segunda-feira, 13 de abril de 2020

Simbologia Militar Tática *192




As cartas topográficas e os croquís (calcos) táticos são ferramentas muito usadas no planejamento, comando e controle das operações militares, e imprescindíveis para a visualização do terreno e entendimento das intenções dos comandantes (sejam eles manuais ou eletrônicos). As cartas são documentos elaborados por departamentos especializados em cartografia, e requerem tempo para sua preparação, pois são representações minuciosas do terreno, trazendo além de suas particularidades a representação gráfica do relevo, fruto de medição, um trabalho demorado e minucioso, porém fundamental como subsídio ao planejamento das operações. Os croquis são documentos temporários onde são expressos os detalhes momentâneos do terreno e são usados sobreposta as cartas contendo detalhes que podem variar constantemente, como unidades ali presentes e detalhes importantes como campos minados, a presença do inimigo ou uma parte do terreno de difícil transposição, por exemplo.

Para a representação destes detalhes emprega-se uma simbologia de fácil confecção, composta por um grande número de símbolos e convenções gráficas, que concatenados com as convenções cartográficas padrão, exprimem a realidade do terreno aos comandantes e combatentes, quer seja em meio papel ou em meios eletrônicos. O manual MD33-M-02 do Ministério da Defesa do Brasil e o APP-6(C), da NATO, entre outros, trazem esta simbologia em detalhes que exemplificaremos a seguir, transcrevendo alguns conceitos básicos, ficando a íntegra a cargos dos citados manuais.

Os símbolos são compostos por composições variáveis, partindo de convenções padrão, resultando em um número muito grande de representações capazes de retratar toda a diversidade de fatores presente em uma área de operações. São usadas cores, formas, algarismos e símbolos diversos, com frequente uso de abreviaturas familiares ao pessoal do meio militar.

As dimensões do símbolo devem procurar não exceder a área que sua característica representada ocupa no terreno. As cores usadas são o azul para unidades amigas, vermelho para inimigas, amarelo para áreas contaminadas ou características indefinidas e verde para obstáculos ou características neutras. Muitas vezes não é possível representar o símbolo em cores, então o preto é usado com a unidade sendo diferenciada como amiga ou inimiga pela forma do frame ou por linhas duplas. Cada símbolo identifica o tipo de unidade ou característica, o escalão que está inserido, sua designação, subordinação, e outras informações importantes que se façam necessárias. Veja um exemplo:


Neste exemplo temos um frame retangular que representa uma unidade amiga, com as duas linhas na parte superior representando o escalão batalhão, designado pelo algarismo “2”. As duas linhas cruzadas indicam ser uma unidade de infantaria, a forma oval indica ser detentora de couraça com a abreviatura “Mec” indicando ser uma unidade mecanizada. A unidade está subordinada a 4ª Brigada e por sua vez está subordinada a 3ª Divisão. Então temos aqui representado o 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado (2º Btl Inf Mec) subordinado a 4ªBrigada/3ª Divisão. Se o “Mec” fosse suprimido teríamos o 2º Batalhão de Infantaria Blindado (2º Btl Inf Bld). Seguem outros exemplos:

 3ª Bateria de Obuses do 27º Grupo de Artilharia de Campanha.

5º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada. A brigada está 2 escalões acima do esquadrão, e se não fosse identificada (X) a subordinação seria ao 5º Regimento de Cavalaria Mecanizado.

Batalhão Logístico não identificado.

5º Depósito de Munição de 5ª Região Militar


Os símbolos militares são compostos pelas seguintes partes: símbolo básico ou frame; identificação da força, arma, serviço, especialidade ou atividade; escalão ao qual pertence; indicativo numérico; subordinação e informações complementares. Na primeira figura temos como exemplo o frame representado pelo retângulo, a identificação da arma pelas linhas cruzadas indicando a infantaria, o escalão é representado pela 2 linhas verticais indicando tratar-se de um batalhão, a subordinação ficado lado direito indicando a brigada e a divisão e as informações complementares vem logo abaixo do frame.

Os símbolos básicos ou frames são o retângulo que servem de base para a colocação dos demais símbolos, a bandeira que é um retângulo com uma haste cuja base indica a localização, o triângulo que expressa um PO (posto de observação) e o círculo que índica uma instalação de serviço.  A NATO usa o losango para indicar unidades inimigas e o retângulo para amigas, o quadrado para unidades neutras e o frame de 4 semicírculos justapostos para unidades indefinidas. No Brasil representa-se as forças inimigas por linhas duplas.

Posto de comando do 3º Batalhão de Comunicações da 3ª Divisão de Exército.

Unidade médica inimiga não identificada (NATO).


3º Posto de observação (PO) do 56º Grupo de Artilharia de Campanha.


Unidade anfíbia de natureza (amiga, inimiga) não definida (NATO).

A identificação da força, arma, serviço, especialidade ou atividade; pelas características intrínsecas são muito diversificadas.  As mais usuais são a infantaria representada por duas linhas diagonais cruzadas (2 fuzis cruzados), a cavalaria representada por uma linha em diagonal (uma lança), a artilharia de campanha representada por um círculo cheio (uma granada), a engenharia representada pela letra E girada no sentido anti-horário em 90 graus, as comunicações representadas por uma linha diagonal edentada em sentido oposto a linha da cavalaria, as letras “MB” para o serviço de material bélico (manutenção), 2 linhas vertical e horizontal cruzadas para os serviços médicos (saúde), entre muitas outras.

3ª Companhia de Material Bélico do 32º Batalhão Logístico Blindado.

2º Esquadrão (força aérea) do 5º Grupo de Aviação.


12º Pelotão de Transporte da 3ª Divisão de Exército.

O escalão é representado por um símbolo aposto na parte superior do frame. Sendo um círculo preenchido para esquadra de infantaria ou equivalente, 2 círculos para grupo de combate de infantaria ou equivalente, 3 círculos para pelotão de infantaria ou equivalente, um traço vertical para companhia de infantaria ou esquadrão de cavalaria,  2 traços verticais para batalhão ou grupo de artilharia ou equivalente, 3 traços para grupamento ou regimento, um símbolo equivalente a letra “X” para brigada ou força naval, 2 símbolos “X” (XX) para divisão de exército ou esquadra naval (unidade) ou força aérea tática, 3 símbolos “X” (XXX) para corpo de exército ou esquadra naval (força armada). Um símbolo em forma de uma barra horizontal com 2 traços verticais unidos em forma de baliza de jogo de futebol cobrindo o símbolo de escalão simboliza “força-tarefa”. Quando não for possível grafar o escalão devido a incertezas, pode-se usar um numeral com a quantidade aproximada de componentes.


23ª Brigada de Artilharia Antiaérea. Subordinação não especificada.

34º Batalhão de Aviação do Exército subordinado à 2ª Divisão.


Corpo de Exército inimigo, com predominância de tropas de infantaria.

As variações são muitas e aqui colocamos apenas alguns exemplos. Nos manuais citados no início deste artigo temos as normas completas a respeito desta simbologia, que pode variar de um país para outro.




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