sábado, 11 de fevereiro de 2012

Mobilização *004



Mobilização é o processo pelo qual as forças armadas de uma nação e seus meios auxiliares, que estão estacionados em suas bases em situação de “tempos de paz”, adquirem a condição de pleno emprego operacional, para que possam operar em uma situação de guerra, missão para a qual foram criadas.

            Veja: Aprestamento Operacional 

Esta atividade envolve acionamento de unidades, formação de novas unidades, recompletamento de pessoal e material, transporte, treinamento específico e desdobramento na área de operações, além de outros procedimentos necessários a prover suporte as operações.

Também faz parte das atividades de mobilização a adequação da base industrial a fim de que produzam o suprimento de todos os tipos necessários às forças em campanha.

Composição da Força Tarefa

Denomina-se Força-Tarefa (FT) ao grupamento temporário de forças destacadas para atuar em um teatro de operações sob comando único e cumprir uma determinada missão, que pode ser a missão estratégica principal. É integrada por unidades de natureza totalmente diversa de acordo com as características da missão a ser cumprida. Pode ter o valor de apenas uma subunidade, até uma força expedicionária completa com elementos de todas as forças armadas. O número de forças-tarefa constituídas é variável e de acordo com a necessidade.

Na composição de uma força tarefa deve-se considerar os seis elementos básicos (sistemas operacionais): Elemento de Comando e Controle, Elemento de Combate ou Manobra, Elemento de Inteligência, Elemento de Apoio ao Combate, Elemento de Apoio Logístico e Elemento de Segurança. 

Veja: Sistemas Operacionais 

Bases de Operação

Uma vez formadas as forças-tarefa estas devem seguir para suas bases de operação de onde partirão para suas missões de combate. Toda operação militar deve ser lançada de uma base segura. Uma unidade não pode entrar em combate se não tiver para onde voltar após sua conclusão, quem a reabasteça e lhe dê suporte. Todas as bases devem ter suas linhas de comunicação mútuas asseguradas, assim como com seus respectivos comandos. Uma unidade ou base isolada das demais não pode ser reabastecida e recompletada, e seu colapso é uma questão de tempo.

Em uma operação militar podem existir até três tipos de bases de operação:

  • As bases permanentes, que são aquelas onde as unidades mantém seu aquartelamento em tempos normais;
  • As bases intermediárias, que são aquelas que dão suporte de deslocamento entre as bases permanentes e o teatro de operações; 
  • E as bases avançadas, que são aquelas de onde as operações são lançadas diretamente junto ao campo de batalha.

Todas estas bases são vulneráveis à ação do inimigo em maior ou menor nível, e devem ter sua segurança consolidada de acordo com a necessidade específica de cada uma.

Deslocamento

A primeira fase do deslocamento é o estratégico, que visa conduzir as unidades que operarão até a área de concentração. Este deslocamento deve considerar além das unidades em questão, todo o suporte logístico necessário, além de uma ordem de prioridades entre as diversas unidades e seus meios. Partindo de suas bases permanentes, as unidades tomarão os meios de transporte designados, deslocando-se até bases intermediárias e avançadas, quando houverem. Estes meios podem ser de qualquer tipo, como seus próprios meios orgânicos, linhas férreas, meios aéreos e navais. Terminais de transporte como bases aéreas e aeroportos, portos e bases navais, áreas de desdobramento logístico e de comunicações e comando, portos secos rodoviários e ferroviários, linhas de comunicação, meios locais de suporte como refinarias e depósitos relevantes, devem ser avaliados e ter sua segurança consolidada. É importante considerar que nenhuma operação militar pode obter sucesso se não for lançada de bases seguras.

Este deslocamento deve considerar também vários outros fatores como as condições climáticas e meteorológicas associadas as condições do terreno; a capacidade dos meios de transporte, levando em conta além do tipos já mencionados e disponíveis, suas quantidades e possibilidades, necessidades de manutenção e suprimento, disciplina de tráfego e rotas a serem seguidas. Deve-se procurar prever as possibilidades de interferência do inimigo no deslocamento, o qual buscará frustrá-lo como puder, através de ações de interdição nas rotas de comunicação ou áreas terminais de concentração estratégica. Este planejamento deve ser flexível o bastante a fim de elencar alternativas para o caso de contratempos dessa natureza e procurar minimizá-los. A surpresa é sempre um aliado importante e deve-se buscá-la sempre que possível.

Deve ser levado em consideração neste planejamento, a disponibilização de tempo necessário a obtenção da iniciativa das operações, a qual definirá seu ritmo e garantirá a consecução deste planejamento. O tempo pode ser vital a determinadas operações, pois quanto antes se implementar ações que visem impedir a organização do inimigo, mais complicado ficará para este seguir um planejamento próprio, ficando sujeito a reagir onde e quando for decidido, perdendo a iniciativa.

Concentração Estratégica

Sucedendo o deslocamento estratégico, a concentração estratégica caracteriza-se por ser uma atividade com alto grau de complexidade, envolvendo o transporte e a instalação de grandes efetivos e altas quantidades de suprimentos em áreas extensas, áreas estas que devem ter sua segurança consolidada como visto anteriormente. Deve ser desdobrada de forma que os meios necessários possam ser empregados de forma tempestiva, evitando-se gargalos no fluxo do trânsito. O trânsito e a adequação da infraestrutura das estradas pela engenharia, não só na área de concentração estratégica como nas demais vias capitais do teatro de operações, deve ser objeto de planejamento cuidadoso pelas unidades de polícia e manutenção, pois o alto grau de mecanização dos tempos modernos leva a congestionamentos inconvenientes, que podem frustrar planejamentos e estratégias pela ausência de unidades e meios em seus locais de emprego no tempo devido. O tráfego civil da área deve ser considerado. O tráfego aéreo e aquático também se enquadram nesta observação, bem como a disciplina nas bases.

Entende-se por concentração estratégica as atividades de desdobrar de forma harmônica e prática os meios operacionais e necessários em determinadas áreas geográficas, de onde devem deslocar-se para a execução das operações planejadas em uma estratégia inicial. A localização destas áreas normalmente se dá adjacente aos grandes terminais portuários, aéreos e ferroviários; além da facilidade de acesso a rodovias capitais. Outro fator que deve ser balanceado na localização da área de concentração é a proximidade da área de destino das unidades, de onde iniciarão seu deslocamento tático-operacional.

Estes locais devem permitir, na medida do possível, a dispersão e camuflagem dos meios, contribuindo para o sigilo.  A utilização de instalações existentes deve ser buscada com o intuito de reduzir esforços. A escolha dos locais deve considerar a distância da força inimiga, planejamento de emprego; possibilidades de interferência do inimigo e suas linhas de ação prováveis; possibilidades do sistema de transporte e infra-estrutura logística; terreno e condições climáticas e meteorológicas; tempo necessário para completar a concentração; possibilidades de defesa contra ações aéreas, aeroterrestres e aeromóveis, dirigidas contra a área de concentração e as vias de transporte. Deve ser designada uma grande unidade especificamente para prover a segurança estratégica destas áreas, devido a sua importância. A medida de iniciam seus deslocamentos, as diversas unidades assumem a própria segurança e de suas áreas de concentração específicas. 

Um Plano de Concentração deve ser elaborado levando-se em consideração as diretrizes e ordens do escalão superior; o Plano de Campanha do comandante do TOT; os Planos de Mobilização; o Plano Geral de Transporte e uma Plano de Circulação; a concepção de emprego das Forças de Cobertura Estratégica; as áreas de concentração selecionadas; o dispositivo das forças para o combate e os meios para o apoio logístico; a necessidade de proteção terrestre e aérea, inclusive os meios de defesa antiaérea e aérea. 

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