A Artilharia de Campanha é caracterizada pela sua grande potência de fogo. Partindo de posições relativamente distantes das linhas de contato, os fogos de artilharia cruzam o espaço aéreo dos campos de batalha em busca de seus alvos, batendo áreas poucos metros a frente da tropa amiga, em proveito desta e com trajetórias por sobre suas cabeças, que conta com o indispensável apoio da arma que é a responsável pela maioria das baixas em combate e facilitadora do trabalho das armas-base.
A artilharia não cerra sobre o inimigo, mas aloca seus fogos em profundidade junto às suas fileiras, desorganizado seu dispositivo e enfraquecendo seu poder combativo, proporcionando tanto a cavalaria como a infantaria oponentes desorganizados e debilitados, mais fáceis de serem suplantados. Dotada de alta flexibilidade em alcance e direção, os fogos de artilharia são deslocados quase que instantaneamente de um alvo a outro a partir de posições dispersas e temporárias.
A arma do fogo apoia os elementos de combate neutralizando ou destruindo os alvos que lhes são designados, aprofunda o combate com fogos de contrabateria (contra a artilharia inimiga) e de isolamento (aqueles que restringem a mobilidade inimiga), desarticulando instalações a serviço do inimigo e frustando sua manobra.
Estes efeitos de combate são conseguidos através do impacto de uma considerável quantidade de projéteis (granadas de artilharia) atingindo seus alvos no tempo adequado com a munição (granadas e espoletas de vários tipos) apropriada.
A técnica de tiro de artilharia, eficazmente aplicada a direção de tiro junto às baterias de obuses e lançadores múltiplos de foguetes é que assegura os efeitos desejados da arma junto aos seus alvos. Estas baterias, convenientemente inseridas em grandes malhas de tiro de várias delas e integradas por comandos de grande escalão, são capazes de efeitos devastadores, pois podem concentrar de forma imediata o impacto de um grande número de bocas de fogo em um só alvo, e no momento seguinte direcionar o fogo de cada uma a alvos distintos, voltando seus impactos a reunir-se, parcial ou totalmente onde forem necessários, sem que qualquer das baterias, separadas por quilômetros, precise mudar de posição, embora o façam a fim de evitar a contrabateria inimiga.
Observadores avançados (OAs) e oficiais de ligação (OLigs) atuam juntos às armas-base a fim de atenderem as necessidades de apoio de fogo destas e traduzirem estas necessidades em comando de tiro válidos. Estes observadores atuam também isolados em posições de observação cuidadosamente escolhidas a fim de orientarem os cálculos das centrais de tiro e observarem os impactos, corrigindo através de orientações a estas centrais a trajetória dos projéteis e seus pontos de impacto no terreno a fim de obter eficiência máxima.
O tiro de artilharia pode atender um grande número de demandas podendo destruir ou neutralizar através de impactos de alto explosivo com sopro e estilhaçamento de granada de metal. Estes impactos poderão ser detonados pelo contato com o alvo ou através do tempo voo, com arrebentamentos em altitude, dependendo do efeito desejado. Podem espalhar fumaça ou munições especiais (como as ogivas químicas, biológicas e mesmo nucleares), buscar alvos móveis como carros de combate ou atingir comboios ao longo de uma estrada. Causam efeitos de inquietação, impedindo ao inimigo momentos de relaxamento e provocando sua fadiga, de iluminação do campo de batalha, de propaganda e balizamento, de sinalização e interdição do terreno, impedindo sua utilização.
De natureza eminentemente técnica, a execução do tiro de artilharia requer profissionais altamente treinados seja em sua observação, cálculo ou linha de fogo.
O Problema Técnico Fundamental da Artilharia
Podendo este cálculo ser manual, como na Segunda Guerra Mundial, ou contando com meios modernos como calculadores balísticos digitais que consultam sistemas como o GPS para medir a distância até o alvo e o ângulo de sítio, radares medidores de velocidade inicial, enlaces de dados (data-link) e outros meios modernos, a técnica de tiro de artilharia de campanha garante a eficácia desta arma em batalha, apoio sempre bem-vindo por infantes e cavalarianos no cumprimento de suas missões, e garantidora de seu sucesso.
O Problema Técnico Fundamental da Artilharia
Posicionada a certa distância das linhas de contato, a
artilharia de campanha tem a sua frente, entre sua posição de tiro e as
posições do inimigo que lhe servirão de alvo, não só a tropa apoiada, mas também
as dobras do terreno. Esta distância pode variar muito de acordo com o alcance
do material, geralmente indo de 3 a 30 quilômetros em material de tubo em apoio
a arma-base; e muito mais que isso se tratando de lançadores múltiplos de
foguetes.
Com tantos obstáculos não é possível a realização do tiro direto, fato complementado pela necessidade das baterias em posicionar-se em locais ocultos a observação inimiga e ao fogo de suas armas de tiro tenso, fundamental para sua própria segurança, já que a artilharia não conta com a blindagem nem a mobilidade imediata dos carros de combate.
Com tantos obstáculos não é possível a realização do tiro direto, fato complementado pela necessidade das baterias em posicionar-se em locais ocultos a observação inimiga e ao fogo de suas armas de tiro tenso, fundamental para sua própria segurança, já que a artilharia não conta com a blindagem nem a mobilidade imediata dos carros de combate.
Para resolver este problema os artilheiros desenvolveram
o técnica de tiro de artilharia de campanha, que viabiliza a realização
do tiro indireto, ou seja, utilizando-se de trajetória balística e aproveitando
as características da força da gravidade, dispara seus projéteis para o alto
por sobre as elevações e cabeças da tropa amiga. Estes disparos acabam por
impactar nas áreas-alvo, sempre observados pelos artilheiros de vanguarda, os
observadores avançados (OAs), que retornam suas observações do tiro em execução
para os calculadores nas centrais de tiro, corrigindo e ajustando-o para que
atinja eficiência máxima.
Uma bateria de tiro ao posicionar-se, direciona suas bocas
de fogo para uma direção geral de tiro previamente definida. Quando da execução
da missão de tiro, os calculadores "plotam" em uma prancheta um
ângulo de tiro medido em relação a um ponto conhecido como o norte magnético
por exemplo e uma distância da bateria até o alvo. Baseado em tabelas já
existentes, definem um ângulo vertical (chamado elevação) de tiro com base nas
leis balísticas e uma carga de projeção apropriada, para que a bateria possa
efetuar seus disparos. A este ângulo deverá ser acrescido (ou decrescido) de
outro que compense a diferença de altitude da bateria em relação ao alvo,
conforme ela esteja abaixo ou acima dele, denominado ângulo de sítio mais um fator compensador de trajetória conhecido como correção complementar de sítio, que visa compensar a maior influência da força gravitacional (sítio total).
Podendo este cálculo ser manual, como na Segunda Guerra Mundial, ou contando com meios modernos como calculadores balísticos digitais que consultam sistemas como o GPS para medir a distância até o alvo e o ângulo de sítio, radares medidores de velocidade inicial, enlaces de dados (data-link) e outros meios modernos, a técnica de tiro de artilharia de campanha garante a eficácia desta arma em batalha, apoio sempre bem-vindo por infantes e cavalarianos no cumprimento de suas missões, e garantidora de seu sucesso.
Modalidades de Tiro de Artilharia
O tiro de artilharia pode assumir um variado número de
modalidades, de acordo com o efeito que se busca junto às fileiras inimigas. Em
sua missão de apoio de fogo, a artilharia de campanha não visa apenas a
destruição do inimigo, mas a alocação de fogos oportunos a cada situação
tática, atuando em proveito das necessidades da arma apoiada e do escalão a que
está subordinada.
Estes tiros são classificados quanto ao resultado que
buscam alcançar, sendo o mais conhecido o efeito de neutralização. A
neutralização é alcançada quando o tiro cai diretamente sobre a posição do
inimigo visada, causando-lhe baixas e forçando-o a abrigar-se. Este tiro tem o
poder de desorganiza-lo, diminuindo sua eficiência em combate, e devem chegar
ao alvo de forma repentina e intensa a fim de destruir ou inviabilizar o maior
número de meios e desdobramentos que o inimigo tenha feito naquela posição. É o
tiro que apoia diretamente a arma-base, que pode avançar sobre as posições
batidas de forma eficaz e segura.
O tiro de destruição busca não à "amaciar" o
terreno para o avanço dos combatentes de infantaria ou cavalaria, mas sim a
destruição até o fim de alvos específicos. É dirigido contra alvos materiais e
atinge maior eficiência quando efetuado por disparo direto e com materiais de
maior calibre possível. Exige observação apurada, precisão dos disparos e
implica em grande consumo de munição, pois só cessa quando o alvo for
considerado destruído.
O tiro de interdição, como o próprio nome diz exige menos
dos artilheiros, seja em precisão ou consumo de munição, e sua finalidade é
impedir a utilização da área de impactos pelo inimigo. Este tipo de tiro é
dirigido a nós rodoviários, acesso a pontes, estreitos e gargantas, passos e
desfiladeiros. Não visa alvos humanos nem materiais, mas sim efeitos
temporários de inacessibilidade a determinado ponto.
Os tiros de inquietação visam a abater o moral do
inimigo, através de bombardeios intermitentes a fim de impedir que busque
alguma sensação de segurança em determinado momento. De baixa intensidade,
visam a "esquentar" momentos de relativa tranquilidade, impedindo que
o inimigo durma bem ou relaxe, atrapalhe seus movimentos, cause alguma baixa e
mine sua capacidade de combate.
O tiro iluminativo é realizado com munição especial, de
queda retardada e visa a proporcionar alguma iluminação através de pirotecnia
para operações noturnas. Este tipo de tiro perdeu parte de sua importância com
o advento de novas tecnologias como os intensificadores noturnos e dispositivos
termográficos. Pode porém ser empregado em algumas situações, principalmente de
grande envergadura onde muitos combatentes não dispõem destes equipamentos.
O tiro fumígeno também é realizado com munição especial e
visa a sinalização e balizamento do campo de batalha, bem como a ocultação da
vista do inimigo de movimentos e outras situações que não se deseja que ele
veja, como por exemplo uma transposição de curso d'água. É particularmente útil
para frustrar a missões dos OAs inimigos com impactos imediatamente no
seu campo de observação.
Os tiros de contrabateria são aqueles alocados contra a
artilharia inimiga, valendo-se de sua localização imediata. São tiros de
difícil execução, tendo em vista que as baterias atiram a mudam imediatamente
de posição para evitá-los. Determinar a posição de uma bateria não era tarefa
fácil até o advento dos radares de campo ou radares de contrabateria, que
medem a trajetória balística dos projéteis e calculam a posição da bateria.
Nesta prática tem-se que ser extremamente rápido, pois após o radar determinar
eletronicamente a posição da bateria inimiga, deve-se passá-la a central de
tiro que calculará os elementos de tiro e os comandará às baterias, que terão
que apontar e disparar antes que a bateria inimiga mude de posição. Processos
automatizados de tiro são mais adequados a conseguir algum sucesso neste tipo
de tiro.
Outro tipo de tiro frequentemente realizado e que não
visa ações de combate é o tiro de regulação, cuja finalidade é ajustar os
elementos de tiro às condições locais (temperatura, pressão do ar, ventos, etc...).
Estes tiros são efetuados contra alvos auxiliares (uma árvore por exemplo) e
buscam uma maior precisão nos disparos subsequentes, em missão operacional. São
uma espécie de calibragem do tiro na adaptação as condições do momento
(temperatura, umidade, vento, pressão atmosférica, etc...).
Outros tipos de tiro podem ser empreendidos com
finalidades especiais. Tiros de propaganda podem dispersar panfletos por
exemplo, junto ao inimigo tentado convencer os combatentes a rendição; tiros
com munições especiais de precisão podem atingir alvos móveis como carros de
combate em movimento e requerem dispositivos de orientação. No Vietnam os
americanos utilizaram a artilharia para "plantar" sensores de trilha
que detectavam a vibração no solo e alertavam para o movimento naquela região.
Pode-se ainda disparar granadas químicas, biológicas e nucleares, estas de
forma pouco usual.
Os tiros previstos são àqueles previamente preparados e
locações precisamente determinadas enquanto os inopinados dependem do transporte
a partir de um alvo auxiliar e ajustagem prévia, determinados anteriormente
pelos tiros de regulação.
Os tiros podem ainda ser observados ou não. Os primeiros
demandam menor quantidade de munição e são mais precisos, enquanto os segundos
só devem ser empreendidos contra alvos precisamente determinados ou a partir de
alvos auxiliares já regulados.
Temos ainda a classificação dos tiros quanto a sua forma.
Os tiros de concentração são aqueles que impactam de forma emassada sobre um
terreno limitado. Os tiros hora-no-alvo são uma modalidade de concentração onde
se ajusta o tempo de disparo de cada boca de fogo de acordo com sua distância
do alvo a fim de que todos os disparos atinjam o alvo exatamente no mesmo
instante. Os tiros de barragem são uma forma de tiro que visam criar uma
barreira no campo de batalha com impactos caindo linearmente. Esta forma de
tiro visa a compartimentar temporariamente o espaço desautorizando acessos pelo
fogo. O tiro por peça é aquele dirigido por uma única peça a um alvo
previamente determinado e pontaria já pronta.
O Comando de Linha de Fogo
A bateria de artilharia de campanha é a menor fração de
tropa dessa arma capaz de cumprir missões de tiro de forma autônoma, e mesmo
operando dentro de um sistema de apoio de fogo amplo, pode operar
independentemente em apoio a uma determinada tropa se assim for designada.
Enquanto seu comandante cumpre as tarefas de coordenação tática-operacional de
sua subunidade, seja na missão em que está atuando ou em ligação junto aos
escalões superiores, e orienta as sempre necessárias e onipresentes demandas
administrativas operacionais; delega a um oficial subalterno o comando de sua
linha de fogo, que atua como seu auxiliar e se encarrega de fazer funcionar o
principal elemento da bateria.
O Comandante de Linha de Fogo ou CLF, é o oficial
encarregado de fazer o elemento operativo da bateria atuar, ou seja, fazer com
que as missões de tiro que lhes forem passadas se transformem em impactos junto
aos alvos designados. Cabe a ele providenciar para que a linha de fogo (LF) da
bateria se desloque até as posições de tiro designadas por seu comando e lá
desdobra-la colocando-se em condições de cumprir sua missão.
Comanda aos
seus artilheiros o desdobramento do material de artilharia para colocar-se em
condições de executar o tiro indicando a direção geral de tiro (DGT) e
certificando-se que todas as rotinas necessárias foram cumpridas, executa a
pontaria inicial de sua bateria, determina a elevação mínima e os limites de
tiro e segurança que suas peças poderão operar a fim de que não atinjam
obstáculos a sua frente como elevações ou edificações, repassa a central de
tiro (CTir) de seu grupo todas as informações relevantes à posição que acabou
de ocupar, comanda às suas peças as missões de tiro que lhes forem imputadas
com a necessária e singular adequação de pontaria que cada missão demande, e em
caso da bateria estar atuando de forma isolada acumula as funções de comandante
e operador de central de tiro. O CLF determina ainda os limites máximos de
segurança para o caso de execução do tiro vertical (acima de 45º).
O CLF pode ainda auxiliar o comandante de bateria e o
estado maior do grupo nas rotinas de reconhecimento e escolha de posições de
bateria e posições de troca. Pode atuar também como subcomandante de bateria se
assim for designado e assumir na ausência do comandante suas funções, bem como
assumir outras funções dentro da bateria que lhes forem julgadas convenientes e
estejam dentro de suas possibilidades, porém que em hipótese alguma prejudiquem
a execução do tiro, razão de ser da bateria de artilharia.
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