sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Manobrando Ofensivamente *137


A ocupação de uma posição de combate, seja por uma pequena fração ou uma força de maior porte, deve se pautar pela técnica e boa doutrina militar. Seja de cunho ofensivo ou não, a doutrina moderna prega a agressividade tática como premissa fundamental para o sucesso, onde a inciativa do combate deve ser uma constante, mesmo quando o objetivo for a defesa e não a conquista de posições dominadas pelo inimigo. 

Quem toma a iniciativa do combate escolhe onde e quando vai combater, com que meios e artimanhas. Somente a ofensiva leva a resultados decisivos, sendo a guerra moderna pautada pela máxima do "choque e poder". Manter a liberdade de ação é condição "sine qua non" para o pleno exercício da tática e premissa importante para que se possa implementar o planejamento feito.

Um fundamento tático importante é o do permanente contato com o inimigo, pois na guerra não existe período de férias, e manter o oponente ocupado evita que tome iniciativas e implemente ações surpresa. O principal dividendo tático deste contato constante é saber o que o inimigo está fazendo, que movimentos realiza e como seu dispositivo vai se arranjando no terreno, além de não deixar passar desapercebido seus meios de combate. Esta vigilância "de atrito" permite testar a próprias forças e as do oponente, testando e identificando deficiências que possam servir de oportunidades táticas, que devem ser aproveitadas de pronto. Patrulhas de reconhecimento e ações de reconhecimento em força são instrumentos adequados a manutenção do contato e da consciência tática. 

A exploração das deficiências do inimigo, que devem ser constantemente buscadas, permite que através de manobras de flanco e desbordamento de pontos fortes se chegue a resultados decisivos com o menor esforço e dispêndio de meios de combate, que podem ser limitados. A neutralização de postos de comando e a interrupção de linhas de comunicação entre forças combatentes e tropas de apoio logístico trazem grande ganho operacional.



Outro fundamento tático importante ao se ocupar uma posição de combate é o domínio de seus pontos capitais, como vias de acesso e posições de observação, aqueles que potencializem a segurança e impeçam as vistas, permitam instalar posições de fogo e campos de tiro vantajosos, além é claro daquelas que contribuem de forma mais decisiva para que a manobra possa fluir com maior eficácia. Ao ocupar o terreno o comandante dirige sua manobra a fim de preservar o domínio sobre estas posições chaves.

Ao manobrar, o comandante deve também buscar a neutralização da capacidade de reação do inimigo através de debilitação de seus meios multiplicadores do poder de combate, como o bombardeio prévio de depósitos de munição e combustível, destruição de equipamento importante e a implementação de imobilidade tática do oponente com a negação de pontes e pontos de passagem obrigatória. Deve-se ainda "martelar" o moral inimigo privando-lhe de reabastecimento e sono, frustando suas comunicações com guerra eletrônica e lançando sobre ele toda a sorte de ações de guerra psicológica que se façam adequadas.

A manobra deve ser constante e a imobilidade reservada ao inimigo. A progressão deve ser coberta pelo fogo, cabendo a artilharia fazer a ponta de lança à impulsão da arma-base. Ataques devem ser avassaladores e implementados com força superior, evitando-se ações cujo desfecho possa ser duvidoso. A moderna doutrina reza que a arma-base manobra a fim de consolidar o "estrago" feito pela artilharia, arma que assume vital importância na manobra moderna em apoio àquela que cerra sobre o inimigo, evitando seus pontos fortes e destruindo-o pelo assalto em engajamentos decisivos.

A coordenação de fogos, priorizando as ameaças mais importantes, deve mostrar o seu valor. A artilharia deve atuar de forma violenta e constante procurando em um primeiro momento uma intensiva campanha de contrabateria a fim de reduzir a real ameaça da artilharia inimiga. A superioridade de fogos permite aos elementos de manobra liberdade de ação e minimização de baixas. Unidades de artilharia bem treinadas atiram com precisão e economia de meios, obtendo eficiência máxima, exigindo ressuprimento adequado e "queimando" grande quantidade de munição.


A impulsão do avanço deve ser mantida o quanto possível e não deve arrefecer enquanto os objetivos imediatos não forem conquistados, e uma vez conquistados devem ser consolidados de forma agressiva e imediata. O comandante deve se lançar em combate de forma a obter resultados certos e no menor tempo possível, evitando longos combates de desgaste e perdas pesadas. Ações que não permitam cumprir um plano inicial em sua íntegra devem ser replanejadas, e unidades que estejam avançando com mais facilidade não devem se deter para alinhar com unidades mais lentas, aproveitando seu êxito para conquistar o máximo de terreno, sem no entanto expor seus flancos de forma perigosa. Unidades mais lentas devem procurar garantir os flancos daquelas mais avançadas. Posições inimigas mais "duras" devem ser ultrapassadas e quando a situação tática impor um redução de ritmo, como por exemplo a saturação da estrutura logística, os pontos capitais devem ser consolidados e o contato mantido com reconhecimentos agressivos.

O poder de combate superior deve ser reservado aos centros de gravidade táticos, normalmente melhor defendidos e coração das áreas de operações. Nesta fase se combate como a milênios, fixando-se o inimigo, proporcionando-lhe desgaste, manobrando-se pelos flancos a procura e brechas e no momento adequado cerrando-se sobre ele e provocando sua derrocada. Ao se apresentarem sinais nítidos de debilidade do inimigo, as forças em manobra implementam movimentos de perseguição e aproveitamento do êxito. Linhas de ação menos promissoras devem ser aliviadas em proveito das mais promissoras, reservas colocadas em ação sejam no reforço ao avanço ou consolidação de pontos capitais.

As unidades são responsáveis por sua própria segurança e pelas outras unidades que lhes forem designadas. O escalão superior deve asseguram a segurança relativa de todas e desdobrá-las de forma a que assegurem segurança mútua. Estejam estacionadas, em marcha ou engajadas, preservar a segurança de uma unidade é preservar seu poder de combate. 


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