domingo, 10 de janeiro de 2016

O Pelotão de Infantaria #117



O pelotão é a unidade tática básica da infantaria e base para a formação das companhias. Sua organização pode variar de uma força para outra, porém as variações não são significativas. Mesmo em unidades de infantaria de uma mesma força a composição do pelotão pode mudar de acordo com as singularidades de cada tropa. Um fator determinante da composição de cada tipo de tropa é a capacidade dos veículos que a transportam, pois procura-se acomodar cada "grupo" de forma coesa em um mesmo veículo, seja ele um helicóptero, viatura blindada ou outro qualquer.

No Exército Brasileiro, o pelotão de infantaria é formado por 3 grupos de combate (GC) e 1 grupo de comando e 1 grupo de armas de apoio. No US Army a denominação do GC é de esquadrão (squad), e a organização do pelotão é muito semelhante, totalizando no modelo aqui descrito 42 integrantes.  Uma das capacidades principais do pelotão de infantaria é a de organizar-se como força-tarefa tática, com seus elementos orgânicos e outros agregados em reforço de acordo com cada missão, dando ao comandante de companhia um fração de tropa altamente flexível e poderosa, que pode cumprir tarefas de forma autônoma como parte do esforço desta e do batalhão. A arma do combatente de infantaria é o fuzil de assalto, e a exceção dos metralhadores é dotação comum a todos eles. 




O Grupo de Comando

O grupo de comando (platoon headquarters - PLT HQ no US Army) do pelotão tem por missão prover comando e controle (C2) aos demais. Este grupo atua ainda nas funções de ligação com sua companhia, com os elementos que fornecem apoio de fogo e apoio logístico. Tipicamente é formado por um oficial subalterno ou tenente líder de pelotão, um sargento antigo adjunto ao líder que atua como subcomandante e um sargento ou cabo operador de sistemas de comunicação ou radioperador (RTO no US Army). Conta ainda com um sargento "caçador" (Sniper) e um cabo observador auxiliar deste. Esta equipe agrega a função de observador avançado (OA) dos grupos de morteiros e são os encarregados da ajustagem do tiro destes. Um sexto integrante é um sargento paramédico ou enfermeiro, e ainda, se for o caso, um motorista.



O Líder de Pelotão

O líder do pelotão deve comandar com base no exemplo, com a autoridade que lhe é de direito, assumindo a responsabilidade global pelas ações de seus subordinados, agindo de forma decisiva nas ações e na manutenção da disciplina. Quando em combate sua atuação deverá ser no sentido da atribuição de missões específicas a cada um, sempre dando espaço a iniciativa de seus comandados.

Mesmo tendo a última palavra nas decisões, deverá aconselhar-se sempre com seu sargento adjunto e conhecer todas a facetas operacionais do emprego de seu grupo. São atribuições do líder:
  • Acionar o pelotão no cumprimento das missões que lhes são atribuídas pelo escalão superior, levando-o de encontro com os objetivos deste;
  • Orientar a manobra do pelotão;
  • Sincronizar seus GCs para que manobrem de forma harmônica;
  • Antecipar as ações que o pelotão deverá executar;
  • Solicitar os apoios que forem necessários;
  • Fornecer aos GCs total suporte de C2;
  • Planejar e implementar a segurança de seu pelotão;
  • Orientar o desdobramento das armas do pelotão;
  • Elaborar relatórios aos seus superiores;
  • Posicionar-se da forma mais adequada quando em ação;
  • Atribuir tarefas e objetivos claros, concisos e realizáveis aos seus GCs;
  • Inteirar-se e entender a missão de sua companhia e batalhão.

O líder deverá sempre estar ciente da situação em que está inserido. Deverá conhecer a situação das tropas amigas, inimigas e neutras; bem como as condições do terreno. Deverá visualizar a situação a ser configurada depois do cumprimento de sua missão e tomar as medidas necessárias para ligar o presente ao futuro esperado, sempre avaliando os riscos envolvidos e tomando as medidas para minimizá-los. 


O Adjunto de Pelotão

O adjunto do pelotão (PSG no US Army) é o auxiliar direto do líder, segundo em comando e conhecedor da tática operacional e todas as armas orgânicas e de apoio. Sua função é assessorar o líder no planejamento e zelar junto aos GCs pelo cumprimento de suas ordens. Suas funções básicas são:
  • Supervisionar o pelotão a fim de garantir seu apronto, com checagens pré-combate e inspeções;
  • Estar apto a assumir a liderança do pelotão, se necessário;
  • Posicionar-se da melhor forma para exercer as tarefas de C2, seja junto a base de fogo ou aos elementos de assalto;
  • Zelar pelo apoio logístico do pelotão, gerenciando inclusive a carga de combate;
  • Zelar pelo apoio médico aos soldados sinistrados, com evacuação de feridos e mortos, controlando as baixas e emitindo relatórios com vistas a reposição de pessoal;
  • Operar os sistemas digitais de C2 do pelotão;
  • Inteirar-se e entender a missão de sua companhia e batalhão, tal qual o líder.

O Rádio-Operador do Pelotão

O rádio-operador (RTO no US Army) é o operador da comunicação do pelotão com o comando de sua companhia, e deve manter o líder e seu adjunto cientes da condição de seus sistemas. Deve ter afinidade com todos os procedimentos de radiotelefonia e emissão de relatórios, pedidos de apoio de fogo e antenas de campo de todos os tipos, além de gerenciar o uso de baterias. Deve ainda conhecer os protocolos de comunicação (frequências e sinais de chamada) de sua companhia e batalhão e dar ciência deles a todos os membros do pelotão, assim como auxiliar na operação dos sistemas eletrônicos de C2.

O Observador Avançado do Pelotão/ "Caçador"

O Sargento "caçador" atua como o observador avançado (OA) do pelotão (FO no US Army), e apoiado pelo Operador de rádio é o responsável pelo planejamento e execução dos fogos de apoio (indiretos), incluindo os morteiros da companhia e do batalhão, artilharia de campanha e outros fogos colocados a disposição. Deve saber localizar e designar alvos, chamar os fogos de apoio e ajustá-los. Deve conhecer a missão do pelotão e os conceitos operacionais afins, bem como a doutrina de fogos de apoio. dentre suas funções específicas destacamos:
  • Manter ciente as equipes de coordenação de apoio de fogo da companhia e do batalhão sobre a localização do pelotão e suas necessidades de apoio de fogo;
  • Manter atualizados mapas e croquis do terreno;
  • Chamar e ajustar fogos de apoio;
  • Operar como equipe junto ao operador de rádio;
  • Selecionar alvos em potencial e informar sua localização ás equipes de coordenação de apoio de fogo;
  • Escolher e preparar os postos de observação (POs) e viabilizar suas rotas de acesso;
  • Operar os terminais digitais de contato com as equipes de coordeção de apoio de fogo;
  • Atuar como atirador de precisão.

O Paramédico do Pelotão

O paramédico do pelotão atua junto ao sargento adjunto no apoio médico ao pelotão, sempre interagindo com as equipes médicas da companhia e do batalhão. Deve zelar pela saúde preventiva dos integrantes do pelotão, e trabalhar no tratamento e evacuação de feridos. Cabe a ele ainda aconselhar o adjunto em assuntos afins, gerenciar o suprimento médico (classe VIII) e elaborar os relatórios médicos solicitados.

A Esquadra

A esquadra (Fire Team no US Army) é o núcleo do pelotão, e constituída para lutar como uma equipe monolítica. Podem atuar de forma auto-suficiente no combate direto ao inimigo, dentro é claro do envelope de combate do pelotão. É comumente constituída por 4 elementos: Um fuzileiro-metralhador (AR no US Army) que fornece volume de fogo a esquadra e é a base de fogo direto desta, alocando fogos contínuos sobre pequenas áreas; o fuzileiro-atirador que bate alvos ponto de curto alcance com disparos de precisão e fornece segurança e inteligência aos demais; um fuzileiro-granadeiro que pode bater pequenas áreas com fogos indiretos explosivos (HE) de curto alcance, inclusive em ângulos mortos; Um cabo líder de esquadra (TL no US Army) que fornece o C2 desta e complementa a ação do fuzileiro-atirador. O binômio metralhador-granadeiro é a base de fogo da esquadra.



O Fuzileiro-Atirador

Cabe ao fuzileiro atirador o fogo de precisão da esquadra. Ele prove segurança ao núcleo de fogo da esquadra e trabalha como observador na busca de alvos para o este. São suas atribuições:


  • Efetuar fogo certeiro com seu fuzil e ser especialista em seu emprego, além de saber operar todas as armas da esquadra e poder substituir seus pares, atuando constantemente na segurança de sua equipe;
  • Ser capaz ocupar posições rapidamente de onde possa fazer fogo com eficácia, de dia ou à noite, utilizando os princípios de coberta e abrigo, fortificá-la e camuflá-la;
  • Ter habilidade de transpor obstáculos como campos minados, arame farpado, fossos e paredes, apoiar a lida com prisioneiros, feridos e equipes de demolição; 
  • Repassar ao seu líder toda a informação relevante que adquirir em ação ou que possa ser útil ao esforço da equipe;
  • Atuar em prol da saúde da equipe aplicando medidas de segurança médico-sanitárias ao seu alcance. bem como ter conhecimento de medicina básica de combate;
  • Estar ciente da missão de sua esquadra, pelotão e companhia.


O Fuzileiro-Granadeiro

O granadeiro prove a esquadra fogo de trajetória alta para bate ângulos mortos e forçar o inimigo a abandonar seu abrigo. Todos os soldados podem portar granadas de mão, mas o granadeiro é o único a poder lançar granadas a distâncias maiores (cerca de 300 a 400 m), pode ainda alvejar veículos levemente blindados, desdobrar barreiras de fumaça e iluminar ponto específicos do terreno. Deve ser especialista em seu lançador de granadas e suas munições, sabendo seus limites de segurança. e estar apto a desempenhar todas as funções dos outro integrantes da esquadra. Compõem o núcleo de fogo da esquadra com o metralhador.




O Fuzileiro-Metralhador

O metralhador fornece volume de fogo direto a esquadra e é o componente senior do núcleo de fogo da esquadra. Pode endereçar seus projéteis a qualquer tipo de alvo, menos àqueles abrigados ou providos de armadura. Deve poder ainda substituir qualquer outro integrante da esquadra. Devido a natureza de seu armamento de emprego coletivo, poderá portar uma pistola para defesa pessoal.

O Líder de Esquadra

As atribuições do líder já foram citadas e são invariáveis qualquer que seja o escalão. Ele deve receber suas ordens as cumprir com total liberdade de ação tendo sua iniciativa valorizada. Deve ter a capacidade de pensar rápido e agir demonstrando atitude, imediatismo e precisão, inerentes ao combate de infantaria. O líder ainda complementa a missão do atirador.

Os movimentos da esquadra devem seguir a tradicional prática da infantaria de mover-se rapidamente de um ponto a outro quando o companheiro estiver fazendo fogo, e ao chegar lá fazer fogo para que este possa mover-se. Atirar e manobrar. Todo cuidado deve ser tomado para não se atravessar a linha de fogo dos companheiros.

O Grupo de Combate (GC) ou Esquadrão

O grupo de combate (Squad no US Army)  é formado por 2 esquadras mais um sargento Líder (SL no US Army). Quando embarcados cabem em um IFV ou helicóptero de manobra. É a célula base que o comandante de pelotão usa para manobrar. O sargento comandante de GC tem 2 equipes (esquadras) a disposição e as usa em conjunto; enquanto uma atira a outra manobra.















O líder de GC desempenha as tarefas de líder já citadas, deve ser capaz de substituir o adjunto de pelotão desempenhando todas as suas tarefas e solicitar e ajustar apoio de fogo.

O Atirador de Precisão Designado

Um GC pode ser reforçado por um atirador designado (SDM no US Army) pelo comandante do pelotão, quando for necessário. Este atirador deve estar especialmente treinado em fogo de precisão. Não são franco-atiradores e nem operam nos alcances limite destes, e muito menos de forma autônoma, mas como componentes do GC e sob as ordens de seu líder. Usam armas disponíveis na unidade com mira ótica reforçada.




Ele deve ser escolhido por suas habilidades de tiro, maturidade, experiência, confiabilidade e bom senso. Sua função é a de alvejar alvos de alto valor como oficiais, radio-operadores, metralhadores, atiradores de precisão, operadores de lançadores de rojão e outros. Devem ter a capacidade de alvejar alvos fugazes e expostos por curtos períodos de tempo, em frestas e fendas, parado e em movimento. Pode-se designar um atirador por esquadra no lugar do fuzileiro-atirador, criando-se duas equipes equilibradas e altamente flexíveis, capazes de atingir alvos em distâncias superiores às usuais.

Estes atiradores devem receber treinamento especial no uso de miras telescópicas, tiro de veículos, tiro em movimento, tiro noturno, tiro de engajamento rápido, tiro em combate aproximado (close combat), tiro em até 600 metros, posições de tiro não usuais e tiro de alvo em movimento a longa distância.

O emprego destes atiradores é particularmente indicado em situações onde a precisão é mais importantes que o volume de fogo, como em situações de contra-insurgência, em áreas urbanos a fim de não alvejar civis, em alcances fechados de necessidade imediata, quando o inimigo também os está empregando, situações diversionárias, vigilância de setores e corredores específicos, entre outras.

O Grupo de Armas de Apoio


O grupo de armas de apoio é formado por 2 equipes de metralhadoras médias e 2 equipes de fogo pesado com lançadores de rojões de grande calibre, mais um líder de equipe.



Os Metralhadores

As equipes de metralhadoras médias são compostas cada uma por um metralhador e um metralhador assistente que portam armas de maior potência que as metralhadoras ligeiras que equipam as esquadras, com alcances de até 1.000 metros, fornecendo fogo de supressão de médio alcance. Ao metralhador e seu assistente cabem colocar uma metralhadora média em ação, cuidar de sua manutenção, conhecer sua doutrina de emprego e seu comportamento balístico. Devem ainda assistir seu líder quanto ao emprego da arma, bem com estar apto a substituí-lo, além de conhecer a missão de seu pelotão e companhia. Ao assistente cabe estar apto a assumir o controle da arma se necessário, controlar o fornecimento de munição e trabalhar na designação de alvos ao metralhador sênior.




Os Operadores de Lançadores de Rojões

As equipes de lançadores de rojões são compostas por 1 atirador e 1 assistente. Estas equipes podem operar lançadores de foguetes (rojões) como o AT-4 ou Carl Gustav, ou ainda mísseis leve como Javelin. Elas fornecem ao pelotão uma significativa capacidade anticarro, bem como poder de fogo contra posições fortificadas, em alcances médios. Cabe aos membros da equipe as mesmas funções das equipe de metralhadores, e ao assistente em especial, o gerenciamento no fornecimento de munição. A estas equipes poderão ser alocados mísseis anticarro de maior potência se assim for necessário.

O Líder do Grupo de Armas de Apoio

O líder deste grupo é o substituto natural do adjunto do pelotão e deve conhecer todas as suas atribuições. As demais funções do lider são as mesma já elencadas. Cabe a eles aconselhar diretamente o líder do pelotão quanto ao plano de fogo deste grupo, o gerenciamento do fornecimento de munição do pelotão em auxílio ao sargento adjunto e ao planejamento de emprego das armas de seu grupo.


6 comentários:

  1. eu quero ter meu pelotao

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  2. gostei muito, muita informação, meu sonho é ser infante e daqui já absorvi mais informação e cultura sobre o meu futuro, obrigado !!

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    1. boa Pedro. O pelotão de infantaria é a base de qualquer exército. aproveite e veja os outros artigos que falam da infantaria.

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  3. Qual a referência das informações?

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  4. Gostaria receber conteúdo funções do comandante da Companhia de QBRN. Mas gostei deste conteúdo.

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