segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Artilharia de Tubo em Áreas Urbanas *234


A artilharia de tubo é um dos multiplicadores de combate mais poderosos em um teatro de operações. Em todo o espectro de operações ofensivas, defensivas e de estabilização, ela serve como um meio de apoio de fogo orgânico, oportuno, disponível o tempo todo, sob quaisquer condições climáticas. Embora a artilharia de tubo seja um dos muitos sistemas de armas capazes de utilizar munições de precisão, sua qualidade única vem da capacidade de pronta resposta com um alto volume de fogo, com várias combinações de projéteis e espoletas.

As operações em terreno urbanos, devido às suas peculiaridades, vem demonstrando a preferência dos comandantes de substituir o poder de fogo representados por sistemas complexos, por homens com capacidades de atuação mais pontual e específicas, e o emprego da artilharia de tubo se faz adequado e necessário. Iniciativas de modernização melhoram continuamente o equipamento em uso, adequando-o às novas demandas, e o combate urbano atual exige engenhosidade no uso dos equipamentos disponíveis para preencher lacunas de capacidade, com a incorporação paulatina de novos e mais adequados equipamentos. O sucesso em combates urbanos requer aplicação criativa e conhecimento do básico. Isso inclui “competência transferível”, ou a capacidade de aplicar competências a novos ambientes e situações. A iniciativa dos comandantes de baixo escalão e a rápida adaptação ao campo de batalha são fundamentais para o sucesso neste cenário cada vez mais presente.

O Ambiente Operacional

Emprego da Artilharia de Tubo no Ambiente Urbano

É necessário analisar o emprego neste ambiente sob os seguintes aspectos: Escolha e Ocupação das Posições de Bateria, Dispersão e Técnicas de Emprego; Comunicações e Operações Degradadas; Segurança da Bateria; Fogo Direto e Logística.

Escolha e Ocupação das Posições de Bateria

Com os requisitos da missão e considerações de apoio necessárias, as operações urbanas de artilharia de tubo são inevitáveis. Os comandantes podem considerar operar das periferias, mas muitas áreas urbanas são grandes demais para a execução de fogos destas distâncias, assim como os fogos defensivos a partir de seu interior que também se farão necessários. 

Sejam quais forem as características do terreno, a escolha e ocupação das posições de bateria serão determinadas pelos requisitos da missão. Os critérios padrão não diferem no terreno urbano, mas há um aumento inerente na complexidade de operação nestes locais. As exigências de comunicações, segurança, trafegabilidade e manobrabilidade assumem um papel de apoio, mas são vitais neste esforço. A velocidade de progressão da tropa apoiada é particularmente vital nestas análises: o ritmo da manobra tende a ser lento e deliberado em algumas situações, com combates quarteirão a quarteirão, ou pode ser rápido, no contorno de áreas urbanas, com movimentos diretamente para objetivos selecionados. 

Os ambientes urbanos apresentam grandes massas de cobertura e problemas de mascaramento imediatos. No uso de munições convencionais de saturação de área, o espaço morto é tipicamente 5 vezes a altura dos edifícios para tiro mergulhante e metade desta altura para tiros verticais. Isso causa uma maior propensão para os fogos em tiro vertical de forma a aumentar a eficácia no ataque às áreas desenfiadas entre os edifícios. Para munições convencionais de saturação de área, isso cria uma diminuição na precisão e no alcance. Missões de tiro vertical também exigem mais tempo de trajetória. Essas complexidades adicionais tornam difíceis os engajamentos de alvos de oportunidade e possivelmente até de alvos previstos. Se houverem considerações mais rígidas das regras de engajamento (ROE), as considerações de danos colaterais também podem limitar a capacidade destes fogos de saturação, embora essas considerações possam ser limitadas e minimizadas dependendo da situação. 

Uma análise criteriosa das áreas urbanas é necessária para facilitar os fogos oportunos e maximizar as comunicações, bem como as considerações de segurança. Cada tipo de área urbana apresenta desafios e oportunidades únicos.

As regiões centrais das áreas urbanas apresentam problemas significativos para a artilharia, pois geralmente são muito pequenas e compactas para fornecer áreas de posicionamento. Se a missão exigir ocupação dentro de áreas centrais, os comandantes devem considerar o posicionamento dos obuseiros nas ruas ao longo das linhas de tiro até o alvo, principalmente se a área urbana seguir um padrão radial ou de grade. Como as áreas centrais normalmente restringem o movimento, os comandantes também devem considerar a quantidade de escombros na área de posição e na seleção do local. Estruturas revestidas pesadas são mais propensas a entulho e existem com maior frequência nas regiões mais antigas das áreas centrais, bem como estruturas mais leves são menos propensas a entulho e estão nas regiões mais novas das cidades, especialmente na periferia central. As áreas centrais também podem ter problemas significativos no que se refere à campos de observação. Finalmente, a natureza densa e multidimensional destas áreas tende a dificultar a segurança das baterias.

As áreas de arranha-céus periféricas são semelhantes às áreas centrais, apresentando problemas significativos de comunicações. A diferença está nas grandes áreas abertas, como estacionamentos e parques que separam áreas periféricas de arranha-céus. Essas áreas podem ser grandes o suficiente para ocupações por pelotões e baterias, mas também são propensas ao assédio do inimigo. Os comandantes devem considerar os vários sistemas de transporte coletivo que caracterizam as áreas periféricas de arranha-céus. Estes podem representar vias de aproximação de alta velocidade para as forças inimigas que operam na área.

As áreas militares existentes nos locais podem fornecer espaços de posicionamento adequados para baterias de tiro, pois a defesa será facilitada pelas fortificações permanentes e instalações subterrâneas existentes. Os aeródromos também podem fornecer excelentes áreas de posicionamento e/ou podem funcionar como zonas de pouso de helicópteros ou zonas de coleta. A infraestrutura de comunicações interna ali existentes, podem fornecer um meio de comunicação adicional e redundante. Quanto aos riscos apresentados nas áreas militares, estas podem possuir armas de destruição em massa, gerando risco à força e preocupações com danos colaterais. Além disso, como as áreas militares podem ser um centro de gravidade para as forças inimigas, a chance de ataques complexos e de assédio pode aumentar.

As áreas comerciais podem permitir que a artilharia de tubo seja desdobrada nos corredores, utilizando as vias que cruzam as diferentes áreas urbanas. Em áreas comerciais, os estacionamentos podem ser as posições mais adequadas, mas o espaço de ocupação para obuses rebocados sofrerá restrições. Obuses rebocados terão que plantar suas pás de conteira contra o asfalto ou concreto, entulho ou paredes de construção, ou, alternativamente, encontrar uma área gramada onde se desdobrar. Finalmente, civis podem estar transitando nas proximidades, e áreas residenciais próximas podem existir, aumentando o risco do inimigo usar a população civil como cobertura e ocultação.

A áreas Industriais podem fornecer áreas de posição ideais, com espaços abertos grandes o suficiente para ocupações de pelotões e baterias. As áreas industriais também costumam fornecer ocultação adequada em grandes fábricas e armazéns de teto plano. Essas fábricas e armazéns também podem oferecer excelentes posições de cobertura e ocultação ou, se orientadas na linha de fogo, posições de tiro. Semelhante às áreas periféricas de arranha-céus, os comandantes devem considerar as vias de acesso de alta velocidade facilitadas por vários sistemas de transporte coletivo dentro e ao redor das áreas industriais. Esses centros de transporte comercial geralmente são de natureza multimodal, incluindo aeródromos e as principais rotas marítimas, fluviais, ferroviárias e rodoviárias. As forças militares que operam dentro ou ao redor destas áreas devem tomar cuidado especial com a presença de produtos químicos industriais tóxicos por ali armazenados.

As áreas residenciais estão dispersas pelas áreas urbanas e podem ser difíceis de evitar. Essas áreas podem fornecer áreas de posição ideal para a artilharia, mas exigem uma compreensão e respeito da(s) cultura(s) da área. Finalmente, como as favelas geralmente não contêm vias públicas ou serviços públicos, geralmente apresentam problemas de manobrabilidade/trafegabilidade, particularmente durante e após a ocupação, devendo ser evitadas devida a seus traçados altamente irregulares e não planejados.


Técnicas de Dispersão e Emprego

O combate urbano tem considerações únicas para técnicas de dispersão e emprego, exigindo uma análise cuidadosa do ambiente operacional. O terreno urbano ditará as técnicas de dispersão e poderá limitar o emprego aos escalões abaixo do pelotão, tornando a iniciativa do líder subalterno cada vez mais importante. A adaptação rápida para maximizar a capacidade de sobrevivência e dos fogos eficazes, como o uso de esconderijos e ataques, também podem ser táticas inevitáveis em combates neste ambiente. O espaço físico, as massas de cobertura próximas e as considerações de mascaramento podem ditar a necessidade de emprego em escalões abaixo do pelotão. Operar de forma tão capilarizada aumenta a capacidade de resposta, mas diminui o espaço disponível para fogos de saturação mais emassados. As operações nestes escalões são especialmente adequadas para o uso dos modernos sistemas digitais de direção de tiro dos obuses, mas os fogos emassados em operações degradadas – uma potencial inevitabilidade em combates urbanos – ficam mais difíceis de executar.

Operar com pequenos escalões também aumenta a vulnerabilidade ao assédio de forças terrestres inimigas. As técnicas de dispersão variam de acordo com a ameaça e o terreno. No terreno urbano, as áreas funcionais urbanas e os padrões de ruas surgem como 2 dos pontos vitais de discussão. Diferentes técnicas de dispersão são mais adequadas para áreas urbanas e padrões de ruas com base no espaço disponível, massa de cobertura, mascaramento, segurança e trafegabilidade. Por exemplo, as formações em linha das baterias ou as formações escalonadas em W fornecem controle máximo, mas devido a considerações de espaço, elas podem ser limitadas em áreas periféricas de arranha-céus e áreas centrais. Por outro lado, os comandantes podem considerar o uso das formações em cunha ou estrela em áreas centrais e de arranha-céus porque os edifícios circundantes fornecem cobertura artificial e ocultação de ameaças aéreas e contrabateria. Os espaldões são semelhantes às técnicas, táticas e procedimentos usados em áreas abertas, com seções de armas escalonadas, e em seguida, movendo-se da mesma forma para um posições de troca. Armazéns, pátios ferroviários, celeiros ou oficinas de automóveis podem ser ótimos abrigos. Se posicionadas dentro do alcance operacional da bateria, essas áreas também são excelentes posições de linha de fogo. Quando possível, os comandantes devem considerar abrigos fora das áreas urbanas para evitar a detecção. Abrigos propensos ao emprego de munições termobáricas devem ser evitados.

A proeminência do ataque de artilharia de tubo no combate urbano também pode se tornar uma tática inevitável. Há duas razões principais para esta proposição. Em primeiro lugar, com os problemas de localização até as massas de cobertura e de mascaramento inerentes às áreas urbanas, as formações de artilharia podem ter que trocar de posição rapidamente para apoiar as forças de manobra. A segunda é a natureza letal da ameaça. A realidade é que os sistemas de armas e sensores inimigos sejam tão capazes de encontrar e atacar unidades amigas que se é forçado a empreender missões de tiro deliberadas e/ou apressadas. A sobrevivência pode depender da capacidade de ocupar rapidamente uma posição, executar a missão de tiro necessária, e em seguida retornar rapidamente para trás da linha avançada para outra área de posição ou desenfiamento.

Comunicações e Operações Degradadas

A discussão sobre comunicações e operações degradadas no combate urbano são elencadas em 4 tópicos. Primeiro, planos de comunicação eficazes são essenciais. Em segundo lugar, pode ser necessária flexibilidade para o uso de plataformas e meios de comunicação mais antigos em conexão com meios mais tecnológicos para preencher as lacunas de capacidade criadas por novas tecnologias e demandas. Terceiro, pode haver a necessidade de minimizar as assinaturas eletrônicas. Quarto, as formações de artilharia de tubo devem ser proficientes em operar em modos degradados e analógicos. Pois não importa o ambiente e os meios disponíveis, as missões de tiro tem que ser executadas.

As capacidades inimigas e o terreno urbano podem degradar as comunicações em futuros combates urbanos. Arranha-céus, linhas de energia, transformadores ou outras estruturas urbanas podem interromper os sinais eletromagnéticos necessários para as comunicações. Outros sinais, como telefones celulares, serviços de emergência e outras redes táticas, também podem degradar as comunicações. O espectro eletromagnético Inimigo e os recursos cibernéticos também estão avançando rapidamente, cada um com a capacidade potencial de interromper, degradar ou negar sistemas de comunicação amigos. Planos eficazes maximizam o uso simultâneo dos sistemas de comunicação disponíveis, modernos e tradicionais, monitorando e nivelando-os conforme necessário. Os planos de comunicações bem elaborados minimizam as interrupções nas comunicações, maximizando assim os disparos eficazes e facilitando os mecanismos inter-relacionados de C2.

Os planos de comunicações podem não eliminar todos os gargalos inerentes às comunicações. Consequentemente, são vitais a flexibilidade dos meios C2 que devem permitir a execução descentralizada das missões de tiro. As unidades de artilharia devem ter a capacidade de empregar o maior número de meios simultâneos de comunicações do nível do grupo para o nível da bateria dentro de uma arquitetura flexível. Esses tipos de sistemas disponíveis são o rádio ar-terra-ar, o rádio de alta frequência (HF) e o rádio com link de satélite. A integração bem-sucedida desses 3 sistemas pode determinar a eficácia do apoio de fogo entre os usuários. A capacidade das unidades em executar fogos precisos e oportunos exige o uso eficaz de todos esses 3 sistemas. O rádio tático é o sistema mais abundante nas unidades. Com o uso de um amplificador de potência, estes sistemas são capazes de comunicações de voz até 40 km e dados até 20 KM. O terreno urbano, no entanto, pode restringir severamente o emprego nestes alcances. Equipes de retransmissão podem flexibilizar estes meios sobre ou ao redor de obstáculos para permitir disparos efetivos. Estas equipes devem estar equipadas com o maior número possível de sistemas afins para operar em emprego prolongado, e devem garantir que os locais de retransmissão possam entrar em contato com todos os nós necessários. Como cada sistema requer uma antena para cada rádio na configuração, a situação eletromagnética e operacional destas equipes pode ficar insustentável em algumas situações. Por esse motivo, é vital que elas entendam a missão, e tenham capacidade de uso de locais alternativos e suplementares.

Os comandantes também devem fornecer anexos de segurança às equipes de retransmissão devido às considerações de segurança inerentes ao terreno urbano. O uso de Sistemas Aéreos Não Tripulados para fornecer uma capacidade de retransmissão pode reduzir o risco. Como alternativa a uma equipe de retransmissão, as unidades podem usar outras unidades amigas para retransmitir mensagens quando a comunicação direta não for possível. Os rádios HF fornecem voz à unidade e comunicações digitais que transmitem sobre obstáculos e longas distâncias. Infelizmente, os rádios HF são limitados, mas podem ser necessários para facilitar fogos de longo alcance atendendo às necessidades do terreno urbano. Os rádios satelitais transmitem comunicações de voz e dados em distâncias muito longas. Os grupos de artilharia devem considerar o uso sempre que possível de rádios satelitais para suas baterias, de forma a aumentar a redundância nas comunicações.

No entanto, essa transferência requer treinamento sobre o uso desses sistemas. O combate urbano pode exigir engenhosidade usando plataformas e acessórios de comunicação “desatualizados” e/ou existentes para preencher as lacunas de capacidade criadas pelas novas tecnologias. Por exemplo, sistemas de telefonia celular ou fixos civis podem ser usados em caso de emergência, e sistemas fio podem ser desdobrados através de esgotos e edifícios. Com relação às antenas de campo, os comandantes são limitados apenas pela imaginação. As antenas de campo podem ser colocadas em árvores, amarradas a balões de ar ou colocadas em andares superiores de edifícios para aumentar o alcance. As antenas, no entanto, podem revelar as posições das unidades, de modo que os comandantes devem evitar posições de silhueta.

Por outro lado, o combate urbano pode ditar a necessidade de minimizar as assinaturas eletrônicas. Nesse caso, os comandantes podem considerar períodos de silêncio de rádio para evitar assinatura eletrônica. O silêncio de rádio é um status em que todos os rádios em uma área são solicitados a parar de transmitir, dependendo de uma necessidade imperiosa. Da mesma forma, as equipes de retransmissão permitem que as unidades reduzam a saída de radiofrequência para reduzir as assinaturas eletrônicas em suas posições. Reduzir ou eliminar brevemente as assinaturas eletrônicas reduz o risco de detecção de posições de soldados e unidades. No recente conflito na Ucrânia, a Rússia realizou ataques de artilharia contra o exército ucraniano, visando seus sinais eletrônicos. Os militares dos EUA não tiveram que lidar com essa capacidade durante as guerras no Iraque e no Afeganistão.

As capacidades eletromagnéticas inimigas podem interromper, degradar ou negar os Sinais GPS necessários para sistemas digitais, forçando a artilharia de tubo a operar em modos degradados. Operar em ambientes urbanos requer uma consideração adicional: em modos degradados, os instrumentos magnéticos serão prejudicados e sua precisão degradada em áreas construídas. Essa degradação aumentará nas áreas periféricas de arranha-céus e núcleos, onde existem muitos edifícios altos com estrutura de aço. A precisão é especialmente mais necessária no combate urbano não apenas por causa de considerações de danos colaterais, mas também porque o combate urbano geralmente apresenta alcances de combate direto de fogo inferiores a 100 metros. O ciberespaço e as capacidades eletromagnéticas também podem interromper o comando de missão e o processo de direcionamento de unidades de artilharia amigas, forçando métodos analógicos na eliminação de fogos e gerenciamento do espaço aéreo. Como as redes degradadas reduzem a consciência situacional, os ensaios antes e mesmo durante as operações são vitais – principalmente quando se opera como parte de uma coalizão multinacional.

A Segurança das Baterias

A segurança das baterias em terreno urbano tem uma natureza dupla de desafios e oportunidades: o terreno urbano oferece um ambiente multidimensional para projetar a defesa, porém esta mesma sua natureza multidimensional o torna inerentemente difícil de defender. É necessária uma abordagem holística para reduzir os desafios e maximizar as oportunidades. As iniciativas de modernização para criar uma força mais móvel e ágil aumentarão a capacidade de sobrevivência.

A aplicação criativa do terreno urbano fornece alerta precoce, defesa em profundidade e dispersão. Posições fortificadas podem ser instaladas em edificações abandonadas, e prédios de vários andares podem fornecer ótimos pontos de observação e de rádio-operação, e os principais sistemas de armas podem ser posicionados de forma criativa para fornecer fogos diretos eficazes. A natureza canalizadora e compartimentada do terreno também pode oferecer aos comandantes áreas de engajamento ideais. Finalmente, em terrenos urbanos, os comandantes podem usar a cobertura fornecida por estruturas de vários andares ou podem dispersar suas seções. Em terreno aberto, os comandantes podem optar por dispersar suas pelas em intervalos de 100 metros ou mais, e ainda mais para o comando de linha de fogo (CLF). Em áreas urbanas densas, seja nos centros ou em áreas periféricas de arranha-céus, os edifícios altos podem fornecer cobertura mascarando os sistemas de fogo indireto do inimigo, permitindo uma ocupação mais compacta. Consequentemente, a ocupação em áreas urbanas densas frequentemente exige a execução de fogos verticais (acima de 45 graus).

Além de estabelecer uma defesa padrão, os encarregados da segurança também devem varrer as edificações para cima e para baixo em seus setores para cobrir edifícios de vários andares e outras estruturas altas. Devido a essas complexidades inerentes, uma força de reação rápida designada é vital para a sobrevivência no caso de uma violação do perímetro. Os comandantes também devem coordenar com as unidades adjacentes para aumentar seus planos de segurança, e solicitar anexos de segurança adicionais. Dependendo do tempo disponível, as peças podem individualmente preparar posições suplementares para cobertura de fogo direto em rotas críticas para a posição da bateria

Os sensores dos adversários e os sistemas de armas de fogo indireto também tornam os critérios de movimento de sobrevivência e a capacidade de deslocamento rápido absolutamente críticos. Apesar da agilidade da artilharia rebocada em ataques aéreos e operações aerotransportadas, elas possuem limitações inerentes nos tempos de deslocamento e proteção das guarnições. De certa forma, isso limita sua viabilidade em campos de batalha urbanos.

Há um argumento crível de que sistemas de obuseiros leves e móveis são necessários devido à necessidade premente de ocupações e deslocamentos mais rápidos. Mesmo se operado dentro dos padrões de tempo. Os atuais sistemas de armas rebocadas se deslocam taticamente em um ritmo muito lento para sobreviver no campo de batalha urbano cada vez mais exigente. Além disso, a fadiga da tripulação nos atuais sistemas de armas rebocadas é uma preocupação.

Da mesma forma, as capacidades inimigas e o denso terreno urbano exigem postos de comando (PC) mais móveis e menores. As limitações de comunicação do terreno urbano exigem PCs ágeis e móveis para manter fogos eficazes e C2 eficientes. Preocupações com a sobrevivência, especialmente aquelas relativas aos fogos de contrabateria, também ditam a necessidade de movimentos frequentes e rápidos. Com as exigentes configurações de pessoal e equipamento inerentes aos grupos, deve haver um maior equilíbrio entre eficácia e capacidade de sobrevivência.

A defesa da bateria no terreno urbano também deve seguir uma abordagem holística. Pontos vitais adicionais de discussão incluem, mas não estão limitados à técnicas de emprego e seleção de área de posição. A robótica usada na defesa e reconhecimento de baterias também pode eventualmente ser um tópico de discussão; no entanto, há uma maior necessidade dessas formações de manobra e os custos associados de projeto e desenvolvimento são altos.

Fogo Direto

Embora não seja sua missão principal, a artilharia de tubo pode fornecer uma capacidade de fogo direto de grande calibre que é eficaz na guerra urbana. Durante a Primeira Batalha de Grozny, de dezembro de 1993 a março de 1994, as forças russas utilizaram tiros de canhão indiretos para moldar e suprimir os arredores da cidade. Depois que as forças de manobra conquistaram seus objetivos iniciais, os russos utilizaram parte de sua artilharia autopropulsada em um papel de fogo direto, fornecendo um fogo de longo alcance contra bunkers, fortificações pesadas ou posições inimigas reforçadas em edifícios de concreto. Isso se mostrou eficaz, com o benefício adicional de que o fogo direto produzia menos escombros nas ruas do que o fogo indireto, permitindo maior liberdade de manobra às forças russas que avançavam.

Obuses em uma função de fogo direto trazem capacidades significativas para aumentar os sistemas de armas orgânicas de fogo direto. Muitos MBTs em função de apoio são incapazes de se elevar para engajar alvos nos andares superiores dos edifícios, e os sistemas de armas de artilharia, por sua própria natureza, podem engajar em qualquer elevação. Projéteis de 155 mm podem penetrar até 38 polegadas de tijolo e concreto não armado e até 28 polegadas de concreto armado com danos consideráveis além da parede. Projéteis de 105 mm causarão danos significativos a edifícios construídos com material leve e podem penetrar em paredes de pedra e tijolo de camada única ou concreto armado leve. Essa capacidade é especialmente significativa nas tropas de Infantaria leve e paraquedistas, porque essas formações carecem de sistemas orgânicos de armas de fogo direto de grande calibre.

Considerações adicionais para obuses empregarem fogo direto incluem capacidade de sobrevivência, tempo de ocupação de posição e deslocamento, precisão e mobilidade. Os obuseiros autopropulsados (SPGs) são sem dúvida a melhor opção, mas não oferecem a mesma proteção que um MBT a suas tripulações. As peças de artilharia rebocadas são relativamente vulneráveis, pois não fornecem proteção às suas tripulações e são mais lentas nas movimentações. Sistemas de obuseiros móveis em vez de sistemas rebocados atuais podem reduzir essa lacuna de capacidade.

Os comandantes só devem optar por empregar artilharia de tubo em uma função de fogo direto após uma análise cuidadosa da adequação, viabilidade e aceitabilidade do uso de artilharia para completar o fogo dos MBT ou outras armas de fogo direto. Quando os obuses são retirados de seu papel tradicional, a capacidade de apoiar forças de manobra e moldar objetivos futuros é degradada. Os comandantes devem pesar o esforço principal e realizar uma análise de custo-benefício dos riscos associados à utilização de obuses em uma função de fogo direto.

Logística

Devido à natureza híbrida e letal das ameaças, as dificuldades logísticas das brigadas serão ampliadas em terreno urbano. Como visto na batalha de Aachen durante a Segunda Guerra Mundial, o desafio logístico resultante para igualar este aumento acentuado de munições é significativo. Operações engenhosas e planejamento eficaz são necessários para manter fogos oportunos e eficazes. As futuras iniciativas de modernização auxiliarão no atendimento da demanda logística.

Manter o ritmo com linhas de abastecimento difíceis em grandes terrenos urbanos podem exigir que as baterias operem com uma logística limitada. Durante a invasão do Iraque em 2003, os Marines operaram sem leitos, sem sacos de dormir e, às vezes, com apenas uma refeição pronta para comer por dia. Estes regimentos também foram equipados com kits de teste de combustível para capturar e utilizar combustível inimigo, e veículos e equipamentos foram mantidos escrupulosamente.

A capacidade da artilharia de tubo de fornecer apoio de fogo eficaz depende de sua capacidade de prever efetivamente seu consumo de munição. Áreas urbanas podem ditar uma maior necessidade de certas munições, e certos conjuntos de missões requerem diferentes combinações de espoletas, por exemplo, espoletas de retardo para penetrar no concreto, granadas fumígenas usadas em operações de abertura e passagem de brechas, minas espalhadas para isolar formações inimigas de suas linhas logísticas fora da cidade, munições de precisão para alvos de alta prioridade, etc. Garantir a quantidade e o tipo corretos de munição no lugar e na hora certos é fundamental. O S3 (oficial de operações) e os comandantes de linha de fogo (CLFs) devem identificar esses requisitos no início do processo de planejamento (análise da missão) para garantir tempo suficiente para encomendar e entregar munição.

Mas apesar dos riscos à força e missão causados pelas dificuldades logísticas inerentes ao combate urbano futuro, 3 tendências tecnológicas emergentes merecem destaque. A primeira é o uso de técnicas de manufatura adaptativa, como a impressão 3D, para reduzir custos e aprimorar significativamente o trem logístico, fornecendo ressuprimento antecipado de peças e outros materiais. A segunda é usar inteligência artificial (IA) ou plataformas não tripuladas operadas por humanos para complementar os atuais trens logísticos, reduzindo o risco de força e missão em movimentos logísticos. O terceiro são os avanços tecnológicos na geração e armazenamento de energia para diminuir a dependência dos serviços logísticos em relação ao combustível. Uma dependência reduzida de combustível reduzirá significativamente os requisitos de transporte e comboios logísticos.



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