sábado, 30 de janeiro de 2016

RWR - Receptores de Alerta Radar #120


A guerra eletrônica (EW) é a grande protagonista dos conflitos modernos, e usada por todos na medida de suas possibilidades. Seu alvos são os sistemas de comunicação do inimigo, bem como seus sistemas guiagem de armas e sensores de campo de batalha. Por definição a EW é toda ação militar envolvendo o uso da radiação eletromagnética para determinar, explorar, reduzir ou impedir a utilização hostil do espectro eletromagnético. Trata-se da negação ao inimigo do uso desta dimensão do campo de batalha, com o objetivo de proporcionar-lhe inoperância de suas comunicações, frustrando seus esforços de comando e controle (C2); impedido que seus sensores, como os radares, cumpram com suas tarefas; além de buscar informações em proveito próprio.

Ela surgiu na Segunda Grande Guerra com a detecção por radar dos ataques da Luftwaffe contra os ilhas britânicas, fator que contribuiu significativamente para a vitória destes na Batalha da Inglaterra. A Luftwaffe simplesmente não estava preparada para enfrentar o radar inglês, além de terem seus sistemas de navegação por rádio degradados por interferência ativa. A história mostra que a inoperância neste campo pode resultar em fracasso operacional.





Radares são um componente fundamental dos modernos sistemas de defesa aérea e foi neste campo que as técnicas de EW encontraram seu campo de aplicação mais fértil. Uma aeronave que puder saber onde estão as ameaças e de que tipo são, tem sua probabilidade de sobrevivência multiplicada. A radiação emitida pelos radares de defesa aérea, sejam baseados no solo ou montados em outras aeronaves, chega até a aeronave alvo e revela aos emissores sua presença e localização. Os Receptores de Alerta Radar (radar warning receivers - RWR) foram desenvolvidos como um sensor capaz de detectar esta radiação e informar ao piloto quando um radar hostil o está iluminando. Foram utilizados pela primeira vez pelo norte-americanos no conflito do Vietnam , e fizeram parte a partir daí de todos os projetos modernos de aeronaves de combate.

A Guerra do Yom Kippur viu os israelenses perderem grande quantidade de aeronaves para os SAMs árabes devido a falta de sistemas de EW adequados. Com a lição bem aprendida, eles não prescindiram destes sistemas na Batalha do Vale de Bekaa, onde neutralizaram grande quantidade de baterias de solo.

Os RWR fazem parte da suite de sistemas eletrônicos defensivos de qualquer aeronave militar moderna. É o componente mais simples de qualquer sistema dessa natureza, e em sua versão mais elementar consiste em apresentar num display de vídeo o sinal da radiação captada por uma antena de banda larga, e após tratamento eletrônico mostra ao piloto a intensidade do sinal na forma de ruído e o quadrante do qual a radiação está sendo emitida. Com antenas montadas nos quadrantes das aeronaves e tendo a recepção de cada quadrante comparada com as dos outros, a direção da radiação é determinada. Construídos em diferentes nível de complexidade, os modelos mais completos e dotados de processadores digitais, podem analisar as características da radiação emitida e determinar a identidade do emissor. Esta tarefa é complexa por ter que lidar com grande quantidade de radiação de natureza diferente, processá-la e classificá-la, exigindo grande poder computacional, fator responsável pela maior parte do custo destes sistemas. Cabe ao sistema ainda priorizar as ameaças e decidir quais as mais urgentes. Receptores mais sensíveis e consequentemente muito mais caros e complexos, são usados apenas em aeronaves de penetração profunda como o F15E e o Tornado IDS.

Além de detectar ameaças para fins defensivos facilitando a evasão, os RWR podem apoiar sistemas interferidores (jammers), parte importante de um arsenal eletrônico. Estes sistemas consistem de um RWR, um processador para tomar as decisões e um interferidor que se ajusta por ordem do processador a frequência captada pelo RWR, e transmite um sinal de engodo ou degradação.

As considerações a respeito dos interferidores seão tratadas e artigos dedicados, e assim que disponíveis acrescentaremos aqui na forma de link.

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