domingo, 8 de setembro de 2019

A Batalha de Dien Bieh Phu - Operação Castor *178




A aldeia de Dien Bien Phu está às margens do rio Nam Yum que a corta em duas, e é capital de sua província, ficando à noroeste do Vietnam junto à fronteira, em um vale cercado de montanhas com mata fechada que erguem-se 600 m acima do rio, posição taticamente difícil de manter, sendo rota obrigatória para o Laos. A rodovia Rota Colonial 41 vai à nordeste em direção a Tuan Ciao e a trilha Pavie levava à Lai Chau 80 km ao norte, capital da etnia Tai. No ano 1920 os franceses construíram aí um campo de pouso, região de difícil sobrevoo pelo nevoeiro constante.

Em 1954 uma ousada ação militar da França na Indochina na tentativa de reverter a crescente influência do Viêt Minh, resultou no crepúsculo de seu domínio sobre esta região, e estabeleceu um novo patamar na relação entre as grandes potências. A batalha de Dien Bien Phu foi um fiasco militar e impôs uma humilhação ao país europeu, e suas aspirações de manter um império além-mar, marcando o fim da primeira Guerra do Vietnam, e abrindo o caminho para o envolvimento norte-americano.



O Viêt Minh era uma força irregular composta por camponeses nacionalistas mal treinados, porém muito determinados, fundado pelo nacionalista Ho Chi Minh em 1941 em oposição a ocupação Japonesa da Indochina e que acabou por transformar-se no braço armado do Partido Comunista da Indochina (ICP). A derrocada do Japão no fim da Segunda Guerra acabou por devolver o controle da região ao império francês, contrapondo a proclamação pelos nacionalistas em 1945, da República Democrática do Vietnam. Após o fracasso de um acordo pós-guerra entre China, Viêt Minh e França, seguiram-se 10 anos de guerra entre os nacionalistas e o país europeu. A França controlava a "Indochina francesa" desde 1887, cedendo esta tutela ao império japonês durante a segunda Guerra Mundial pela força.


A Batalha de Dien Bien Phu contrapôs 15 mil soldados franceses à 40 mil guerrilheiros do Viêt Minh e resultou na aniquilação do "Armée de terre" nesta região com um saldo de 8 mil prisioneiros, 3200 mortos e desaparecidos, e 4800 feridos. Aos prisioneiros de guerra foi imposta uma dura marcha pela selva até os campos de prisioneiros, quando metade deles pereceu depois de 500 milhas de caminhada. O Viêt Minh perdeu 23 mil homens, sendo cerca de 8 mil mortos, porém o resultado foi comemorado pela conquista da região e o fim do domínio colonial europeu no Sudeste Asiático.



Determinados a conquistar a independência depois de décadas de subjugação ao mando estrangeiro, os nacionalistas empreenderam uma guerrilha a partir de dezembro de 1946. Considerando à princípio as ações do Viêt Minh apenas como uma revolta camponesa e certo que controlaria rapidamente a situação, o governo colonial francês logo percebeu que a tarefa seria mais difícil e sangrenta que o imaginado, pois não importava quantos asiáticos eles matavam, os nacionalistas estavam determinados, e se recusavam a desistir. Ao longo da campanha, houveram 75 mil baixas entre mortos, feridos e prisioneiros no lado dos colonialistas e mais de 200 mil mortos nas fileiras do Viêt Minh.

Buscando uma solução definitiva para anos de árduos embates em um conflito cada vez mais difícil, ambos apostaram em um fim decisivo nesta batalha. O vale de Dien Bieh era uma grande bacia assolada por monções, e bem dentro do território dos nacionalistas, há pouco tempo de voo de Hanoi. As forças francesas fortaleceram lá uma posição em março de 1954 na denominada “Operação Castor”, lideradas pelo General Comandante Geral da Indochina Henri Navarre, procurando um golpe decisivo contra o Viêt Minh, de forma a cortar suas linhas de suprimento, bloqueando a fronteira com o Laos e aniquilando sua potência militar, enfraquecida pelo bloqueio. Baseado na experiência anterior em Na San, onde uma pequena força bem armada e fortificada derrotou uma força muito maior do exército nacionalista, o general francês lançou no coração do território inimigo a maior parte de suas forças. O poder de fogo superior e o treinamento e experiência dos franceses ofuscou a visão do general francês quanto a determinação do General Vo Nguyen Giap, comandante do Viêt Minh. Navarre designou o Major-General René Cogny como comandante geral da operação e o Coronel de Castries para comandar a posição, um oficial de cavalaria totalmente inexperiente e inadequado para comandar uma guerra de trincheiras, em substituição ao Brigadeiro Giles.

Em Na San os franceses ocupavam a maior parte do terreno alto com ganhos para sua artilharia, as linhas aéreas de abastecimento sempre operaram com fluência e a infantaria efetuou ataques frontais contra posições preparadas. Em Dien Bien Phu os vietnamitas sabiam onde estavam todas as baterias francesas, ao contrário destes, que sequer sabiam que o Viêt Minh tinha artilharia significativa, muito menos seu número.



Os franceses tomaram o vale por assalto aeroterrestre a partir de 20 de novembro de 1953, às 1035 horas, saltando de aeronaves C-47 em “Natasha”, 200 m à nordeste da vila, “Simone” à sudeste, e “Octaviane” do outro lado do rio, e começaram a preparar posições fortificadas, a despeito da desconfiança de muitos oficiais que sabiam da vulnerabilidade de uma posição onde seria impossível ou muito difícil sustentar o terreno alto, colocando-os potencialmente em séria desvantagem tática. O plano era ser suprido pelo ar a partir de Hanoi, acreditando na falta de capacidade antiaérea do Viêt Minh. Foram transportados 9 mil soldados em 3 dias, acompanhados de uma escavadeira para preparo da pista de pouso com chapas de aço reforçadas. Havia no local um batalhão do Viêt Minh que logo foi sobrepujado e a posição consolidada, com a área considerada segura às 1500 horas.

Dia 21 o Brigadeiro-General Jean Giles, comandante das forças aeroterrestres na indochina saltou no vale com seu EM. O Coronel Pierre Langlais, comandante do 2º Grupo de Choque Aerotransportado (GCA) saltou com o 1º Batalhão Estrangeiro Paraquedista (1º BEP), o 8º Batalhão de Assalto Paraquedista (8º BAP) no dia 21 e no dia 22 saltou o 5º Batalhão Paraquedista Vietnamita (5º BPV). Langlais quebrou o tornozelo no salto e teve que retirar-se. Cogny visitou o vale dia 22 pousando na pista preparada, e retornou dia 29, desta vez com Navarre. Nesta viagem decidiram substituir Giles por De Castries, a pedido do daquele.

Os objetivos de Navarre eram garantir a segurança do campo de pouso, e reunir-se com as tropas do Coronel Crévecoeur no Laos para apoiar a evacuação de Lai Chau. Para tanto De Castries deveria empregar metade de seu efetivo em incursões contra o Viêt Minh causando-lhes baixas, e evitando sua organização e o sítio da posição. O grande erro nestas ordens era que, se metade da guarnição se envolvesse em patrulhas de combate, não haveria efetivo suficiente para a substituição dos abrigos cavados no terreno por posições bem preparadas.



Uma fortaleza com 7 posições satélites foi desdobrada. O QG foi localizado na posição central com as posições "Huguette" a oeste, "Claudine" à sudoeste, "Dominique" a nordeste, "Anne-marie" a noroeste, "Beatrice" a nordeste cobrindo a trilha Pavie, "Gabriele" ao norte cobrindo a RC 41, e "Isabelle" 6 km ao sul cobrindo a pista de pouso nova. Um ataque de Giap à província ao norte de Lai Chau forçou a retirada dos franceses de lá em direção a Dieh Bien Phu, que praticamente os aniquilou pelo caminho. A guarnição ficou constituída por 16 mil homens, contava com artilharia, 10 blindados M24 Chafee trazidos por via aérea desmontados em 180 partes, paraquedistas regulares, legionários, infantaria colonial (africanos) e recrutada localmente na região da Indochina. Os nacionalistas contavam com 5 divisões (50 mil homens) e artilharia que superava em 4 para 1 os franceses.



Navarre acreditava que o Viêt Minh levaria semanas para concentrar suas forças, depois partiria para patrulhas de reconhecimento em cerca de 10 dias, e finalmente partiria para um ataque geral de muitos dias, que fracassaria pela incapacidade de Giap manter o abastecimento de suas forças, com a aviação francesa castigando as linhas de comunicação dos nacionalistas. O que Navarre não considerou foi o armistício na Coréia em 1953 a ajuda chinesa aumentou consideravelmente. 

O general vietnamita, conhecedor da vantagem tática que lhes foi proporcionada e vendo sua chance de esmagar os franceses em uma vitória decisiva, posicionou em posições bem camufladas uma grande quantidade de baterias de artilharia nas colinas circundantes, e uma quantidade também significativa de armas antiaéreas cobrindo os corredores de pouso e decolagem do aeroporto local. Esta disposição inviabilizou o uso da pista de pouso e impediu que aviões de reabastecimento e helicópteros se aproximassem, comprometendo o suprimento francês, que passou a ser feito por paraquedas. Navarre apostou na impenetrabilidade da selva em torno de sua posição, para que a artilharia chegasse até lá. Os combatentes do Ho Chi Minh, no entanto, eram determinados e conhecedores do terreno.



Navarre amargou descobrir que as preocupações de seus subordinados tinham fundamento, pois o grande número de peças de artilharia de origem russa e chinesa de saldos fornecidos pelos norte-americanos (M101) reunidas causaram um impacto intenso, contraposta à inoperância da artilharia francesa, posicionada em terreno baixo e sem capacidade de disparar seu fogo de contrabateria, pois não sabia onde a artilharia do Viêt Minh estava posicionada. As peças transpuseram as montanhas através de túneis escavados, e se posicionaram ao alcance das posições francesas na encosta, ocultas pela camuflagem. A artilharia francesa dispunha 2 grupos com 3 baterias de 105 mm,  uma bateria de 155 mm, e mais 3 baterias de morteiros de 120 mm.



No dia 13 de março de 1954 o Viêt Minh empreendeu sua primeira ação contra “Beatrice” a nordeste, quando 2 baterias 105 mm, morteiros (de 120 mm, 60 mm, 81/82 mm) e peças de 75 mm e 57 mm, contra o 3º Btl/13ªBda da Legião Estrangeira. Às 1830 horas um projétil atingiu o QG e matou o comandante do batalhão e seu Estado Maior, interrompendo a cadeia de comando. Sapadores do Viêt Minh abriram caminho para o assalto dos 141º e 209ºRgt/141ªBda. Esta posição era composta de 3 pontos fortes como um triângulo apontado para o norte. O 130ºBtl/209ºRgt ocupou rapidamente “Beatrice3”, e o 428ºBtl/141ºRgt conquistou “Beatrice1” de forma parcial, pois ao chegarem ao arame farpado pensaram ter conquistado o todo, com os defensores resistindo de um canto da posição. O 11ºBtl/141ºRgt teve dificuldade devido a trincheiras rasas e deterioradas pela artilharia francesa, com bunkers franceses em “Beatrice2” não detectados. Às 2230 horas “Beatrice1” foi tomada e os 11ºBtl e 16ºBtl/141ºRgt conquistaram “Beatrice2”, em seguida, embora só depois da 0100 horas este ponto forte foi totalmente dominado. 350 legionários morreram, foram feridos ou capturados, com 100 escapando para outras posições. As perdas do Viêt Minh foram de cerca de 600 mortos mais 1200 feridos. Uma trégua se seguiu na manhã seguinte para evacuação de mortos e feridos.

O Viêt Minh fez uso de fogo direto de artilharia, com as armas apontadas diretamente como se um canhão de carro de combate fosse. Artilharia de trajetória balística requer guarnições bem treinadas, boas comunicações que os nacionalistas não dispunham, e observadores avançados (OAs), que resulta em efeitos superiores. Nesta forma de emprego, cada peça pode fazer seu próprio fogo sem depender da bateria. Esta forma de emprego requer espaldões e boa camuflagem. O comandante da artilharia francesa suicidou-se em 2 dias, devido a sua incapacidade de silenciar baterias do Viêt Minh muito bem camufladas. 

O Viêt Minh rompeu a trégua depois de 5 horas. A pista de pouso ficou inoperante desde às 1600 horas do dia 13 devido a um bombardeio, relegando o reabastecimento por lançamento aeroterrestre. À noite seguiu-se um ataque a “Gabrielle” contido por um batalhão argelino de elite. Iniciou-se com concentração de artilharia com 2 regimentos da 308Div atacando a partir das 2000 horas. Feriu-se gravemente por fogo de artilharia o comandante do batalhão e parte de seu EM. De Castries determinou ao Coronel Langlais um contra-ataque a “Gabrielle”, o qual destacou o 5º BtlPara Vietnamita, uma unidade cansada que havia saltado na noite anterior, o qual sofreu pesadas baixas pela artilharia antes de alcançar a posição. Às 0800 horas do dia 15 os argelinos recuaram cedendo “Gabrielle” e amargando a perda de mil combatentes, com o Viêt Minh tendo sacrificado entre 1 a 2 mil combatentes. Calcula-se que o Viêt Minh dispensou 130.000 granadas de todos os tipos perfazendo 1.500 toneladas transportadas em bicicletas reforçadas para 250 kg, testemunho da eficiente logística de Giap.

O ponto-forte “Anne-Marie” estava guarnecido por tropas Tai, minoria étnica leal aos franceses. Por 2 semanas Giap atacou com ações psicológicas, e fragilizados pelas quedas de “Beatrice” e “Gabrielle”, a maior parte desertou na manhã do dia 17, aproveitando a neblina. Os franceses remanescentes se viram forçados a abandonar a posição. Uma pausa seguiu-se até o dia 30, quando o Viêt Minh aproveitou para apertar o cerco à posição central, isolando “Isabelle” ao sul com cerca de 1800 combatentes. A competência de De Castries, um oficial de cavalaria comandando uma guerra de trincheiras, foi posta em xeque e uma crise de comando instalou-se entre seus oficiais. Deprimido pela queda dos pontos ao norte, isolou-se em seu abrigo renunciando a autoridade. O Coronel Langlais assumiu o comando da posição com de Castries ficando de comandante de fachada, segundo alguns historiadores.



Metralhadoras antiaéreas do Viêt Minh instaladas próxima a pista de pouso provocaram pesadas perdas nos meios de abastecimento aéreo da posição, com os lançamentos passando a serem feitos a partir de 2 mil metros no 27 de março. Dia 28 um ataque às posições antiaéreas 3 km à oeste logrou sucesso total, com 350 mortos para o Viêt Minh e 17 metralhadoras neutralizadas. Os franceses perderam 20 combatentes mortos e 97 feridos. O assédio do Viêt Minh passou para “Eliane” e “Dominique” a leste do rio Nam Yum, com guarnições francesas, legionários, vietnamitas, norte-africanos e Tais. Às 19:00 do dia 30 a 312ªDiv capturou “Dominique” 1 e 2 restando “Dominique” 3 entre os nacionalistas e o QG francês. 

A artilharia francesa passou a disparar diretamente contra os Vietnamitas com seus obuseiros de 105 mm, causando grandes brechas no dispositivo dos atacantes. Outro grupo perto do aeródromo direcionou metralhadoras antiaéreas fazendo-os recuar. A 316ªDiv capturou “Eliane” 1 com tropas marroquinas e parte de “Eliane” 2. A 308ºDiv atacou “Houguette” 7, mas não conseguiu romper a posição. Na noite do dia 31 os franceses retomaram parte de “Eliane” 2, e usando todos os seus meios “Dominique” 2 e “Eliane” 1, o Viêt Minh contra-atacou seu inimigo cansado e sem reservas e fez os franceses e cederam as posições. A 316ªDiv atacou “Eliane” 2 e foi repelido com auxílio de tanques M24 Chafee. “Houguette” 7 foi dominada e em seguida retomada. As próximas noites seguiram-se combates semelhantes. Reforços chegaram por paraquedas, porém em número insuficiente e em horários irregulares devido ao risco para as aeronaves.



Em 5 de abrir bombardeios de artilharia e de suporte aéreo castigaram duramente um regimento do Viêt Minh que foi capturado. Giap, com o objetivo de capturar os pontos a leste do rio passou a adotar uma tática de entrincheiramento buscando a exaustão dos franceses. No dia 10 de abril, os franceses tentaram retomar “Eliane” 1, pois sua perda representou uma ameaça significativa para “Eliane” 4, e queriam eliminar essa ameaça. O ataque começou com uma barragem de artilharia curta e massiva, seguida por pequenos ataques de infiltração e operações de limpeza. A posição trocou de mãos várias vezes naquele dia, mas na manhã seguinte os franceses tinham o controle do ponto forte. O Viet Minh tentou retomá-lo na noite de 12 de abril, mas desistiu. Durante este combates o Viêt Minh cercou “Houguette” 1 e 6, e no dia 11 a guarnição de “Houguette” 1 contra-atacou para permitir um reabastecimento de “Houguette” 6, apoiados pela artilharia de “Claudine”. Estes ataque se repetiram de 14 a 17, diariamente obtendo alguns suprimentos, porém sofreram pesadas perdas e forçou o abandono desta posição, com apenas uns poucos conseguindo chegar. O Viêt Minh conquistou “Houguette” 1 no dia 22 e assumiu o controle de quase todo o aeródromo, inviabilizando qualquer manobra aeroterrestre e o ressuprimento. Os franceses contra-atacaram mas foram repelidos.



Os franceses interceptaram mensagens que informavam que unidades inteiras recusavam-se a atacar devido ao moral baixo, e prisioneiros disseram que se não atacassem eram mortos pelos comissários, a lá Stalin. Eles também revelaram que não dispunham de cuidados médicos e nada era pior para o moral. Giap teve de solicitar reforços ao Laos para conter eminente motim, de uma tropa cada vez mais reduzida e desanimada.

A guerra de trincheira continuou contra “Isabelle”, cercada pelo Viêt Minh. Uma tentativa de reforços foi repelida. Com suprimentos se esgotando nesta posição, os nacionalistas a atacaram em 1º de maio ultrapassando “Eliane”1, “Dominique” 3 e “Huguette” 5, com manutenção da posição pelos franceses em “Eliane” 2. Uma pesada concentração de artilharia foi usada pelos guerrilheiros, com a estreia de lançadores "Katyusha". A artilharia francesa disparou missões HNA/TOT (hora no alvo/time on target), onde granadas de diferentes baterias atingem o mesmo alvo ao mesmo tempo, causando um efeito devastador. A maior parte das baixas de um bombardeio de artilharia ocorre nos primeiros segundos. Durante esses primeiros segundos, as tropas estão desabrigadas, e depois disso, as tropas inimigas buscam cobertura e as baixas diminuem drasticamente. Essa barragem derrotou a primeira onda de assalto, mas naquela noite o Viêt Minh detonou uma mina sob “Eliane” 2, com efeitos devastadores. As minas foram muito usadas na Primeira Guerra Mundial quando cavava-se uma trincheira subterrânea por sob a posição inimiga e a detonava, ação que seria detectada se disponíveis sensores sísmicos. Eles atacaram novamente, e em poucas horas os defensores foram subjugados.



Uma ampla rede de trincheiras se estabeleceu ao redor das posições francesas, e uma a uma suas posições começavam a cair. Em 6 de maio Giap lançou sua força completa de infantaria sobre a última posição que ainda resistia. A luta foi feroz com combate corpo-a-corpo nas trincheiras e ruínas, com os franceses lutando pelas suas vidas. No dia 7 de maio o Viêt Minh alcançou a condição de vitória total, acabando com a "guerra francesa" e resultando em negociações em Genebra com a renúncia da França ao território. Combatentes do Viêt Minh, cerca de 25 mil, investiram contra os 3 mil franceses restantes nas demais posições. A última transmissão reportou o cerco ao QG e a tomada de todos os pontos fortes, e que tudo estava sendo explodido. Cerca de 70 soldados franceses conseguiram escapar para o Laos de “Isabelle”.

Foi uma significativa derrota para os franceses e a batalha decisiva da guerra da Indochina. Enfraqueceu seriamente a posição e o prestígio dos franceses, produziu repercussões psicológicas tanto nas forças armadas quanto na estrutura política da França. Isso ficou aparente com as negociações previamente planejadas sobre o futuro da Indochina, que haviam acabado de começar. Militarmente, não havia sentido para França continuar lutando, pois o Viet Minh podia repetir a estratégia e tática da campanha de Dien Bien Phu em outros lugares, às quais os franceses não tinham resposta efetiva. A opinião pública na França registrou choque por um exército guerrilheiro derrotar uma grande potência européia.



Em 8 de maio, o Viet Minh contava 11.721 prisioneiros, dos quais 4.436 feridos. Àqueles com capacidade física marcharam por mais de 600 km para campos de prisioneiros ao norte e leste, onde foram misturados com soldados do Viet Minh para desencorajar os bombardeios franceses. Centenas morreram de doenças ao longo do caminho. Os feridos receberam primeiros socorros básicos até a Cruz Vermelha chegar, que extraíu 858 prisioneiros e prestou ajuda ao restante. Os feridos que não foram evacuados pela Cruz Vermelha foram detidos. O governo vietnamita (francês) informou suas baixas na batalha como sendo 4.020 mortos, 9.118 feridos e 792 desaparecidos. Os franceses estimaram as vítimas do Viêt Minh em 8.000 mortos e 15.000 feridos.

Em Genebra, o Vietnã foi divido em 2 países no paralelo 17, o norte comunista sob o controle do Viêt Minh e o sul sob controle democrático, paz que se instalou por um curto período, quando a "chapa esquentou" novamente, com as últimas forças franceses saindo em 1956. A queda de Dien Bien Phu foi um desastre não apenas para a França, mas também para os Estados Unidos que, em 1954, estavam subscrevendo 80% das despesas francesas na Indochina. Os Estados Unidos participaram secretamente da batalha com 2 esquadrões de bombardeiros B26 Invader para apoiar os franceses. Depois disso, 37 pilotos americanos de transporte fizeram 682 missões ao longo da batalha.


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