A artilharia de tubo é um dos multiplicadores de combate mais poderosos em um teatro de operações. Em todo o espectro de operações ofensivas, defensivas e de estabilização, ela serve como um meio de apoio de fogo orgânico, oportuno, disponível o tempo todo, sob quaisquer condições climáticas. Embora a artilharia de tubo seja um dos muitos sistemas de armas capazes de utilizar munições de precisão, sua qualidade única vem da capacidade de pronta resposta com um alto volume de fogo, com várias combinações de projéteis e espoletas.
As operações em
terreno urbanos, devido às suas peculiaridades, vem demonstrando a preferência
dos comandantes de substituir o poder de fogo representados por sistemas
complexos, por homens com capacidades de atuação mais pontual e específicas, e
o emprego da artilharia de tubo se faz adequado e necessário. Iniciativas de
modernização melhoram continuamente o equipamento em uso, adequando-o às novas
demandas, e o combate urbano atual exige engenhosidade no uso dos equipamentos
disponíveis para preencher lacunas de capacidade, com a incorporação paulatina
de novos e mais adequados equipamentos. O sucesso em combates urbanos requer
aplicação criativa e conhecimento do básico. Isso inclui “competência
transferível”, ou a capacidade de aplicar competências a novos ambientes e
situações. A iniciativa dos comandantes de baixo escalão e a rápida adaptação
ao campo de batalha são fundamentais para o sucesso neste cenário cada vez mais
presente.
O Ambiente
Operacional
Emprego da
Artilharia de Tubo no Ambiente Urbano
É necessário
analisar o emprego neste ambiente sob os seguintes aspectos: Escolha e Ocupação
das Posições de Bateria, Dispersão e Técnicas de Emprego; Comunicações e
Operações Degradadas; Segurança da Bateria; Fogo Direto e Logística.
Escolha e
Ocupação das Posições de Bateria
Com os requisitos da missão e considerações de apoio necessárias, as operações urbanas de artilharia de tubo são inevitáveis. Os comandantes podem considerar operar das periferias, mas muitas áreas urbanas são grandes demais para a execução de fogos destas distâncias, assim como os fogos defensivos a partir de seu interior que também se farão necessários.
Sejam quais forem as características do terreno, a escolha e ocupação das posições de bateria serão determinadas pelos requisitos da missão. Os critérios padrão não diferem no terreno urbano, mas há um aumento inerente na complexidade de operação nestes locais. As exigências de comunicações, segurança, trafegabilidade e manobrabilidade assumem um papel de apoio, mas são vitais neste esforço. A velocidade de progressão da tropa apoiada é particularmente vital nestas análises: o ritmo da manobra tende a ser lento e deliberado em algumas situações, com combates quarteirão a quarteirão, ou pode ser rápido, no contorno de áreas urbanas, com movimentos diretamente para objetivos selecionados.
Os ambientes urbanos apresentam grandes massas de cobertura e problemas de mascaramento imediatos. No uso de munições convencionais de saturação de área, o espaço morto é tipicamente 5 vezes a altura dos edifícios para tiro mergulhante e metade desta altura para tiros verticais. Isso causa uma maior propensão para os fogos em tiro vertical de forma a aumentar a eficácia no ataque às áreas desenfiadas entre os edifícios. Para munições convencionais de saturação de área, isso cria uma diminuição na precisão e no alcance. Missões de tiro vertical também exigem mais tempo de trajetória. Essas complexidades adicionais tornam difíceis os engajamentos de alvos de oportunidade e possivelmente até de alvos previstos. Se houverem considerações mais rígidas das regras de engajamento (ROE), as considerações de danos colaterais também podem limitar a capacidade destes fogos de saturação, embora essas considerações possam ser limitadas e minimizadas dependendo da situação.
Uma análise criteriosa das áreas urbanas é
necessária para facilitar os fogos oportunos e maximizar as comunicações, bem
como as considerações de segurança. Cada tipo de área urbana apresenta desafios
e oportunidades únicos.
As regiões
centrais das áreas urbanas apresentam problemas significativos para a
artilharia, pois geralmente são muito pequenas e compactas para fornecer áreas
de posicionamento. Se a missão exigir ocupação dentro de áreas centrais, os
comandantes devem considerar o posicionamento dos obuseiros nas ruas ao longo das
linhas de tiro até o alvo, principalmente se a área urbana seguir um padrão
radial ou de grade. Como as áreas centrais normalmente restringem o movimento,
os comandantes também devem considerar a quantidade de escombros na área de
posição e na seleção do local. Estruturas revestidas pesadas são mais propensas
a entulho e existem com maior frequência nas regiões mais antigas das áreas
centrais, bem como estruturas mais leves são menos propensas a entulho e estão
nas regiões mais novas das cidades, especialmente na periferia central. As
áreas centrais também podem ter problemas significativos no que se refere à
campos de observação. Finalmente, a natureza densa e multidimensional destas
áreas tende a dificultar a segurança das baterias.
As áreas de
arranha-céus periféricas são semelhantes às áreas centrais, apresentando
problemas significativos de comunicações. A diferença está nas grandes áreas
abertas, como estacionamentos e parques que separam áreas periféricas de
arranha-céus. Essas áreas podem ser grandes o suficiente para ocupações por
pelotões e baterias, mas também são propensas ao assédio do inimigo. Os
comandantes devem considerar os vários sistemas de transporte coletivo que
caracterizam as áreas periféricas de arranha-céus. Estes podem representar vias
de aproximação de alta velocidade para as forças inimigas que operam na área.
As áreas
militares existentes nos locais podem fornecer espaços de posicionamento adequados
para baterias de tiro, pois a defesa será facilitada pelas fortificações
permanentes e instalações subterrâneas existentes. Os aeródromos também podem
fornecer excelentes áreas de posicionamento e/ou podem funcionar como zonas de
pouso de helicópteros ou zonas de coleta. A infraestrutura de comunicações
interna ali existentes, podem fornecer um meio de comunicação adicional e
redundante. Quanto aos riscos apresentados nas áreas militares, estas podem
possuir armas de destruição em massa, gerando risco à força e preocupações com
danos colaterais. Além disso, como as áreas militares podem ser um centro de
gravidade para as forças inimigas, a chance de ataques complexos e de assédio
pode aumentar.
As áreas
comerciais podem permitir que a artilharia de tubo seja desdobrada nos
corredores, utilizando as vias que cruzam as diferentes áreas urbanas. Em áreas
comerciais, os estacionamentos podem ser as posições mais adequadas, mas o
espaço de ocupação para obuses rebocados sofrerá restrições. Obuses rebocados terão
que plantar suas pás de conteira contra o asfalto ou concreto, entulho ou
paredes de construção, ou, alternativamente, encontrar uma área gramada onde se
desdobrar. Finalmente, civis podem estar transitando nas proximidades, e áreas
residenciais próximas podem existir, aumentando o risco do inimigo usar a
população civil como cobertura e ocultação.
A áreas
Industriais podem fornecer áreas de posição ideais, com espaços abertos grandes
o suficiente para ocupações de pelotões e baterias. As áreas industriais também
costumam fornecer ocultação adequada em grandes fábricas e armazéns de teto
plano. Essas fábricas e armazéns também podem oferecer excelentes posições de
cobertura e ocultação ou, se orientadas na linha de fogo, posições de tiro.
Semelhante às áreas periféricas de arranha-céus, os comandantes devem
considerar as vias de acesso de alta velocidade facilitadas por vários sistemas
de transporte coletivo dentro e ao redor das áreas industriais. Esses centros
de transporte comercial geralmente são de natureza multimodal, incluindo
aeródromos e as principais rotas marítimas, fluviais, ferroviárias e
rodoviárias. As forças militares que operam dentro ou ao redor destas áreas
devem tomar cuidado especial com a presença de produtos químicos industriais tóxicos
por ali armazenados.
As áreas
residenciais estão dispersas pelas áreas urbanas e podem ser difíceis de
evitar. Essas áreas podem fornecer áreas de posição ideal para a artilharia,
mas exigem uma compreensão e respeito da(s) cultura(s) da área. Finalmente,
como as favelas geralmente não contêm vias públicas ou serviços públicos,
geralmente apresentam problemas de manobrabilidade/trafegabilidade,
particularmente durante e após a ocupação, devendo ser evitadas devida a seus
traçados altamente irregulares e não planejados.
Técnicas de
Dispersão e Emprego
O combate urbano
tem considerações únicas para técnicas de dispersão e emprego, exigindo uma
análise cuidadosa do ambiente operacional. O terreno urbano ditará as técnicas
de dispersão e poderá limitar o emprego aos escalões abaixo do pelotão,
tornando a iniciativa do líder subalterno cada vez mais importante. A adaptação
rápida para maximizar a capacidade de sobrevivência e dos fogos eficazes, como
o uso de esconderijos e ataques, também podem ser táticas inevitáveis em
combates neste ambiente. O espaço físico, as massas de cobertura próximas e as
considerações de mascaramento podem ditar a necessidade de emprego em escalões
abaixo do pelotão. Operar de forma tão capilarizada aumenta a capacidade de resposta,
mas diminui o espaço disponível para fogos de saturação mais emassados. As
operações nestes escalões são especialmente adequadas para o uso dos modernos
sistemas digitais de direção de tiro dos obuses, mas os fogos emassados em
operações degradadas – uma potencial inevitabilidade em combates urbanos –
ficam mais difíceis de executar.
Operar com
pequenos escalões também aumenta a vulnerabilidade ao assédio de forças
terrestres inimigas. As técnicas de dispersão variam de acordo com a ameaça e o
terreno. No terreno urbano, as áreas funcionais urbanas e os padrões de ruas
surgem como 2 dos pontos vitais de discussão. Diferentes técnicas de dispersão
são mais adequadas para áreas urbanas e padrões de ruas com base no espaço
disponível, massa de cobertura, mascaramento, segurança e trafegabilidade. Por
exemplo, as formações em linha das baterias ou as formações escalonadas em W
fornecem controle máximo, mas devido a considerações de espaço, elas podem ser
limitadas em áreas periféricas de arranha-céus e áreas centrais. Por outro
lado, os comandantes podem considerar o uso das formações em cunha ou estrela
em áreas centrais e de arranha-céus porque os edifícios circundantes fornecem
cobertura artificial e ocultação de ameaças aéreas e contrabateria. Os espaldões
são semelhantes às técnicas, táticas e procedimentos usados em áreas abertas,
com seções de armas escalonadas, e em seguida, movendo-se da mesma forma para
um posições de troca. Armazéns, pátios ferroviários, celeiros ou oficinas de
automóveis podem ser ótimos abrigos. Se posicionadas dentro do alcance
operacional da bateria, essas áreas também são excelentes posições de linha de
fogo. Quando possível, os comandantes devem considerar abrigos fora das áreas
urbanas para evitar a detecção. Abrigos propensos ao emprego de munições termobáricas devem ser evitados.
A proeminência do
ataque de artilharia de tubo no combate urbano também pode se tornar uma tática
inevitável. Há duas razões principais para esta proposição. Em primeiro lugar,
com os problemas de localização até as massas de cobertura e de mascaramento
inerentes às áreas urbanas, as formações de artilharia podem ter que trocar de
posição rapidamente para apoiar as forças de manobra. A segunda é a natureza
letal da ameaça. A realidade é que os sistemas de armas e sensores inimigos
sejam tão capazes de encontrar e atacar unidades amigas que se é forçado a
empreender missões de tiro deliberadas e/ou apressadas. A sobrevivência pode
depender da capacidade de ocupar rapidamente uma posição, executar a missão de
tiro necessária, e em seguida retornar rapidamente para trás da linha avançada
para outra área de posição ou desenfiamento.
Comunicações e
Operações Degradadas
A discussão sobre
comunicações e operações degradadas no combate urbano são elencadas em 4
tópicos. Primeiro, planos de comunicação eficazes são essenciais. Em segundo
lugar, pode ser necessária flexibilidade para o uso de plataformas e meios de
comunicação mais antigos em conexão com meios mais tecnológicos para preencher
as lacunas de capacidade criadas por novas tecnologias e demandas. Terceiro,
pode haver a necessidade de minimizar as assinaturas eletrônicas. Quarto, as
formações de artilharia de tubo devem ser proficientes em operar em modos
degradados e analógicos. Pois não importa o ambiente e os meios disponíveis, as
missões de tiro tem que ser executadas.
As capacidades
inimigas e o terreno urbano podem degradar as comunicações em futuros combates
urbanos. Arranha-céus, linhas de energia, transformadores ou outras estruturas urbanas
podem interromper os sinais eletromagnéticos necessários para as comunicações.
Outros sinais, como telefones celulares, serviços de emergência e outras redes
táticas, também podem degradar as comunicações. O espectro eletromagnético
Inimigo e os recursos cibernéticos também estão avançando rapidamente, cada um
com a capacidade potencial de interromper, degradar ou negar sistemas de
comunicação amigos. Planos eficazes maximizam o uso simultâneo dos sistemas de
comunicação disponíveis, modernos e tradicionais, monitorando e nivelando-os
conforme necessário. Os planos de comunicações bem elaborados minimizam as
interrupções nas comunicações, maximizando assim os disparos eficazes e
facilitando os mecanismos inter-relacionados de C2.
Os planos de
comunicações podem não eliminar todos os gargalos inerentes às comunicações.
Consequentemente, são vitais a flexibilidade dos meios C2 que devem permitir a
execução descentralizada das missões de tiro. As unidades de artilharia devem
ter a capacidade de empregar o maior número de meios simultâneos de
comunicações do nível do grupo para o nível da bateria dentro de uma
arquitetura flexível. Esses tipos de sistemas disponíveis são o rádio
ar-terra-ar, o rádio de alta frequência (HF) e o rádio com link de satélite. A
integração bem-sucedida desses 3 sistemas pode determinar a eficácia do apoio
de fogo entre os usuários. A capacidade das unidades em executar fogos precisos
e oportunos exige o uso eficaz de todos esses 3 sistemas. O rádio tático é o
sistema mais abundante nas unidades. Com o uso de um amplificador de potência,
estes sistemas são capazes de comunicações de voz até 40 km e dados até 20 KM.
O terreno urbano, no entanto, pode restringir severamente o emprego nestes
alcances. Equipes de retransmissão podem flexibilizar estes meios sobre ou ao
redor de obstáculos para permitir disparos efetivos. Estas equipes devem estar
equipadas com o maior número possível de sistemas afins para operar em emprego
prolongado, e devem garantir que os locais de retransmissão possam entrar em
contato com todos os nós necessários. Como cada sistema requer uma antena para
cada rádio na configuração, a situação eletromagnética e operacional destas
equipes pode ficar insustentável em algumas situações. Por esse motivo, é vital
que elas entendam a missão, e tenham capacidade de uso de locais alternativos e
suplementares.
Os comandantes
também devem fornecer anexos de segurança às equipes de retransmissão devido às
considerações de segurança inerentes ao terreno urbano. O uso de Sistemas
Aéreos Não Tripulados para fornecer uma capacidade de retransmissão pode
reduzir o risco. Como alternativa a uma equipe de retransmissão, as unidades
podem usar outras unidades amigas para retransmitir mensagens quando a
comunicação direta não for possível. Os rádios HF fornecem voz à unidade e
comunicações digitais que transmitem sobre obstáculos e longas distâncias.
Infelizmente, os rádios HF são limitados, mas podem ser necessários para
facilitar fogos de longo alcance atendendo às necessidades do terreno urbano.
Os rádios satelitais transmitem comunicações de voz e dados em distâncias muito
longas. Os grupos de artilharia devem considerar o uso sempre que possível de
rádios satelitais para suas baterias, de forma a aumentar a redundância nas
comunicações.
No entanto, essa
transferência requer treinamento sobre o uso desses sistemas. O combate urbano
pode exigir engenhosidade usando plataformas e acessórios de comunicação
“desatualizados” e/ou existentes para preencher as lacunas de capacidade criadas
pelas novas tecnologias. Por exemplo, sistemas de telefonia celular ou fixos
civis podem ser usados em caso de emergência, e sistemas fio podem ser
desdobrados através de esgotos e edifícios. Com relação às antenas de campo, os
comandantes são limitados apenas pela imaginação. As antenas de campo podem ser
colocadas em árvores, amarradas a balões de ar ou colocadas em andares
superiores de edifícios para aumentar o alcance. As antenas, no entanto, podem
revelar as posições das unidades, de modo que os comandantes devem evitar
posições de silhueta.
Por outro lado, o
combate urbano pode ditar a necessidade de minimizar as assinaturas
eletrônicas. Nesse caso, os comandantes podem considerar períodos de silêncio
de rádio para evitar assinatura eletrônica. O silêncio de rádio é um status em
que todos os rádios em uma área são solicitados a parar de transmitir,
dependendo de uma necessidade imperiosa. Da mesma forma, as equipes de
retransmissão permitem que as unidades reduzam a saída de radiofrequência para reduzir
as assinaturas eletrônicas em suas posições. Reduzir ou eliminar brevemente as
assinaturas eletrônicas reduz o risco de detecção de posições de soldados e
unidades. No recente conflito na Ucrânia, a Rússia realizou ataques de
artilharia contra o exército ucraniano, visando seus sinais eletrônicos. Os
militares dos EUA não tiveram que lidar com essa capacidade durante as guerras
no Iraque e no Afeganistão.
As capacidades
eletromagnéticas inimigas podem interromper, degradar ou negar os Sinais GPS
necessários para sistemas digitais, forçando a artilharia de tubo a operar em
modos degradados. Operar em ambientes urbanos requer uma consideração
adicional: em modos degradados, os instrumentos magnéticos serão prejudicados e
sua precisão degradada em áreas construídas. Essa degradação aumentará nas
áreas periféricas de arranha-céus e núcleos, onde existem muitos edifícios
altos com estrutura de aço. A precisão é especialmente mais necessária no
combate urbano não apenas por causa de considerações de danos colaterais, mas
também porque o combate urbano geralmente apresenta alcances de combate direto
de fogo inferiores a 100 metros. O ciberespaço e as capacidades
eletromagnéticas também podem interromper o comando de missão e o processo de
direcionamento de unidades de artilharia amigas, forçando métodos analógicos na
eliminação de fogos e gerenciamento do espaço aéreo. Como as redes degradadas
reduzem a consciência situacional, os ensaios antes e mesmo durante as
operações são vitais – principalmente quando se opera como parte de uma
coalizão multinacional.
A Segurança das
Baterias
A segurança das
baterias em terreno urbano tem uma natureza dupla de desafios e oportunidades:
o terreno urbano oferece um ambiente multidimensional para projetar a defesa,
porém esta mesma sua natureza multidimensional o torna inerentemente difícil de
defender. É necessária uma abordagem holística para reduzir os desafios e
maximizar as oportunidades. As iniciativas de modernização para criar uma força
mais móvel e ágil aumentarão a capacidade de sobrevivência.
A aplicação
criativa do terreno urbano fornece alerta precoce, defesa em profundidade e
dispersão. Posições fortificadas podem ser instaladas em edificações
abandonadas, e prédios de vários andares podem fornecer ótimos pontos de
observação e de rádio-operação, e os principais sistemas de armas podem ser
posicionados de forma criativa para fornecer fogos diretos eficazes. A natureza
canalizadora e compartimentada do terreno também pode oferecer aos comandantes
áreas de engajamento ideais. Finalmente, em terrenos urbanos, os comandantes
podem usar a cobertura fornecida por estruturas de vários andares ou podem
dispersar suas seções. Em terreno aberto, os comandantes podem optar por
dispersar suas pelas em intervalos de 100 metros ou mais, e ainda mais para o
comando de linha de fogo (CLF). Em áreas urbanas densas, seja nos centros ou em
áreas periféricas de arranha-céus, os edifícios altos podem fornecer cobertura
mascarando os sistemas de fogo indireto do inimigo, permitindo uma ocupação
mais compacta. Consequentemente, a ocupação em áreas urbanas densas
frequentemente exige a execução de fogos verticais (acima de 45 graus).
Além de
estabelecer uma defesa padrão, os encarregados da segurança também devem varrer
as edificações para cima e para baixo em seus setores para cobrir edifícios de
vários andares e outras estruturas altas. Devido a essas complexidades
inerentes, uma força de reação rápida designada é vital para a sobrevivência no
caso de uma violação do perímetro. Os comandantes também devem coordenar com as
unidades adjacentes para aumentar seus planos de segurança, e solicitar anexos
de segurança adicionais. Dependendo do tempo disponível, as peças podem
individualmente preparar posições suplementares para cobertura de fogo direto
em rotas críticas para a posição da bateria
Os sensores dos
adversários e os sistemas de armas de fogo indireto também tornam os critérios
de movimento de sobrevivência e a capacidade de deslocamento rápido
absolutamente críticos. Apesar da agilidade da artilharia rebocada em ataques
aéreos e operações aerotransportadas, elas possuem limitações inerentes nos
tempos de deslocamento e proteção das guarnições. De certa forma, isso limita
sua viabilidade em campos de batalha urbanos.
Há um argumento
crível de que sistemas de obuseiros leves e móveis são necessários devido à
necessidade premente de ocupações e deslocamentos mais rápidos. Mesmo se
operado dentro dos padrões de tempo. Os atuais sistemas de armas rebocadas se
deslocam taticamente em um ritmo muito lento para sobreviver no campo de
batalha urbano cada vez mais exigente. Além disso, a fadiga da tripulação nos
atuais sistemas de armas rebocadas é uma preocupação.
Da mesma forma,
as capacidades inimigas e o denso terreno urbano exigem postos de comando (PC)
mais móveis e menores. As limitações de comunicação do terreno urbano exigem
PCs ágeis e móveis para manter fogos eficazes e C2 eficientes. Preocupações com
a sobrevivência, especialmente aquelas relativas aos fogos de contrabateria, também
ditam a necessidade de movimentos frequentes e rápidos. Com as exigentes
configurações de pessoal e equipamento inerentes aos grupos, deve haver um
maior equilíbrio entre eficácia e capacidade de sobrevivência.
A defesa da
bateria no terreno urbano também deve seguir uma abordagem holística. Pontos
vitais adicionais de discussão incluem, mas não estão limitados à técnicas de
emprego e seleção de área de posição. A robótica usada na defesa e
reconhecimento de baterias também pode eventualmente ser um tópico de
discussão; no entanto, há uma maior necessidade dessas formações de manobra e
os custos associados de projeto e desenvolvimento são altos.
Fogo Direto
Embora não seja
sua missão principal, a artilharia de tubo pode fornecer uma capacidade de fogo
direto de grande calibre que é eficaz na guerra urbana. Durante a Primeira
Batalha de Grozny, de dezembro de 1993 a março de 1994, as forças russas
utilizaram tiros de canhão indiretos para moldar e suprimir os arredores da
cidade. Depois que as forças de manobra conquistaram seus objetivos iniciais,
os russos utilizaram parte de sua artilharia autopropulsada em um papel de fogo
direto, fornecendo um fogo de longo alcance contra bunkers, fortificações
pesadas ou posições inimigas reforçadas em edifícios de concreto. Isso se
mostrou eficaz, com o benefício adicional de que o fogo direto produzia menos
escombros nas ruas do que o fogo indireto, permitindo maior liberdade de
manobra às forças russas que avançavam.
Obuses em uma
função de fogo direto trazem capacidades significativas para aumentar os
sistemas de armas orgânicas de fogo direto. Muitos MBTs em função de apoio são
incapazes de se elevar para engajar alvos nos andares superiores dos edifícios,
e os sistemas de armas de artilharia, por sua própria natureza, podem engajar
em qualquer elevação. Projéteis de 155 mm podem penetrar até 38 polegadas de
tijolo e concreto não armado e até 28 polegadas de concreto armado com danos
consideráveis além da parede. Projéteis de 105 mm causarão danos significativos
a edifícios construídos com material leve e podem penetrar em paredes de pedra
e tijolo de camada única ou concreto armado leve. Essa capacidade é
especialmente significativa nas tropas de Infantaria leve e paraquedistas,
porque essas formações carecem de sistemas orgânicos de armas de fogo direto de
grande calibre.
Considerações
adicionais para obuses empregarem fogo direto incluem capacidade de
sobrevivência, tempo de ocupação de posição e deslocamento, precisão e
mobilidade. Os obuseiros autopropulsados (SPGs) são sem dúvida a melhor opção, mas não oferecem a
mesma proteção que um MBT a suas tripulações. As peças de artilharia rebocadas
são relativamente vulneráveis, pois não fornecem proteção às suas tripulações e
são mais lentas nas movimentações. Sistemas de obuseiros móveis em vez de sistemas
rebocados atuais podem reduzir essa lacuna de capacidade.
Os comandantes só
devem optar por empregar artilharia de tubo em uma função de fogo direto após
uma análise cuidadosa da adequação, viabilidade e aceitabilidade do uso de
artilharia para completar o fogo dos MBT ou outras armas de fogo direto. Quando
os obuses são retirados de seu papel tradicional, a capacidade de apoiar forças
de manobra e moldar objetivos futuros é degradada. Os comandantes devem pesar o
esforço principal e realizar uma análise de custo-benefício dos riscos
associados à utilização de obuses em uma função de fogo direto.
Logística
Devido à natureza
híbrida e letal das ameaças, as dificuldades logísticas das brigadas serão
ampliadas em terreno urbano. Como visto na batalha de Aachen durante a Segunda
Guerra Mundial, o desafio logístico resultante para igualar este aumento
acentuado de munições é significativo. Operações engenhosas e planejamento
eficaz são necessários para manter fogos oportunos e eficazes. As futuras
iniciativas de modernização auxiliarão no atendimento da demanda logística.
Manter o ritmo
com linhas de abastecimento difíceis em grandes terrenos urbanos podem exigir
que as baterias operem com uma logística limitada. Durante a invasão do Iraque
em 2003, os Marines operaram sem leitos, sem sacos de dormir e, às vezes, com
apenas uma refeição pronta para comer por dia. Estes regimentos também foram
equipados com kits de teste de combustível para capturar e utilizar combustível
inimigo, e veículos e equipamentos foram mantidos escrupulosamente.
A capacidade da
artilharia de tubo de fornecer apoio de fogo eficaz depende de sua capacidade
de prever efetivamente seu consumo de munição. Áreas urbanas podem ditar uma
maior necessidade de certas munições, e certos conjuntos de missões requerem
diferentes combinações de espoletas, por exemplo, espoletas de retardo para
penetrar no concreto, granadas fumígenas usadas em operações de abertura e
passagem de brechas, minas espalhadas para isolar formações inimigas de suas
linhas logísticas fora da cidade, munições de precisão para alvos de alta
prioridade, etc. Garantir a quantidade e o tipo corretos de munição no lugar e
na hora certos é fundamental. O S3 (oficial de operações) e os comandantes de
linha de fogo (CLFs) devem identificar esses requisitos no início do processo
de planejamento (análise da missão) para garantir tempo suficiente para
encomendar e entregar munição.
Mas apesar dos riscos à força e missão causados pelas dificuldades logísticas inerentes ao combate urbano futuro, 3 tendências tecnológicas emergentes merecem destaque. A primeira é o uso de técnicas de manufatura adaptativa, como a impressão 3D, para reduzir custos e aprimorar significativamente o trem logístico, fornecendo ressuprimento antecipado de peças e outros materiais. A segunda é usar inteligência artificial (IA) ou plataformas não tripuladas operadas por humanos para complementar os atuais trens logísticos, reduzindo o risco de força e missão em movimentos logísticos. O terceiro são os avanços tecnológicos na geração e armazenamento de energia para diminuir a dependência dos serviços logísticos em relação ao combustível. Uma dependência reduzida de combustível reduzirá significativamente os requisitos de transporte e comboios logísticos.
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