A faina das armas
é uma atividade de alta complexidade, que demanda um grande número de práticas e sistemas, alguns
complexos pelo número e outros pela sofisticação, para atingir com eficiência
o objetivo, que é a busca da supremacia militar sobre o inimigo nos teatros
operativos. Estas práticas e sistemas operados pelas forças armadas e outras agências,
devem atuar de forma harmônica visando complementar-se entre si, provendo ao
todo um poder de combate efetivo e superior, multiplicando a eficiência de cada
elemento envolvido, principalmente os de linha de frente que efetivamente entram
em contato com o inimigo e estão sujeitos a um atrito superior.
Para vencer uma campanha deve-se levar o inimigo a condição de imobilidade estratégica, que é quando ele nada mais pode fazer para reverter a sua situação. Para tanto, uma força se vale de ações políticas travadas em alto escalão junto a outros agentes políticos, como governos amigos por exemplo, e no campo militar através da dissuasão, da debilitação da capacidade militar inimiga e da ocupação de sua áreas estratégicas. Os comandantes militares, estejam eles no quartel general em solo pátrio ou em campo junto às unidades de vanguarda devem observar algumas premissas básicas quando do planeamento de suas operações e ações, presentes em quase todas as situações.
Para vencer uma campanha deve-se levar o inimigo a condição de imobilidade estratégica, que é quando ele nada mais pode fazer para reverter a sua situação. Para tanto, uma força se vale de ações políticas travadas em alto escalão junto a outros agentes políticos, como governos amigos por exemplo, e no campo militar através da dissuasão, da debilitação da capacidade militar inimiga e da ocupação de sua áreas estratégicas. Os comandantes militares, estejam eles no quartel general em solo pátrio ou em campo junto às unidades de vanguarda devem observar algumas premissas básicas quando do planeamento de suas operações e ações, presentes em quase todas as situações.
Dissuasão Militar
Sistemas de defesa
bem concebidos e integrados, dotados de tecnologia moderna, operados por
pessoal competente e bem treinado, seguindo doutrinas efetivas e em constante
adequação, tanto na tecnologia como na evolução do pensamento, não só são capazes
de se mostrar superiores quando postos em ação, mas cumprem o papel de
dissuadir potenciais inimigos a empreenderem qualquer aventura militar contra
as nações que os possuem.
A dissuasão é o
primeiro resultado alcançado por um sistema de defesa, mesmo contra nações
militarmente superiores, pois o custo de uma empreitada militar, mesmo com a
vitória assegurada, pode se mostrar deveras oneroso a qualquer nação se confrontadas por um inimigo competente. Na guerra Russo-Finlandesa ou Guerra de Inverno, apesar a superioridade dos soviéticos (3x1), a manobra finandesa naquele teatro de inverso se mostrou superior, inflingindo-lhes pesadas perda e forçando as negociações. Para
dissuadir é preciso ser capaz de implementar pronta resposta a quem desafiar, de
forma efetiva e contundente. Cada inimigo em potencial, se acreditar que sua
investida será coroada com revezes inaceitáveis, procurará outros meios de resolver a situação. É preciso saber combater e
estar preparado, sob todos os aspectos operacionais ou logísticos, para colocar
em prática esta ciência.
Sistemas de defesa
devem ter a capacidade de atuar em todos os ambientes possíveis e necessários a
defesa de sua nação, e se operando de forma expedicionária naqueles que irá encontrar. Os macro-ambientes mais óbvios e presentes em quase todas
as situações são o espaço aéreo, a superfície terrestre e as águas interiores e
marítimas, razão pela qual as forças armadas da maioria das nações são
estruturadas em 3 ramos distintos e independentes na forma de uma força aérea
capaz de mostrar seu poder de forma absoluta no controle do espaço aéreo e no apoio às forças de superfície; uma
força terrestre que agrega efetivos maiores que as demais e atua na superfície
e próximo dela conquistando, ocupando e mantendo áreas geográficas e pontos de
interesse estratégico; e uma força naval capaz de controlar ou negar o uso das
águas próximas ou de alto mar pelas forças inimigas. Estas três forças devem ainda ser capazes de
operar de forma integrada e em apoio mútuo.
Diversos cenários
operativos podem se fazer presentes, sejam montanhas ou praias, e as forças
devem ter a capacidade de operar em todos eles, onde quer que se façam
necessárias. Teatros no além fronteiras também podem exigir a intervenção das
forças armadas de um país, e é conveniente que se tenha alguma “expertise” nos
mais prováveis ou comuns, para que se possa constituir tropas em tempo reduzido
a partir daquelas já existentes.
Ao se lançar em uma
missão militar a primeira atividade a ser implementada é a busca de
inteligência militar. As forças operativas devem conhecer o terreno onde terão
que atuar, suas capacidades frente aos potenciais inimigos, os sistemas de
armas e doutrina militar destes, sua forma de operar e o pensamento de seus
comandantes. Esta busca deve ser contínua, tanto na paz como na guerra, e
deve priorizar o conhecimento de tudo o que existe no meio militar a fim de
associar-se das boas ideias e tendências mais modernas, os fatores que influem
direta ou indiretamente nos teatros de operações prováveis e possíveis, as
áreas e benfeitorias mais importantes à existência da nação (áreas e pontos
sensíveis), e o aperfeiçoamento e evolução do pensamento doutrinário. Na guerra
esta busca passa a ser focada prioritariamente nas operações e problemas mais
urgentes, porém sem esquecer fatores externos de importância.
Meios Operativos
A empreitada
militar demanda meios tecnologicamente modernos e capazes de fazer frente aos inimigos,
operado por pessoal treinado dentro de uma doutrina validada pela prática
constante e a experiência das operações passadas, e que seja adequada às
ameaças que se apresentam, sempre levando em consideração as características do
meio onde se irá operar e em número compatível. Cada força ou agência deverá
estruturar suas unidades para atuar em seu ambiente específico, sempre se
utilizando dos subsídios oferecidos pela inteligência militar.
Doutrina Moderna e Adequada
A doutrina militar é a linha de pensamento que rege o emprego das forças operativas e delineiam todas a atividade de suporte a estas forças em tempos de paz, norteando seu treinamento e as especificidades dos meios materiais, bem como os planos de emprego destes meios. Uma doutrina inadequada pode fazer o melhor equipamento operado por um tropa bem treinada se tornar inútil, como os franceses experimentaram quando as tropas de Hitler invadiram a França, desviando da "Linha Maginot" e impondo a "Blitzkrieg", um forma nova e moderna de lutar dentro do conceito de "Guerra de Movimento". Os franceses, que contavam com blindados superiores e poderiam ter invadido preventivamente a Alemanha, enquanto esta se ocupava com a Polônia, preferiram esperar e reagir ao invés de lutarem com iniciativa, empregando conceitos ultrapassados da primeira grande guerra de luta estática. A adequação da doutrina é fundamental e seu estudo deve ser uma prática constante em todas as forças que buscam a superioridade militar.
Sistemas de defesa
complexos demandam estruturas logísticas complexas, como parques industriais e
centros de pesquisa que lhes deem suporte. Estruturas de apoio à mobilidade
como portos, aeroportos e estradas para poderem se deslocar rapidamente são
essenciais a sua eficiência. Fornecimento de insumos variados como combustível,
munição e alimentação, entre outros, também são condições essenciais. Estes suprimentos
podem chegar a milhões de itens vindos da indústria, e matéria prima para que
esta possam manufaturá-los na escala adequada também deve ser garantida. Todo esse suporte é vital
a operação das forças e alvo valioso ao inimigo. De nada adianta ter uma competente indústria de pneus, se o suprimento de borracha ficar comprometido, por exemplo. As guerras são vencidas pela
logística, e a inviabilização desta é uma das principais linhas de ação em
combate.
Sistemas logísticos
eficientes devem ser planejados de forma que as forças estejam sempre bem
supridas e possam desempenhar suas missões com eficiência. Avanços muito
rápidos podem forçar a capacidade de colunas logísticas mal dimensionadas e
depósitos de suprimentos devem sempre ser alocados próximos às vanguardas, como experimentou o General Patton, que teve que paralisar seu avanço quando seu combustível foi redirecionado às tropas de Montgomery em suas manobras mirabolantes. O avanço alemão nas vastas distâncias russas colocou em xeque uma mal dimensionada "cauda logística" desprovida de linhas ferroviárias e portos, em um teatro eminentemente terrestre que forçou as comunicações ao limite e paralisou o avanço, condição agravada pela precariedade das estradas e falta de uma eficiente estrutura de engenharia militar e de combate. Deve-se procurar proporcionar conforto a tropa de forma a manter alto seu
moral, proporcionando-lhes serviços de banho, boa comida, contato com seus
lares, descanso e lazer. Deve-se procurar ainda manter um padrão alto de
condições sanitárias e de saúde geral, bem como um efetivo apoio médico a feridos
e indivíduos com saúde debilitada. Napoleão Bonaparte disse "Os exércitos marcham sobre seus estômagos" e esta afirmação se mantem mais que atual.
Tropas capturadas
devem sempre ser mantidas em cativeiro e longe dos seus, para que não sejam
libertadas, de forma a evitar que retornem ao combate. Salvados de guerra devem
ser destruídos ou deslocados a locais seguros para que o inimigo não volte a
utilizá-los, e qualquer achado que mereça atenção especial devem imediatamente
ser comunicado aos superiores, pois pode fornecer informações importantes. Ressalta-se a importância de uma estrutura logística para cumprir estas condições tão importantes.
Bases de Operação
Uma operação militar começa a partir de uma base segura. Nenhuma unidade militar pode se lançar em combate se não tiver para onde voltar, assim como uma pessoa sai para seus afazeres diários e retorna a sua casa. Bases militares, sejam permanentes ou temporárias, são de onde se lança o suporte a qualquer tipo de operação.
Uma operação militar começa a partir de uma base segura. Nenhuma unidade militar pode se lançar em combate se não tiver para onde voltar, assim como uma pessoa sai para seus afazeres diários e retorna a sua casa. Bases militares, sejam permanentes ou temporárias, são de onde se lança o suporte a qualquer tipo de operação.
As bases militares
devem localizar-se a distâncias que permitam que suas unidades acessem as áreas
de operações em curto espaço de tempo, porém devem ficar longe destas o
suficiente para que sua segurança não fique comprometida, assim bases aéreas e
navais podem ficar mais a retaguarda, enquanto que bases da força terrestre
ficam mais próximas das linhas de frente. No conflito das Falklands/Malvinas os ingleses tinham sua base mais próxima a meio globo do teatro de operações, o que quase lhe custou a guerra, bem como os argentinos voavam além do limite de suas aeronaves, que dependiam de reabastecimento aéreo para operarem oceano adentro.
Estabelecidos
dentro destas bases, os quartéis-generais dos grandes comandos dirigem suas
unidades, apoiados por uma grande equipe de comando e controle, processando
informações vindas de múltiplas fontes e adequando os planos iniciais à
dinâmica das operações. Uma prática sempre presente a qualquer comando militar
é a de lançar a todo momento missões no sentido de buscar informações a
respeito da situação, seja por unidades especializadas na coleta de
informações, seja pelas demais unidades, pois todos podem ser fontes deste
insumo vital.
Sejam as áreas de
retaguarda ou as áreas onde se localizam as tropas de vanguarda, estas devem
contar com efetivo controle do espaço aéreo pelas unidades da força aérea e
pelas baterias antiaéreas que trabalham de forma integrada com aquela,
proporcionando segurança às tropas amigas contra a mortífera e sempre presente
ameaça aérea. Uma missão militar que não conta com segurança nesta área esta
fadada ao fracasso. Toda missão militar (exceto as especiais ou de pequeno
vulto) se inicia com uma campanha visando garantir a superioridade aérea e a
supremacia da operação do espectro eletromagnético, pois dele depende a
operação de sensores (amigos e inimigos) e da vital malha de comunicações de
campanha.
A partir de um
ambiente onde se tenha comunicações seguras e proteção efetiva contra a ameaça
proporcionada pela aviação de ataque inimiga, pode-se lançar missões efetivas
contra o inimigo, impondo-lhe uma guerra ofensiva e forçando-o a reagir em vez
de agir. As comunicações são a arma do comando, e sem elas não existe sinergia entre as unidades, passando estas a agir individualmente com resultados degradados pela falta de coordenação. Para que sejam eficientes deve-se contar com modernos equipamentos que operem em faixas mais finas e possam mudar de frequência constantemente, que disponham de softwares poderosos nas tarefas de encriptação e decriptação de dados, devendo ter a mobilidade das demais unidades e resistir ao assédio da interferência inimiga. Devem ser confiáveis e comportar o volume de tráfego desejado.
Criando Segurança
Operacional
Unidades de
artilharia inimigas devem ser identificadas, evitadas, neutralizadas ou destruídas, pois constituem perigosa ameaça às forças amigas, bem como unidades de caça e bombardeio que devem ser postas foram de ação o quanto antes. Unidades de
artilharia amigas devem ser intensivamente empregadas, precedendo o avanço das
forças de vanguarda, "amaciando" o terreno por onde estas irão
operar, e enfraquecendo suas estruturas de retaguarda, bem como contrapondo a artilharia
inimiga. O bombardeio de alvos que constituem ameaça direta às forças amigas pode ser feito também pela aviação de apoio, seja pelos helicópteros orgânicos da força terrestre ou pela força aérea e aviação naval, aeronaves que trazem grande potencial a manobra terrestre e devem sempre estar presentes. Da mesma forma fortificações de vários tipos proporcionam segurança e podem dirigir o avanço inimigo, canalizando itinerários e impedindo o acesso do inimigo a locais não desejados. A engenharia de combate tem grande potencial neste quesito, construindo ou removendo obstáculos como campos minados e outras fortificações.
Interditando o
Teatro de Operações
Unidades navais e
terrestres podem então bloquear águas e terrenos importantes, se lançar em
profundidade no território de operações buscando o contato com unidades
inimigas, sempre precedidas pelo desejável e sempre bem vindo apoio da aviação
de ataque amiga, que procura minimizar o poderio do inimigo, seja alvejando
diretamente suas unidades de choque, seja frustrando seu sistema logístico,
privando-as de combustível e munição, reforços e recompletamento.
O contato com o inimigo é importante e deve ser buscado de forma contínua, mantendo-o ocupado, evitando surpresas e criando um fluxo de informações a respeito deste, para que os comandantes possam adequar seus planos e procedimentos.
Frustrando o C2
inimigo
Outra linha de ação
sempre empregada e de grande efetividade é a de neutralização de tudo aquilo
que contribua para a cadeia de comando e controle do inimigo. O bombardeio
sistemático de postos de comando e redes de comunicação, ou seu assédio por
forças especiais contribui para inviabilizar um emprego efetivo de suas
unidades, que se privadas de um comando único e sistematizado, podem começar a
agir de forma autônoma e com perda de eficiência. Ações de guerra eletrônica
também são efetivas nesta área, tendo como alvo suas comunicações.
Manobrando
A manobra se dá
pelo fogo e pelo movimento, movimentando-se para alcançar as melhores posições
de fogo, fazendo fogo para viabilizar o movimento. Deve-se visar os pontos que
apresentem a melhor relação custo-benefício, ou seja aqueles que sejam mais
fáceis de suplantar e produzam um ganho estratégico superior, evitando
objetivos intermediários que pouco ou nada contribuam para atingir o objetivo
final. Deve-se buscar flancos e retaguardas, por estes sempre apresentarem uma
dificuldade menor que atacar pela porta da frente. Deve ser sincronizada no tempo, no espaço e no apoio logístico.
Estradas e outras
infraestruturas de mobilidade devem sempre ser buscadas, pois delas dependem a
velocidade das forças em operação, bem como da efetividade dos meios de apoio
logístico, extremamente importantes para a operacionalidade de qualquer força
militar. Aeroportos, bases aéreas, portos, ferrovias e rodovias, entroncamentos
rodoviários e ferroviários, canais e outras estruturas afins devem ter seu
domínio assegurado.
Vencendo a Campanha e a Guerra
A guerra se faz
unindo preparo e presteza, maximizando oportunidades e reduzindo riscos.
Surpresa e intensidade (operações violentas e decisivas) devem ser
buscadas de forma a não permitir a reorganização do inimigo. Ações devem ser
continuadas e sem intervalos, dia e noite, unindo iniciativa, choque e poder.
Meios tecnológicos modernos e treinamento em alto nível fazem a diferença. Toda
campanha deve ser iniciada de forma que seja resolvida no menor espaço de tempo
possível, pois são caras e desgastantes, tanto material como no aspecto humano e político.
A guerra é vital ao estado, e dela pode depender a sua sobrevivência como preconizou o pensador Sun Tzu. Deve ser
evitada a todo custo, e se materializada vencida sem hesitações.
Fundamentos das Operações Militares
Fundamentos das Operações Militares
"A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar"
Sun Tzu
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