Denomina-se Teatro de Operações ao espaço do Teatro de Guerra onde são desenvolvidas as operações militares principais e afins, ou seja, onde a ação efetivamente acontece englobando todas as fainas de ar, mar e terra de uma mesma situação. Teatro de Guerra é a agregação de todos os ambientes que possam desenvolver operações militares ou influir diretamente em seu curso, considerando um determinado conflito. Um Teatro de Guerra pode ser constituído por um ou mais Teatros de Operações. Na Segunda Guerra Mundial tivemos o Teatro de Operações do Atlântico, do Norte da África, da Normandia e outros, todos componentes do Teatro de Guerra do maior conflito da humanidade. Fazem parte do Teatro de Operações também as áreas de apoio logístico e retaguarda afins. É o destino final das operações de deslocamento estratégico e deverá contar com terminais aéreos e portuários robustos, que comportem o deslocamento de meios, e se possível servido por ramais rodoviários e ferroviários.
Um Teatro de
Operações moderno tem em seus terminais modais suas portas de entrada. Se as
operações forem em território pátrio, se desenvolverão a partir das bases fixas
existentes; porém em território expedicionário a força-tarefa o adentrará pelos
aeródromos, portos, ferrovias e estradas de rodagem, que devem ser conquistados
e assegurados, ou simplesmente ocupados. Alguns casos, como nas ilhas Falklands/Malvinas ou na Normandia de 1944, invadidos através das praias, uma
operação difícil e delicada. Imediatamente a estas “portas de entrada” se
desdobrará uma Zona de Operações, ou se a ocupação for administrativa uma Área
de Retaguarda com o desdobramento de toda a estrutura logística que suportará
as operações, e imediatamente a frente desta, as unidades operativas formarão
seu dispositivo tático. Em teatros assimétricos, geralmente a ocupação é
administrativa, com áreas mais seguras onde se instalam as bases, e as
operações de combate se dão de forma não linear, sem frentes definidas, mas com
existência de áreas mais “quentes e perigosas” e outras mais seguras.
Uma força em
campanha terá sempre um comandante de Teatro de Operações, que será autoridade
suprema naquele ambiente, e ao qual todas as forças aliadas e agências civis, de todos os tipos
ali operando, estarão subordinadas. Este comando terá total autonomia, apenas
limitada pelas suas regras de engajamento, e caberá a ele estabelecer a
organização territorial, designar as responsabilidades administrativas e
operacionais de seus atores. Um oficial general de maior patente será designado
para este comando, podendo ser um general do exército ou um almirante, conforme
o Teatro de Operações for predominantemente terrestre ou naval.
O comandante do
Teatro de Operações será assessorado por um Estado Maior Combinado, que deve
incluir todos os tipos de especialistas. Integrantes dos 3 ramos das forças
armadas, de forças aliadas quando em operações combinadas e de agências civis
que esteja operando ali, devem constituir este Estado Maior. Um grande Comando
Logístico poderá ser constituído, dependendo do vulto da operação. Diferenças
doutrinárias, de língua e orientação política poderão ser obstáculos ao
funcionamento deste Estado Maior. Deve-se primar pela simplicidade e unidade da
cadeia de comando, e pela flexibilidade e liberdade de ação dos escalões
subordinados. As tarefas devem ser claras a cada comando, evitando-se
duplicação de esforços ou conflito de competências. Muitas vezes unidades
operando próximas podem nutrir rivalidades entre si, sejam históricas ou
momentâneas, competindo por um mesmo objetivo apenas para satisfazer egos, o
que deve ser incisivamente coibido.
A primeira tarefa
pertinente ao Teatro de Operações é sua organização territorial. Normalmente se
estabelece uma Zona de Operações e uma Área de Retaguarda. Estas Áreas devem
levar em consideração as necessidades operacionais e logísticas, os requisitos
de segurança operacional de todo o dispositivo, as áreas ocupadas pelo inimigo
e suas possibilidades de ação, as áreas onde se localizam os objetivos
estratégicos que normalmente estarão ocupadas pelo inimigo, o espaço aéreo e
sua defesa e a população local. As áreas de retaguarda serão ocupadas pelas
atividades logísticas e pelas tropas em missões de segurança de área, em
reserva ou descanso.
A Zona de
Operações é a parte do Teatro de Operações à frente do(s) limites(s) de
retaguarda das forças em Campanha, onde atuam os atores envolvidos à condução
das operações. Inclui áreas terrestres, marítimas e espaço aéreo, onde os
comandantes interferem nas operações e empregam seu poder de fogo e manobra.
Abrange o território controlado pelo inimigo, desde as linhas de contato até as
áreas onde estão os objetivos estratégicos designados. Estas zonas por sua vez
se subdividem em zonas de combate de responsabilidade de cada unidade ali
presente. Quanto menor esta área for, menores as responsabilidades de seus
comandantes.
As Áreas de
Retaguarda compreendem desde o(s) limite(s) de retaguarda da(s) força(s) na
Zona de Operações e o limite do Teatro de Operações, onde se desdobram todos os
meios e instalações que irão proporcionar o apoio logístico às forças em
operação. Nesta área ficam estacionados também os postos de comando de alto
escalão. É uma área muito sensível e deve ser fortemente defendida, pois um
colapso no suporte logístico ou na cadeia de comando condenará toda e qualquer
operação. Esta área deverá contar com vias amplas e apurada disciplina de
tráfego, a fim de evitar congestionamentos inoportunos.
As forças
presentes em um Teatro de Operações deverão apoiar-se mutuamente, seja em prol
de sua segurança ou do êxito das operações que visam conquistar os objetivos
estratégicos. A aviação de superioridade aérea garantirá a proteção do Teatro
contra a ameaça aérea do inimigo, proporcionando segurança a tropa em terra,
que por sua vez impedirá que o inimigo ataque por terra os aeródromos que
servem de base a esta aviação, por exemplo. Às estruturas de comando e controle (C2), cabe exercer a coordenação de todo o dispositivo.
A cada unidade presente no teatro caberá a responsabilidade de buscar sua logística junto ao escalão superior, salvo determinação contrária, cabendo às unidades especializadas levarem a logística às unidades sob sua responsabilidade, como por exemplo, as unidades responsáveis por instalar postos de banho. Todo o apoio logístico será planejado, integrado e controlado pelo Comando Logístico constituído, sendo que em operações em território pátrio será facilitado pela existência de instalações logísticas permanentes das forças armadas.