações, sem contar a destruição de propriedades.
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