O termo "ogiva" deriva da forma geométrica formada pela união de 2 arcos, que normalmente é adotada no desenho do penetrador aerodinâmico de munições de todos os tipos, sejam de armas leves, canhões, mísseis e outros projéteis, autopropulsados ou não. Esta ogiva deve transportar o componente do projétil destinado a causar o efeito no alvo ou não, em alguns casos alojando sistemas de orientação, espoletas e detonadores, além dos atuadores explosivos e/ou cinéticos. O termo mais adequado para se designar este componente (o que causa os efeitos) é "cabeça de guerra" ou "warhead", porém muitas publicações tratam este componente pela designação derivada do jargão da geometria.
Ogivas militares
(warheads) são a componente de qualquer tipo de munição que causam os efeitos
no alvo, de acordo com a finalidade a que foi projetada. Podem ser o projétil
de um cartucho de arma leve, uma carga de alto-explosivo (HE), ou a ogiva
termonuclear de um ICBM, e são a razão de ser das munições militares. Elas
cumprem seus papéis montadas em diferentes níveis de sofisticação tecnológica e
complexidade, obedecendo concepções variadas, cada qual cumprindo com sua
finalidade específica.
A função básica
de qualquer ogiva é aplicar um efeito destrutivo em um alvo
inimigo. Estes alvos podem ser bases militares, fábricas, pontes,
navios, instalações de todos os tipos, cidades, veículos blindados, sítios de
mísseis, posições de artilharia, fortificações, concentrações de tropas ou cada
soldado individualmente. Uma vez que cada tipo de alvo apresenta uma
demanda destrutiva diferente, são necessárias uma variedade de ogivas, cada
qual causando o efeito mais adequado ao seu alvo, dentro dos limites de custo e
disponibilidade logística, para que atinja máxima eficácia.
Cada "cabeça
de guerra" é projetada de acordo com as especificações de performance que
se espera dela, e contém os atuadores cinéticos e/ou químicos adequados e seus
dispositivos de iniciação. Não trataremos aqui dos dispositivos de orientação
responsáveis por levar os projéteis até seus alvos, e sim dos atuadores
militares, razão de ser de qualquer tipo de munição. Os efeitos desejados são,
normalmente, de natureza química (explosiva) ou cinéticos (impacto), porém
outros como iluminativos ou fumígenos também podem constituir os efeitos
atuadores finais de uma ogiva militar.
Uma "cabeça
de guerra" é geralmente composta de uma espoleta e um detonador que
constituem o dispositivo de iniciação, e a carga principal. A espoleta
pode ser iniciada por efeito acústico, fotoelétrico, térmico, químico,
elétrico, de pressão ou cinético, e pode conter implementações como atuadores
eletro-eletrônicos e dispositivos de retardo, entre outros. A espoleta
produz uma onda de detonação quando iniciada, porém em muitos casos
ela é muito fraca para iniciar uma ação de alta intensidade capaz de
detonar a carga principal (explosivo secundário), e um detonador (dispositivo
que amplifica a ação de iniciação inicial) deve ser colocado entre os
dois. A ação do detonador resulta em uma onda de choque com força
suficiente para iniciar uma detonação efetiva da carga explosiva principal.
Explosivos são
compostos químicos caracteristicamente instáveis, ou a mistura destes, geralmente combinados com compostos inertes para obter variações em suas propriedades deixando-os mais estáveis. Uma
explosão é caracterizada por uma onda de choque viajando em velocidade
supersônica. O processo de detonação, embora muito rápido, ocorre durante
um período de tempo finito. Uma onda de detonação pode resultar em
pressões de até 385 kBar, dependendo do tipo de explosivo. Níveis tão
altos são facilmente capazes de romper as ligações químicas relativamente
instáveis de compostos explosivos. Portanto, à medida que a onda de
detonação passa pelo explosivo não reagido, as ligações atômicas dentro das
moléculas explosivas são quebradas. Existe então um rápido processo de
recombinação química em diferentes compostos, que resultam em uma liberação de
energia térmica. Essa liberação causa rápida expansão dos gases, o que
reforça a onda de detonação e fornece a energia que, em última instância,
produz o efeito destrutivo ou militar de uma " cabeça de guerra".
O dano efetivo
que o componente explosivo de uma "cabeça de guerra" causa é
caracterizado por 3 parâmetros principais: O volume da esfera de dano causado
pelo explosão, que é na prática a distância em todas as direções que a explosão
alcança com efeitos destrutivos; a atenuação causada pelo distanciamento do
ponto de origem (marco zero), que podemos exemplificar como a mesma energia
inicial dividida pela área da esfera formada em cada momento da explosão,
esfera esta maior a cada milissegundo e consequentemente menos destrutivo o
impacto explosivo; e por fim a forma de propagação que pode ser em todos os
sentidos ou em um sentido em particular.
Ogivas de
Alto-Explosivo (HE)
Ogivas de alto
explosivo (HE - High Explosive) são concebidas por aplicar seu efeito pelo
sopro de uma explosão. Quando um HE detona, ele é convertido quase que
instantaneamente em gases que se expandem a pressões e temperaturas muito
altas, quebrando seu invólucro. A massa de ar que envolve este
invólucro é comprimida em uma onda de choque da ordem de várias centenas de
Kbares e temperaturas da ordem de 5.000 ºC. Uma onda de compressão é
gerada até um pico em tempo ínfimo (micro fração de segundo), seguida de um
declínio mais lento em centésimos de segundo até a pressão ambiente,
continuando a diminuir à pressões negativas, retornando após ao normal,
causando uma sucção. Esta variação positivo/negativa cria um pulso que faz alvos
de grande volume explodirem efetivamente pela pressão interna, e não pela
pressão da explosão em si. A taxa de atenuação é proporcional à taxa de
expansão do volume de gases por trás da onda de choque, com o pico de
pressão e o impulso positivo diminuindo com a distância da explosão, a uma
razão do cubo da distância do marco zero de forma inversamente proporcional.
Explosivos
detonados acima do solo
Um aspecto da
sobre-pressão que ocorre nas explosões atmosféricas é o fenômeno das reflexões
de Mach, chamado de "Efeito Mach". Quando um explosivo é
detonado a alguma distância acima do solo, a onda refletida alcança e se
combina com a onda de choque original, chamada de onda incidente, para formar
uma terceira onda que tem uma frente quase vertical no nível do solo. Essa
terceira onda é chamada de "Mach Wave" ou "Mach Stem", e o
ponto onde as três ondas se cruzam é chamado de "Ponto
Triplo". O “Mach Stem” cresce em altura à medida que se espalha
lateralmente, e à medida que cresce, o ponto triplo se eleva, descrevendo uma
curva no ar. No “Mach Stem”, a onda incidente é reforçada pela onda
refletida, e tanto o pico de pressão quanto o impulso estão em um máximo
consideravelmente maior do que a pressão de pico e o impulso da onda de choque
original na mesma distância do ponto de explosão.
Usando o fenômeno
das reflexões Mach, é possível aumentar consideravelmente o raio de eficácia de
uma bomba. Ao detonar uma ogiva na altura apropriada acima do solo, o raio
máximo no qual uma dada pressão ou impulso é exercido pode ser aumentado, em
alguns casos em quase 50%, sobre aquele para a mesma bomba detonada no nível do
solo. A área de eficácia, ou volume de dano, pode assim ser aumentada em
até 100%. Atualmente, apenas uma ogiva de explosão pura convencional está
em uso, o Fuel Air Explosive (FAE). É claro, todas as ogivas nucleares são
ogivas explosivas, e na maioria dos alvos seriam detonadas em altitude para
fazer uso do efeito “Mach Stem”.
Ogivas de
Fragmentação
Consiste de um
invólucro, geralmente de metal pré-fragmentado, recheado por uma carga
explosiva, que pode conter ou não em seu interior balins de metal, que se
estilhaça obedecendo suas ranhuras internas, em todas as direções, produzindo
um grande número de pequenos projéteis (estilhaços) arremessados a alta
velocidade. É a forma mais comum usada em granadas de fragmentação como as
granadas de mão e de artilharia. Aproximadamente 30% da energia liberada pela
detonação de um elemento explosivo é usada para fragmentar o caso e transmitir
energia cinética aos seus fragmentos gerados, dependendo é claro da robustez do
invólucro. O saldo de energia disponível é usado para criar uma frente de
choque e efeitos inerentes à explosão. Os fragmentos são propelidos a alta
velocidade e, após uma curta distância, ultrapassam e atravessam a onda de
choque. A taxa na qual a velocidade da frente de choque que acompanha a
explosão diminui geralmente é muito maior do que a diminuição na velocidade dos
fragmentos, o que ocorre devido ao atrito com o ar. Portanto, o avanço da
frente de choque fica atrás dos fragmentos. O raio de dano efetivo do
fragmento, embora dependente do alvo, excede, portanto, o raio de dano efetivo
da explosão.
A principal vantagem de uma carga útil de fragmentação é que ela
pode ser efetiva a uma distância maior que só do explosivo puro, porque sua
atenuação é menor. Durante o voo pelo ar, a velocidade de cada fragmento decai
devido à resistência do ar ou arrasto. A densidade dos fragmentos em uma
determinada direção varia inversamente com o quadrado da distância do ponto
zero da explosão, assim como a probabilidade de acerto em um alvo
qualquer. O dano produzido por um fragmento depende da massa do fragmento,
portanto, é necessário conhecer a distribuição aproximada de massa para os fragmentos
para causar danos. A distribuição de massa de fragmentos é determinada por
meio de uma detonação estática na qual os fragmentos são capturados em poços de
areia. Em cargas úteis de fragmentação natural, onde não é feita nenhuma
tentativa de controlar o tamanho e o número do fragmento, a fragmentação pode
variar aleatoriamente de partículas finas semelhantes a poeira até peças
grandes.
Ogivas modernas usam carcaças marcadas e fragmentos pré-cortados
para garantir um grande volume de danos. A largura do feixe de fragmentos
de uma ogiva deste tipo é definida como o ângulo coberto por uma densidade útil
de fragmentos. É função da forma da ogiva e da colocação do (s) detonador
(es) na carga explosiva. As mais recentes concepções de ogivas de fragmentação
são projetadas para emitir um feixe estreito de fragmentos de alta
velocidade. Esse tipo de ogiva, chamado de ogiva ABF, possui um padrão de
fragmentação que se propaga na forma de um anel com tremendo potencial
destrutivo. Outro tipo de ogiva de fragmentação é a ogiva SAW. Esta
ogiva "inteligente" é projetada para dirigir seus fragmentos para o
alvo, isto é conseguido pelo sistema de direção que diz a ogiva onde o alvo
está localizado e faz com que ele detone de modo a maximizar a densidade de energia
neste.
A descoberta do
que é referido como efeito de carga moldada, efeito de carga oca, ou efeito de
Munroe, remonta à década de 1880. Uma ogiva de carga moldada consiste
basicamente de um cone oco de material metálico, geralmente cobre ou alumínio,
com seu lado convexo adjacente a uma carga explosiva. Quando esta ogiva
atinge um alvo, a espoleta detona a carga pela retaguarda, produzindo uma onda
de choque que avança e se aproxima do coletor de metal no seu vértice. O
colapso do cone resulta na formação e ejeção de um jato fundido contínuo de
alta velocidade do material de revestimento, com velocidades da ponta do jato é
de 8.500 m/s, enquanto a extremidade traseira do jato tem uma velocidade da
ordem de 1.500 m/s. Isso produz um gradiente de velocidade que tende a
esticar ou alongar o jato, que então é seguido por uma cauda que consiste em
cerca de 80% da massa do revestimento. A cauda tem uma velocidade da ordem
de 600 m/s. Quando o jato atinge o alvo de placa blindada ou aço macio,
pressões na faixa de centenas de kbares são produzidas no ponto de
contato. Essa pressão produz tensões muito acima da capacidade de absorção
do material, e ele derrete e dá lugar ao jato. Este fenômeno é chamado de
penetração hidrodinâmica. A diferença de diâmetro entre o jato e o furo
que ele produz depende das características do material alvo. Um furo de
maior diâmetro será feito em material mais macio do que em uma placa de
blindagem, porque a densidade e dureza da placa de blindagem é maior.
A
profundidade de penetração em uma placa muito espessa de aço macio também será
maior do que em uma armadura homogênea. Em geral, a profundidade da penetração
depende de cinco fatores: comprimento do jato, densidade e dureza do material
do alvo, densidade e precisão do jato. Quanto mais longo o jato, maior a
profundidade de penetração. Portanto, quanto maior a distância do
afastamento (distância do alvo à base do cone), melhor. Isto é verdade até
o ponto em que o jato se rompe (em 6 a 8 diâmetros de cone a partir da base do
cone). O rompimento é um resultado do gradiente de velocidade do jato, que
se estende até que se rompa. A precisão do jato refere-se ao alinhamento do
fluxo. Se o jato for formado com alguma oscilação ou movimento ondulado, a
profundidade de penetração será reduzida. Esta é uma função da qualidade
do revestimento e da precisão inicial do local de detonação. A eficácia das
ogivas de carga moldada é reduzida quando elas são rotacionadas, com a
degradação começando em 10 rps. Assim, os projéteis estabilizados por rotação
geralmente não podem usar ogivas de carga moldada, e a eficácia deste tipo de
ogiva independe da velocidade da ogiva. De fato, a velocidade da ogiva
deve ser levada em consideração para assegurar que a detonação da carga útil
ocorra no instante da distância ideal de afastamento, para o jato poder
penetrar efetivamente no alvo. Os danos incorridos são função da
eficiência do jato e do tipo de material da armadura alvo destacada da face
traseira. As armaduras tipo gaiola são eficientes contra este tipo de ogiva,
por forçar a detonação a uma distância longe demais da armadura principal.
Ogivas de
Explosão Submersa
Uma ogiva para
explosão subaquática apresenta alguns fenômenos interessantes associados a um
meio mais denso que o ar. Uma explosão subaquática cria uma cavidade
preenchida com gás de alta pressão, que empurra a água para fora radialmente
contra a pressão hidrostática externa oposta. No instante da explosão, uma
certa quantidade de gás é instantaneamente gerada a alta pressão e temperatura,
criando uma bolha. Além disso, o calor faz com que uma certa quantidade de
água se vaporize, aumentando o volume da bolha. Esta ação começa
imediatamente a forçar a água em contato com a frente de explosão radialmente. A
energia potencial inicialmente produzida pela bolha de gás é assim gradualmente
comunicada à água na forma de energia cinética. A inércia da água faz com
que a bolha ultrapasse o ponto em que sua pressão interna é igual à pressão
externa da água. A bolha então se torna rarefeita e seu movimento radial é
colocado em repouso. A pressão externa agora comprime a bolha
rarefeita. Mais uma vez, a configuração de equilíbrio é ultrapassada, e
como por hipótese não houve perda de energia, a bolha repousa na mesma pressão
e volume que no momento da explosão (na prática, é claro, a energia é perdido
pela radiação acústica e de calor).
A bolha de gás
comprimido então se expande novamente e o ciclo é repetido. O resultado é
uma bolha pulsante de gás subindo lentamente para a superfície, com cada
expansão da bolha criando uma onda de choque. Aproximadamente 90% da
energia da bolha é dissipada após a primeira expansão e contração. Este
fenômeno explica como uma explosão subaquática parece ser seguida por outras
explosões. O intervalo de tempo da energia devolvida à bolha (o período
das pulsações) varia com a intensidade da explosão inicial. A rápida expansão
da bolha de gás formada por uma explosão submersa resulta em uma onda de choque
sendo enviada através da água em todas as direções. A onda de choque é
semelhante na forma geral àquela no ar, embora se diferencie em
detalhes. Assim como no ar, há um aumento acentuado da sobrepressão na
frente de choque. No entanto, na água, o pico de sobrepressão não cai tão
rapidamente com a distância como no ar. Portanto, os valores de pico na
água são muito mais altos do que aqueles que estão à mesma distância de uma
explosão igual no ar. A velocidade do som na água é quase uma milha por
segundo, cerca de quatro a cinco vezes maior que no ar. Conseqüentemente,
a duração da onda de choque desenvolvida é menor do que no ar.
A proximidade dos
limites superior e inferior, entre os quais a onda de choque é forçada a se
deslocar (superfície da água e fundo do oceano), causa a ocorrência de padrões
complexos de ondas de choque como resultado de reflexão e rarefação. Além
disso, além da onda de choque inicial que resulta da expansão inicial da bolha
de gás, as ondas de choque subsequentes são produzidas por pulsação de
bolhas. A onda de choque pulsante é de menor magnitude e maior duração que
a onda de choque inicial.
Outro fenômeno
interessante de uma explosão subaquática é o corte da superfície. Na
superfície, a onda de choque que se move pela água encontra um meio-ar muito
menos denso. Como resultado, uma onda refletida é enviada de volta para a
água, mas esta é uma onda de rarefação ou sucção. Em um ponto abaixo da
superfície, a combinação da onda de sucção refletida com a onda incidente
direta produz uma diminuição acentuada na pressão de choque da água. Este
é o corte de superfície.
Após um curto
intervalo, que é o tempo necessário para a onda de choque viajar da explosão
até o local determinado, a sobrepressão aumenta repentinamente devido à chegada
da frente de choque. Então, por um período de tempo, a pressão diminui
constantemente, como no ar. Logo em seguida, a chegada da onda de sucção
refletida da superfície faz com que a pressão caia acentuadamente, mesmo abaixo
da pressão normal (hidrostática) da água. Esta fase de pressão negativa é
de curta duração e pode resultar em diminuição da extensão do dano sofrido pelo
alvo. O intervalo de tempo entre a chegada da onda de choque direto em um
determinado local (ou alvo) na água e aquele do ponto de corte, sinalizando a
chegada da onda refletida, depende da profundidade da rajada, da profundidade
do alvo e a distância do ponto de arrebentamento ao alvo. Geralmente,
pode-se dizer que uma bomba profunda deve ser detonada no alvo ou abaixo dele e
que um alvo é menos vulnerável perto da superfície.
Ogivas de Haste
Contínua
São ogivas
destinadas a provocar danos em aeronaves, não são usadas por serem pouco
eficientes. Os primeiros experimentos de ogivas com hastes curtas, retas e
desconectadas mostraram que tais hastes poderiam cortar as hélices, os cilindros
do motor e as asas e, em geral, infligir danos severos a um avião de
combate. No entanto, as ogivas de barras eram ineficazes contra aviões
maiores porque a natureza da maioria das estruturas de aviões de bombardeio
permite uma série de atalhos em seu revestimento sem que ocorram danos
letais. Descobriu-se, no entanto, que longos cortes contínuos causariam
danos consideráveis ??a um bombardeiro; portanto, a ogiva de haste
contínua foi desenvolvida.
Após a detonação,
a carga útil de haste contínua se expande rapidamente em um padrão de
anel. A intenção é fazer com que as hastes conectadas, durante sua
expansão, atinjam o alvo e produzam dano por uma ação de corte. Cada haste é
conectada de ponta a ponta alternadamente e disposta em um feixe radial ao
redor da carga principal. O propulsor é projetado de tal forma que, após a
detonação, a força explosiva será distribuída uniformemente ao longo do
comprimento do feixe de barras contínuas. Isso é importante para garantir
que cada haste mantenha sua configuração e, consequentemente, resulte em
integridade uniforme do círculo em expansão. A densidade de metal de uma
ogiva de fragmentação normal atenua inversamente com o quadrado da distância,
no entanto, por ser não-isotrópica, a densidade do metal de uma carga útil de
haste contínua atenua-se inversamente à distância do ponto de detonação.
Para garantir que
as hastes permaneçam conectadas durante a detonação, a velocidade máxima da
haste inicial é limitada à faixa de 1.050 a 1.150 metros por segundo. As
velocidades iniciais dos fragmentos das ogivas de fragmentação estão na faixa
de 1.800 a 2.100 metros por segundo. Assim, em comparação, ogivas de
barras contínuas não podem produzir tanto potencial de energia destrutiva
quanto ogivas de fragmentação, e não foram continuadas.
Ogivas Térmicas
O objetivo das
ogivas térmicas é iniciar incêndios. Cargas térmicas podem empregar
energia química para acender incêndios com subsequentes conflagrações
incontroláveis, ou energia nuclear para produzir destruição térmica direta, bem
como incêndios subsequentes. Cargas térmicas do tipo químico podem ser
chamadas de bombas incendiárias. Muitos alvos são mais efetivamente
atacados pelo fogo do que pela explosão ou fragmentação. Ogivas térmicas,
principalmente na forma de bombas aéreas como o Napalm, foram desenvolvidas
para uso contra alvos de terra combustíveis onde grandes e numerosos incêndios
causarão sérios danos, como depósitos de combustíveis, por exemplo. O termite é
um tipo de ogiva térmica que produz intenso calor, acima dos 3500 ºC sem reação
explosiva e é ideal para inutilizar equipamento, como o tubo de canhões e
obuseiros. O calor é produzido pela reação química entre alumínio e um óxido,
que pode até derreter o tungstênio.
Uma ogiva
termobárica é um tipo explosivo que se vale do oxigênio do ar para gerar um
onda de explosão muito quente e intensa, com maior duração que um explosivo
convencional. Ao passo que um explosivo convencional como a pólvora é composto
por 25% de oxigênio de 75% de oxidante, uma arma deste tipo é quase 100%
combustível, e portanto inadequadas ao uso subaquático ou em altitude, porem
sendo bem mais energética que outra arma convencional do mesmo peso. São
especialmente eficazes quando detonadas em locais confinados como túneis e
bunkers, pois consomem todo o oxigênio do recinto provocando pressões
negativas. São o mais potente explosivo não-nuclear, podem ser montadas em
armas de mão, e seu exemplo mais conhecido é a bomba ar-combustível FAE.
Ogivas Biológicas
e Químicas
Uma ogiva
biológica usa microorganismos (tifo, peste bubônica, cólera) para realizar seus
propósitos de causar doença ou morte, e é de extrema importância estratégica,
pois é capaz de destruir a vida sem danificar edifícios ou materiais. O
envenenamento dos suprimentos de água é provavelmente a maneira mais eficiente
de se atingir pessoal inimigo. O potencial de guerra do inimigo, como
armas de fogo, local de lançamento de mísseis, etc., fica assim intacto e à
disposição do atacante. O agente biológico pode ser escolhido de modo a
causar apenas incapacidade temporária em vez de morte ao pessoal inimigo,
tornando assim relativamente simples capturar uma instalação inimiga. Uma
pequena carga explosiva colocada em uma carga biológica é útil na dispersão de
agentes biológicos. São consideradas ilegais sob a égide das leis
internacionais da guerra.
Uma carga útil de
ogivas químicas é projetada para expulsar substâncias venenosas (gás mostarda,
gás cloro) e, assim, produzir baixas de pessoal. Ogivas binárias são
armazenadas com duas subseções inertes. Quando devidamente fundidos, eles
se combinam para formar uma carga letal. Ambas são consideradas armas de
destruição em massa e portanto ilegais, sendo uma alternativa barata às armas
nucleares de difícil acesso.
Ogivas nucleares
são armas que produzem calor, sopro e radiação letal com extrema potência a
partir de pequenas quantidades de matéria, através da desintegração atômica de
materiais como o plutônio e o urânio. Podem destruir grandes áreas como uma
cidade inteira, e são usadas para a neutralização de alvos de grandes
dimensões, como por exemplo impedir o avanço de um exército ou uma frota. Uma
bomba termonuclear com 1,1 toneladas tem o poder explosivo equivalente a 1,2
milhão de toneladas de TNT. São armas de destruição em massa e rigidamente
controladas no cenário internacional. As ogivas de radiação são ogivas
nucleares potencializadas para a emissão de radiação. Todas as ogivas nucleares
produzem radiação, no entanto, uma arma de radiação aprimorada pode ser
projetada para maximizar esse efeito.
Ogivas
Pirotécnicas
As pirotecnias
são tipicamente empregadas para sinalização, iluminação ou marcação de
alvos. Na forma mais simples, são dispositivos portáteis. Alguns
exemplos de cargas úteis de ogivas mais elaboradas são os seguintes:
(a) Ogivas
iluminativas - Essas ogivas geralmente contêm substâncias de composto de
magnésio como carga útil, que é expelida por uma pequena carga. Durante
sua descida apoiada em um pequeno paraquedas, o clarão é aceso. A ogiva
iluminativa é, portanto, de grande utilidade durante os ataques noturnos para
apontar as fortificações inimigas. Projéteis de iluminação são usados
??com grande eficácia no bombardeio em terra. Também são usadas como
foguetes de sinalização e de flares, podendo ajudar no ataque dos alvos
terrestres e submarinos. Como esses flares são difíceis de apagar se
acidentalmente forem acesos, é necessária extrema cautela no seu manuseio.
(b) Ogivas fumígenas
- Essas ogivas são usadas principalmente para rastrear movimentos de tropas e
desempenham um papel vital nas escaramuças no campo de batalha. Uma carga
de pólvora negra inflama e expele os canisters que podem ser projetados para
emitir fumaça branca, amarela, vermelha, verde ou violeta.
(c) Marcadores -
O fósforo branco é comumente empregado como carga útil para marcar a posição do
inimigo. Pode ser muito perigoso, especialmente em altas
concentrações. O material pode se auto-inflamar no ar, sua queima não pode
ser extinta pela água e pode reaparecer com a exposição subseqüente ao
ar. O contato corporal pode produzir queimaduras graves. O sulfato de
cobre impede a sua re-ignição.
Ogivas
Anti-Pessoal
Essas ogivas são
projetadas para incapacitar pessoal ou para danificar material. A munição
tipo canister é um exemplo deste tipo de ogiva. A carga útil deste
projétil consiste em pequenos dardos disparados em quantidade por um mesmo
disparo de canhão de carro de combate. Após o disparo, os dardos, ou flechas,
são pulverizados a partir do ponto de detonação. É extremamente eficaz
contra pessoal na folhagem aberta ou densa. Munição de fragmentação dotada de
balins são outro exemplo.
Ogivas Chaff
O Chaff pode ser
empregado para iludir eletronicamente armas inimigas ou cegar o radar
inimigo. A carga útil normalmente consiste em fios de fibra de vidro
revestidos de metal cortados em comprimentos determinados pelo comprimento de
onda da energia de radiofrequência a ser neutralizada. Pode ser distribuído
em uma variedade de ogivas, incluindo projéteis e foguetes.
Unidades de
Bombas de Fragmentação (CBUs - Cluster Bomb Units)
As CBUs ou
“bombas de cacho” são bombas aéreas contendo centenas de pequenas bombas para
uso contra uma variedade de alvos, como pessoal, veículos blindados ou
navios. Uma vez no ar, os canisters se abrem, espalhando as pequenas
bombas em um padrão amplo. A vantagem desse tipo de ogiva é que ele
oferece uma ampla área de cobertura, o que permite uma margem de erro maior na
entrega. Seu ponto negativo é que por se desdobrar em várias pequenas
minibombas, algumas podem não explodir, minando a área involuntariamente.
Ogivas de minas
usam os princípios de explosão subaquática descritos anteriormente para
infligir dano no navio ou submarino alvo. A energia de dano transmitida é
igualmente dividida entre a onda de choque inicial e a bolha de gás em
expansão. Se o alvo estiver sobre a bolha de gás, terá apoio desigual e
será partido em dois. À medida que a profundidade da detonação aumenta,
particularmente acima de 180 pés, o efeito da bolha de gás que causa dano é
grandemente diminuído; Portanto, as minas de fundo raramente são usadas em
águas com mais de 180 a 200 pés. As minas normalmente usam os explosivos
de maior potencial. Também existem as minas ativas como a Captor, que na
verdade, lançam um torpedo inteligente de forma passiva e ativa.
Ogivas de Torpedos
Ogivas de torpedo
devem ser capazes de danificar tanto navios quanto submarinos. A detonação
sob a quilha a meia nau pode causar danos graves causados ??por bolhas de gás
e, se a profundidade for inferior a 300 pés, a onda de choque refletida pode
aumentar substancialmente os efeitos. Torpedos que realmente impactam o
casco de um navio ou submarino têm que superar a estrutura de
casco. Submarinos em mergulho profundo com cascos especialmente grossos
requerem ogivas altamente especializadas. Ogivas de carga moldada são
previstas como a solução para este problema.
Ogivas Anti-Carro
Devido aos
extensos avanços inovadores nas blindagens, ogivas de carga moldadas (HEAT) cresceram
em diâmetro e outros tipos de ogivas foram desenvolvidos.
(a) As ogivas de energia cinética empregam um penetrador de metal (APFSDS) muito pesado e duro
(carbeto de tungstênio ou urânio empobrecido), viajando a uma velocidade
extremamente alta (1400 a 1900 m/s). O penetrador é estabilizado por
empenagem e usa um sabot descartável para aumentar seu tamanho para se adequar
ao diâmetro do cano da arma quando disparado. A placa de blindagem é assim
derrotada por: (1) falha de fluxo dúctil ou de plástico, ou (2) por
cisalhamento ou entupimento, tal como um "abridor de latas". A
forma da ponta do penetrador nesta arma (ou qualquer outra arma) é o fator
determinante.
(b) Uma cabeça de
material de alto-explosivo plástico (HESH) usa um enchimento que se deforma no
impacto para efetivamente colocar uma carga de explosivo plástico contra o lado
da armadura. O tempo do detonador base é crítico para o efeito
máximo. A armadura não é, na verdade, penetrada, mas estresse intenso é
causado no lado oposto da armadura. Esta ogiva é eficaz contra armaduras
mais leves do que as ogivas perfurantes de energia cinética (APFSDS) e de carga moldada
(HEAT).