terça-feira, 24 de abril de 2018

Fogos e Apoio de Fogo *146



Baseado no MC EB20-MC-10.206

O apoio de fogo é um elemento essencial em qualquer empreitada de combate, aplicando-se mais especificamente às manobras terrestres e anfíbias. É através dos fogos que coloca-se o inimigo numa situação de saturação operacional, privando-lhe de seus meios e capacidade de manobra, seja pela destruição ou indisponibilidade temporária. Os fogos podem ser disponibilizados por elementos aéreos, navais ou terrestres e aplicados em conjunto com a manobra, através de adequado elemento de comando e controle (C2), constituindo estes o tripé fundamental de qualquer força em combate. Fogos e manobra são inseparáveis na dinâmica de uma operação militar, atuam de forma mutuamente complementar e visam alcançar a superioridade tática sobre o inimigo e a proteção mútua entre as unidades. Um cria a condição para que o outro possa efetivamente ser aplicado no ambiente operativo, sendo os fogos os donos da palavra final, pois atuam diretamente como elemento incapacitante definitivo das possibilidades físicas do inimigo, reduzindo sua vontade de combater.

A aplicação do binômio fogo-manobra requer um ambiente onde as forças amigas sejam capazes de manter a superioridade aérea. Fogos podem destruir, suprimir, degradar, retardar, negar, separar ou neutralizar forças, sistemas de combate e instalações, bem como em conjunto com unidades de engenharia barrar ou desviar a manobra inimiga, bloquear áreas, fixar tropas e retardar reforços, potencializando o valor do terreno e do espaço de batalha.

Os fogos podem ser orgânicos ou não, sempre desencadeados a pedido do elemento apoiado, e requerem minuciosa coordenação e planejamento de forma contínua e detalhada em todos os escalões, visando atender aos modernos teatros não lineares e altamente exigentes, evitando o desperdício de munição escassa, em alvos não interessantes, reduzindo as possibilidades de fratricídio e efeitos colaterais em civis, além de  evitar sobrecarregar a estrutura de apoio logístico.

Fogos eficazes requerem a capacidade de adquirir, discriminar e engajar alvos. A capacidade de aquisição consiste na detecção e localização de alvos com precisão suficiente ao emprego dos sistemas de fogo; a discriminação é a capacidade de priorizar os alvos mais importantes em meio a muitos presentes, e o engajamento é o processo de aplicar o efeito desejado ao alvo, seja por ação letal ou desejada.

Os fogos podem ser superfície-superfície, ar-superfície, superfície-ar, podendo ainda incluir-se neste conceito ações de ataque eletrônico e cibernético. Podem ser cinéticos através do lançamento de artefatos (projéteis de vários tipos) e com finalidade tática, ou não cinéticos como aqueles usando meios eletrônicos e cibernéticos com finalidade de incapacitação dos meios inimigos congêneres.



Os fogos devem ser planejados e coordenados, estando todos os meios terrestres, aéreos e navais atuando sob um mesmo sistema de forma que o meio mais adequado seja designado para bater determinado alvo da forma mais eficiente e dentro de uma escala de prioridade, evitando a duplicação de esforços e desperdício de munição; executados com sincronização, rapidez e precisão, sempre procurando a preservação da segurança das tropas amigas.

Fogos navais são lançados a partir navios de guerra e conduzidos por observadores de tiro navais. Fogos aéreos partem de plataformas aéreas (bombardeiros, helicópteros e RPVs) e são conduzidos por controladoresaéreos avançados (FAC), e os terrestres pela artilharia de campanha (morteiros,obuseiros e MLRSs), dentro de suas possibilidades.

Fogos são desencadeados no nível estratégico a fim de desorganizar a atividade industrial-militar por exemplo, contribuir para a proteção estratégica e causar efeito psicológico; e no nível tático-operacional para contribuir com a manobra e impedir a do inimigo. Podem ser de apoio a pedido da unidade apoiada e conduzidos de forma a integrar sua manobra, devidamente observados e em ligação com esta; e de proteção, visando atuar sobre a manobra inimiga e segundo as necessidades dos escalões mais altos; podem ser ainda diretos ou indiretos de acordo com sua característica balística.

É vital a coordenação entre os meios de apoio de fogo de superfície e meios de controle de espaço aéreo, proporcionando máxima segurança a todos os atores, e sincronizados no tempo e no espaço com os demais sistemas de combate, a fim de contribuir com a manobra e contar com a segurança proporcionada pelas demais unidades.

Os fogos atuam sob coordenação do sistema operacional de comando e controle, que coaduna a arte de comandar à ciência de controlar. Este sistema é uma organização de pessoal, inteligência de rede, comunicações e sistemas de automação que atuam em apoio ao comandante e seu Estado Maior (EM). Devem apoiar este esforço os sistemas de inteligência fornecendo informações de combate e apoiando a sua compreensão, sistemas de proteção como a artilharia antiaérea e outras unidades de combate (carros de combate por exemplo),os fogos de contra-bateria e o sistema de apoio logístico que supre os sistemas de apoio de fogo e ao mesmo tempo são protegidos por estes. Estes permitem aos fogos manterem-se atirando (durarem na ação), suprem-nos com serviços diversos e garantem o suporte médico e sanitário adequado, cabendo-lhes antecipar as necessidades dos artilheiros e aviadores.




Os fogos podem ser estratégicos, operacionais ou táticos de acordo com a importância que seu efeito causará na operações, se será decisivo ou facilitador. Podem ser de aprofundamento (operacionais) que visam áreas de retaguarda como as logísticas e industriais por exemplo, de interdição e contra instalações de C2; de apoio (táticos) em proveito da manobra da tropa amiga e de contrabateria (proteção).

Quanto a finalidade podem ser de preparação, que são fogos intensos e previstos desencadeados em horários estipulados a fim de apoiar um ataque ou desorganizar defesas e seus meios de apoio, ou ainda interromper comunicações. De intensificação que são fogos planejados de grande escalão em apoio aos fogos do escalão inferior, e de contra-preparação que visa desorganizar uma mobilização inimiga.

Quanto a forma podem ser de concentração que consiste em um volume significativo de fogo sobre um determinado alvo, de barragem que visam a proteção impedindo a passagem do inimigo e disparados sucessivamente em linhas escalonadas, e por peça que visa atingir alvos específicos.

Podem ainda ser previstos (parte de um planejamento) ou não (alvos de oportunidade), observados ou não (este último não permite avaliação de danos, como os fogos de inquietação por exemplo),

Quanto aos efeitos desejados podem ser de neutralização, que visa degradar a capacidade do inimigo, de destruição para colocar alvos definitivamente fora de combate, de interdição que visam impedir o inimigo de usar temporariamente uma área ou meio como os tiros de barragem, de inquietação que visam minar a moral do inimigo através de bombardeios contínuos e baixa intensidade privando-lhes de sono por exemplo, e de efeitos especiais como os de iluminação de campo de batalha, de balizamento com granadas fumígenas e IR, propaganda e outros.

Podem ser disparados a pedido ou com horário pré-determinado (tiros hora no alvo – HNA), com detonação instantânea e efeito imediato (HE por exemplo), com detonação instantânea e efeito persistente (fogos fumígenos por exemplo) e de detonação retardada (bombas cluster).


Os fogos são os senhores do campo de batalha e para aplicá-los que as unidades de combate são treinadas e equipadas, visando a supremacia tática-estratégica-operacional. Os fogos terrestres caracterizam-se pela grande disponibilidade por estarem as unidades em permanência no campo, independência aos fatores meteorológicos, pronta resposta e alta flexibilidade, sendo sua maior deficiência seu alcance menor. Os fogos lançados do ar são mais poderosos mas nem sempre estão disponíveis, sofrem limitação das condições meteorológicas e são de coordenação mais complexa, porém dispõem do alcance muito superior dos vetores aéreos. Os fogos de origem naval são limitados a áreas próximas ao litoral, normalmente atuam em proveito de operações anfíbias e não tem a precisão dos fogos terrestres. Suas plataformas também são mais facilmente identificáveis. Fogos de longo alcance como aqueles implementados por mísseis de cruzeiro e balísticos podem adentrar em muito o meio terrestre, mesmo lançados do ambiente naval.

Os meios de apoio de fogo são na força terrestre os morteiros das armas-base geralmente de 60 e 81 mm, nada impedindo que elas usem modelos mais pesados. O comandante de infantaria e cavalaria dispões destes meios como artilharia orgânica e disponível em todos os momentos. A artilharia de campanha usa os morteiros de 120 mm em suas unidades de maior mobilidade estratégica como as forças aerotransportadas e de selva, e obuseiros de 105 e 155 mm, sejam rebocados ou autopropulsados, como unidades padrão. Forças russas e chinesas possuem modelos similares. Estes sistemas são um conjunto de pessoas, meios e processos que atuam de forma integrada através de subsistemas de busca de alvos, C2, logística e baterias de tiro.  Da mesma forma as unidades de lançadores múltiplos (MLRS) atuam em proveito dos escalões mais elevados, e constituem, por si só, valioso meio de projeção no campo de batalha e alvo dos sistemas de proteção inimigos.

Outros sistemas de fogo da força terrestre são as unidades de artilharia antiaérea com unidades dotadas de mísseis e canhões endereçados por computador, e as aeronaves da aviação do exército.  Cabe àquela a proteção contra a ameaça aérea em complemento aos interceptadores da defesa aérea, seja contra bombardeiros ou mísseis inimigos, sendo que suas armas automáticas também podem ser usadas, secundariamente contra alvos de superfície. Além destas, armas de tiro direto como carros de combate e mísseis de infantaria compõem a dotação de bocas de fogo desta força.

A força aérea dispõem de aeronaves de bombardeio que são imbatíveis em alcance e poder de fogo, e podem operar em proveito da manobra terrestre e naval. E por último as forças navais podem usar seu também considerável poder antinaval de mísseis e torpedos, e canhões para apoio de fogo terrestre próximo ao litoral, como nas manobras de desembarque anfíbio. O apoio de fogo aéreo é especialmente aplicado por sua elevada flexibilidade de emprego, capacidade de ataque a alvos localizados em profundidade e grande poder de fogo. Por essa razão, quando disponível, é considerado um meio nobre, devendo ser planejado com antecedência e critério. Mísseis balísticos e de cruzeiro podem equipar todas as forças e são um formidável meio de bombardeio.



Planejamento e Coordenação

Os sistemas de fogos devem estar coordenados por um comando único, podendo atuar em proveito de suas unidades orgânicas, serem prontamente empregados em proveitos do escalão superior quando este os solicitar, e após retornarem ao seu comando usual. Este sistema é uma reserva fácil, segura e de rápida aplicação que possibilita ao escalão superior intervir rapidamente no combate. Deve ser empregado com oportunidade e de forma contínua, atuando prontamente sempre onde se mostrar necessário, o que demanda a capacidade de atirar imediatamente e concluir a missão de tiro em tempo mínimo, de forma a estar sempre disponível para a próxima. A superioridade de fogos deve ser buscada, sendo que uma das primeiras missões em campanha é procurar e neutralizar os pontos mais fracos dos sistemas de fogos do inimigo, pondo-os inoperantes.

O sistemas de apoio de fogo deverão estar em condições de atirar desde o primeiro momento, antes mesmo do contato, com fogos de profundidade, bem como manter a pressão sobre o inimigo, frustrando a operação de seus sistemas. A aviação e a os MLRS são os meios mais adequados ao início do assédio às fileiras inimigas antes do contato, sendo que todos podem fazê-los, de forma que as forças em avanço encontrem uma resistência debilitada. Os fogos mais eficazes se dá quando as unidades inimigas estão concentradas, ou seja antes do início do combate.

Os fogos são planejados a partir do levantamento de necessidades, considerando aquisição, análise e seleção de alvos, emissão de pedidos de apoio e autorizados seguindo uma ordem de prioridade/disponibilidade, sempre partindo do escalão de emprego e consolidados nos escalões superiores. Devem levar em conta fogos diretos, morteiros, artilharia de campanha, artilharia antiaérea e de costa, aéreo e naval, assim como os meios de guerra cibernética e eletrônica. A priorização dos fogos parte do escalão que o necessita, e se este não puder efetivá-los, a solicitação segue para o escalão superior. Todos os escalões manterão planilhas, de preferência integradas eletronicamente, de suas necessidades e prioridade de fogos.



O planejamento deverá prever a possibilidade de concentrar fogos de mais de uma unidade sobre um mesmo alvo numa mesma missão de tiro ou desencadear fogos simultâneos sobre mais de um alvo por uma mesma unidade. Para tanto este planejamento deverá ser simultâneo, com todos os escalões o executando ao mesmo tempo, concorrente com os fogos não possíveis repassados ao escalão superior, coordenado e unificado entre os diversos escalões, contínuo com a adição de novos alvos constantemente e alteração da situação tática, levando em consideração o tempo disponível e os meios em disponibilidade, além de outras variáveis. Os alvos elencáveis obedecerão a diretrizes previamente definidas. Serviços de informações listarão os alvos possíveis que virão a compor o planejamento inicial de grande escalão, cada um com indicação de importância, mobilidade e situação tática.

Iniciada a missão, os comandantes deverão manter reuniões freqüentes com vistas a corrigirem seus rumos e atualizar suas prioridades de fogo. 

A coordenação do apoio de fogo é o ato ou efeito de dispor o planejamento e a execução do fogo de tal sorte que os alvos sejam atacados, com oportunidade, pelos meios ou armas disponíveis, mais apropriados e eficazes, realizando a integração dos fogos com a manobra. O apoio de fogo solicitado deve ser executado pelo menor escalão que disponha dos meios necessários, com a rapidez e segurança necessárias.

Os planos terão demarcações que viabilizam o controle de fogos com zonas de responsabilidade e seus limites, linha de alcance mínimo para dos diversos sistemas de fogos (LSAA), áreas de fogos livres, restritos e proibidos, entre outras. Os fogos devem ainda seguir uma matriz de sincronização para evitar que sejam lançados onde estão as tropas amigas em determinado momento, e surtirem seus efeitos no momento desejado.

O sistema de apoio de fogo é composto primeiramente pelo sub-sistema de inteligência e busca de alvos, que envolve detecção, identificação e localização de alvos. Os resultados deste trabalho resultam em um mapeamento do campo de batalha, dando ao comando um mapa bidimensional que permite-lhe usá-lo tanto para orientar a manobra como para aplicação do poder de fogo pelos meios cinéticos e não cinéticos (guerra eletrônica). Aqueles alvos selecionados para aplicação do poder de fogo deverão apresentar detalhes que permitam batê-los com precisão e oportunidade. Quanto mais próximo do combate, mais sumária será esta análise, priorizando-se a produção de resultados em tempo real.


Os meios consistirão de radares de campo e localizadores sonoros, reconhecimento aéreo, observadores avançados, imagens de satélites, tropas de todos os tipos, etc... Depois de obtido o alvo, torna-se necessária a sua identificação e a confirmação de sua existência para, então, selecionar o meio apropriado de batê-lo. O resultado desse trabalho será o conhecimento da natureza, composição, localização e dimensões do alvo a ser engajado. Alvos móveis requerem atenção especial pela sua fugacidade e dificuldade de adquirir.

Após a designação de um alvo virá e sua análise que consiste na avaliação da importância militar, determinação da oportunidade de ataque, seleção do meio, e definição do método para a aplicação dos fogos. A importância é definida pela influência dele com a missão, que pode variar com a mudança da situação tática. A oportunidade leva em consideração a mobilidade, a recuperabilidade e a limitação do alvo. Nem sempre se ataca primeiro um alvo de maior prioridade e nem sempre é melhor atacar um alvo logo após a sua localização. O meio usado será o de menor escalão capaz de produzir o efeito desejado, sendo indicado, em ordem de prioridade, o morteiro, a artilharia, o fogo naval e o fogo aéreo. São observadas as características do alvo, o efeito desejado, as influências do terreno e das condições meteorológicas, além das características, possibilidades e limitações dos meios disponíveis. A precisão do sistema também influencia, o emprego do fogo naval e os MLRSs, por exemplo, quando empregados em áreas próximas às tropas amigas, que são menos indicados em razão de sua precisão menos apurada, dispersão ou necessidade de ajustagem. Alvos de fogo aéreo próximos às linhas amigas devem estar sinalizados, bombardeiros devem conhecer a localização das tropas, sempre orientados por um FAC. O método de aplicação procuram maximizar sua eficácia, batendo alvos com densidade e intensidade adequadas, valorizando a surpresa e prevendo as medidas de proteção.

Os fogos de contrabateria são uma das mais importantes missões da artilharia de campanha e da aviação tática para a proteção da tropa. Devem ser executados com prioridade, oportunidade e eficiência, pois representam uma decisiva ação de proteção aos meios que apoiam à manobra. A expressão contrabateria se refere aos procedimentos necessários para localizar, identificar e atacar posições de artilharia de todos os tipos que ofereçam ameaça. Os modernos sistemas constituem um desafio para a atividade de contrabateria, em virtude de que sua capacidade de entrar em posição, realizar o fogo e sair da área em tempo mínimo, tornando-os praticamente imunes à as estes fogos. Estes fogos dependem de radares que localizam a origem dos disparos através da análise da trajetória dos projéteis. Também podem ser desencadeados a pedido dos observadores, que poder estar em aeronaves, mas esta possibilidade é mais remota visto que depende destes saberem onde as baterias estão, geralmente além de seu campo de observação.



Cabe ao comandante que ordenou o fogo providenciar para que os resultados sejam avaliados a fim de verificar se os efeitos alcançaram o objetivo, ou se será necessário repetir o fogo. É uma atividade difícil e seus resultados têm uma exatidão variável, devendo-se empregar todos os meios que foram usados na busca de alvos. Os resultados obtidos nesta avaliação são função do tipo de meios de informação; da experiência do pessoal; da distância; do grau de conhecimento sobre o objetivo; da visibilidade; da capacidade de detecção do inimigo; e do prazo de tempo imposto disponível.

A aplicação de fogos é a mais clássica forma de um comandante intervir no combate. A moderna doutrina preconiza as operações como uma seqüência de ações de cunho ofensivo e initerruptas, onde a manobra em ações simultâneas em toda a profundidade do espaço de batalha deve ser empregada, com atividade diuturna sob quaisquer condições meteorológicas, sempre buscando a iniciativa e a surpresa. A artilharia de campanha atuará neste contexto de forma contínua, devendo ter a mobilidade das forças apoiadas para que seus fogos estejam sempre onde o comando os desejar. Os fogos visam anular ou diminuir a capacidade de combate do inimigo; facilitar o movimento amigo; diminuir, impedir ou dificultar os fogos do inimigo; e impedir ou dificultar a atuação de suas reservas.

O fogo aéreo deve complementar o terrestre, atuando tanto no combate aproximado em proveito da tropa como em fogos mais longos a retaguarda das frentes inimigas, As principais missões destes são determinadas pelo seu grande alcance, sua variedade de armas, sua precisão e velocidade de resposta, efetuando fogos contra objetivos em movimento ou não, determinados com precisão; distantes ou que não podem ser observados; com forte proteção e a instalações industriais e logísticas. Helicópteros armados são um sistema móvel e flexível que podem ser empregados para apoio das unidades no combate aproximado, como contra objetivos situados em profundidade, fundamentalmente no apoio às ações aeromóveis e de desembarque aéreo, assim como contra objetivos em movimento, principalmente meios blindados ou mecanizados.

O fogo naval pode ser usado nas operações próximas à costa, que contribui de forma semelhante ao apoio dos meios terrestres, devendo ser integrado com o restante do apoio de fogo disponível. Pode bater alvos de dimensões reduzidas e com forte proteção.


domingo, 22 de abril de 2018

Explosões, Efeitos das *145




Explosões no cinema são incríveis: elas fazem carros atravessarem abismos antes intransponíveis, e servem como um ótimo plano de fundo para o herói andar em direção à câmera. Na vida real, explosões de qualquer tamanho apreciável são terrivelmente fatais. Isto é o que realmente acontece quando você fica muito perto de uma explosão.

Explosivos fortes, como bombas caseiras e morteiros de artilharia, operam em uma escala de energia muito diferente do que balas de revólver ou fogos de artifício. Estes apenas estouram formando uma onda subsônica. Mas explosivos fortes causam uma detonação: isto é, a energia irradia a partir do local da explosão, viajando acima da velocidade do som. Quando você vê heróis do cinema saindo de um lugar que virou uma bola de fogo, aquilo é uma reação muito menos energética do que detonações – e, visualmente, impressionam mais.

Quando um bomba detona, a energia liberada irradia em todas as direções ao mesmo tempo, em velocidades entre 3 km/s e 9 km/s. À medida que esta esfera de energia se expande, ela comprime e acelera as moléculas de ar ao redor em uma onda de choque supersônica. Esta pressão extra só existe por alguns milissegundos, mas é a principal causa de lesões e danos materiais causados por explosivos. Quanto mais perto você estiver da fonte da explosão, mais grave é a pressão.

A força inicial da onda de explosão é imediatamente seguida por ondas de choque de alta velocidade, que dão mais energia a tudo o que atravessam – seja um muro de concreto ou seus órgãos vitais. À medida que uma onda de choque passa por uma área, ela literalmente não deixa nada para trás: essa parede de ar supersônico deixa um vácuo quase perfeito. Então, um segundo depois que seu corpo é severamente comprimido, ele é submetido a uma força oposta de despressurização igualmente massiva.

Infelizmente, a explosão ainda não acabou. O ar imediatamente entra para preencher o vazio atmosférico deixado pela onda de choque, puxando detritos e objetos de volta para a fonte da explosão. Esta rajada de vento é forte o suficiente para lançar um corpo humano a vários metros de distância. Quem for atingido em pé pelo vento da explosão fica mais vulnerável a ser levado pelo vento. Mas não é o vento em si que machuca: é o trauma físico que você sofre ao cair de cara no chão à velocidade de um carro na rodovia. É por isso que se esconder atrás de um objeto grande e pesado, para tentar se proteger contra a onda de choque, só funciona nos filmes.

Este golpe danifica seus órgãos, especialmente os órgãos cheios de ar – como os pulmões, ouvidos e estômago – assim como as articulações e ligamentos, onde os tecidos de densidades diferentes se encontram. Isto muitas vezes leva a hemorragia, e pode mesmo resultar em ruptura de órgãos. Os pulmões ficam especialmente em risco de hemorragia e edema (inchaço causado por acúmulo de líquido).

O cérebro não se sai muito melhor. Médicos militares que estudam os efeitos de barotrauma nas Forças Armadas dos EUA comparam os efeitos de uma explosão no corpo humano ao ato de apertar um tubo de pasta de dente: o sangue e os fluidos corporais são forçados em direção ao seu cérebro e crânio, resultando em edema.

Há também, evidentemente, uma grande quantidade de perigo indiretamente associado à força da explosão. Você poderia ser atingido por projéteis: um risco mortal, sejam eles detritos de explosão ou fragmentos de uma granada. Você poderia se queimar até ficar tostado pela bola de fogo que acompanha certos tipos de explosivos. Ou você poderia ser esmagado por um edifício em desmoronamento.

Mas, supondo que a explosão dê o mais certo possível, o corpo humano é bastante resistente, capaz de suportar uma quantidade surpreendente de força sem morte instantânea. Por exemplo, uma explosão relativamente pequena, como de uma bomba caseira, pode produzir uma sobrepressão de cerca de 1 psi e ventos de cerca de 65km/h. Isso é o suficiente para quebrar vidro, mas só causaria ferimentos leves. A explosão de um carro-bomba pode gerar mais de 2 a 3 psi (e vento a uma velocidade de até 160km/h), potencialmente causando grandes danos estruturais, lesões grave, e danos o suficiente para matar algumas pessoas.

Um pico de sobrepressão de 5 psi, por exemplo de uma ogiva nuclear 1MT, garante ferimentos generalizados e muitas fatalidades. A força é suficiente para aniquilar várias cidades e derrubar tudo – exceto estruturas solidamente reforçadas – sem mencionar que ela estouraria seus tímpanos. Em uma explosão com uma sobrepressão máxima de 10 psi, com os ventos de quase 500 km/h que ela produz, nem mesmo concreto reforçado conseguiria aguentar.

E em sobrepressões acima de 20 psi, pode esquecer. Mesmo 15 psi provoca danos pulmonares graves, mas em 20 psi, as mortes são comuns. Qualquer coisa que não foi destruída pela explosão inicial será soprada pelos ventos da explosão a 800km/h. Aqui entramos no território de armas nucleares muito grandes – em testes de algumas bombas de hidrogênio, os cientistas registraram efeitos de até 100 psi.

A única coisa que pode proteger você dessas ondas de choque mortais é a distância. Elas são incrivelmente fortes de perto – e na verdade ficam ampliadas em espaços confinados -mas estas ondas se dissipam rapidamente enquanto viajam. É por isso que os carros-bomba conseguem demolir a fachada do que está estacionado em frente, mas mal chacoalham as janelas das casas a uma quadra de distância. Então, se um dia você ficar no meio de uma explosão, não ande sem preocupações como um herói. Largue o que você estiver fazendo, coloque as mãos sobre suas orelhas, e corra o mais rápido possível na direção oposta.