Munição APFSDS
O projétil APFSDS (Armor-Piercing, Fin-Stabilized,
Discarding Sabot): Munição perfuradora de blindagem, estabilizada por
aletas e de cinta descartável, é um tipo de munição perfurante de
atuação por energia cinética que, como o próprio nome diz, não usa explosivos e
causa seus efeitos através da intensa dissipação de energia cinética decorrente
de seu impacto, através de um elemento de altíssima densidade, ao qual é
imprimida enorme aceleração.
É usada
para perfurar as armaduras mais avançadas dos blindados modernos de
primeira linha, e constitui na principal munição usada pelos MBTs quando em
combate direto com seus pares inimigos. Estes projéteis são formados por um
núcleo de metal muito duro, como o carbeto de tungstênio ou o urânio
empobrecido, e subcalibrados a fim de concentrarem sobre seus alvos uma
impressionante carga de energia cinética em área mínima, rompendo as armaduras
através do intenso estresse decorrente do impacto, que atinge cerca de 1.800
graus Celcius, e provocando o estilhaçamento e derretimento da armadura,
pulverizando com fragmentos o interior dos veículos.
Em relação à munição APDS, mudou-se o formato do
penetrador alongando-o, e como consequência reduzindo de forma desejável seu diâmetro,
resultando na aplicação de uma massa maior em uma área reduzida, concentrado significativamente
a energia cinética resultante do impacto para a penetração da blindagem.
Quanto mais comprida for a haste penetradora, maior será
sua massa e consequentemente a energia que transmitirá. O comprimento dos
penetradores, no entanto, gira em torno de 30 vezes seu diâmetro para as
munições mais modernas. Contudo, projéteis com uma relação comprimento-diâmetro
maior que 30, tendem a se deformar após a separação do "sabot" e se partir em
contato com blindagens espaçadas. Quanto maior for seu diâmetro, maior será seu
arrasto induzido e menor a velocidade de impacto. Como uma haste longa de metal
é aerodinamicamente instável, o núcleo conta com barbatanas (aletas) que lhe
dão estabilidade em voo, razão pela qual também é conhecida como munição
“flecha”. Podem ser disparadas de canhões de alma lisa ou raiada, estes porém,
imprimem ao projétil uma rotação que ao mesmo tempo que produzem um efeito
estabilizante, reduzem sensivelmente seu desempenho, pois o arrasto decorrente
faz com que chegue ao alvo com menor velocidade e consequente impacto menos
potente. Canhões de alma raiada também sofrem desgaste excessivo devido à alta
pressão, sendo os da alma lisa preferidos para esta munição pois podem disparar
seus projéteis sem imprimir giro a eles, razão pela qual os principais MBTs
passaram a adotá-los. Apesar das barreiras encontradas, as atuais munições
APFSDS já alcançam penetrações de quase 700 mm, o que significa aproximadamente
6 vezes seu próprio calibre, considerando um canhão de 120mm.
Um dos maiores desafios de engenharia ao projetar “sabots” na atualidade é a necessidade de lançar penetradores excessivamente longos (cerca de 800 mm), pois seu peso extrapola o desejado e subtrai velocidade de todo o projétil, chegado a quase a metade da massa de todo o conjunto, além do custo de materiais mais resistentes. Os fragmentos do “sabot” ao serem descartados quando deixam o tubo, também viajam a velocidades muito altas em trajetórias imprevisíveis, oferecendo perigo real às tropas e veículos leves, requerendo seu disparo a observação de critérios mínimos de segurança nos primeiros 1.000 metros.
No que tange à estabilização do projétil, o canhão de
alma lisa inicialmente foi essencial para a utilização das APFSDS. Contudo, ele
impedia o disparo de outros tipos de munições que requerem rotação, como a APDS
e a maior parte das munições de energia química. Para resolver esse problema,
foi criada, nos EUA, a munição APFSDS XM578, que continha uma “cinta de
escorregamento” (slipping driving band), permitindo à munição ser disparada por
um canhão de alma raiada com uma rotação muito menor, que não atrapalhava o
desempenho do penetrador. Esta redução de deu da ordem de 780 RPS para 30 a 60
RPS de um típico projétil APDS.
Os primeiros penetradores APFSDS americanos, como os do
canhão 90 mm T208, ainda eram feitos de Carbeto de Tungstênio. Este material,
por apresentar um altíssimo grau de dureza, porém não tanto de tenacidade,
tendia a se partir no impacto, caso o penetrador fosse muito longo. Isso se
mostrou um impeditivo para o aumento da relação comprimento diâmetro, que ainda
era relativamente baixa (em torno de 8:1). Apesar disso, essa munição alcançava
uma velocidade inicial acima de 1500 m/s, o que já era um grande avanço se
comparada às APDS. Para melhorar ainda mais seu desempenho, buscou-se desenvolver
materiais mais adequados para os penetradores. Foram criadas novas ligas de
Tungstênio, com maior tenacidade e densidade do que o Carbeto desse elemento.
Nos EUA e na URSS, o avanço foi ainda maior, vindo-se a
utilizar Urânio empobrecido (Depleted Uranium – DU), o mesmo descartado por
usinas de energia nuclear, para construir os projéteis. Além de ter uma maior
densidade (aproximadamente 18.600 Kg/m³), possui propriedades mecânicas que
favorecem sua eficiência. Foi observado, por exemplo, que os buracos feitos por
projéteis de urânio empobrecido têm um diâmetro menor que dos projéteis de
Ligas de Tungstênio, fazendo assim, com que uma menor quantidade de energia
seja utilizada para a perfuração de uma mesma espessura de blindagem, deixando
que uma maior parte da energia seja espalhada dentro do blindado inimigo, vindo
a lhe infringir o máximo de danos. Além disso, o Urânio empobrecido torna-se
pirofórico quando alcança altas temperaturas. Isso significa que o material
entra em combustão durante o impacto, fazendo com que o Urânio derretido e seus
fragmentos sólidos levem uma grande quantidade de chamas para dentro do
blindado atingido, aumentando as chances de incendiar elementos inflamáveis
dentro deste, como óleos lubrificantes, combustível e munição empaiolada.
Por causa da densidade e das propriedades mecânicas do
Urânio empobrecido, penetradores desse material são capazes de perfurar, em
média, 10% a mais que um penetrador similar de liga de Tungstênio. Outra
vantagem desse material em relação à Liga de Tungstênio seria o menor custo,
porém ele é alvo de críticas humanitárias, devido à sua associação com armas
nucleares e com a energia nuclear. Além disso, há preocupação com resquícios de
radioatividade e toxicidade, apesar de que os produtores neguem que isso exista
em suas munições. Devido a tais preocupações, países como Alemanha e Áustria
proíbem a produção e compra de munições de DU. A maioria dos países
simplesmente não fazem a utilização, mas não têm legislação proibitiva para
isso. Hoje, apenas os EUA e Rússia utilizam flechas de Urânio empobrecido.
Contudo, a utilização de DU nos penetradores não é um pré-requisito para a
excelência da munição.
Nota-se a pouca diferença de penetração entre as
distâncias de 5200 e de 1000 m. A razão para isso é à baixa perda de velocidade
da flecha em função da distância percorrida. Ela pode, assim, conservar a
energia cinética do disparo e sua letalidade por grandes distâncias. Isto
demonstra a alta eficiência aerodinâmica obtida após décadas de evolução das
munições de energia cinética. Atualmente, o desenvolvimento dessas munições
parece estar latente ou muito vagaroso. O impasse para sua evolução demonstra
um aparente limite que ainda não foi possível ultrapassar.
O desenvolvimento de armaduras mais complexas de natureza composta e ação reativa provocaram o desenvolvimento de penetradores mais complexos, com complexas ligas de tungstênio e urânio empobrecido, ambos duros, dúcteis, muito densos e fortes. Porém cada material tem suas particularidades, como o urânio que tem propriedades pirofóricas e seus fragmentos tendem a inflamar no impacto quando em contato com o ar e incendiar combustível e munição do alvo, contribuindo para a letalidade do impacto. Apesar destas características que o tornam um pouco mais efetivo que os projéteis de tungstênio, apresenta inconvenientes sérios e controversos, devido a emissão de radiação residual (material radiativo). O tungstênio continua mais abundante e barato, sendo usado pela maioria.
esse tipo de munição é utilizado por quais exercitos
ResponderExcluire qual o custo de fabricaçao
Esta é a munição perfurante mais poderosa disponível, e todos os exércitos que podem a utilizam, como os da OTAN (120 mm) e o brasileiro (105 e 90 mm), por exemplo.
Excluirquem inventou esse tipo de munição,qual nação?
ResponderExcluirQuando foi inventado esse tipo de munição
ResponderExcluirO APDS oi desenvolvido no Reino Unido entre 1941-1944 por Permutter e Coppock, colocado em serviço em meados de 1944 no canhão britânico antitanque QF de 6 libras e posteriormente no canhão QF de 17 libras no mesmo ano.
ExcluirO poder de penetração da munição evolui com as armaduras dos tankes
ResponderExcluirInsano o nível de penetração de blindagem de hoje em dia, no século passado a união soviética desenvolveu um tanque com um canhão de 152 milímetros no chasi de um t-72 se não me engano, que disparava esse tipo de munição, chegando a perguntar até 690 milímetros de aço!
ResponderExcluirA Rússia utiliza canhões de 125 mm em seus MBTs.
ResponderExcluir