Com o advento do avião como instrumento bélico durante a Primeira Guerra Mundial, surgiu uma nova forma de entregar petardos potentes voltados à destruição e neutralização de objetivos em terra e no mar, antes exclusividade da arma de artilharia. Desde então uma variedade de vetores aéreos, desde tradicionais aeronaves até mísseis balísticos táticos e estratégicos, tem sido desenvolvidos.
Esses novos
vetores vem trazendo consigo os avanços tecnológicos disponibilizados ao longo
dos anos, dando tridimensionalidade à guerra e profundidade ao combate, antes
nunca alcançados. Com o crescente poder destrutivo das ogivas aéreas, alcances
cada vez mais estendidos e sofisticadas formas de guiamento e navegação, a
ameaça aérea vem potencializando sua capacidade de destruir alvos táticos e
estratégicos e de sobrepor-se aos meios de defesa aérea e antiaérea (AAé).
Em contrapartida,
tornou-se de grande importância a modernização dos sistemas de defesa AAé das
forças operativas na superfície, para que, em conjunto com os meios aéreos de
defesa aérea (caças e interceptadores), realizem uma eficaz cobertura do espaço
aéreo vulnerável à ampla exploração do poder aéreo pelo inimigo, marcada nos
conflitos atuais pelas elevadas velocidades, altitudes e diversificação de meios.
Os avanços
cientifico-tecnológicos observados no desenvolvimento das aeronaves militares,
fizeram com que os combates modernos se caracterizassem por apresentar grande
utilização desses meios para a realização de ataques de apoio aproximado (CAS), ataques a alvos navais e submarinos, bombardeios de interdição de campo
de batalha e de cunho estratégico. O vetor aéreo adquiriu grande importância,
pois se tornou decisivo para a conquista dos objetivos táticos e estratégicos
de qualquer campanha moderna. A sua surpreendente velocidade de atuação, com o
desencadeamento de ataques cada vez mais precisos, faz com que as forças de
terra e mar, que não possuam sistemas de defesa antiaérea eficazes, tenham
poucas chances de vitória. Esses fatores forçaram as forças de superfície,
terrestres e navais, a buscarem meios de contrapor esta ameaça com sistemas
SAMs e de AAAé cada vez mais capazes.
Já na Primeira Guerra Mundial, praticamente no mesmo período do surgimento do avião, a ameaça aérea passou a integrar a lista de preocupações dos militares. A Segunda Guerra Mundial marcou sua maturidade e testemunhou seu emprego maciço em todas as frentes como na campanha do pacífico, nos bombardeios aliados levados ao interior do território alemão, bem como nas outras frentes de combate. Neste conflito também tivemos a estreia dos primeiros mísseis de cruzeiro representados pelas bombas V-1 e os primeiros balísticos representados pelas V-2, ambas sobre Londres. Na Guerra da Coréia apareceram os primeiros helicópteros e aeronave a jato foram empregadas em maior número. A Guerra do Vietnam marcou o uso intensivo do helicóptero e tal qual a Segunda Guerra Mundial fez uso intensivo dos bombardeiros estratégicos. Também nesta grande guerra se deram os primeiros e únicos bombardeios nucleares até o momento, quando o Japão foi alvo de duas bombas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Nas guerras
contra o Iraque se fez uso intensivo de mísseis de cruzeiro e balísticos,
lançados de submarinos, naves de superfície e lançadores terrestres, bem como
de aeronaves de bombardeio estratégico com características "stealth"
(aeronaves de baixa detectabilidade). Neste período a tecnologia atingiu níveis
consideráveis, permitindo precisão de lançamento nunca antes alcançada,
tornando os vetores aéreos ainda mais letais e perigosos.
Devido ao perigo que representam, é muito importante que as características dos vetores aéreos presentes em um ambiente operacional sejam minuciosamente estudadas, bem como suas táticas de combate e técnicas de emprego, seu armamento, através de cuidadosas análises de inteligência para que a ameaça que representam seja devidamente prevista e enfrentada com a atenção necessária.
O espectro de
atuação de cada meio aéreo potencialmente hostil deve ser bem conhecido por
quem se propõem enfrentá-los. Cada vetor aéreo opera em uma faixa do espaço
aéreo bem definida, e as armas que vão enfrentá-lo devem ser capazes de atuam
com eficiência dentro deste envelope.
Tomamos como
exemplo a invasão do Iraque pela coalizão liderada pelos EUA ocorrida no ano de
2003, que traz ensinamentos e mostra à luz de um conflito recente, as
principais nuances concernentes à moderna guerra aeroterrestre, no que se
refere ao emprego da ameaça aérea. Esta campanha se iniciou por um forte ataque
aéreo as principais instalações de defesas antiaérea iraquianas, seus centros
de C2 e estações de rastreio e monitoramento. Após a obtenção da superioridade
aérea, a ofensiva terrestre iniciou seu avanço sem que seus meios de cobertura
aérea e de interdição aérea precisassem se preocupar com o contraponto das
defesas AAé iraquianas, já desgastadas previamente na primeira guerra do Golfo,
ocorrida em 1991 que destruiu grande parte das defesas antiaéreas e da aviação
iraquiana, o que permitiu a obtenção da superioridade aérea em tempo mínimo.
Foram empregados
diversos sistemas e meios aéreos e antiaéreos como aeronaves de baixa
detectabilidade (stealth), sistemas de defesa contra mísseis, aeronaves de EW,
aeronaves com capacidade de ataques stand-off, mísseis de cruzeiro, misseis
balísticos e UAVs.
O estudo das
aeronaves empregadas em um conflito, permite prever algumas prováveis formas de
emprego desses vetores o que deve ser sempre observado para se manter
atualizado frente a um inimigo que possa realizar ataques no futuro. A
utilização de UAVs nos conflitos mais modernos, apresenta uma nova concepção de
guerra na qual o piloto estará a quilômetros de distância do inimigo e em
segurança, aumentando a capacidade de observação e ataque de uma força sem o
ônus do risco da perda de pilotos que levam tempo para serem treinados e custam
caro, além é claro da preservação de vidas e, com um custo muito inferior por
aeronave. Este conflito também demonstrou a necessidade de constante melhoria e
aperfeiçoamento dos sistemas, principalmente os IFF, evidenciado pelos casos de
fratricídio ocorridos.
A Ameaça Aérea
A ameaça aérea está presente em todos os teatros de operações modernos, é extremamente poderosa e representa na atualidade o maior perigo que todas as forças em operação tem que enfrentar, pois podem vetorar um variado acervo de cargas táticas e estratégicas de todos os tipos, desde armas de ação pontual até aquelas com capacidade nuclear, e atacar qualquer tipo de alvo, desde submarinos e forças terrestres até alvos estratégicos e outras aeronaves.
Podemos dizer que ameaça aérea é todo vetor aeroespacial, cuja finalidade é a destruição ou neutralização objetivos militares, sejam eles terrestres, marítimos de superfície e submarinos, e outros meios aéreos. Constituem também como componentes desta ameaça, os meios de reconhecimento e inteligência, sem os quais os bombardeiros e mísseis de teatro não são capazes de identificar seus alvos. Ela pode ser materializada por aeronaves de caça e ataque, de patrulha marítima, helicópteros militares, UAVs, mísseis de cruzeiro e balísticos, satélites e outros. Estes vetores podem atuar tanto ativamente através da liberação de suas ogivas explosivas, como passivamente na busca de alvos, avaliação de danos e informações afins.
Conceito de
Suporte Aéreo
Um dos primeiros
empenhos em uma campanha é o esforço para obter a superioridade aérea
local. As unidades aerotáticas têm a dupla missão de fornecer defesa aérea
e apoio próximo às suas forças terrestres. As unidades de ataque e bombardeio
são usadas para engajar alvos além do alcance da artilharia e para reforçar
seus fogos em alvos selecionados e de oportunidade. Ações combinadas por
bombardeiros e aeronaves de ataque ao solo são sincronizadas com fogos
preparatórios de artilharia. Durante qualquer operação convencional de
manobra, seja terrestre ou naval, elementos aerotáticos e aeroestratégicos
executam missões de apoio aos elementos na superfície.
As tarefas
prioritárias destes elementos são a destruição/neutralização de meios de valor
militar relevante como posições AAé, tropas, navios de guerra e submarinos,
formações blindadas, meios de suporte logístico, lançadores de armas nucleares
e outros alvos além do alcance da artilharia.
Os ataques aéreos
são uma extensão da artilharia de campanha. Eles dão grande flexibilidade
às operações terrestres, agindo como multiplicadores de combate. São
empregados contra alvos pré-planejados para neutralizar e destruir meios
operacionais e cunho logístico dentro da área operacional
tática. Aeronaves de alto desempenho são usadas para fornecer bombardeios
de interdição aprofundando o combate, enquanto que no apoio aéreo próximo ao
longo da linha de contato, onde a artilharia pode ser empregada e além desta,
são usadas aeronaves mais lentas. Helicópteros armados são a principal
ameaça aérea ao longo destas linhas junto às próprias tropas.
O reconhecimento aerotático é uma das formas mais usadas de coleta de informações sobre o inimigo. Ele emprega dispositivos de coleta de inteligência aéreos que vão desde os olhos da tripulação até os dispositivos sensoriais mais avançados. São usadas na atualidade aeronaves de reconhecimento equipadas com sensores capazes de monitorar as operações à luz do dia ou à noite, sob quaisquer condições meteorológicas.
- Operações Aéreas de Logística
Operações de transporte aerotático são críticas nas operações. Elas incluem operações logísticas como o transporte de suprimento, lançamentos aéreos e desembarques de assalto.
Possibilidades da Ameaça Aérea
A ameaça aérea dos tempos atuais caracteriza-se pela capacidade de empreender um leque muito grande de missões, utilizando-se de uma diversidade de meios que a possibilita, cada vez mais, a furtar-se aos meios de detecção das defesas em solo, dificultar ou impossibilitar seu correto funcionamento e até mesmo destruí-las utilizando-se de sua própria emissão de radiofrequência. Através da aviação pode-se atacar diversos alvos de forma simultânea, empregando um número variável de aeronaves e outros meios como satélites e mísseis; surpreendendo os alvos que terão um tempo de resposta extremamente curto. O prévio conhecimento dos alvos possibilitado pelas aeronaves de coleta de inteligência, permite planejar o ataque utilizando-se de táticas aprimoradas como a aproximação de múltiplas direções e a baixa altura, potencializados pelo emprego de técnicas de EW e maximizando a surpresa.
Amplamente utilizada nos conflitos atuais, as ações de ESM (EW ativa) visam interferir no correto funcionamento dos radares das defesas AAé através de interferidores potentes como equipamentos de dotação, e mísseis antirradiação, que são guiados pela emissão de radiofrequência do radar de defesa até atingi-lo; realizando assim, missões de SEAD. A moderna ameaça aérea possui recursos para contrapor-se a detecção pelos radares e procurar furtar-se a eles, como Chaffs e RWR. O uso de aviônicos avançados permite que as aeronaves, que possuem equipamentos sofisticados de navegação e ataque, realizem missões em quaisquer situações meteorológicas e condições de visibilidade, incluindo missões noturnas
Tecnologias mais recentes como a tecnologia “Stealth” acrescentaram significativas capacidades de dissimulação às aeronaves. Esta tecnologia reduz significativamente a seção reta radar das aeronaves, dificultando, e muitas vezes, impedindo a detecção da mesma pelos sensores de busca das defesas AAé. A evolução dos sensores como o radar e LASER de alto desempenho, e dos já existentes sensores passivos como LWR, RWR e FLIR, devem ser acompanhadas e suas contramedidas estudadas.
Faixas Operacionais
O espaço aéreo acima do teatro de operações apresenta característica operacionais diversificadas, e é compartimentado de acordo com a sua altitude. Aeronaves de voo baixo como helicópteros não são capazes de operar em altitudes mais elevadas, assim como aeronaves de alta velocidade tem seu desempenho otimizado pelas grandes altitudes. Quanto mais alto mais difícil de atingir, porém mais fácil de detectar. Elevações beneficiam voos mais próximos ao solo, mascarando a presença de quem se descola por entre elas, porém permitem que forças em terra adquiram seus alvos com maior precisão. Cada perfil de missão definirá qual aeronave empregar e sua altitude de operação. Operações exoatmosféricas também devem ser consideradas, pois é nesta faixa que se posicionam satélites e deslocam-se mísseis balísticos de grande alcance.
- Altitudes Orbitais
A faixa mais alta
do espaço aéreo é aquela geralmente utilizada pelos satélites que orbitam o
planeta e cumprem várias aplicações militares importantes. Situa-se na altitude
de 1.000 km ou mais, região onde a atmosfera praticamente inexiste e aqueles
que lá orbitam sustentam-se por força centrífuga (orbital), não necessitando de
asas ou configurações aerodinâmicas, descrevendo velocidades muito altas
(27.000 km/h por exemplo para a estação espacial internacional), diminuindo a
medida que a altitude aumenta. Esta região já é considerada trans-atmosférica
ou espacial, e na atualidade estão sendo feitas pesquisas para a viabilização
de veículos, principalmente transportes, que operem neste ambiente que permite
um deslocamento muito rápido a qualquer parte do planeta em cerca de 2 horas de
voo. Além dos satélites operam nesta faixa os mísseis balísticos, já na forma
de suas ogivas tendo descartados os tanques de combustível de impulsão desde a
superfície.
A interceptação nesta faixa do espaço aéreo é muito difícil, devido a grande altitude e velocidades desenvolvidas, e requer sistemas de armas na forma de mísseis hipersônicos de altíssimo nível tecnológico para ter alguma chance de sucesso. Como exemplo deste tipo de arma temos o míssil Thaad norte-americano que desenvolve velocidades de 10.000 km/h em seu impulso inicial, e de 24.000 km/h a 36.000 km/h em ambiente exoatmosférico, e alcança até cerca de 250 km de altitude e destina-se a interceptação de mísseis balísticos por impacto cinético, sem o uso de explosivos, em altitudes relativamente baixas, sendo insuficiente para a interceptação de satélites.
Os satélites orbitam em faixas variadas, sendo os modelos destinados a comunicações aqueles que estão no limite superior das órbitas artificiais terrestres. Descrevem suas trajetórias a cerca de 36.000 km de altitude na chamada órbita geoestacionária, pois para um observador terrestre ele está parado no espaço. Sua órbita acompanha o movimento de rotação da terra, e permite as antenas na superfície estarem constantemente apontadas para ele, sem necessidade de movimentar-se. Destinam-se a retransmissão de telefonia, sinais de TV e todo o tipo de comunicação a grandes distâncias. São largamente difundidos para uso civil e militar.
Os satélites meteorológicos orbitam ou em órbita geoestacionária tal qual os de comunicações, ou em órbita polar, em altitudes muito mais baixas. Dados meteorológicos podem ser obtidos atualmente pelo simples acesso a internet, porém para informações de grande precisão ainda se fazem necessário aos militares o acesso a estes satélites, principalmente para o planejamento de operações aéreas.
Os satélites de sensoreamento são aqueles que representam a maior ameaça em tempos de conflito, pois são eles que realizam a coleta de informações sobre o inimigo através da fotografia, monitoramento de sinais de comunicação, mapeamento de terreno, detecção de radiação e outros. Utilizam-se de sensores óticos, infravermelhos, radares de diversos tipos e outros. Poucos países os possuem, porém existem modelos comerciais que vendem seus dados a quem os desejar. O Brasil possui em parceria com a China o programa CBERS.
Os satélites de navegação giram em órbita média, como os do sistema GPS a cerca de 20.000 km de altitude, e permitem orientação a navegação de todos os tipos de veículos, para uso civil e militar. Este sistema permite grande precisão na navegação, permitindo que vetores aeroespaciais desloquem-se a grandes distâncias com altíssimo grau de precisão, mesmo sob mau tempo.
- Grande Altura
A faixa que vai desde os 15 km até os limites da atmosfera denomina-se de grande altura. Nesta faixa podem atuam aeronaves como os modelos U-2 e SR-71 norte americanos hoje suplantadas pelos satélites de sensoreamento, por exemplo, e mísseis balísticos de curto e médio alcance, muito difíceis de interceptar e que podem carregar ogivas nucleares, químicas e biológicas, além das convencionais. Pode ser utilizada para bombardeio, mas é no reconhecimento estratégico que tem sua grande utilização. Existem projetos para veículos não tripulados para atuação nesta faixa do espaço aéreo.
- Média Altura
A faixa que vai desde 3 até 15 km denomina-se de média altura e é largamente utilizada pela maioria das aeronaves de asa fixa, salvo aquelas que voam baixo para se utilizar da proteção do terreno. Nesta faixa atuam as aeronaves de alerta antecipado (AEW) dotadas de potentes radares, que além de proverem alerta antecipado, atuam como centros de comando e controle (C2) e EW, vetorando aeronaves de ataque e interceptação e controlando o tráfego aéreo. Atuam ainda no acionamento de baterias antiaéreas informando a presença de aeronaves hostis.
Tal qual as aeronaves AEW, atuam nesta faixa as aeronaves de alarme terrestre com radares de varredura lateral para busca de superfície, aeronaves de superioridade aérea, de bombardeio estratégico e interdição do campo de batalha. Para atuar nestas altitudes as aeronaves de ataque e bombardeio devem possuir sistemas de pontaria precisos e/ou armas de precisão, bem como um nível de segurança proporcionado por escoltas e meios orgânicos que proporcionem riscos mínimos, pois são altamente visíveis aos sistemas de alerta do inimigo. Aeronaves de transporte se utilizam desta faixa desde os 3 aos 10 km, dependendo dos modelos empregados, e podem infiltrar forças especiais em salto livre a grandes altitudes com suporte de respiração por aparelhos, normalmente a noite.
- Baixa Altura
A faixa de baixa altura vai do solo até cerca de 3 km, e é onde se concentra a maior parte da ameaça aérea. Nesta faixa atuam os helicópteros em geral, as aeronaves de apoio aéreo aproximado, e os bombardeiros estratégicos que buscam a proteção do terreno em penetração a baixa altura com radares de seguimento do terreno. As missões de supressão de defesas antiaéreas também são realizadas nesta faixa, bem como o reconhecimento armado.
Helicópteros, tanto da aviação do exército como das outras forças são grandes usuários desta faixa. Saltos operacionais de forças aeroterrestres e de suprimento pelo ar são aqui realizados, muitas vezes por aeronaves lentas de silhueta ampla, muito vulneráveis. Aeronaves de guerra eletrônica realizam suas missões também neste espaço, especialmente contra sistemas AAé através de interferência eletrônica em radares e de comunicações. Veículos não tripulados (UAVs) estão cada vez mais presentes nos campos de batalha modernos e sua maioria atua a baixa altura. Eles transportam mísseis ar-terra e antitanque, coletam informações para artilharia e para o reconhecimento tático. São baratos, acessíveis, difíceis de ver e podem desempenhar múltiplas missões.
Outro vetor cada vez mais presente nos teatros de operações modernos são os mísseis de cruzeiro que voam rente ao terreno, tal qual uma aeronave de penetração, utilizando-se de sistemas de navegação de seguimento de terreno, inercial e GPS, e endereçado a alvos de coordenadas conhecidas, podendo ser disparados de qualquer tipo de plataforma. Podem ser abatidos por armas antiaéreas de tubo, porém são pequenos e difíceis de detectar. Sua taxa de sucesso na atualidade é de 85%. Como exemplo destes sistemas temos o Tomahawk norte-americano, e em desenvolvimento final no Brasil o AV/MT-300 para 300 km, ou mais.
Aeronaves mais
comuns nos Teatros de Operações
As forças de ataque e bombardeio têm sido particularmente eficazes na integração de aeronaves com tecnologias de gerações mais antigas e mais recentes. Sejam caças-bombardeiros com dupla função ar-ar e ar-terra como os F-35, MiG-23 e F-16 e seus derivados com função exclusiva ar-terra como o MiG-27 e Mirage V; ou aeronaves especificamente desenvolvidas como o A-10 Thunderbolt II e Su-25 Frogfoot. Para complementar esta ameaça, aeronaves de ataque de penetração profunda como o Su-24 Fencer, F-111, Panavia Tornado IDS, B-1B Lancer entre outros, podem ser capazes de sobrevoar ou desbordar defesas antiaéreas ??enquanto empreendem penetrações na retaguarda do inimigo.
As forças aéreas podem e irão empregar uma ampla gama de aeronaves. Elas operam na área avançada e podem ser divididas em 6 categorias: bombardeiros estratégicos, aeronaves multifunção, aeronaves de ataque a superfície, aeronaves de reconhecimento, helicópteros e UAVs.
Aos bombardeiros
estratégicos como o Tu-160, B2, B-52 e B-1B cabe efetuar missões a muito longa
distância visando alvos de alto valor, embora os EUA já tenha empregado seus
B-52 em missões CAS desde grande altitude, devido a precisão de seu bombardeio.
São os transportadores das bombas nucleares, embora aeronaves de
caça-bombardeio também o façam. As aeronaves de ataque a superfície, também
conhecidos como caça-bombardeiros como o Su-24 Fencer e Sepecat Jaguar, são
empregadas nas missões de interdição prioritariamente, complementando o
trabalho dos bombardeiros estratégicos mas também fazendo bombardeios táticos
contra comboios e depósitos de munição e combustível, missões CAS, entre
outras. Os caças multifunção como o F-16 e Saab Gripen atuam em missões
similares a estes últimos citados, porém com capacidade para o combate aéreo,
podendo desempenhar primariamente esta missão de superioridade aérea.
As aeronaves de
reconhecimento atuam na busca de inteligência (busca de alvos e informações de
combate) e são importantíssimas para a missão das aeronaves de ataque. São
equipadas com sensores fotográficos e eletrônicos variados. Estes
equipamentos são capazes de coletar informações de dia ou à noite, sob
quaisquer condições meteorológicas. Podem operar sozinhas, mas
provavelmente operarão em conjunto com aeronaves de ataque ao solo detectando
alvos de oportunidade para as aeronaves armadas. Versões de reconhecimento
de aeronaves de caça-bombardeio podem realizam missões de penetração profunda
acompanhando seus caças similares e também fornecem cobertura de reconhecimento
mais próxima da linha de contato. As missões de reconhecimento
geralmente serão realizadas em altitudes relativamente baixas, dentro da
capacidade de engajamento dos MANPADS.
Helicópteros são
aeronaves mais lentas e de voo mais próximo ao solo, e portanto mais
vocacionadas ao apoio direto às forças de superfície, seja com fogo ou
transporte de tropas e suprimentos, entre outras. Forças de ataque e bombardeio
das forças de terra, têm alguns dos helicópteros mais fortemente armados do
mundo. Esses helicópteros fortemente armados como o Mi-35, AH-64 Apache e
Mi-28 Havoc, podem ser empregados na linha de contato em apoio as forças
terrestres e em ataques aéreos contra áreas de retaguarda. Os helicópteros têm
vantagens sobre as aeronaves de asa fixa que permitem que sejam desdobrados em
grande número em áreas avançadas. Eles não exigem grandes aeródromos ou
pistas caras. São muito adequados para realizar o primeiro contato “frio”
com as vanguardas inimigas. Altamente móveis, podem voar em condições
meteorológicas que restrigem aeronaves de asa fixa, podendo ainda carregar uma
grande variedade de armas, como canhões, metralhadoras, mísseis guiados
antitanque (ATGM), foguetes de voo livre e lançadores de granadas. Essas
características valiosas são compensadas pela vulnerabilidade dos helicópteros
a armas de curto alcance. O helicóptero de ataque atinge a máxima utilidade
em uma guerra de movimento quando empregado em uma ação de emboscada ou
assalto. Usando velocidade, mobilidade, surpresa e uma impressionante
variedade de armas, ele pode assediar, atrasar e destruir colunas que avançam,
mesmo as blindadas, enquanto dá suporte ao ataque ao solo com fogo de apoio.
Os drones, em seus vários tipos, desempenham de missões reconhecimento principalmente, mas também de fogo contra alvos pontuais. São de vários tamanhos e tipos, e voam em várias faixas operacionais. Estão paulatinamente conquistando seu lugar nos campos de batalha.
Acompanhando o
desenvolvimento das aeronaves com capacidades aprimoradas de ataque a
superfície, desenvolveram-se tipos aprimorados de cargas militares para apoiar
esta missão. Os atacantes tem uma série de munições adequadas para
praticamente qualquer tipo de missão ou alvo.
Talvez a
introdução de unidades eficazes de bombas de fragmentação (CBU - submunições)
tenho sido o mais importante desenvolvimento. Uma CBU consiste em muitas pequenas
bombas em um combo maior. Estes podem ser transportados em grande número
em qualquer aeronave. As CBUs são lançadas em altas velocidades e baixas
altitudes para cobrir uma ampla área.
Para melhorar os
recursos em relação a alvos pontuais, como pontes, as forças de ataque e
bombardeio desenvolveram novos mísseis ar-superfície (ASM) com sistemas de
orientação amplamente aprimorados e muito precisos.
Bombas de queda
livre guiadas também são adições ao inventário da aviação
atacante. Equipada com essas munições, uma única aeronave pode agora
destruir um alvo que apenas alguns anos atrás teria desafiado ataques de
grandes formações.
Para alvos navais
existem os mísseis antinavio, torpedos aerotransportados, sonobóias para
localização e outros artefatos, lançados desde caça-bombardeiros, bombardeiros
estratégicos, patrulheiros e helicópteros.
Além de empregar munições especializadas, as aeronaves estão equipadas com canhões para uso em alvos de oportunidade. Eles também podem empregar bombas e foguetes não guiados de vários tamanhos. Esses foguetes são carregados em uma cápsula que permite uma alta taxa de disparo.
Conclusão
Cada vez mais presente e letal, a ameaça aérea é sem dúvida nenhuma o maior perigo que uma força em combate enfrenta na atualidade, e sua ameaça deve ser prioridade no planejamento da defesa e segurança desta força. Em tempos de paz a ameaça aérea também está presente, como ficou evidente no atentado do 11 de setembro contra o Pentágono e Torres Gêmeas em Nova York, utilizando-se de voos comerciais e humilhando as defesas da nação mais poderosa do mundo, efetuando um ataque inusitado e peculiar. No Brasil a prevenção a ameaça aérea vem sendo negligenciada à anos e esforços neste sentido vem sendo implementados nos últimos tempos para corrigir importante deficiência, porém ainda em estágio de planejamento.
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