domingo, 27 de dezembro de 2015

Emprego das Armas da Infantaria #115



As armas de infantaria são empregadas de forma direta, sem a necessidade de recorrer a uma cadeia de emprego, nem autorização de escalões superiores. É o combatente individual que decide o que fazer com ela, seguindo as linhas gerais determinadas pelo seu comandante de grupo ou pelotão, pois o inimigo se encontra diretamente depois do aparelho de pontaria que cada soldado tem a sua disposição. Cada tipo de arma a disposição do infante tem um propósito específico e seu emprego, a cargo do comandante da fração empregada, dão a infantaria seu letal poder de fogo. Conhecer as possibilidades de cada uma, bem como das munições disponíveis, é de suma importância ao seu emprego eficaz.

Existem 5 tipos de armas usadas universalmente pelas pequenas frações de infantaria: Os fuzis de assalto e suas irmãs mais velhas e poderosas, as metralhadoras; as granadas de mão ou de fuzil, estas disparadas a partir de lançadores específicos, os lançadores de rojões e os morteiros. Contrariando o exposto no parágrafo anterior, os morteiros são o único tipo de arma de pequenas frações que requerem uma cadeia de emprego. Não são empregados no escalão grupo de combate e pelotão e não serão discutidos aqui.





A natureza de cada tipo de arma é que determina como o infante a empregará contra cada tipo de alvo. Todas ar armas a disposição da infantaria são de fogo direto, exceção se faz aos morteiros já mencionados. O poder de cada arma de fogo direto está na capacidade de resposta imediata, sem que seja necessário que alguém a acione.

Uma arma de infantaria nada mais é que um dispositivo destinado a colocar a munição onde ela pode fazer o seu trabalho, pois são as munições as verdadeiras armas.

São empregadas pela infantaria 3 tipos distintos de munição: As de penetração, as explosivas (HE) e as de finalidades especiais. O inimigo pode se apresentar de duas formas diferentes: aquele que está lá, em local conhecido e pode ser visto, adquirido e alvejado diretamente; ou aquele que pode estar lá ou não, suspeita-se de sua presença. A este, o granadeiro procurará alvejar com granadas de HE, que são armas de saturação de ambiente, capazes de atingir a todos que estiverem em seu raio de ação, e devem ser apenas lançadas neste local, sem necessidade de mira certeira. Quando o inimigo suspeitar que será alvejado pelas granadas e tentar mudar de posição, aí o fuzileiro o acertará com a munição penetrante, no momento em que se expor.






As munições explosivas tem duas características táticas importantes: Elas não precisam atingir diretamente seus alvos para fazer sentir seus efeitos, podendo atingir alvos que não estão claramente adquiridos; e são especialmente eficazes quando empregadas contra pontos fortificados e veículos. Elas são usadas para matar o inimigo, forçá-lo a permanecer dentro da proteção de sua fortificação, forçar um veículo a mudar de direção ou buscar um posição menos vantajosa, pois somente um impacto direto irá destruí-lo ou danificá-lo de forma significativa.

As munições de penetração dependem da eficiência da arma que a dispara. Sua eficácia pode facilmente ser medida pois seus efeitos são visualizados imediatamente após seu disparo. Existem 3 tipos de munição de penetração: as perfuradoras de alvos macios, as perfurantes de armaduras e as de alto explosivo anticarro (HEAT). As primeiras são aquelas que usam a velocidade, sua massa e ângulo de impacto para penetrar alvos fáceis, como o corpo dos soldados inimigos. São de pequeno calibre, entre 5,56 mm a 14,7 mm, e disparadas de fuzis, metralhadoras e pistolas. As perfurantes de armadura são construídas em materiais mais densos como o carbeto de tungstênio, capazes de perfurar alvos mais duros como chapas metálicas, e provocam uma dissipação de energia cinética intensa no ponto que atingem, rompendo-o, sendo disparadas das mesmas armas que as primeiras. As munições anticarro são dotadas de carga moldada e concentram sua energia explosiva em um pequeno ponto das armaduras, derretendo-as. Geralmente são disparadas dos lança-rojões e como ogivas de mísseis anticarro.


As munições de emprego especial são aquelas que não se enquadram no até agora descrito e provocam efeitos incendiários, fumígenos, iluminativos, químicos, etc...

A trajetória das armas também deve ser usada em proveito do esforço de combate. Envolver o inimigo com fogo combinado de armas de trajetória alta com os de trajetória tensa pode ser muito eficaz. Quando engajados em fogo de trajetória tensa o alvo inimigo tende a se abrigar junto ao solo ou atrás de proteções que encontrem no local. Neste momento o fogo de trajetória alta pode ser empregado já que o alvo tende a estar parado e pode ser atingido pelos ângulos “mortos”, que tendem a estar descobertos. Este tipo de fogo também pode obrigar o inimigo a abrigar-se ou mover-se para fora da área, o que limita sua eficácia. Cria-se um dilema ao inimigo: se mover-se o fuzileiro o engaja com o fogo de sua arma automática e se ficar abrigado o granadeiro o força a mover-se. Este efeito combinado produz efeitos superiores ao que seria alcançado se cada uma delas atuasse individualmente.


As armas da infantaria engajam seus alvos sob 2 aspectos: o ponto e a área. O ponto é um alvo específico: um soldado, um veículo, um equipamento; e a área é um conjunto de pontos como uma formação de soldados, uma trincheira, etc... Tanto as metralhadoras como as granadas são adequadas para ambos os aspectos, sendo o fuzil mais específico para o engajamento de alvos-ponto. A taxa de fogo de cada arma, ou número de tiros por minuto, deve ser determinada pelo comandante da fração. Esta taxa será definida pela necessidade de se alcançar a superioridade de fogo e pela disponibilidade de munição.

A arma mais numerosa da infantaria é seu fuzil de assalto. O fuzileiro dispara munição penetrante, geralmente nos calibre entre o 5,56 mm ao 7,62 mm, e seu papel é alvejar o inimigo com fogo de precisão de curta distância; Não é importante o quão rápido o fuzileiro atira, mas o quão rápido ele pode adquirir o inimigo eficazmente em sua aparelho de pontaria e alvejá-lo. Um segundo papel do fuzileiro é a realização do fogo supressivo, forçando o inimigo a abrigar-se, correr, deitar, se proteger e no final das contas não poder atirar, proporcionando segurança aos metralhadores e granadeiros.


Apoiando o fogo dos fuzis, a metralhadora ligeira tem por missão proporcionar volume de fogo aos fuzileiros, proporcionando-lhes segurança mútua enquanto miram suas armas individuais. Ela satura a área do alvo com projéteis penetrantes, de trajetória tensa que pode ser ou não a mesma dos fuzis de assalto. Um pelotão de infantaria pode contar  com dois tipos de metralhadoras: uma menor e distribuída em maior número (metralhadora ligeira), disparando a mesma munição dos fuzis, na proporção de, por exemplo, 1 para cada 3 fuzis (1 por esquadra) e uma maior (metralhadora média) capaz de sustentar fogo por mais tempo e muitas vezes disparando munição mais potente (7,62 mm por exemplo) distribuídas a razão de 2 armas por pelotão (US Army). Estas são especialmente adequadas a engajar alvos como veículos, fortificações ou mesmo aeronaves. São capazes de sustentar fogo por longos períodos.

As munições explosivas (granadas) são o apoio de fogo imediato dos fuzileiros. Podem ser lançadas manualmente pelos próprios, ou pelo granadeiro, este especialmente equipado com um lançador especializado que pode ou não estar conjugado ao seu fuzil de assalto, disponibilizando uma arma de trajetória alta e tiro direto para atingir ângulos mortos.


Os lança-rojões são armas de tiro único, grande calibre e disparam granadas mais potentes. Podem ser descartáveis (AT-4) ou recarregáveis (Carl Gustav) na forma de foguetes estabilizados e de baixa velocidade, sendo pequenos canhões em recuo. São especialmente adequados a bater alvos difíceis que as armas já descritas não demonstram eficácia. Veículos levemente blindados e posições fortificadas são os alvos mais comuns. São disparados a distâncias de 100 a 1000 metros e podem engajar grupos de soldados inimigos, por exemplo em um cenário urbano, de um lado a outro da rua.

Cabe ao líder do grupo de infantaria coordenar a alocação de fogos de seus comandados e das armas de que dispõem. Ao combinar o fogo de armas de vários tipos procura-se obter um resultado superior a soma dos efeitos de cada arma se empregadas individualmente. Todo plano de fogo dos pequenos escalões de infantaria orbitam o binômio metralhador/granadeiro, e é em torno deles que os demais atuam. Cabe aos fuzileiros proporcionar segurança ao núcleo de fogo do grupo, observar o entorno fornecendo alarme e inteligência ao grupo, reforçar o fogo do metralhador e substituí-lo se necessário, além de engajar outros alvos  enquanto o metralhador e o granadeiro concluem seu engajamento. Ao líder do grupo cabe maximizar a sua eficácia através de comandos de fogo e medidas de controle, devendo assumir também a função de atirador sempre que necessário.


3 comentários:

  1. Muito bom o blog. Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Meu nome é Bosco. Já coloquei nos favoritos e vou consultá-lo sempre. Um abraço ao editor.

    ResponderExcluir