FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Arma Guiada Anticarro (ATGM/ATGW) #070



Os ATGM (Anti-tank guided missile – Míssil guiado Anticarro) ou ATGW (Anti-tank guided weapon – Arma guiada Anticarro) são sistemas de armas destinados prover a infantaria de fogo anticarro a médias e longas distâncias, onde armas não guiadas leves não teriam efetividade, e vieram para ocupar o lugar dos canhões anticarro da II Guerra Mundial. 

São concebidas em tamanhos diversos, podendo ser lançadas do ombro de um soldado como FGM-148 Javelin norte-americano com alcance de 2.500 metros a sistemas mais pesados como o AGM-114 Hellfire II com alcance de 8.000 metros, que são lançados de reparos mais pesados ou montados em veículos e aeronaves. 

Estas armas, juntamente com suas pares não guiadas, deram a infantaria a capacidade de enfrentar carros blindados a distâncias maiores. Os carros de combate principais modernos (MBTs), possuem blindagens poderosas e são imunes a estas armas, porém suas lagartas ainda se mostram vulneráveis.

A II Guerra Mundial viu o nascimento desta arma de forma muito limitada, na forma do X-7 Rotkappchen alemão que podia alcançar seu alvo a cerca de 1.200 metros transportando um ogiva HEAT de 2,5 kg de HE e capaz de perfurar uma armadura de até 205 mm. Era lançado pela infantaria a partir de um trenó, guiado por fio (MCLOS) e controlado por um joystick. Pesava 9 kg e viu combate no final de 1944, em pequena escala. Sua precisão em intervalos mais longos era prejudicada pela incapacidade do operador de saber se o míssil tinha passado ou não do alvo, pelas limitações da visão humana. Girava enquanto voava e foi efetivo quanto aos número de blindados atingidos. 

Surpreendentemente não houve desenvolvimentos pelo aliados no pós guerra, sendo o primeiro míssil deste período o SS.10 francês de 1955, adotado pelos US Army. Pesava 15 kg, foi desenvolvido a partir do aprendizado com o X-7 e estabeleceu o padrão para os desenvolvimento subsequentes. Girava enquanto voava, era igualmente guiado por fios e controlado por joystick, e podia atingir seus alvos a cerca de 1.600 m. Sua ogiva de 5 kg HEAT podia perfurar armaduras de até 400 mm. Eram difíceis de operar e foram usados de forma eficaz contra os blindados egípcios pelo exército judeu.


Como o SS.10 da Nord-Aviation era um programa privado, o exército francês desenvolveu o Entac, uma arma que podia alcançar alvos a 2 km e perfurar armaduras de 650 mm, sendo menor e mais leve que seu conterrâneo. Possuia asas enflechadas, o que lhe proporcionava mais fluidez em meio a folhagem que que o SS.10 de asas de ponta cega, que se enredava nos obstáculos de voo. Foi adotado por 14 países no período de 1958 e 1974, entre eles os EUA que o utilizou como MGM-32.

Em 1951 os EUA desenvolveram o Dart de 45 kg, pesado e ineficiente foi um fracasso. Em 1958 ingleses e australianos desenvolveram o Malkara, um engenho ainda maior de 94 kg, tinha uma ogiva de 26 kg HESH desnecessária. Serviu no British Army e foi aposentado na década de 60. Em contrapartida os suecos desenvolveram o Bantam, um míssil de 8 kg, com asas dobráveis de ogiva de 2 kg HEAT. Foi um sucesso junto a infantaria, sendo adotado também pelo exército suíço.



Esta primeira geração de mísseis usavam a orientação nominada de MCLOS (Manual Command to Line of Sight – Comando manual para linha de visada). O operador deve guiar manualmente o míssil através de um controle Joystick até o mesmo atingir encontrar seu alvo, observando-o através de um conjunto ótico e visando um flare existente a retaguarda do projétil, que facilita seu acompanhamento visual. São difíceis de operar e não permitem qualquer distração sob pena de perder o míssil, sua é precisão relativa ditada pela habilidade do operador e as limitações do acompanhamento visual. 

Integram ainda esta geração de mísseis o Cobra e o Mamba Alemães, o KAM-3D japonês e o inglês Vigilant, leve e poderoso, um projeto efetivo que substituiu o Malkara no British Army, com uma ogiva HEAT de 6 kg, alcance de 1.370 m e capacidade de penetração de 576 mm de armadura.

Os russos desenvolveram o 3M6 shMet (AT-1 Snapper) MCLOS de 22 kg e ogiva HEAT de 6+ kg, alcançava 2 km e podia penetrar armaduras de 530 mm (não os 350 mm subestimados pela OTAN). O 3M11 Falanja (AT-2 Swatter-A), que foi produzido em 3 versões. Comandado por rádio MCLOS é disparado de veículos e helicópteros até o alcance de 2,2 km, pesa 25 kg e pode penetrar armaduras de 500 mm. Era complexo e de baixa confiabilidade. Foi sucedido pelo 9M17 F (Swatter B) de segunda geração com 3,5 km de alcance.


O melhor míssil dessa geração, no entanto, foi o SS.11 francês. Pesado demais para a infantaria foi feito para uso montado em veículos e helicópteros, podendo ser operado por infantes em equipes de 4. Pesava 30 kg, voava duas vezes mais rápido que o SS.10 e tinha apenas 50 cm de envergadura com asas enflechadas. Foi adotado por 35 países e chamado de M22 nos EUA.


A Nord-Aviation saiu na frente novamente e deu o passo para a geração seguinte de ATGW. Procurando superar a dificuldades de operação do sistema MCLOS, que era agravada pelo estresse de combate, foi desenvolvido um sistema onde o operador tinha apenas que manter o alvo dentro do aparelho de pontaria do lançador, alinhado em sua linha de visada. Um sensor mede a os sinais IR do míssil, calcula seu desvio em relação a visada e corrige sua trajetória, mantendo-a em direção ao alvo.


O sistema SACLOS (Semi-Automatic Command to Line of Sight – Comando Semi-automático para linha de visada) caracteriza a segunda geração dos sistemas de guiagem de mísseis. Neste sistema todas as correções de direção vertical e horizontal são calculadas automaticamente pelo processador instalado no reparo de lançamento, cabendo ao operador a bem mais simples tarefa de manter o alvo dentro do retículo de mira.

Este sistema se apresentou de 4 forma distintas: a primeira manteve a guiagem por fio (fibra ótica) que é imune a interferências eletromagnéticas mas apresenta restrições para operação em áreas restritas como florestas. pode ainda ser guiado por rádio, que livra a operação de fios que podem enroscar ou romper, mas está suscetível a interferência. 

Existe ainda a guiagem por laser onde um operador ilumina o alvo designando-o, com um feixe de laser que é buscado pela cabeça do míssil, e pode ser bloqueado por fumígenos de bloqueamento específico. Outra forma mais eficaz deste tipo de guiagem e a beam rider, onde o feixe de laser é dirigido a um receptor no míssil, que transmite as informações de correção de trajetória, sendo imune a contramedidas. A guiagem por radar também é usada em alguns modelos, onde um radar de ondas milimétricas ilumina o alvo e o míssil monta este feixe e se dirige até o alvo.

O primeiro míssil russo de 2 geração foi o 9M17P (At-2 Swatter C), que era uma versão SACLOS radar do Swatter B e podia alcançar 4 km. O 9M14 Malyutka (AT-3 Sagger) pesava 11,3 kg foi produzido em versões MCLOS e SACLOS e foi o míssil russo mais produzido de todos os tempos, causando grandes perdas aos blindados israelenses na Guerra do Yom Kippur em 1973. O 9K111 Fagot (AT-4 Spigot) alcança 2 km, pesa 12,5 kg com uma ogiva HEAT de 1,7 kg. O 9M113 Konkurs (AT-5 Spandrel) entrou em serviço em 1974, possuia uma ogiva de 2,7 kg HEAT e penetrava 680 mm de armadura. O Irã produziu uma versão chamada Tosan. O 9K114 Shturm (AT-6 Spiral) é um míssil grande de 31 kg e ogiva HEAT de 5,3 kg e penetra até 560 mm, existindo uma versão termobárica, orientação SACLOS rádio, e alcance de 5 a 7 km, feito para se usado no helicóptero Mi-24.


O primeiro ATGW desenvolvido pelo US Army foi o MGM-51 Shillelagh disparado do canhão de 152 mm do M551 Sheridan e pesava 27 kg. Possuia guiagem SACLOS e também foi usado pelo M60A2. Para a infantaria os americanos desenvolveram o M47 Dragon de 6 kg e guiagem SACLOS. O míssil definitivo para os norte-americanos foi o TOW BGM-51 um míssil de 21 kg e 3,7 km de alcance. Possui uma ogiva de 3,9 HEAT, considerada suficiente  para penetrar os blindados dos anos 80. Existem ainda o Swingfire inglês de 27 kg e 4 km de alcance; o RBS56 Bil sueco que perfura a blindagem mais fina da parte superior dos blindados, o HOT de 27 kg e o Milan de 7 kg, ambos da euromissile.

O ATGW mais importante dos EUA na atualidade é o AGM-114 Hellfire de 43 kg, feito para ser lançado dos helicópteros Apache.  Possui ogiva HEAT de 9 kg em tandem, orientação SACLOS laser e alcança 8 km, podendo calçar várias ogivas. Existem ainda outros modelos pelo mundo de desempenho semelhante.


A guiagem ACLOS (Automatic Command to Line of Sight – Comando automático para linha de visada) é considera a características de terceira geração de sistemas de guiagem de mísseis, sendo o próprio míssil encarregado de todo o procedimento pós-disparo, caracterizando os dispare e esqueça. Normalmente utilizan-se de caçeas IR e podem ser interferidos. São sistemas mais caros que os sistemas SACLOS e apresentam a vantagem do operador poder abandonar a posição após o disparo, evitando fogo de retaliação. Temos atualmente valendo-se da orientação ACLOS o FGM-148 Javelim dos EUA. O 9M123 Khrizantema russo (AT-15 Spinger) pode ser guiado pela forma SACLOS e ACLOS radar, atinge 6km, e perfura blindagens de 1200 mm ERA e possui ogiva termobárcia. Pesa 54 kg. O 9K121 Vikhr (AT-16 Acallion) é o mais novo sistema ATGW russo com 10 km de alcance, guiagem SACLOS beam rider e ogiva HEAT em tandem.
Sistemas russos (Plano Brasil)



Sistemas ATGW
  • Argentina 
    • Mathogo
    • MARA
  • Belarus
    • Shershen
  • Brasil
    • MSS-1.2
  • China
    • HJ-10
    • HJ-8
    • HJ-9
    • HJ-12
    • HJ-73
    • Tipo 98 anti-tanque de foguete
    • Tipo 78/65
  • Croácia
    • RL90 M95
  • Canadá 
    • Eryx
  • França
    • Entac
    • Eryx
    • SS.10
    • SS.11
    • MILAN
    • HOT
  • Alemanha
    • Cobra
    • Cobra 2000
    • Mamba
    • MILAN
    • HOT
    • PARS 3
  • Hungria
    • 44M húngaro
  • Índia 
    • DRDO
    • Nag
  • Irã
    • RAAD (com base na AT-3B Sagger)
    • Toophan
    • Toophan 2
    • Toophan 5
    • Saeghe 1-2
    • Towsan
    • Dehlavie
  • Israel [editar]
    • (atualizado BGM-71 TOW-2)
    • MAPATS
    • Lahat - disparadp p/ tubo do Merkava
    • Espigão
    • Nimrod
  • Itália 
    • Mosquito
  • Japão
    • Type 64 MAT
    • Type 79 Jyu-MAT
    • Type Chu-MAT
    • Type 96 MPMS
    • míssile Multi-Purpose
    • Type 01 LMAT
  • Paquistão
    • Baktar Shikan
  • Sérvia
    • Bumbar
    • ALAS (míssil)
  • África do Sul
    • ZT3 Ingwe
    • Mokopa
  • União Soviética e Rússia
    • Drakon, usado com o IT-1 tanque míssil que viu muito pouco serviço.
    • Taifun, um míssil protótipo que nunca viu a produção.
    • AT-1 Snapper (3M6 Shmel)
    • AT-2 Swatter (3M11 Falanga)
    • AT-3 Sagger (9M14 Malyutka)
    • AT-4 Spigot (9M111 Fagot)
    • AT-5 Spandrel (9M113 Konkurs)
    • AT-6 Spiral (9M114 Shturm) --lançado do ar
    • AT-7 Saxhorn (9M115 Metis)
    • AT-8 Songster (9M112 Kobra) - disparado p/ tubo doT-64 e T-72
    • AT-9 Spiral-2 (9M120 Ataka) - ar-lançado
    • AT-10 Stabber (9M117 Bastion) - disparado p/ tubo raiado do T-55
    • AT-11 Sniper (9M119M Svir / Refleks) - disparado p/ tubo do T-64, T-72 / T-80, T-84 e T-90 
    • AT-12 Swinger (9M118 Sheksna) - disparado p/ tubo do T-62
    • AT-13 Saxhorn-2 (9M131 Metis-H)
    • AT-14 Spriggan (9M133 Kornet)
    • AT-15 Springer (9M123 Khrizantema)
    • AT-16 Scallion (9A1472 Vikhr / Vikhr-M?)
  • Suécia
    • Brigão
    • BILL 1
    • BILL 2
    • MBT LEI
  • Turquia
    • Cirit (Laser Guided mísseis anti-tanque) [1]
    • Mizrak-O (Medium Faixa de mísseis anti-tanque) [2]
    • Mizrak-U (Long Range mísseis anti-tanque) [3]
  • Reino Unido
    • Malkara
    • Red Planet
    • Swingfire
    • Brimstone (lançado do ar)
    • Vickers Vigilant
  • Estados Unidos
    • M47 Dragão (já não está em serviço)
    • Javelin (em serviço)
    • SRAW (em serviço)
    • BGM-71 TOW (em serviço)
    • AGM-114 Hellfire (em serviço)



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