domingo, 26 de junho de 2022

Planejamento Militar - Diretivas e Controle da Ação (Parte 5) *233


Planejamento Militar - O plano de ação  (Parte 4)

Diretivas

Uma diretiva é um conjunto de instruções para execução de um plano. O objetivo do PPM é a construção de um plano de ação visando o cumprimento da missão designada. Uma vez que este plano está consolidado, emitem-se as diretivas, que são documentos contendo instruções a respeito do plano.

A cada operador pode ser emitida uma diretiva diferente, dentro do mesmo plano, uma vez que cada um terá uma tarefa diferente a cumprir. As diretivas não estão condicionadas à formas rígidas, e devem ser tão sucintas quanto possível, expondo de forma clara, simples e concisa, a L Aç selecionada a quem deve executá-la. Deve limitar-se a conter as informações necessárias para que os comandos subordinados a compreendam de forma inequívoca, servindo de base para a preparação de planos e ordens destes. Um plano é o registro de uma intenção complexa e sistemática, enquanto que uma ordem é a designação para uma ação imediata e que deverá ser cumprida no prazo designado.

Como exemplos mais comuns de diretivas temos as cartas de Instrução; planos de campanha; planos de operação; plano de contingência; plano preliminares; ordens de operação; ordens de movimentação; ordens preparatórias e de instrução; planos complementares; etc...

Uma carta de instrução ou diretriz inicial é uma diretiva expedida para fins de orientação do planejamento dos comandos subordinados. Expõe a situação e indica a missão e a decisão do expedidor, as tarefas atribuídas, as relações de comando e a área de operações. Também transmite instruções especiais, tais como as relativas às comunicações, adjudica meios, define responsabilidades e especifica os relatórios a serem elaborados, que permitem o controle da ação planejada.

Um plano de campanha é uma diretiva formulada pelo comandante de um teatro de operações para expressar a sua decisão, em termos de operações específicas a serem planejadas, realizadas durante um período de tempo definido para a conquista e manutenção de objetivos estratégicos estabelecidos para a hipótese de emprego. Ele especifica operações de grande envergadura, indica os meios necessários, para a fase inicial da campanha, adjudica as forças, organiza os comandos, atribui as tarefas e estabelece as normas básicas para sua coordenação.

Um plano de operação é um tipo de diretiva relativa a operações a serem realizadas em futuro não imediato, envolvendo tempo e espaço consideráveis. O plano de operação é expedido por um comandante de força para transmitir orientações aos comandos subordinados para o preparo de seus planos ou ordens dela decorrentes. Pode destinar-se a uma única operação ou a uma série de operações relacionadas, a serem executadas simultânea ou sucessivamente. Pode ser usado para fins de adestramento, desde que expresse a solução dada pelo comandante a um problema militar, concebido com aquela finalidade, representando uma simulação de operações de guerra. Nesta circunstância, deve ser claramente mencionada a sua condição de documento de exercício.

Um plano de contingência é um plano expedido por um comandante de força, que estabelece o procedimento a ser seguido, caso não se confirme a suposição acerca de uma situação existente, determinada ocorrência ou condição prevista ou pressuposta (hipótese básica) formulada no seu plano de operações distribuído pela referida autoridade.

Um plano preliminar é um esboço geral antecipado de um determinado plano, apresentando os pontos primordiais que devem orientar a elaboração do plano a que se refere. Em uma operação anfíbia, por exemplo, é uma diretiva que marca a passagem da sua fase do planejamento preliminar, onde são tomadas as decisões fundamentais, para a fase do planejamento detalhado. Conterá as informações necessárias ao início do planejamento formal dos elementos subordinados, desta forma viabilizando que estes analisem as tarefas e meios recebidos e possam concluir pela sua capacidade de cumpri-las ou pela necessidade de meios adicionais, a qual será repassada, analisada e consolidada pelos comandos superiores.

Uma ordem de operação é uma diretiva expedida, com a finalidade de determinar a execução coordenada de uma operação específica a ser realizada imediatamente ou em futuro próximo. Trata-se de uma ordem efetiva para a realização de determinada operação, não devendo, portanto, conter hipóteses básicas. Uma ordem de operação pode ser elaborada para complementar um plano de operação já distribuído ou, ainda, para determinar sua execução. Ocasionalmente, ao serem completados todos os preparativos para uma operação, um comandante pode substituir um plano por uma ordem de operação. Esta diretiva pode ser utilizada para fim de adestramento, desde que expresse a solução a um problema militar, concebido com aquela finalidade, representando uma simulação de operações de guerra.

Uma ordem de movimentação é uma diretiva usada para determinar a movimentação de forças ou unidades quando não se justifique o emprego de outro tipo de Diretiva.

Uma ordem preparatória ou de instrução é uma diretiva que se destina a alertar os comandantes subordinados sobre operações iminentes, transmitindo-lhes informações já disponíveis e orientações iniciais, além das orientações quanto ao preparo que a tropa deve possuir, e se for o caso, as providências já encaminhadas para que este preparo seja alcançado. Possibilita que medidas preparatórias sejam tomadas, visando a facilitar futuras ações e que estudos e estimativas preliminares sejam iniciados.

Um plano complementar é uma diretiva que complementa um diretiva inicial, à qual normalmente, é anexado. Destina-se a detalhar ações, a orientar a execução ou a estabelecer normas de operações ou serviços específicos mencionados na diretiva básica. A inclusão de alguns assuntos em planos complementares, além de evitar que a diretiva básica fique sobrecarregada com particularidades excessivas, permite também maior flexibilidade no tratamento de matérias que devam ter divulgação mais restrita. Um plano complementar, de acordo com a sua natureza, poderá ter, entre outras, as seguintes denominações: plano de movimento, plano de comunicações, plano de guerra eletrônica (EW), plano de inteligência, plano logístico, plano de minagem e contraminagem, plano de apoio de fogo, plano de ações aéreas, plano administrativo, plano de ação de superfície, plano de ação de submarinos, plano de emprego de aeronaves, plano de embarque, etc...

Uma Diretiva deve interpretar fielmente o pensamento, a decisão e a determinação do comandante que a expedir e ser bem compreendida pelos que a receberem. Para que isso seja possível, é essencial que atenda a requisitos que a façam um documento claro, conciso, completo e que expresse incisivamente a determinação e transmita objetivamente suas intenções e vontade.

A estrutura de uma diretiva depende de seu tipo, que está associado à finalidade. Porém, de um modo geral, as diretivas constam de um documento básico e partes complementares (Anexos). O documento básico, ou corpo da diretiva, normalmente apresenta, além da organização por tarefas, a missão, as ordens e instruções necessárias para dar uma sucinta e clara ideia da situação, da execução e de outras informações essenciais. As partes complementares, por outro lado, contêm procedimentos particularizados e informações mais completas, que ampliam e complementam o contido no corpo da diretiva, e podem ser de interesse específico. As partes complementares poderão ser planos complementares ou conter outros assuntos que, devido à sua complexidade e amplitude, não convém que constem do documento básico, como, por exemplo, um conceito da operação ou uma organização por tarefas muito extensos ou detalhado.



3ª Etapa

O Controle da Ação Planejada

Toda operação deve ser controlada durante sua execução e seus rumos devidamente corrigidos sempre que necessário. Este controle deve ser planejado antes da operação iniciar e realizado durante a sua execução, em processo contínuo.

O Planejamento

O planejamento deste controle é um processo contínuo que se inicia nas primeiras fases do exame da situação e prossegue até o fim da 2ª Etapa. Nas primeiras fases do exame da situação, será verificado quais as informações serão repassadas ao escalão superior na avaliação do progresso da operação por este comando. Os conteúdos não devem ser insuficientes nem excessivos, evitando-se o mascaramento de informações importantes. Na fase 7 da etapa anterior, os relatos desejáveis serão especificados no parágrafo "COMANDO E CONTROLE" da diretiva, e tratarão das informações necessárias a serem repassadas para o controle da operação em tempo real e cumprimento da missão. Esta informação é vital para o sucesso do plano e deve ser formatada especificamente a cada operação, pois relatos padronizados ou de rotina podem não satisfazer. Para conseguir um fluxo de informações eficaz, o conteúdo deve ser ajustado de acordo com cada missão em curso e os seus efeitos desejados em cada tarefa atribuída.

O Controle

Na realização do controle da operação, o comandante acompanha se a ação se desenrola conforme foi planejada. Segundo o estrategista prussiano do século XIX Helmuth von Moltke “Nenhum plano de batalha sobrevive ao contato com o inimigo", e é baseado nessa premissa que se evidencia a importância do seu acompanhamento. Utilizando-se das informações fornecidas através dos relatórios dos comandos subordinados, monitora-se o desenrolar da operação à luz do plano de ação escolhido. 

Caso isso não esteja ocorrendo, o que acontece frequentemente, deve-se identificar as causas das discrepâncias entre a operação planejada e sua execução, para se aplicar o corretivo adequado. Dentre essas causas, podemos citar: alterações imprevistas nos fatores nos quais o plano se tenha baseado; erros de julgamento; perdas ou ganhos inesperados; e alterações na diretiva recebida do escalão superior. Após identifica-las, por meio de um planejamento contínuo e cíclico, deve-se implementar os ajustes necessários, até o cumprimento da missão.

5 perguntas básicas ajudam o acompanhamento da operação:

  • a operação desenvolve-se de acordo com o plano?
  • o resultado atende ao efeito desejado?
  • há necessidade de alteração do plano?
  • há alteração no exame da situação?
  • e a situação foi bem avaliada?

Se a resposta às 2 primeiras perguntas for sim, apenas continua-se o controle da ação em curso para cumprir a missão. Da mesma forma, a resposta não à primeira e à terceira implica apenas prosseguir a operação sem a necessidade de alterar o plano em vigor. As respostas às 2 últimas perguntas definem a extensão de qualquer modificação no plano e, por conseguinte, devem ser cuidadosamente determinadas.

O exame da situação contém os elementos que serviram de base para a escolha da L Aç que serviu como decisão. Dependendo da alteração ocorrida no exame da situação, como o estabelecimento de uma nova relação de comando, mudança nas limitações ao planejamento ou em qualquer outro elemento significativo do problema, o ponto de entrada para a revisão pode estar nas Fases 1, 2, 3 ou 4. O perfeito conhecimento dessas alterações e a familiaridade com o PPM indicam o ponto mais conveniente para iniciar a modificação no planejamento, que poderá conduzir à revisão da decisão. O tempo perdido na reconsideração de um fator alterado, antes de modificar o plano, pode ser mais do que compensado pela confiança em um novo plano, por estar perfeitamente baseado na metodologia do PPM e permitir que os esforços sejam concentrados na obtenção do efeito desejado.

Não existe um padrão para se realizar o exame corrente da situação, e as discrepâncias entre a operação planejada e sua execução podem requerer medidas de complexidade variável. O emprego de sistemas de processamento de dados aumenta a velocidade, o volume, e a precisão e facilidade de interpretação das informações manipuladas no exercício do C2 da ação planejada. Equipes bem adestradas nos COCs (Centros de Operações de Combate) ou PCs (Postos de Comando) são importantíssimas para a manutenção de um quadro atualizado, preciso e nítido do desenrolar das ações. Uma eficiente estrutura de C2 + comunicações eficazes (C3) será de fundamental importância para um bom controle operacional.

O Exame de Situação Abreviado (Parte 6)

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