quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Superioridade e Supremacia Aérea *179



A primeira ação efetiva de uma campanha militar moderna é a busca da Supremacia Aérea, condição em que se tem o completo domínio de todo o espaço aéreo de interesse, com a força oponente logrando de uma capacidade operativa neste espaço extremamente limitada ou mesmo nula. Qualquer tentativa do inimigo de operar seus meios aéreos pode resultar em sua perda, de forma que este evita usá-los, preservando-os, perdendo dessa forma a capacidade de defesa aérea, ataque às forças dominantes no solo, reconhecimento aéreo e suporte logístico. A impossibilidade de operar meios aéreos em um teatro de operações, significa uma brutal perda na capacidade operacional de qualquer força, e quase que invariavelmente resulta na perda da campanha.

Quando opera na condição de supremacia aérea, forças aéreas e de superfície aliadas podem manobrar e atuar sem temer a ameaça vinda do ar, seja em cenários de crise e guerra aberta. Os elementos que atuam na manutenção da superioridade aérea são elementos-chave da capacidade de defesa e dissuasão de uma nação em tempos de paz, bem como são os garantidores da flexibilidade tática e liberdade de ação em uma campanha. A melhor maneira de evitar a guerra é demonstrar aos adversários que se tem a capacidade e a vontade de derrotá-los, e uma força aérea capaz e reconhecida detém um poder dissuasório ímpar.




Manter o controle do espaço aéreo onde opera é então a primeira ação de qualquer comandante militar, pois acima de tudo significa a segurança relativa das forças de superfície. Porém nem sempre é possível se chegar a tal condição, e uma situação mais realista é a obtenção da Superioridade Aérea, condição em que se detém o controle da maior fatia do espaço aéreo, através de uma situação de poder aéreo mais favorável que a do oponente.

Num teatro de operações moderno o espaço aéreo tende a fragmentar-se em áreas com diferentes níveis de segurança. É vital que se controle aquele espaço imediatamente acima das forças amigas, pois deste controle depende a segurança destas. A medida que nos afastamos de nossas bases aéreas em direção às bases inimigas, o espaço aéreo tende a ficar mais hostil e a balança do poder aéreo tende a pender para o lado do inimigo. Este equilíbrio, é claro, depende em muito do poderio das forças envolvidas. Neste caso, onde se controla apenas o espaço aéreo amigo a situação é dita de Paridade Aérea.

Evidentemente dependendo dos recursos que se tem a disposição, a forma mais convencional de busca da dominação do espaço aéreo é iniciar-se com o emprego de medidas de guerra eletrônica visando impedir ou minimizar os sistemas de comunicação do inimigo a fim de impedir o acionamento e vetoração dos elementos de caça e interceptação hostis até as esquadrilhas amigas, que por sua vez visam destruir a aviação inimiga ainda no solo, se possível, quando estão mais vulneráveis. As medidas de apoio eletrônico também atuam de forma a deteriorar e impedir a operação de sítios-radar e outros meios de alerta aéreo antecipado, de forma a não permitir ao inimigo a "visualização" do quadro tático do espaço aéreo e a localização dos meios aéreos amigos.

A defesa do espaço aéreo, seja na “eterna vigilância” que garante a paz ou nas operações de combate em proveito de uma campanha militar, se inicia nos serviços de informações. A inteligência militar é a primeira responsável pelas diretrizes operacionais dos esforços de defesa. Um dos pontos-chave para se determinar as capacidades necessárias de ativos de superioridade aérea é ter consciência situacional das funções operacionais do poder aéreo e das missões a serem executadas.

Uma vez que o inimigo não possa estabelecer um quadro tático efetivo da situação, e seja obrigado a lançar sua aviação de forma dispersa e desordenada e sem a efetividade necessária, os sistemas de controle aéreo podem vetorar suas próprias aeronaves de caça e interceptação para abertura de corredores aéreos às forças de ataque, que visarão a neutralização dos dispositivos de artilharia antiaérea e de estações de radar e C2 de meios aéreos (missões SEAD- Supressão de Defesas), a interdição do uso de bases aéreas e pistas de pouso e decolagem, o bombardeio de aeronaves estacionadas nestas bases e seus depósitos de combustível, assim como outros elementos que contribuam para a efetividade da defesa aérea inimiga. Estes interceptadores atuarão ainda na caça e destruição dos interceptadores inimigos em voo, procurando "limpar" o espaço aéreo destas ameaças, permitindo sua livre utilização pelas forças amigas.

Uma vez que a atividade aérea do inimigo atinja um nível de frustração desejado, deve-se estabelecer um padrão de controle de espaço através da implementação de patrulhas de combate aéreo para evitar que o inimigo retorne, proporcionando segurança às forças na superfície, e estabelecimento de escoltas às forças de ataque ao solo e bombardeio estratégico, que darão sequência aos planos de combate. Esta atividade, evidentemente, se dará com o constante apoio de elementos de controle de espaço aéreo e AEW, EW e outros meios afins. Deve-se monitorar e evitar o esforço do inimigo em reestabelecer a condição operacional com a substituição dos meios destruídos, assediando-os constantemente até que entrem em uma condição de colapso irreversível.

A história nos mostra que nenhuma guerra moderna foi ganha sem que a condição de superioridade aérea fosse estabelecida, bem como nenhuma ofensiva teve sucesso e nenhuma defesa se sustentou contra um inimigo que a detinha, sendo esta condição de suma importância, senão vital, ao sucesso de qualquer empreitada militar.



Conceitos Operacionais

O domínio do espaço aéreo pode ser abordado tanto sob uma ótica defensiva, doutrina esta mais conservadora e atualmente adequada apenas a tempos de não-guerra (paz ou crise), ou de forma mais moderna e agressiva quando se procura definir este domínio logo nas primeiras horas de um conflito.

A abordagem de Superioridade Aérea Defensiva (DAS) com as missões de Patrulha Aérea de Combate (CAP) e Interceptação a partir do alerta é o conceito operacional convencional mais comum para os operadores de defesa aérea, para alcançar e manter o controle aéreo sobre o espaço aéreo de interesse e interceptar as aeronaves hostis que estejam invadindo o espaço defendido. 

O objetivo da missão é combater a atividade aérea inimiga sobre o campo de batalha e/ou impedir ataques aéreos dentro da área de interesse. A DAS envolve uma abordagem passiva para operações de combate aéreo, e deixa o benefício da iniciativa para o inimigo, aceitando pelo menos algum grau de dano pela ação hostil. É reativo. Por outro lado, os objetivos limitados de missões DAS e o fato de que os caças interceptadores operam relativamente próximos de suas bases, tornam essas missões relativamente mais simples. No entanto, para ser capaz de interceptar intrusos imediatamente na zona avançada, as missões de defesa da área exigem muitas aeronaves posicionadas em muitas bases espalhadas. Este requisito é contrário à tendência no mundo ocidental de diminuir a quantidade de bases aéreas ativas e aeronaves de combate por razões financeiras. 

Como conseqüência, os caças de defesa aérea precisam contar com maior alcance e velocidade para interceptar aeronaves hostis a uma distância segura de seus alvos. Um vetor teoricamente adaptado para o DAS pode ser um tipo leve e de alcance relativamente curto, tendo assim um melhor desempenho de combate ar-ar. Mas, também deve ter uma fuselagem grande o suficiente para transportar um número adequado de armas ar-ar e combustível interno suficiente para uma longa resistência de combate. Além disso, é necessário um número mínimo de aeronaves para garantir as Patrulhas Aéreas de Combate (CAPs), Voos em horários específicos, em áreas previamente designadas também devem ser considerados. 

Por outro lado, o conceito de DAS é menos prático e viável devido à ampla disponibilidade de armas e mísseis de cruzeiro de longo alcance. Para evitar essas ameaças, os combatentes da defesa aérea devem envolver intrusos a longas distâncias, iguais ou maiores do que o alcance de armas isoladas, talvez a mais de 250 km de seus alvos. As exigências do caso tornam o DAS quase impossível, especialmente com um número escasso de caças operando a partir de poucas bases.

A abordagem da Superioridade Aérea Ofensiva (OEA) e com missões de varredura e escolta é a alternativa operacional mais indicada, sendo completamente diferente para o combate aéreo. Consiste em operações ofensivas dentro do território inimigo, executadas não apenas por aeronaves de ataque contra alvos terrestres, mas também por caças de superioridade aérea que buscam investigar, engajar e destruir vetores da defesa aérea inimiga. 

Assim, força-se o inimigo a assumir a defensiva em seu próprio espaço aéreo. Quando as defesas aéreas adversárias estiverem destruídas, o espaço aéreo inimigo torna-se disponível e relativamente seguro para a aviação tática. A OEA obriga o adversário a concentrar a maior parte de seus recursos, incluindo vetores dedicados à defesa aérea e caças-bombardeiro multifunção para defender pontos estratégicos, como usinas de produção de energia e infraestrutura de transporte, bem como as forças militares. Ao limitar uma quantidade substancial de recursos do inimigo para implementar suas próprias operações ofensivas, a OEA também é uma espécie de defesa ativa. Além disso, os vetores da OEA devem ser capazes de operar de forma independente de recursos de suporte, como as plataformas AEW & C2 e EW, além de não depender de nenhuma unidade de controle de solo. Assim, eles precisam de sensores avançados de bordo e sistemas defensivos. Vetores projetados para missões da OEA também cumprirão muitos dos requisitos necessários quando designados em funções de DAS. Por exemplo, uma CAP significativamente longa poderá ser mantida com carga total de combustível, enquanto missões de interceptação de curto alcance seriam realizadas com uma porcentagem de combustível reduzida. A OEA é uma moderna ferramenta de defesa contra qualquer situação que exija demonstração de força e é caracterizada pela velocidade, flexibilidade e eficácia.

O poder aéreo baseado no conceito da OEA pode atingir centros vitais com eficácia, o que potencializa outros instrumentos de combate, sendo a OEA é uma espécie de defesa ativa. Os vetores de superioridade aérea que possuem capacidades como baixa detectabilidade (características furtivas), alta manobrabilidade, velocidade superior, persistência de combate, enlace de dados tático (data-link), sistemas avançados de armas e autoproteção, garantem o acesso, a sobrevivência e a obtenção dos efeitos necessários para vencer um desempenho superior nesta missão.



Vetores de Superioridade Aérea (Caças-Interceptadores)

Aeronaves de combate existem com características das mais variadas, porém nem todas se prestam ao papel de caça e interceptação. As missões afins com a superioridade aérea requerem desempenho superior, pois o interceptador deverá ter a capacidade de enfrentar qualquer outro tipo de aeronave, e em tempo reduzido, a fim de prevenir qualquer ação de aeronaves hostis..

Para sobreviver com sucesso nesse ambiente e cumprir sua missão de proporcionar segurança efetiva a toda uma força e/ou terreno abaixo de seu espaço aéreo, além das outras aeronaves aliadas em vôo, o caça-interceptador dispõem de 7 características que o tornarão mais ou menos efetivo, dependendo da tecnologia disponível e da realidade que enfrentará. Um interceptador será tão mais efetivo quanto mais apuradas forem suas características de baixa detectabilidade (capacidade furtiva), maneabilidade (capacidade de manobra), velocidade (supersônica), persistência em combate, consciência situacional, sistemas de armas e capacidade de sobrevivência frente a ameaças.

A baixa detectabilidade (LO) é a característica que permite à aeronave não ser percebida ou só ser quando for tarde demais. O modelo mais conhecido no ocidente que possui estas características acentuadas (5ª geração) é o F-22 Raptor, e agora mais recentemente o F-35, ambos norte-americanos. Eles possuem características LOs superiores, sem comprometer o alto desempenho de vôo, desejável para o papel principal de superioridade aérea. Em comparação com o F-22, o caça russo Sukhoi-57 (PAK-FA) parece ter uma abordagem mais moderada. Devem estar presentes nestas aeronaves as seguintes características: forma geral projetada visando o desempenho de LO (ausência de cantos, saliências e angulações), sem comprometer o desempenho de vôo; alinhamento da forma da estrutura ao longo de linhas de referência limitadas (ou seja, bordas de ataque e de fuga dos estabilizadores de asa e horizontais), levando em consideração a aerodinâmica; material absorvente de radiação eletromagnética (radar); sensores e antenas integrados com a fuselagem; exaustores vetorados; capacidade de transporte interno das armas; desempenho de supercruzeiro, que reduz a assinatura IR. O controle por vetorização de empuxo permite a redução de dimensões e completa exclusão ou redução dos estabilizadores verticais e horizontais, reduzindo dessa forma a observabilidade do radar também. Outras escolhas de projeto para reduzir ainda mais o RCS podem ser implementadas, porém estas tecnologias agregam alto custo e maior peso. 

A capacidade de sustentar manobras de até 9g e alcançar ângulos extremos de ataque vem sendo priorizada no projeto de novas aeronaves, em detrimento da velocidade. Estas capacidades são importantes como contraponto aos letais AAMs contemporâneos de curto alcance com buscadores de IIR, capazes de envolver alvos fora de sua linha de visada (off-boresight), especialmente quando associados com um HMD. A alta capacidade de manobra é instintivamente relacionada ao combate tipo “dogfight”, mas tem um papel importante como uma última opção de defesa no combate BVR e para evitar AAMs de médio alcance, que possuem energia terminal necessária para envolver alvos em manobra, mesmo no final de sua trajetória, quando os caças em fuga devem ter alto desempenho para esquivar-se de seus perseguidores.

Por outro lado, afirma-se que uma alta taxa de manobrabilidade é eficaz quando se visa a sobrevivência contra sistemas SAMs de geração anterior e mísseis BVR, mas tem pouca valia contra ameaças de última geração. Além disso, afirma-se que os AAMs de curto alcance de alto desempenho integrados ao sistema HMD são mais valiosos que as capacidades aerodinâmicas. Para combinar a vantagem da velocidade e manobrabilidade no ataque, uma aeronave que implementar um rápido desvio do alvo que pode ser executado em velocidade supersônica depois de lançar um míssil, aumenta consideravelmente a distância que um eventual (muito provável) míssil adversário deverá cobrir para atingi-la. A velocidade também reduz o tempo entre as bases aéreas e as áreas de CAP e, assim, aumenta o n[úmero de surtidas possíveis. Além disso, para ser capaz de engajar-se e escoltar uma força de ataque novamente depois de se envolver e derrotar caças inimigos da defesa aérea que podem colocar em risco esta força, a alta velocidade é uma necessidade para os pilotos da superioridade aérea. 

Outro fator importante a um caça de superioridade aérea é sua persistência em combate. Esta característica pode ser descrita na prática como o número de aeronaves hostis que podem potencialmente ser engajadas em uma única surtida. Assim, existem dois parâmetros relacionados à persistência de combate. Um deles é o número e a diversidade das armas transportadas em uma configuração típica de combate aéreo. O outro é o raio de combate determinado pelo combustível disponível. As aeronaves precisam se livrar dos tanques de combustível externos assim que chegarem à área de combate esperada, já que eles causam um “Downgrade” na capacidade de manobra, velocidade e LO. O raio de combate parece ser um critério de desempenho subvalorizado, especialmente em modelos de caça europeus. As equipes de aviação européias aceitaram um conceito de DAS no qual os caças amigos só decolariam quando o adversário estivesse logo além da fronteira de ataque, enquanto a OAS nunca foi considerada. Consequentemente, os últimos três caças europeus - o EF2000, o RAFALE e o GRIPEN - possuem um raio de combate curto, apesar de serem muito bem projetados por outras medidas. A disponibilidade de aeronaves para reabastecimento aéreo potencializa sobremaneira o combustível disponível e reduz em muito o tempo de retorno ao combate, desde que existam ainda armas disponíveis.

O uso de tanques de combustível externos pode ser uma solução para o alcance, mas induz um arrasto adicional que consome até 20-25% de combustível adicional. Este arrasto afeta a velocidade máxima, teto de serviço, aceleração e manobrabilidade negativamente. Além disso, o número de estações disponíveis que transportam armas diminui ao carregar tanques externos, que poderiam ser usados por elas. Estas limitações tornam os tanques de combustível conformais (CFT) muito mais atraentes. Embora uma diminuição no desempenho de manobra tenha que ser aceita, o índice de arrasto é quase o mesmo que para a aeronave “limpa”. Assim, eles impõem uma pequena penalidade ao desempenho total da aeronave. A Lockheed Martin apresentou-os para os últimos F-16, e CFTs similares estão prontos para serem usados ??pelos Rafales, e provavelmente pelos EF-2000 e Gripen também estão sendo projetados. 



Nas operações aéreas, os vários atores que participam de uma determinada missão precisam compartilhar informações sobre a situação tática e as possíveis ameaças em tempo real. Os modernos sistemas dedicados para esse fim são conhecidos como data-link (enlace de dados) e são realmente essenciais para as missões DAS e OEA (é a versão militar do wi-fi que temos em nossa casa). Estes sistemas compõem a suíte eletrônica da maioria das aeronaves de combate modernas e essa capacidade configura-se como um recurso multiplicador de força. Potencializando a funcionalidade do data-link, os MFDs (Multifunction Displays - Monitores Multifuncionais) e HMDs (helmet-mounted display – visor montado no capacete) são usados para apresentar aos pilotos o cenário tático e a demais informações de vôo de forma mais dinâmica, e são capacidades operacionais significativas pois evitam que o piloto tenha que abaixar a cabeça ou ficar procurando a informação dentre muitos mostradores, particularmente no combate ar-ar. 

Por exemplo, um comandante de missão pode gerenciar e controlar seu pacote de força analisando o quadro geral da área de combate e alocando os ativos adequados para o engajamento em alvos específicos, enquanto voa no banco de trás de um caça. Considerando sua contribuição em um nível mais alto, o processamento e a fusão de dados de sensores recebidos via data-link de várias aeronaves em diferentes posições geográficas fornecem a capacidade de identificação positiva e engajamento de alvos em intervalos muito longos. O data-Link também é usado entre a aeronave de lançamento e seus mísseis BVR, para atualizar os dados de posição de destino durante a fase de orientação inercial do míssil. Além disso, mísseis como AIM-120 e METEOR estão sendo projetados para confirmar a aquisição de alvos com seus buscadores de radar ativos. Isso significa que data-links de mísseis bidirecionais estarão em uso em futuro previsível.

Os sistemas de armas disponíveis ainda são objeto de considerações. Se uma aeronave de interceptação realmente precisa de sistemas de armas orgânicos (canhão interno) ou não, tem sido discutido há muito tempo. No entanto, considerando alguns fatores, avalia-se que a arma interna é uma conveniência necessária. Qualquer míssil, incluindo o mais capaz, terá sempre um alcance mínimo de engajamento no qual um piloto não será capaz de lançá-lo. Além disso, não é possível usar um AAM como um tiro de aviso, embora a arma possa ser usada como um sinal de alerta. Também um AAM não pode ser usado contra alvos ar-solo, enquanto o canhão oferece essa versatilidade. No entanto, poucas aeronaves hostis tem sido abatidas por ataques de armas orgânicas em combates aéreos desde a Guerra do Vietnã, com apenas 5% dos abates ar-ar realizadas durante as Operações “Desert Tempest” e e “Iraq Freedom” foram realizados usando estas armas. 


Os HMDs compatíveis com os AAMs de curto alcance mais recentes, associados aos canhões orgânicos são considerados tão letais quanto os mísseis e podem ser mais eficazes do que eles no Combate tipo “Dogfight” (CIC Close-in Combat). Embora alguns especialistas em combate aéreo afirmem que a "era do duelo" acabou, a probabilidade de encontrar uma aeronave inimiga a curta distância não pode ser descartada. Na verdade, esse risco de encontro se tornará mais alto entre aeronaves similares com características de LO, devido à quantidade substancial de redução em sua capacidade de busca e rastreamento de sensores.

O desenvolvimento de motores de foguete de múltiplos estágios para mísseis BVR estende a faixa de engajamento e, mais importante, proporciona alta capacidade de manobra ao longo de sua trajetória, mesmo na etapa final para o alvo. Esse recurso permite que um caça execute efetivamente um engajamento de precisão de longo alcance. Mas enquanto os problemas de alcance e manobrabilidade dos AAMs estão sendo resolvidos, a identificação positiva de alvos (IFF) a longas distâncias antes do engajamento continua sendo um grande problema para os combatentes da superioridade aérea. 

O aumento contínuo, tanto do alcance efetivo, quanto da orientação precisa dos AAMs de última geração é uma ameaça crucial que precisa ser considerada ao se analisar os combates ar-ar BVR e WVR. Contramedidas atuais tomadas para evitar o “lock-on” e desviar o míssil que se aproxima, geralmente consistem em sistemas de FLARES / IR, CHAFFs e chamarizes de radar rebocados (TRD) . Além disso, um RWR de cauda foi instalado na parte traseira de alguns caças russos, como o SU-32FN e o SU-34, para cobrir o hemisfério traseiro. Embora sistemas conceitualmente similares não sejam atualmente práticos para lutadores devido a preocupações com tamanho, peso e resistência aerodinâmica, ele permanece como um requisito vital.


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Perdendo a superioridade aérea

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