FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

sexta-feira, 25 de março de 2016

Minas Terrestres #122



A mina terrestre é um dispositivo explosivo, de acionamento passivo geralmente pela vítima, instalada em grupos de forma a constituir obstáculo à passagem de tropas a pé ou veículos, blindados ou não, ou ainda de forma combinada com a presença de ambos os tipos. Apresentam baixo custo, longa vida útil e demandam pequeno emprego de mão de obra para serem instaladas; razão pela qual se proliferaram muito em todos os conflitos do século XX, principalmente aqueles de baixa intensidade, tornando-se um grande problema para a população civil, mesmo após o fim das hostilidades, pois o custo de sua remoção tem se mostrado excessivamente alto.

Seus primeiros usos estavam relacionados a escavação de túneis sob posições inimigas, com a posterior detonação destas posições que de outro modo apresentavam grande dificuldade de transposição. Desde a antiguidade as minas, construídas de forma artesanal até então, são empregadas no conflitos e fazem parte da história destes, porém foi na Primeira Guerra Mundial que a guerra de minas, como a conhecemos hoje, surgiu, com a escavação de túneis sob as trincheiras em impasse, que eram minados e detonados em acionamento programado para acontecer imediatamente antes do avanço. Esta situação persistiu até o aparecimento do carro de combate no final da guerra.




As primeiras minas modernas surgiram então como IEDs (dispositivos explosivos improvisados), quando seu utilizavam granadas de artilharia plantadas no solo e acionadas eletricamente à distância para, como manobra defensiva, deter o avanço de veículos. Usava-se também dispositivos improvisados de auto-acionamento destas granadas, que serviram de precursores das minas modernas.

A Segunda Guerra Mundial marcou a maioridade deste dispositivo bélico, quando na batalha de El Alamein as vanguardas alemãs foram mantidas a distância por campos minados extensos e estrategicamente colocados, embora estas minas tenham sido usadas desde o início da guerra até o final em todos os teatros deste conflitos, com menor importância da campanha do pacífico.

A Guerra do Vietnam usou intensivamente a mina terrestre, acentuadamente o tipo antipessoal, tornando o avanço pela restritas trilhas no interior de suas selvas e arrozais perigoso e responsável por mais de 10% das baixas deste conflito, quer seja por minas convencionais como por armadilhas improvisadas, explosivas ou não. A Guerra do Golfo, uma guerra predominantemente mecanizada, viu o emprego maciços destes dispositivos nas linhas de defesa iraquianas, que por terem sido desdobradas sem a alocação de fogos de proteção, foram facilmente superados pelas forças aliadas já preparadas para enfrentar este tipo de obstáculo.




Minas terrestres modernas são dispositivos constituídos por um invólucro, que pode ser de metal ou não, recheado por uma carga explosiva que provoca seu estilhaçamento através do acionamento por compressão ou descompressão, quando seu dispositivo acionador é deflagrado, existindo 2 tipos básicos: o antipessoal (AP) e o anticarro (AC), sendo que a mina AC não é acionada pelo peso de uma pessoa.

Cadeia de Acionamento

Uma mina, seja ela fabricada em série ou um dispositivo improvisado pode ser acionada por um grande número de formas: pressão, descompressão, ondas eletromagnéticas, ondas acústicas, tração, temporizadores, fotocélulas, gravidade, química, eletricidade, calor e outras; sendo os dois primeiros os mais usados nos dispositivos produzidos em série.

Sua detonação começa com um ação de iniciação, geralmente provocada pela vítima, quando por exemplo pisa sobre a mina e fere uma espoleta, que detona a carga principal, ou ainda detona uma pequena carga secundária que detona esta primeira. Esta pressão sobre o dispositivo acionador, pode em alguns modelos, apenas arma-lo, com sua detonação se dando no momento em que a pressão cessa. Neste caso se o agente acionador permanecer imóvel mantendo a pressão nada acontecerá. Outra forma de acionamento muito usada, neste caso em armadilhas, é a tração através de um cordão de tropeço, onde uma linha transversal à trilha, ao ser tracionada pelo pé de uma pessoa, provoca a liberação de um dispositivo de travamento que segura uma mola comprimida, golpeando esta uma espoleta e iniciando a detonação. O cordão de tropeço pode ainda esta agindo como retém da mola, e ao ser cortado dar início a detonação.




A espoleta é um dispositivo constituído por pequena quantidade explosivo altamente sensível (fulminato de mercúrio por exemplo) que ao ser golpeada pelo dispositivo acionador provoca a detonação de uma carga mais estável montada ao seu redor. O dispositivo acionador é aquele encarregado de golpear a espoleta, e pode ser uma mola, um pequeno solenóide, a mistura de produtos químicos instáveis, um ignitor elétrico ou outro assemelhado. Pode-se conseguir um grande número de variações combinando-se vários acionadores e métodos de ação de iniciação.

A carga acionada pela espoleta é uma carga menos sensível que esta, e exigem uma detonação (da espoleta) para explodir, e pode ser uma pequena carga secundária que posteriormente detonará a carga principal ou em alguns modelos que não tem carga secundária, diretamente a carga principal.

Tipos de Minas

Como já mencionado as minas podem ser anticarro ou antipessoal, existindo outras de uso menos comum. As minas antipessoal são banidas por tratados internacionais, porém continuam mantando pelo mundo, mesmo em locais onde a guerra não mais existe. Sua limpeza levará ainda muitos anos e dispenderá enormes recursos. São armas construídas para mutilar e não matar, pois um soldado ferido faz com que seus companheiros deixem de combater para prestar-lhe socorro.

As minas antipessoal são basicamente de 4 tipos diferentes, aqui classificadas de acordo com seu modo de atuação. As minas explosivas são o tipo mais comum e são construídas para atingir pés e pernas com sopro explosivo violento, e requerem pressão de cerca de 5 kg, podendo ser acionadas pelo peso de uma criança. São construídas em invólucros de plástico o que as torna difíceis de rastrear por detectores magnéticos. São enterradas e alguns modelos podem ser lançados ao ar. As minas de fragmentação são montadas acima do solo, acionadas por cordões de tropeço, podendo ainda ser montadas em cima de estacas. Possuem grande quantidade de balins metálicos e atingem todos ao redor da detonação. Existem modelos que são lançados ao ar antes da detonação. Existem ainda as minas de fragmentação direcionais que detonam seus fragmentos em uma única direção, podendo ser montada em árvores ou colocadas acima do solo e acionadas por cordão de tropeço.




As minas anticarro visam a inutilização de veículos, são bem mais potentes que as minas AP e só podem ser acionadas por eles, exigindo pressões superiores a 150 kg. Destroem completamente veículos comuns e imobilizam os blindados, mais resistentes, estourando seus pneus e rompendo suas lagartas. São enterradas ao longo de vias ou em campos minados para criar barreiras, podendo ser combinadas com minas AP a fim de dificultar sua desativação por equipes a pé. podem ser explosivas ou de penetração, estas últimas destinadas a penetrar carros blindados e causar efeitos a sua guarnição, seja de sopro, tóxicos ou fragmentação.

Existem ainda as minas anti desembarque anfíbio, que são montadas na praia e além delas; minas anti-aeroterrestres que visa inutilizar áreas de aterragem de tropas vindas do ar; minas flutuantes de contato usadas contra pontes; minas de dispersão que são lançadas em cacho por aeronaves; minas improvisadas (IEDs), as simuladas e as de exercício.