FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."
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domingo, 16 de junho de 2024

Planejamento Militar - Exame de Situação Abreviado (ESA) - (Parte 6) *240



A aplicação do PPM é o caminho natural para a solução, em nível de C2, dos problemas militares que se apresentam. Porém se lançar mão do PPM para cada situação pode não ser viável, uma vez que este pode demandar um tempo demasiado longo para seu cumprimento até se chegar ao plano de ação desejado. Existirão situações, e não serão poucas, que o comandante deverá tomar uma decisão em tempo mínimo, e uma ferramenta mais “ágil” deverá ser utilizada.

Normalmente estas situações ocorrem durante a execução de uma operação já planejada, ou não em alguns casos, onde situações novas, não previstas no planejamento inicial se tornam realidade, ou quando durante a fase de controle de uma ação em curso, fatos pertinentes anteriormente considerados apresentam-se com alterações que demandam a necessidade de revisão do exame da situação.

Solucionar problemas em tempo mínimo, portanto, demandarão a utilização de um método que permita atender a estas demandas de forma satisfatória, sejam elas militares ou não militares, permitindo dar solução de emprego eficiente dos meios que foram adjudicados à situação.

O Exame de Situação Abreviado (ESA) é empregado, normalmente, durante o desenrolar da 3ª Etapa do PPM – o Controle da Ação Planejada. Esse método é utilizado para a tomada de decisões rápidas, e consiste basicamente, de uma simplificação da primeira Etapa do PPM – o Exame da Situação.

Considerações Gerais Sobre o Método ESA

Neste contexto, serão analisados apenas os aspectos mais relevantes da situação, visando a identificar as ações necessárias à solução do problema apresentado. A decisão tomada será divulgada, normalmente, por meio de mensagens ou ordens verbais, que deverão conter instruções concisas e específicas.

O ESA também seguirá os preceitos fundamentais do método PPM, quais sejam: apresentação do problema, sua análise específica, síntese dos fatores relevantes e enumeração. Neste último preceito, a enumeração, temos a principal diferença entre o PPM e o ESA.

Enquanto no primeiro, a maior quantidade possível de fatos pertinentes deve ser analisada, no ESA serão considerados, tão somente, os fatos de “maior importância relativa”, ou seja, aqueles que mais afetem o Problema existente. O ESA foi concebido para ser realizado mentalmente. Contudo, caso haja disponibilidade de tempo, deve ser documentado e sistematizado.

Fases do Exame da Situação Abreviado

O ESA é realizado em 5 Fases:

- Missão;
- Fatores da Situação;
- Possibilidades do Inimigo (PI) e/ou Restrições Fundamentais (RF);
- Linhas de Ação (LA); e
- Decisão.

Cada uma das Fases acima citadas corresponde, em linhas gerais, a uma Fase do Exame da Situação estudado no PPM completo, sendo que, desta feita, o estudo é conduzido de forma simplificada, visando a possibilitar sua execução em curto espaço de tempo.

1ª Fase – Missão

O PPM visa a auxiliar o Comandante a conceber, detalhar e planejar a melhor maneira (Linha de Ação) de cumprir a missão que lhe foi atribuída, a qual se denomina Missão Básica. Todavia, quando da execução da operação previamente planejada, podem surgir fatos ou circunstâncias que não estavam presentes ou não foram previstos no planejamento inicial.

Para avaliar essa nova situação, à luz do método do ESA, o seguinte procedimento deve ser adotado:

1º - enunciar a Missão Básica;
2º - identificar os fatos que geraram a nova situação (missão complementar), analisando o seu inter-relacionamento com a Missão Básica, de modo a determinar a necessidade, ou não, de assumir uma nova Missão; e
3º - estudar o problema, de modo a decidir a melhor maneira de solucioná-lo.

Basicamente, as seguintes perguntas devem ser respondidas:

· A nova situação está diretamente relacionada com a missão básica?

· A nova situação interfere, de algum modo, com o efeito desejado no cumprimento da Missão Básica?

Caso as respostas a essas perguntas sejam negativas, a nova situação deverá ser ignorada, por não se constituir em um problema para o Comandante.

Cabe ressaltar que a missão complementar assumida pelo Comandante deve ser compatível com os meios de que dispõe e não se constituir em uma solução prévia para o problema, a qual somente será obtida ao final do ESA. Além disso, é preciso ter sempre em mente que a missão complementar deve ser cumprida sem que a Missão Básica seja abandonada.

Normalmente, o propósito será o mesmo propósito da Missão Básica, tendo em vista que seu cumprimento contribuirá para os efeitos desejados do escalão superior. Todavia, poderá haver casos em que o propósito da missão complementar venha a ser diferente do estabelecido na Missão Básica. É o que ocorre quando a nova situação apresentada não está relacionada diretamente com a Missão Básica e nem interfere com os efeitos desejados do escalão superior, mas, mesmo assim, constitui-se num problema que não pode ser ignorado. Como, por exemplo, ações a serem desenvolvidas por razões humanitárias, decorrentes de dispositivos previstos no Direito Internacional Público, ou mesmo ações decorrentes de preceitos legais prévios. Nesses casos, assume-se uma nova Missão.

Em resumo, esta fase do ESA deve ser cumprida observando a seguinte seqüência:

1º- Missão – enunciar a Missão Básica;

2º- Fatos que geraram o problema – identificar os fatos pertinentes que geraram a nova situação a ser enfrentada, analisando o seu “impacto” sobre a Missão Básica e concluindo sobre a necessidade ou não de assumir uma nova missão, em face das respostas às duas perguntas orientadoras; e

3º- Missão Complementar – redigir a Missão Complementar, se for o caso, tomando o cuidado para que ela não represente uma decisão prematura.


2ª Fase - Fatores da Situação

Os Fatores da Situação são os fatos pertinentes ao problema e as conclusões decorrentes.

Nesta fase, é fundamental que seja feita uma criteriosa seleção dos fatos pertinentes a serem analisados, tendo em vista que, normalmente, não se disporá do tempo necessário para enunciar todas as evidências disponíveis.

Assim, percebe-se que as conclusões advindas dos fatos pertinentes devem ser claras e precisas e servirão de base para a escolha da LA que solucionará o problema, mostrando ao comandante opções de procedimentos a serem seguidos.

Os fatos a serem analisados deverão ser aqueles de maior relevância para o Problema, o que depende, fundamentalmente, da situação específica.

Todavia, a título de orientação, vale lembrar que, em uma situação que constitua um Problema Militar, os fatos relacionados às limitações impostas pelo escalão superior, às características da área de operações, à comparação de poderes combatentes e ao tempo e distância serão, normalmente, de grande importância para a solução, tendo em vista que possibilitarão ao comandante identificar o que ele e o inimigo poderão fazer, em face da mútua oposição e das oportunidades oferecidas pelo ambiente, sem contrariar as condicionantes impostas pelo escalão superior.

Como visto, esta fase do ESA é, em essência, um resumo da segunda Fase da primeira Etapa do PPM – Entendimento da Situação.

3ª Fase - Possibilidades do Inimigo e/ou Restrições Fundamentais

O conceito de PI empregado no ESA é o mesmo do processo completo do PPM. Entretanto, esse método abreviado – o ESA – pode ser empregado para resolver problemas de qualquer tipo, mesmo aqueles em que o inimigo não intervenha, ou seja, problemas não militares.

Assim, o termo PI poderá ser substituído por Restrições Fundamentais (RF), as quais têm origem em fatores adversos que se oponham às possíveis soluções a serem empreendidas pelo Comandante.

Deve-se cumprir os seguintes passos:

- deduzir os efeitos desejados do inimigo (em princípio, a antítese dos efeitos desejados do comandante);
- identificar os possíveis objetivos do inimigo; e
- visualizar as ações específicas que permitam ao inimigo a obtenção dos seus efeitos desejados e interfiram ou afetem o cumprimento da missão básica e da missão complementar, se houver.

Essas ações constituir-se-ão nas PI. Para a formulação das RF, cumpre-se o mesmo procedimento acima descrito, substituindo-se o inimigo pelo agente capaz de gerar óbices à obtenção do efeito desejado do comandante, os quais constituir-se-ão nas RF.

Por exemplo, se o Comandante assume uma tarefa cujo efeito desejado é o socorro a um náufrago em uma área onde existam tubarões, enunciar-se-á, como efeito desejado do agente oponente, a morte do náufrago. Nesse caso, o objetivo desse agente oponente será o próprio náufrago. Por sua vez, os óbices ao efeito desejado do comandante que poderão surgir em relação a esse objetivo, e que se constituirão nas RF, serão o “ataque ao náufrago, pelos tubarões” e o “afogamento do náufrago, pela perda natural de sua resistência física”.

Cabe ressaltar que, em determinadas situações, poderão coexistir PI e RF. Seria o caso, por exemplo, em que o socorro acima mencionado estivesse sendo prestado em uma área sob ameaça, também, de submarinos inimigos. Além das RF apresentadas, seriam formuladas PI abordando as ações desses submarinos sobre a unidade envolvida na prestação de socorro.

Visando à obtenção da maior clareza possível, neste processo abreviado, as PI e/ou RF podem ser enunciadas tanto em termos de efeito desejado como de ação a empreender. De qualquer modo, porém, é conveniente que contenham detalhes que facilitem a posterior realização do confronto, tais como “quando”, “onde” e “com que magnitude” o inimigo ou o agente oponente poderá atuar.

Por exemplo, formular uma PI dizendo, simplesmente, que a força naval poderá ser atacada pela aviação inimiga não ajudará tanto quanto incluir, nessa PI, o momento preciso a partir do qual a força poderá sofrer esse ataque, o tipo dos aviões capazes de realizá-lo e o armamento que poderão empregar. Como complemento, pode-se acrescentar ainda os reforços com que o inimigo poderá eventualmente contar, especificando-se, também, o tipo de meios, a quantidade e o armamento que esses reforços poderão empregar.

Vale lembrar que, independentemente de ter sido assumida ou não uma nova missão, as PI e/ou RF consideradas no planejamento inicial permanecerão válidas, uma vez que afetam a missão básica, a qual, sob hipótese alguma, pode ser abandonada. Novas PI e/ou RF, entretanto, poderão ser formuladas, em acréscimo às primeiras, em decorrência da nova situação surgida.

4ª Fase – Linhas de Ação

As LA são formuladas, como já visto, com base nas conclusões da Fase 2. O procedimento a ser adotado também é semelhante ao do processo completo do PPM. Entretanto, as LA devem conter, no seu enunciado, um detalhamento que permita visualizar de que forma o comandante pretende implementá-las. Assim, visando a facilitar a realização do Confronto e das provas de adequabilidade, exeqüibilidade e aceitabilidade (AEA), é conveniente que os enunciados das LA possam responder ao maior número possível das perguntas “o que fazer?”, “como fazer ?”, “quando ?”, “onde ?” e “com que meios ?”. Ou seja, é como se representassem o conceito sumário da LA.

Após o enunciado das LA, ainda nesta Fase, é feito o Confronto LA x PI, simultaneamente com as provas de exeqüibilidade e de aceitabilidade.
O planejador deve, tão cedo quanto possível, descartar as LA claramente inadequadas ou inexeqüíveis.

Na prova de adequabilidade, deve-se verificar se a LA atinge um efeito compatível, em essência, magnitude e tempo, com o efeito desejado do comandante, ou seja, verificar se a LA cumpre a missão complementar, caso exista, sem impedir o cumprimento da missão básica.

A prova de exeqüibilidade é realizada como no processo completo do PPM, verificando se há condições e meios de cumprir o que se propõe, sem tornar inexeqüível a missão básica. Percebe-se que essa prova, na verdade, visa a verificar a possibilidade de sucesso de cada LA.

Na prova de aceitabilidade, deve-se analisar as vantagens e riscos decorrentes da adoção de cada uma das LA, inclusive com relação à missão básica. É avaliado, portanto, se as possíveis perdas decorrentes da adoção de cada LA compensam os ganhos que poderão ser obtidos para os efeitos desejados do comandante, ou mesmo do Superior. Acrescenta-se ainda a aceitabilidade relativa de cada LA em relação às demais. Em suma, nessa prova verifica-se a probabilidade de sucesso de cada LA.

Ao final desta Fase, o comandante selecionará uma LA para a sua Decisão.

5ª Fase - Decisão

O comandante enunciará a LA selecionada para a decisão, da maneira mais detalhada possível, de modo a estabelecer a sua ideia geral de manobra – o conceito da operação. Em seguida, deverá listar todas as ações necessárias à sua implementação, sob o título “Ações Decorrentes”. Essas ações equivalem, em verdade, à Diretiva de execução da Decisão.

domingo, 26 de junho de 2022

Planejamento Militar - Diretivas e Controle da Ação (Parte 5) *233


Planejamento Militar - O plano de ação  (Parte 4)

Diretivas

Uma diretiva é um conjunto de instruções para execução de um plano. O objetivo do PPM é a construção de um plano de ação visando o cumprimento da missão designada. Uma vez que este plano está consolidado, emitem-se as diretivas, que são documentos contendo instruções a respeito do plano.

A cada operador pode ser emitida uma diretiva diferente, dentro do mesmo plano, uma vez que cada um terá uma tarefa diferente a cumprir. As diretivas não estão condicionadas à formas rígidas, e devem ser tão sucintas quanto possível, expondo de forma clara, simples e concisa, a L Aç selecionada a quem deve executá-la. Deve limitar-se a conter as informações necessárias para que os comandos subordinados a compreendam de forma inequívoca, servindo de base para a preparação de planos e ordens destes. Um plano é o registro de uma intenção complexa e sistemática, enquanto que uma ordem é a designação para uma ação imediata e que deverá ser cumprida no prazo designado.

Como exemplos mais comuns de diretivas temos as cartas de Instrução; planos de campanha; planos de operação; plano de contingência; plano preliminares; ordens de operação; ordens de movimentação; ordens preparatórias e de instrução; planos complementares; etc...

Uma carta de instrução ou diretriz inicial é uma diretiva expedida para fins de orientação do planejamento dos comandos subordinados. Expõe a situação e indica a missão e a decisão do expedidor, as tarefas atribuídas, as relações de comando e a área de operações. Também transmite instruções especiais, tais como as relativas às comunicações, adjudica meios, define responsabilidades e especifica os relatórios a serem elaborados, que permitem o controle da ação planejada.

Um plano de campanha é uma diretiva formulada pelo comandante de um teatro de operações para expressar a sua decisão, em termos de operações específicas a serem planejadas, realizadas durante um período de tempo definido para a conquista e manutenção de objetivos estratégicos estabelecidos para a hipótese de emprego. Ele especifica operações de grande envergadura, indica os meios necessários, para a fase inicial da campanha, adjudica as forças, organiza os comandos, atribui as tarefas e estabelece as normas básicas para sua coordenação.

Um plano de operação é um tipo de diretiva relativa a operações a serem realizadas em futuro não imediato, envolvendo tempo e espaço consideráveis. O plano de operação é expedido por um comandante de força para transmitir orientações aos comandos subordinados para o preparo de seus planos ou ordens dela decorrentes. Pode destinar-se a uma única operação ou a uma série de operações relacionadas, a serem executadas simultânea ou sucessivamente. Pode ser usado para fins de adestramento, desde que expresse a solução dada pelo comandante a um problema militar, concebido com aquela finalidade, representando uma simulação de operações de guerra. Nesta circunstância, deve ser claramente mencionada a sua condição de documento de exercício.

Um plano de contingência é um plano expedido por um comandante de força, que estabelece o procedimento a ser seguido, caso não se confirme a suposição acerca de uma situação existente, determinada ocorrência ou condição prevista ou pressuposta (hipótese básica) formulada no seu plano de operações distribuído pela referida autoridade.

Um plano preliminar é um esboço geral antecipado de um determinado plano, apresentando os pontos primordiais que devem orientar a elaboração do plano a que se refere. Em uma operação anfíbia, por exemplo, é uma diretiva que marca a passagem da sua fase do planejamento preliminar, onde são tomadas as decisões fundamentais, para a fase do planejamento detalhado. Conterá as informações necessárias ao início do planejamento formal dos elementos subordinados, desta forma viabilizando que estes analisem as tarefas e meios recebidos e possam concluir pela sua capacidade de cumpri-las ou pela necessidade de meios adicionais, a qual será repassada, analisada e consolidada pelos comandos superiores.

Uma ordem de operação é uma diretiva expedida, com a finalidade de determinar a execução coordenada de uma operação específica a ser realizada imediatamente ou em futuro próximo. Trata-se de uma ordem efetiva para a realização de determinada operação, não devendo, portanto, conter hipóteses básicas. Uma ordem de operação pode ser elaborada para complementar um plano de operação já distribuído ou, ainda, para determinar sua execução. Ocasionalmente, ao serem completados todos os preparativos para uma operação, um comandante pode substituir um plano por uma ordem de operação. Esta diretiva pode ser utilizada para fim de adestramento, desde que expresse a solução a um problema militar, concebido com aquela finalidade, representando uma simulação de operações de guerra.

Uma ordem de movimentação é uma diretiva usada para determinar a movimentação de forças ou unidades quando não se justifique o emprego de outro tipo de Diretiva.

Uma ordem preparatória ou de instrução é uma diretiva que se destina a alertar os comandantes subordinados sobre operações iminentes, transmitindo-lhes informações já disponíveis e orientações iniciais, além das orientações quanto ao preparo que a tropa deve possuir, e se for o caso, as providências já encaminhadas para que este preparo seja alcançado. Possibilita que medidas preparatórias sejam tomadas, visando a facilitar futuras ações e que estudos e estimativas preliminares sejam iniciados.

Um plano complementar é uma diretiva que complementa um diretiva inicial, à qual normalmente, é anexado. Destina-se a detalhar ações, a orientar a execução ou a estabelecer normas de operações ou serviços específicos mencionados na diretiva básica. A inclusão de alguns assuntos em planos complementares, além de evitar que a diretiva básica fique sobrecarregada com particularidades excessivas, permite também maior flexibilidade no tratamento de matérias que devam ter divulgação mais restrita. Um plano complementar, de acordo com a sua natureza, poderá ter, entre outras, as seguintes denominações: plano de movimento, plano de comunicações, plano de guerra eletrônica (EW), plano de inteligência, plano logístico, plano de minagem e contraminagem, plano de apoio de fogo, plano de ações aéreas, plano administrativo, plano de ação de superfície, plano de ação de submarinos, plano de emprego de aeronaves, plano de embarque, etc...

Uma Diretiva deve interpretar fielmente o pensamento, a decisão e a determinação do comandante que a expedir e ser bem compreendida pelos que a receberem. Para que isso seja possível, é essencial que atenda a requisitos que a façam um documento claro, conciso, completo e que expresse incisivamente a determinação e transmita objetivamente suas intenções e vontade.

A estrutura de uma diretiva depende de seu tipo, que está associado à finalidade. Porém, de um modo geral, as diretivas constam de um documento básico e partes complementares (Anexos). O documento básico, ou corpo da diretiva, normalmente apresenta, além da organização por tarefas, a missão, as ordens e instruções necessárias para dar uma sucinta e clara ideia da situação, da execução e de outras informações essenciais. As partes complementares, por outro lado, contêm procedimentos particularizados e informações mais completas, que ampliam e complementam o contido no corpo da diretiva, e podem ser de interesse específico. As partes complementares poderão ser planos complementares ou conter outros assuntos que, devido à sua complexidade e amplitude, não convém que constem do documento básico, como, por exemplo, um conceito da operação ou uma organização por tarefas muito extensos ou detalhado.



3ª Etapa

O Controle da Ação Planejada

Toda operação deve ser controlada durante sua execução e seus rumos devidamente corrigidos sempre que necessário. Este controle deve ser planejado antes da operação iniciar e realizado durante a sua execução, em processo contínuo.

O Planejamento

O planejamento deste controle é um processo contínuo que se inicia nas primeiras fases do exame da situação e prossegue até o fim da 2ª Etapa. Nas primeiras fases do exame da situação, será verificado quais as informações serão repassadas ao escalão superior na avaliação do progresso da operação por este comando. Os conteúdos não devem ser insuficientes nem excessivos, evitando-se o mascaramento de informações importantes. Na fase 7 da etapa anterior, os relatos desejáveis serão especificados no parágrafo "COMANDO E CONTROLE" da diretiva, e tratarão das informações necessárias a serem repassadas para o controle da operação em tempo real e cumprimento da missão. Esta informação é vital para o sucesso do plano e deve ser formatada especificamente a cada operação, pois relatos padronizados ou de rotina podem não satisfazer. Para conseguir um fluxo de informações eficaz, o conteúdo deve ser ajustado de acordo com cada missão em curso e os seus efeitos desejados em cada tarefa atribuída.

O Controle

Na realização do controle da operação, o comandante acompanha se a ação se desenrola conforme foi planejada. Segundo o estrategista prussiano do século XIX Helmuth von Moltke “Nenhum plano de batalha sobrevive ao contato com o inimigo", e é baseado nessa premissa que se evidencia a importância do seu acompanhamento. Utilizando-se das informações fornecidas através dos relatórios dos comandos subordinados, monitora-se o desenrolar da operação à luz do plano de ação escolhido. 

Caso isso não esteja ocorrendo, o que acontece frequentemente, deve-se identificar as causas das discrepâncias entre a operação planejada e sua execução, para se aplicar o corretivo adequado. Dentre essas causas, podemos citar: alterações imprevistas nos fatores nos quais o plano se tenha baseado; erros de julgamento; perdas ou ganhos inesperados; e alterações na diretiva recebida do escalão superior. Após identifica-las, por meio de um planejamento contínuo e cíclico, deve-se implementar os ajustes necessários, até o cumprimento da missão.

5 perguntas básicas ajudam o acompanhamento da operação:

  • a operação desenvolve-se de acordo com o plano?
  • o resultado atende ao efeito desejado?
  • há necessidade de alteração do plano?
  • há alteração no exame da situação?
  • e a situação foi bem avaliada?

Se a resposta às 2 primeiras perguntas for sim, apenas continua-se o controle da ação em curso para cumprir a missão. Da mesma forma, a resposta não à primeira e à terceira implica apenas prosseguir a operação sem a necessidade de alterar o plano em vigor. As respostas às 2 últimas perguntas definem a extensão de qualquer modificação no plano e, por conseguinte, devem ser cuidadosamente determinadas.

O exame da situação contém os elementos que serviram de base para a escolha da L Aç que serviu como decisão. Dependendo da alteração ocorrida no exame da situação, como o estabelecimento de uma nova relação de comando, mudança nas limitações ao planejamento ou em qualquer outro elemento significativo do problema, o ponto de entrada para a revisão pode estar nas Fases 1, 2, 3 ou 4. O perfeito conhecimento dessas alterações e a familiaridade com o PPM indicam o ponto mais conveniente para iniciar a modificação no planejamento, que poderá conduzir à revisão da decisão. O tempo perdido na reconsideração de um fator alterado, antes de modificar o plano, pode ser mais do que compensado pela confiança em um novo plano, por estar perfeitamente baseado na metodologia do PPM e permitir que os esforços sejam concentrados na obtenção do efeito desejado.

Não existe um padrão para se realizar o exame corrente da situação, e as discrepâncias entre a operação planejada e sua execução podem requerer medidas de complexidade variável. O emprego de sistemas de processamento de dados aumenta a velocidade, o volume, e a precisão e facilidade de interpretação das informações manipuladas no exercício do C2 da ação planejada. Equipes bem adestradas nos COCs (Centros de Operações de Combate) ou PCs (Postos de Comando) são importantíssimas para a manutenção de um quadro atualizado, preciso e nítido do desenrolar das ações. Uma eficiente estrutura de C2 + comunicações eficazes (C3) será de fundamental importância para um bom controle operacional.

O Exame de Situação Abreviado (Parte 6)

terça-feira, 14 de junho de 2022

Planejamento Militar - O Plano de Ação (Parte 4) *232


Planejamento Militar - O Exame da Situação Fase 4 (parte 3)

2ª - Etapa

Desenvolvimento do Plano de Ação e Elaboração da Diretiva Operacional

Uma vez tomada a decisão sobre a L Aç a ser adotada, cabe ao comandante botá-la em prática, ou implementá-la. Nesta fase deverá ser reestudada com maior critério e profundidade a decisão tomada, de modo a viabilizar que as várias tarefas que deverão ser executadas sejam convenientemente implementadas de forma a eliminar possíveis erros presentes em análises precipitadas.

Neste momento será estabelecida com precisão como a decisão será implementada, quem a executará, e de forma facultativa, onde e quando. Serão determinadas as instruções aos envolvidos na missão, a organização das unidades e meios, confeccionados e divulgados os documentos contendo instruções, orientações e informações pertinentes. 9 fases orientam e permitem fazer esta organização de forma lógica:

Fase 1 - Reexame da Decisão

Primeiro se procede um reexame da decisão tomada e se monta o conceito inicial da operação, reavaliam-se as hipóteses básicas que embasaram a decisão para checar sua validade, elencam-se as tarefas componentes e de apoio a serem realizadas e quem às executará, determinam-se como cada tarefa componente deverá ser executada, procedem-se a organização das unidades que participarão da missão e o que cada uma fará, tabulam-se as tarefas de cada unidade participante e determina-se seu adestramento específico, identificando-se os gargalos logístico-administrativos e de comando e encaminhando-se sua solução, prepara-se a distribuição de informações a quem interessar e por fim emitem-se as diversas diretivas operacionais aos operadores de todos os níveis.

O detalhamento do plano de ação poderá ensejar a modificação de tarefas já definidas, uma vez que o processo é cíclico. A diretiva operacional é o documento que estabelecerá a instrução de execução de cada tarefa e fornecerá as informações relevantes ou onde encontrá-las aos operadores envolvidos.

Na fase de reexame da operação, os planejadores irão reexaminar a L Aç escolhida de forma mais focada, pois na sua formulação muitas ideias estavam tramitando em suas mentes, não muito bem concatenadas. Ao se formular o conceito preliminar da operação (CPO) buscam-se bases mais sólidas para o planejamento.

Para tanto, busca-se garantir um plano preliminar lógico e consistente, examinando os seguintes aspectos de forma objetiva: 

  • Reexamina-se o enunciado da missão e a decisão tomada; 
  • listam-se os efeitos desejados e os objetivos principais e acessórios, se houverem; 
  • relacionam-se os fatores de fraqueza do inimigo com os fatores de força próprios;
  • relacionam-se os fatores de fraqueza próprios com os pontos fortes do inimigo e busca-se como evitá-los; avalia-se as formas de exploração do princípio fator surpresa;
  • avaliam-se as limitações e facilitadores relativos às operações de apoio no que tangem à comando e comunicações, logística, inteligência, segurança e proteção, mobilidade e outros que se façam necessários. 
Deste reexame resultará um documento interno (CPO), que é um sumário e com ideias mais consistentes, que norteará as fases seguinte do planejamento. Sendo o planejamento um processo cíclico, o CPO poderá ser continuamente modificado no decorrer das fases seguintes.

Fase 2 - Reavaliação da Hipóteses Básicas

A próxima fase consiste em reavaliar as hipóteses básicas (HB), verificando sua validade. As HB devem ser reduzidas ou eliminadas se possível, conferindo mais flexibilidade ao plano, evitando que fique amarrado à condições cujas informações podem ser insuficientes e/ou deficitárias. Para as HB mantidas, deve-se elaborar planos acessórios, reiniciando-se todo o processo já descrito, desta vez de forma focada nas HB em questão. Se for necessário emitir a diretiva imediatamente devido a exiguidade de tempo para execução da operação, as HB não analisadas deverão ser omitidas.

Fase 3 - As Tarefas Componentes

A fase 3 tratará das tarefas componentes. Serão elencadas as operações necessárias para que o plano de ação seja implementado. Todos os requisitos relacionados à L Aç escolhida serão revistos, e identificadas as tarefas necessárias para atendê-los. Primeiramente relacionam-se todos os requisitos (ofensivos, logísticos, defensivos, inteligência e de mobilidade constantes da CPO) com suas respectivas tarefas, quem as executará, meios necessários, etc... em uma matriz auxiliar. Analisam-se as tarefas inerentes a cada requisito, seus meios necessários e que unidades a irão cumprir, bem como a formação de agrupamentos (sub-forças-tarefa). Caso a unidade envolvida não seja orgânica, pertencendo a outro comando ou mesmo outra força amiga, sua disponibilidade deverá ser previamente consultada, bem com sua capacidade de cumprir a tarefa.

Não devem ser elencadas tarefas previamente preconizadas, como por exemplo a defesa antiaérea de um navio feita pelo próprio navio ou a segurança de um estacionamento feita pela unidade estacionada, já que se trata de um procedimento padrão e de execução lógica. Ao final do preenchimento da matriz, deve-se atentar para o surgimento de conflitos, onde uma unidade esteja envolvida em mais de uma tarefa, e encaminhar sua solução. Embora estas tarefas previamente preconizadas pela doutrina sejam problema dos operadores em seus respectivos estudos de situação, o comandante deverá certificar-se que seus subordinados (operadores) terão os meios necessários ao cumprimento destas tarefas. Assim, a análise do Comandante precisa ser conduzida até o ponto em que ele julgue ter essa certeza.

Fase 4 - Formas de Execução de Cada Tarefa

A fase 4 estabelece como cada tarefa componente será executada. Serão determinadas a composição de cada sub-força-tarefa, as possibilidades de apoio mútuo e as medidas necessárias de C2.

Ao se destacar cada sub-força-tarefa e determinar sua composição, deve-se examinar com a máxima precisão quais serão os requisitos de cada tarefa. Este procedimento garantirá que cada operador contará com os meios necessários ao seu cumprimento. Para a situação que se elenca um pequeno número de tarefas a técnica mais adequada é a de se analisar cada uma das tarefas, permitindo visualizar os aspectos de apoio mútuo e coordenação. Quando as tarefas elencadas forem em número grande a técnica mais adequada é estudar as sub-forças-tarefas, individualizando como cada força destacada as executará.

A seguir se relacionam os tipos e o número de meios necessários para a execução de cada tarefa. Portanto, somente agora deve-se desmembrar os meios, relacionados na tabela elaborada na fase anterior, para compor cada grupo, embora sem identificá-los ainda.

Na sequência estabelecem-se as instruções de apoio mútuo e C2 com todas as forças componentes (operadores). Quando o operador for uma força amiga, não subordinada, deve ser verificado se ela está capacitada a cumprir a tarefa que lhe será solicitada e como será feita a coordenação (C2). No quesito coordenação (C2) elaboram-se as instruções relativas a datas e horas, movimentos, pontos de encontro, áreas de operações e outros assuntos referentes às tarefas elencadas, evitando interferências mútuas. Os operadores também poderão elaborar instruções e planos para preencher possíveis lacunas existentes nas diretivas emitidas, bem como para atender às doutrinas e procedimentos padrões em vigor. Sempre que for conveniente, devem ser empregados planos e formaturas doutrinárias.

O comandante tem melhores condições de determinar as necessidades de apoio mútuo na força sob seu comando, ou seja, o apoio de um grupo (sub-força-tarefa) a outro, pois ele tem uma visão global da operação e da participação nela de cada grupamento em particular. Além disso, stá investido da autoridade para ordenar o apoio mútuo. Desse modo, caso julgue essencial, pode atribuir tarefas de apoio, em aditamento às já estabelecidas na fase anterior. Da mesma forma, ele deve considerar a conveniência da coordenação de esforços entre 2 ou mais grupos, pois a coordenação (C2) tem importância vital para uma operação, especialmente naquelas de mais difícil execução como por exemplo assaltos anfíbios ou aeroterrestres e de apoio logístico. O comandante tem a responsabilidade de estabelecer as instruções para a coordenação, uma vez que é ele o superior dos grupos formados e o responsável pela determinação do auxílio a ser solicitado às forças amigas. Quando a operação estiver interrelacionada com as operações de escalões superiores ou do mesmo escalão, o comandante deverá determinar as medidas cabíveis necessárias à coordenação.

Completando a fase 4, devem ser listadas as demais instruções, cuja necessidade tenham aparecido no decorrer da análise efetuada nesta fase. Essas instruções constarão do próprio corpo da diretiva ou de planos complementares específicos, incluídos como anexos, tais como: plano de inteligência, conceito da operação (instruções sobre como serão executadas as tarefas elencadas), plano logístico, plano de comunicações, plano de guerra eletrônica (EW), e outros que se mostrem necessários. Poderá ocorrer ainda a necessidade de estabelecer instruções sobre o adestramento e ensaio necessários para assegurar um estado de prontidão satisfatório para as forças; instruções sobre os dados a serem encaminhados pelos comandos subordinados, necessários ao controle durante a fase preparatória da operação e durante o controle da ação planejada etc.

As instruções deverão estar de acordo com as diretrizes estabelecidas pelos escalões superiores, nas cadeias de comando operativa e administrativa. No que se refere às instruções sobre necessidades logísticas, é importante considerar sempre o tempo morto entre a determinação das necessidades e a obtenção de material, especialmente aquele julgado crítico para a operação. Nem todos os aspectos indicados como pertinentes a esta fase devem ou podem ser completados antes de se passar para as fases subsequentes.

Fase 5 - Organização por Tarefas

A próxima fase ou fase 5 tem a finalidade de estabelecer formalmente a estrutura de comando e distribuir os meios que constituirão cada força componente, designando agora elementos específicos para compor a organização por tarefas. A organização por tarefas deve atentar para que todos os grupos criados na fase 3, constem com sua(s) respectiva(s) tarefa(s) atribuída(s); deixando a organização das tarefas nas respectivas subdivisões por conta de seus respectivos comandantes subordinados. Entretanto, para assegurar a eficiência do controle, pode ser preferível estabelecer logo uma cadeia de comando mais complexa, com a indicação dos comandos intermediários; sendo que o número de grupos variará de acordo com o escalão do comandante e a complexidade da missão que lhe foi atribuída.

Inicialmente, prepara-se um organograma da força, o qual servirá de base para a organização por tarefas final da força que executará a missão. Este organograma deve basear-se na subdivisão da força concebida na Fase 3, e procurar conter os tópicos coordenação (cada subcomando com suas tarefas, evitando-se duplicidade), amplitude de controle (cada grupo com número de subordinados compatíveis com sua estrutura de C2), homogeneidade (composição do grupos por tarefas e meios similares) e delegação de autoridade (autoridade dos subcomandantes compatível com suas responsabilidades).

No organograma constarão os nomes ou codinomes dos grupos, do mesmo modo que aparecerão na diretiva. Os títulos, normalmente, fazem referência à tarefa principal que o grupamento executará, ou não, dependendo do grau de sigilo requerido. Todos os grupos criados na Fase 3 devem constar do organograma. Naquela ocasião não se havia ainda definido se seriam grupos, unidades ou elementos-tarefa; agora, eles serão assim especificados, em função da posição que ocuparão no organograma.

Deve-se relacionar as unidades que deverão compor cada grupo operativo. Pode ser vantajoso manter no mesmo grupo meios que possuam características semelhantes, tais como: limitação de velocidade, atividade atual, grau de aprestamento, localização física ou fazer parte da mesma organização administrativa (batalhão, esquadrão, base, etc...). Em seguida devem ser designados os comandantes subordinados. Exceto nos altos escalões de comando, ou sob circunstâncias especiais, esta designação deve considerar a precedência hierárquica entre esses comandantes.

Para redigir a organização por tarefas, listam-se os grupos (sub-forças-tarefa) em sequência, precedendo-os por um designativo (a,b,c; 1,2,3). A cada grupo-tarefa é atribuído um número designativo e um título descritivo. O posto e o nome do comandante podem ser mencionados, abreviadamente, ao lado do título. Imediatamente abaixo do título deve constar a sua composição. Indica-se os componentes de cada grupo-tarefa, quando apropriado, pelo uso de títulos abreviados das organizações administrativas, quando seus comandantes estiverem presentes. Também pode-se fazer a indicação por meio do nome da unidade. Quando a organização por tarefas for extensa, é recomendável relacionar, no corpo da diretiva, somente o título dos grupos principais e preparar um anexo, com uma organização por tarefas detalhada.

Fase 6 - Tarefas e Instruções

Na Fase 6 as tarefas e instruções para os subordinados serão formalmente redigidas. Assim, os parágrafos “EXECUÇÃO”, “ADMINISTRAÇÃO” e “LOGÍSTICA", da diretiva, serão completados nesta fase. Além disso, outras instruções ou planos, iniciados na Fase 4, deverão ser concluídos nesta parte do planejamento.

As tarefas dos grupos-tarefa são transcritas mantendo-se a sequência e os indicativos que os precedem na organização por tarefas, preparada na fase anterior. Abaixo de cada grupo relacionam-se as tarefas correspondentes e as instruções individuais, quando necessárias, para prover cooperação ou evitar interferência com outro grupo. Cada um dos grupos com as suas tarefas, na forma e sequência mencionadas, constitui, na diretiva, um subparágrafo do parágrafo "EXECUÇÃO".

As tarefas devem ser redigidas em linguagem formal, nos termos que deverão constar da diretiva, isto é, com o emprego do verbo no infinitivo, ao invés de no futuro, exprimindo uma ordem. Elas devem ser enunciadas de modo claro, conciso e preciso, a fim de evitar falhas de interpretação. Todos os grupos operativos criados devem ter, pelo menos, uma tarefa. Subdividir-se um grupo em grupos menores e atribuir tarefas apenas para o grupo maior é um erro. Isso demonstra que houve um erro na fase 3, quando se dividiu a força em grupos componentes sem que a esses fosse atribuída, pelo menos, uma tarefa.

As tarefas a serem executadas por 2 ou mais grupamentos são relacionadas às instruções gerais, de natureza operativa, serão posteriormente transcritas no subparágrafo "Instruções para Coordenação", da diretiva. Normalmente são instruções relativas à segurança; apoio; horários e duração de eventos; cooperação entre dois ou mais grupos; instruções quanto à entrada em vigor da diretiva e sua saída e, se for o caso, data de cancelamento e a autorização para destruí-la; instruções táticas; e momentos de ativação e desativação de grupos, etc.

É importante que não haja ambiguidade ou dúvida quanto aos grupos a que essas instruções se referem. Se houver necessidade de transmitir instruções mais detalhadas, é conveniente não incluí-las no corpo da diretiva. Evita-se, assim, torná-la extensa, com o acréscimo de pormenores que, via de regra, não são do interesse geral. Essas instruções deverão constar da diretiva como anexos, tais como: Plano de Batalha, Plano de Defesa, Plano de Mobilidade, que deverão ser concluídos nesta fase. Na diretiva, a referência a eles é feita no subparágrafo "Instruções para Coordenação".

As instruções de coordenação necessárias à direção e ao controle do apoio administrativo e logístico constarão do ítem "Administração e Logística". No qual deverão ser estabelecidas as normas e procedimentos de caráter administrativo e logístico, indicando suprimentos, facilidades e serviços existentes, assim como o responsável por provê-los, quando e onde estarão disponíveis. Caso os subordinados tenham recebido essas informações, por meio do plano logístico do superior ou de qualquer outra fonte, basta uma referência a essa fonte. Pelas razões expostas anteriormente, sendo as informações e instruções de logística extensas e detalhadas, elas deverão constituir um anexo à diretiva, denominado "Plano Logístico", ao qual será feita referência no parágrafo "Administração e Logística" da diretiva.

A seguir, inicia-se a elaboração do conceito da operação, que é um documento, sem formatação rígida, a ser divulgado para os subordinados e que contém, basicamente, a ideia de manobra do comandante, abordando detalhes não evidentes nas tarefas atribuídas aos subordinados, tais como: intenções do comandante; duração de eventos; limitações e prazos a respeitar; orientação para a execução de tarefas; e fases da operação, se houverem etc.

A existência de um anexo contendo o conceito da operação deverá ser mencionada no parágrafo após a redação da decisão e antes dos subparágrafos que contêm as tarefas de cada grupo. Caso esse anexo não seja confeccionado, uma sucinta exposição do conceito da operação poderá ser incluída no próprio parágrafo da diretiva, servindo como uma extensão da decisão. Na atribuição de tarefas, deve-se permitir aos subordinados imediatos a máxima liberdade de decisão compatível com a necessidade de coordenar as operações correlatas. Assim, as instruções sobre como cumprir uma tarefa devem ser dadas apenas no grau suficiente à total compreensão e à efetiva coordenação entre os subordinados. Se o comandante desejar transmitir uma orientação, quanto à sua preferência na maneira de executar determinada fase de uma operação, sem pretender atribuir tarefas detalhadas para cada ação concebível, poderá fazê-lo no conceito da operação.

Fase 7 - Informações de Comando e Controle

No parágrafo “Comando e Controle” da diretiva, lista-se os aspectos de comando pertinentes à operação que está sendo planejada. Nesse ítem listam-se o nome do substituto eventual do comandante (subcomandante), a localização do comandante (seu posto de comando e de seu eventual) e as instruções de comunicações que serão constadas em um anexo, se forem extensas. Este parágrafo também poderá conter instruções sobre relatórios que os comandantes subordinados deverão enviar na forma de informações operativas, tais como detecções, resultados de engajamentos, consumos de combustível e de munição, avarias, baixas e outras consideradas relevantes, que permitirão avaliar se a operação está se processando de acordo com os planos e se estes de fato estão conduzindo ao cumprimento da missão, ou seja, possibilitarão o controle da ação planejada. Tais relatórios devem levar consideração a missão de cada comando subordinado e os efeitos desejados a serem obtidos em cada tarefa atribuída.

Outros anexos pertinentes a esta fase, tais como o Plano de Guerra Eletrônica (EW), por exemplo, caso sejam confeccionados, deverão estar concluídos antes de iniciar o estudo da próxima Fase. Outras instruções poderão ser acrescentadas, além das sugeridas nos itens acima, como por exemplo, as relativas à autoridade dos subordinados quanto ao emprego de armamento de elevado poder de destruição, referências especiais a regras de engajamento, etc...

Fase 8 - Informações aos Comandantes Subordinados

O parágrafo “Situação” trará uma descrição sumária e objetiva da situação, situando os comandantes subordinados dentro do problema militar a ser enfrentado. Este parágrafo discorrerá sobre a situação geral, as forças inimigas e amigas, as incorporações e destaques e as hipóteses básicas.

Este deve conter apenas as informações essenciais para o seu perfeito entendimento, porém, pode ocorrer dessas informações serem extensas. Nesse caso, elas devem ser incluídas no anexo "plano de inteligência", fazendo constar neste parágrafo apenas uma referência quanto à existência desse anexo.

Primeiramente se apresenta uma descrição sumária e objetiva da situação geral, com as missões deste comando e do escalão superior, se disponíveis e autorizadas. Detalhes já conhecidos podem ser omitidos. Deve-se neste ítem analisar, selecionar e completar, com critério, as informações contidas no parágrafo correspondente da diretiva do escalão superior. Caso esta diretiva não esteja disponível à todos, deve-se citar as informações relevantes e não apenas fazer referência à elas, de forma que sirvam (sejam úteis) ao planejamento de todos.

As forças inimigas relacionadas à operação e não mais que isso, devem ser descritas, bem como as forças que poderão vir a ter influência. Cada grupo conhecido de forças inimigas deve constar de um item numerado; incluindo forças navais, aéreas e terrestres e contendo a composição, localização e dispositivos caso sejam conhecidos e de forma sucinta. Conhecimentos mais detalhados, se existentes, deverão constar de um anexo "Plano de Inteligência", o qual deverá ser referenciado.

Sobre forças amigas deve-se dispor informações sobre forças navais, aéreas e terrestres que não estão na organização por tarefas, mas que irão contribuir para o cumprimento de sua missão. Deve-se informar sua disposição e como poderão contribuir, de forma suscinta e restritas ao necessário. Devem ser informadas em itens numerados, começando pelo escalão mais elevado e descendo.

Nas incorporações e destaques devem ser indicadas as unidades incorporadas ou destacadas à força no decorrer da operação, especificando a ocasião em que tais incorporações e destaques devem ocorrer. Devem constar apenas as unidades que participam da operação por um determinado período de tempo, ou seja, entrando para a subordinação do comandante que assina a diretiva, vindo de outra; ou saindo da desta subordinação e indo para outra. Nas incorporações e desincorporações, a mudança de subordinação é definitiva, enquanto que nos destaques é temporária. Quando não houver nada previsto, a palavra "Nenhuma" deverá constar deste subparágrafo. Quando forem em grande número, é conveniente que sejam constadas em um anexo bem como seus eventos, citando a existência desse anexo no subparágrafo.

As hipóteses básicas somente constarão dos planos de operações (nunca nas ordens de operação), relacionam-se àquelas conservadas na Fase 2 ou indicadas pela palavra "Nenhuma" se não houverem.

Ao chegar ao final desta fase, é conveniente que se reveja mais uma vez o planejamento, de modo a elucidar pontos ainda pouco claros e eliminar o que for desnecessário, aprimorando o produto de cada fase. Também se for constatado a necessidade de algum apoio externo ainda não previsto, deve-se tomar logo as primeiras providências para que esse apoio esteja disponível quando necessário.

Fase 9 - A Diretiva Operacional

O plano de ação final é exposto em um documento (diretiva) para divulgação aos comandantes subordinados, que deverá seguir um formato padrão familiar a todos. Todo o material necessário para compor o corpo da diretiva e seus anexos estará disponível como fruto do trabalho das fases anteriores.

A diretiva será um documento básico com as informações principais e seus anexos (planos), que conterão informações complementares e detalhadas sobre os tópicos do documento principal, evitando que este fique muito extenso. Os tópicos básicos da diretiva podem ser a situação, missão, execução, logística e C3 (comando, controle e comunicações), contendo ainda a organização da força e outros itens como conteúdos introdutórios e conclusivos, e é claro os anexos.

A leitura dos anexos pode não interessar a todos, já a do corpo principal sim, pois contém instruções de interesse geral, tais como um panorama sucinto e claro da situação, missão, decisão, tarefas atribuídas aos comandantes subordinados etc. Os anexos conterão procedimentos detalhados e informações adicionais que ampliam as informações de caráter geral constantes do corpo da diretiva, e são de interesse específicos daqueles que trabalharão naqueles detalhes. Entre os anexos mais comuns temos: conceito da operação, organização por tarefas detalhada, plano de batalha, plano de comunicações, plano de guerra antiaérea e defesa aérea, plano de guerra anti-submarino, plano logístico, plano de mobilidade, plano de controle de espaço aéreo, plano de desembarque, plano de organização para o combate e outros.


Diretivas e o Controle da Ação Planejada (Parte 5)

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Planejamento Militar - O Exame da Situação (Parte 3) *230

 


Parte 2- O exame da situação

Fase 3 – Linhas de Ação x Possibilidades do Inimigo

Cada Linha de Ação (LA) a ser adotada deve ser comparada com as Possibilidades do Inimigo (PI) em relação a esta linha de ação. Nesta fase, o comandante já dispõem das informações necessárias a respeito de sua missão. Ao final deste estudo serão elencadas as LA Provisórias que tenham as melhores chances de alcançar os objetivos definidos. É importante que sejam sugeridas propostas de LA sem qualquer restrição prévia, dando-se “asas à imaginação”, desde que não se desvie dos objetivos da missão. Ideias rejeitadas previamente podem conter fragmentos úteis, que podem ser encaixados com sucesso em proposições mais pragmáticas, tornando estas mais robustas. O planejamento é um processo cíclico, onde as ideias são refinadas paulatinamente, e ideias pouco ortodoxas podem contribuir para o refinamento daquelas mais factíveis.

Possibilidades do Inimigo (PI)

As PI são as linhas de ação que inimigo pode adotar para contrapor uma LA planejada. Elas devem ser compatíveis com os meios que o inimigo tem sua disposição e serem capazes de interferir no cumprimento da missão. A seção de informações da unidade (S/2 ou outra conforme a força) é a principal fonte das informações a cerca das PI, que são supostas ações amplas, que podem ser empreendidas dentro de determinas condições aceitáveis ao inimigo.

Valendo-se das conclusões da análise prévia da fase I, o órgão de informação (S/2) a disposição do comandante, listará todos os prováveis e possíveis objetivos que o inimigo buscará para frustrar a missão ora em planejamento, e em seguida identificará de que forma estas supostas ações poderão influir. Dessa forma se definirão as ações adequadas a evitar esta interferência. Deverão ainda ser tabuladas em ordem decrescente de possibilidade de adoção, cada uma das ações inimigas prováveis. É importante ressaltar que cada  ação provável do inimigo listada deverá ser considerada nos critérios de factibilidade de execução e se afetará a missão de forma importante. Ações não factíveis devem ser desconsideradas após análise, porém desfazer-se de ações relativamente improváveis mas factíveis, pode resultar em surpresas desagradáveis, podendo o inimigo adotá-las se levar em consideração que foram desprezadas.

Uma PI que deve sempre ser considerada é a de frustração da mobilidade das forças que irão executar a missão. O inimigo pode ser capaz de realizar simultaneamente múltiplas ações combinadas, que afetarão de modos particulares o cumprimento da missão. As PI elencadas devem especificar claramente essas múltiplas ações, sob pena de conclusões incorretas acerca da capacidade de cumprimento da missão. A avaliação das PI não é um processo estático, devendo prosseguir durante as 3 Etapas do Planejamento.

Em seguida se analisa, apenas com as PIs consideradas, a ordem de probabilidade de sua adoção pelo inimigo. Prioriza-se as PIs que ofereçam maiores vantagens ao inimigo, com menores riscos; após as que oferecem um melhor aproveitamento das características da área de operações, associadas às deficiências e vulnerabilidades das forças amigas e por último as ações atualmente sendo executadas pelo inimigo (histórico recente). Ao comandante caberá a palavra final desta análise.

Linhas de Ação (LA)

Uma Linha de Ação é um plano factível capaz de cumprir a missão. Ela será construída como resultado nos dados e conclusões da fase 2. Deve exprimir o que deve ser feito para o cumprimento da missão e de que forma (que ações serão tomadas), impondo, se for o caso, os limites a serem observados (regras de engajamento), sempre em linguagem simples e clara, evitando interpretações.

Como exemplo de LA corretamente redigidas podemos citar: “Destruir a ponte sobre o Rio das Correntes usando explosivos plantados”, ou “Ocupar a subestação do Bairro Formiga em Rio das Algas sem danificá-la severamente, e estabelecer lá um ponto forte”. A ação poderá ser omitida quando seu enunciado causar redundância. Num enunciado “Prover o bombardeio da Área Alfa em preparação ao assalto pela infantaria em D+1 às 0500 pelo Grupo de Artilharia”, pode ser omitido a unidade que irá realizar, pois a missão já é implícita, considerando o grupo de artilharia orgânico da grande unidade que está executando a missão. Se o bombardeio tivesse que ser executado pela aviação tática, aí sim seria importante enunciar a unidade executora.

Após enunciar uma LA o comandante deve rever seu entendimento da situação quantas vezes achar necessário, de forma a ter certeza que a LA escolhida é a mais adequada. Devem pesar a capacidade da LA de cumprir com os efeitos desejados e se as suas forças destacadas para esta missão tem a capacidade de cumprir de forma eficaz com suas comissões. Múltiplas LA preliminares podem ser elaboradas para se chegar a uma linha LA de ação definitiva, pois quase sempre haverá mais de um modo de executar uma ação e com o emprego de mais de um sistema de combate.

Muitas ações devem ser executadas para a consecução de uma LA, e a estas denominamos requisitos, que podem ser classificados quanto a sua importância em imprescindíveis (se não for cumprido a LA não será exitosa), importantes (aumentam em muito a possibilidade de sucesso da LA) e desejáveis (se possíveis, facilitam a tarefa a ser executada). Também podemos dividir os requisitos quanto a sua natureza em ofensivos (finalidade de LA), defensivos (garantem a execução), logísticos (suportam a execução), de inteligência (orientam a execução), de movimento (mobilidade da execução), de adestramento (preparo da execução) e de apoio (ações multiplicadoras de força e facilitadoras). A ênfase em cada requisito dependerá da natureza de cada LA. Outros tipos de requisitos poderão se fazer presentes em situações particulares, e cada um destes poderá ser desdobrado em 2 ou mais. Os requisitos devem ser compostos pelo "o que", "como" e "onde", quais as forças envolvidas e por quanto tempo cada ação deve perdurar.

Adequabilidade, Exequibilidade e Aceitabilidade de uma LA Provisória

Uma LA é adequada se puder, por si própria, cumprir a missão. Seus efeitos devem ser compatíveis com a essência e magnitude da missão e capaz de ser executada dentro do tempo máximo suportável para a situação. Se uma LA parecer apenas parcialmente adequada, deve-se agregar a ela as ações necessárias a satisfazer a condição desejada, ou então ser abandonada. Também não poderá ser mais ou menos adequada do que outra, uma vez que, ou ela cumpre ou não cumpre a missão, o que a faz objetiva e absoluta.

Uma LA é exequível se puder ser implementada com as forças e tecnologia disponíveis e dentro do tempo máximo suportado para a situação, e ainda capaz de suportar a pressão que o inimigo envidará para frustá-la. Avaliar se uma LA é exequível ou inexequível, em face da oposição do inimigo, é subjetivo. Isso significa que pode haver diferentes opiniões quanto ao julgamento da possibilidade de êxito. Uma vez definida a possibilidade de êxito, a LA não poderá ser mais ou menos exequível que outra, uma vez que ela é possível ou não de ser implementada, o que a faz subjetiva e absoluta.

Uma LA é aceitável se os resultados compensarem os custos decorrentes. Perdas prováveis, determinadas pela prova de exequibilidade, servirão de base para esta análise, devendo ser considerados os quesitos pessoal, material, tempo e posição. Deve-se evitar inclinar-se a um otimismo exagerado e o comandante deve aceitar a inevitabilidade de perdas na sua força, desde que esta perda obedeça a certos limites. Os ganhos numa interação com o inimigo devem ser confrontados com a capacidade da própria força continuar operacionalmente significativa. Podem haver opiniões divergentes quanto à aceitabilidade de uma LA, dependendo de quem a esteja avaliando. Além disso, ela poderá ser mais ou menos aceitável do que outra. Isso significa que, para cada LA provisória formulada, poderá haver uma "probabilidade de êxito" diferente, o que a faz subjetiva e relativa.

Todas as LA Provisórias devem ser testadas nestes critérios o quanto antes e se não os cumprirem, imediatamente abandonadas ou alteradas.

O julgamento da exequibilidade e da aceitabilidade de uma LA Provisória requer uma análise extensa, e no que se refere à adequabilidade, essa análise é mais simples e pode ser feita antes das demais. A prova preliminar de adequabilidade e e de exequibilidade são inicialmente aplicadas após a formulação e, posteriormente a qualquer momento sempre que o conceito da operação sofra modificações ou mudem as forças à disposição. A prova final será aplicada na Fase 4 desta Etapa, após o levantamento das Vantagens e Desvantagens das LA.

Pode ser conveniente combinar 2 ou mais LA Provisórias para formar outras mais refinadas, caso as primeiras se tenham mostrado parcialmente válidas. Nesta situação deve-se retornar aos subitens anteriores, onde as novas LA serão relacionadas, formulados os seus conceitos sumários, e submetidas à prova, para que sejam verificadas as suas validades. Assim, mais uma vez, a natureza cíclica do processo possibilita o aperfeiçoamento do planejamento. Cabe ressaltar que uma LA se distingue de outra, basicamente, por meio de diferenças em pelo menos um dos seus seguintes aspectos de efeitos desejados, operações e/ou meios empregados.

Confronto LA x PI

Neste tópico se confronta as LA Provisórias com cada PI. É uma análise dinâmica, na qual cada ação é considerada como uma variável independente interagindo com outras, simultânea ou sucessivamente. Dessa forma se elenca as várias ações que as forças destacadas terão que empreender para executar a LA, revendo e ampliando os conceitos, através da inclusão de alguns detalhes, e de maneira semelhante, considera as ações detalhadas de cada PI, inclusive como seriam implementadas.

Em cada confronto analisado, conclui-se quanto às capacidades do inimigo em se opor a cada LA, às perdas prováveis, à necessidade de subdividir as forças, às ações alternativas convenientes, o grau de eficiência estimado da LA na medida em que ela cumpre a missão, os aspectos relacionados com o tempo, etc. É um jogo de guerra mental.

Cada LA é confrontada com cada PI, observando-se os seguintes subitens:

As ações que o Inimigo pode executar para realizar a PI. Descreve-se como seriam implementadas as ações pelo inimigo, que possam interferir com a LA a ser confrontada. São especificados como, quando e onde o inimigo pode atuar, para obter o efeito desejado da PI considerada.

As ações que devem ser executadas para realizar a LA, em face da oposição dessa PI, que devem ser expandidas e detalhadas em face da PI a ser confrontada. Assim, da mesma forma que no item anterior, especifica-se como, quando e onde pode ser disposta a força destacada.

Fase 4 - Comparação e Escolha das Linhas de Ação

Após as LA terem passado pela prova AEA (adequabilidade, exequibilidade e aceitabilidade) elas devem ser comparadas para que uma seja a escolhida.

Em primeiro lugar deve-se confrontá-las, comparando suas vantagens e desvantagens, de forma a escolher a melhor delas. Um pequeno roteiro facilita esta comparação utilizando os quesitos: mais ofensiva ou defensiva, maior liberdade de ação, maior concentração de forças, melhor unidade de comando, maior surpresa, maior simplicidade, menos necessidade de informações, menos dependência da área de operações, maior favorecimento de operações futuras e maior economia de meios.

Estes conceitos dependem de julgamento pessoal e, portanto, 2 ou mais comandantes poderiam chegar a conclusões divergentes. Assim, uma determinada LA pode parecer perfeitamente exeqüível para um comandante ousado e agressivo, mas inexeqüível para outro mais cauteloso. Além disso, geralmente há um certo grau de aceitabilidade associada a cada LA, estabelecendo, desta forma, o que se pode denominar de uma aceitabilidade relativa. Para determinar a aceitabilidade relativa, são importantes os resultados esperados pela execução com sucesso da LA.

Antes de selecionar uma das LA para a decisão, deve-se submeter todas elas à uma prova final, na qual a riqueza de detalhes dependerá das provas já realizadas e dos resultados de análises posteriores complementares, efetuadas nas fases anteriores. Ao considerar a aceitabilidade da LA, deve-se enfrentar realisticamente a possibilidade de insucesso. Se for considerada que uma LA é aceitável sem levar em consideração uma margem de segurança, qualquer imprevisto poderá facilmente invalidar esta LA na prática e comprometer a operação.

Após a análise final, pode-se concluir que nenhuma das LA em pauta atende as condições que se busca. Nesse caso, deve-se novamente buscar a combinação das LA existentes, reiniciando o processo. Caso mesmo assim as conclusões sejam insatisfatórias, os resultados devem ser encaminhados ao escalão superior para decisão final, onde se assume o ônus de sua adoção ou se busca alternativas. O escalão superior pode ter uma visão diferente das análises feitas e decidir pela sua adoção ou não. Somente quando há condições impostas pelas autoridades superiores, o comandante pode ser parcialmente relevado da responsabilidade quanto à sua decisão, sempre no mesmo nível do que for condicionado. Uma matriz de decisão com os critérios já citados (logística, operações futuras, maior surpresa, etc...) pode auxiliar nesta comparação.

Fase 5 - Decisão sobre a LA escolhida

Após a decisão tomada, esta deve ser expressada como um “Plano de Ação”, trazendo informações do que fazer e como fazer, podendo ainda dizer como e onde. Pode ainda trazer as restrições que forem necessárias. Se a LA for pré-determinada, a própria tarefa será a decisão elencada. A decisão deverá ser clara, objetiva e concisa, prezando pela simplicidade; de forma que todos a compreendam de forma inequívoca. Ao “Staff” da unidade designada, caberá o detalhamento da operação, seja uma divisão ou um grupo de combate, salvo se for decidido de outra forma.

2ª Etapa - O Plano de Ação e Emissão de Diretiva




terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Comunicações Submarinas *226


https://navalpost.com/how-do-submarines-communicate-with-the-outside-world/

A comunicação dos submarinos com seus comandos e outros elementos da frota é um campo das comunicações militares que apresenta desafios técnicos e requer tecnologia especializada. Como as ondas de rádio não viajam bem através de bons condutores elétricos, como água salgada, submarinos submersos não dispõem de comunicação via rádio em frequências de rádio comuns, como as outras unidades militares. Os submarinos podem, a profundidade de periscópio, levantar uma antena acima do nível do mar, e então usar transmissões de rádio comuns, mas isso anula sua principal característica tática que é a de permanecer incógnito, submerso a grande profundidade, e os torna vulneráveis à detecção por forças de guerra antissubmarino.


Durante a Guerra Fria, foram desenvolvidos submarinos movidos a energia nuclear que podiam ficar submersos por meses. No caso de uma guerra nuclear, submarinos com mísseis balísticos submersos devem ser acionados rapidamente para lançar seus mísseis, porém a dificuldade na comunicação pode atrasar o recebimento de ordens. A transmissão de mensagens para esses submarinos é uma área ativa e intensa pesquisa.

Para manter os submarinos seguros abaixo da superfície, os comandos navais começaram a explorar a extremidade mais baixa do espectro de rádio. Enquanto as bandas de alta frequência (HF: 3 MHz a 30 MHz) e baixa frequência (LF: 30 kHz a 300 kHz) são perfeitamente capazes de alcançar todo o globo graças à refração ionosférica, a alta condutividade da água do mar atenua rapidamente os sinais nessas bandas.

Diminuindo um pouco o espectro, a banda de frequência muito baixa (VLF: 3 kHz a 30 kHz) começa a exibir uma penetração decente da água do mar, até uma profundidade de talvez 20 metros. Indo ainda mais longe no espectro, os sinais na banda de frequência extremamente baixa (ELF: 3 Hz a 30 Hz) são capazes de penetrar 120 metros de água do mar, o que é profundo o suficiente para qualquer submarino manter sua discrição.

Existem muitos métodos de comunicação subaquática em uso/em desenvolvimento. Vamos verificar alguns deles mais detalhadamente:

Telefone Subaquático

Um telefone subaquático, às vezes chamado Gertrude, também é usado para se comunicar com submersíveis. O telefone subaquático é todo sistema controlado por microprocessador, que possibilita a comunicação entre submarinos e embarcações através de ondas acústicas submarinas. Comunicações feitas de duas maneiras, incluindo os modos de telefone e telégrafo. Estão disponíveis versões fixas do telefone subaquático para embarcações e versões portáteis para bots de resgate. Geralmente funciona entre 2 kHz a 40 kHz.



Frequência muito baixa

Ondas de rádio VLF (3–30 kHz) podem penetrar na água do mar até algumas dezenas de metros e um submarino em pouca profundidade pode usá-las para se comunicar. Uma embarcação navegando mais profunda pode usar uma boia equipada com uma antena em um cabo longo. A boia sobe a alguns metros abaixo da superfície e pode ser pequena o suficiente para não ser detectada pelo sonar e radar inimigo. No entanto, esses requisitos de profundidade restringem os submarinos a curtos períodos de recepção, e a tecnologia de guerra antissubmarino pode ser capaz de detecta-la ou sua antena nessas profundidades rasas.

O ruído de fundo natural aumenta à medida que a frequência diminui, portanto, é necessária muita energia irradiada para superá-lo. Pior ainda, pequenas antenas (em relação a um comprimento de onda) são inerentemente ineficientes. Isso implica em altas potências de transmissão e antenas muito grandes cobrindo quilômetros quadrados. Isso impede que os submarinos transmitam em VLF, mas uma antena relativamente simples (geralmente um longo fio à direita) será suficiente para a recepção. Ou seja, as VLF são sempre de mão única, de terra para barco. Se for necessária comunicação bidirecional, o barco deve subir mais perto da superfície, levantar um mastro de antena para se comunicar em frequências mais altas, geralmente HF e acima.



Devido às estreitas larguras de banda disponíveis, a transmissão de voz é impossível; apenas dados lentos são suportados. As taxas de transmissão de dados VLF são em torno de 300 bits/s, portanto, a compactação de dados é essencial.

Apenas alguns países operam instalações VLF para comunicação com seus submarinos: Noruega, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, Alemanha, Turquia, Austrália, Paquistão e Índia.

Frequência extremamente baixa

Ondas eletromagnéticas nas faixas de frequência ELF e SLF (3-300 Hz) podem penetrar na água do mar a profundidades de centenas de metros, permitindo que os sinais sejam enviados aos submarinos em suas profundidades operacionais. Construir um transmissor ELF é um desafio formidável, pois eles precisam trabalhar em comprimentos de onda incrivelmente longos: o sistema Project ELF da US Navy, que era uma variante de um sistema maior proposto sob o codinome Projeto Sanguine, operado a 76 Hertz, o sistema soviético/russo (chamado ZEVS) em 82 Hertz. Este último corresponde a um comprimento de onda de 3.656,0 quilômetros. Isso é mais de um quarto do diâmetro da Terra. Obviamente, a antena dipolo usual de meio comprimento de onda não pode ser construída de forma viável.

Em vez disso, alguém que deseja construir tal instalação tem que encontrar uma área com condutividade de terra muito baixa (um requisito oposto aos locais usuais de transmissores de rádio), enterrar dois eletrodos enormes no solo em locais diferentes e, em seguida, alimentar linhas para eles de um estação no meio, na forma de fios em postes. Embora outras separações sejam possíveis, a distância usada pelo transmissor ZEVS localizado perto de Murmansk é de 60 quilômetros (37 milhas). Como a condutividade do solo é ruim, a corrente entre os eletrodos penetrará profundamente na Terra, essencialmente usando uma grande parte do globo como antena. O comprimento da antena em Republic, Michigan, foi de aproximadamente 52 quilômetros (32 milhas). A antena é muito ineficiente. Para acioná-lo, parece ser necessária uma usina de energia dedicada, embora a potência emitida como radiação seja de apenas alguns watts.

Devido à dificuldade técnica de construir um transmissor ELF, os EUA, China, Rússia e Índia são as únicas nações conhecidas por terem construído instalações de comunicação ELF. Até ser desmontado no final de setembro de 2004, o American Seafarer, mais tarde chamado de sistema Project ELF (76 Hz), consistia em duas antenas, localizadas em Clam Lake, Wisconsin (desde 1977), e em Republic, Michigan, na Península Superior ( desde 1980). A antena russa (ZEVS, 82 Hz) está instalada na Península de Kola, perto de Murmansk. Foi notado pelo Ocidente no início de 1990. A Marinha da Índia tem uma instalação de comunicação VLF operacional na base naval INS Kattabomman para se comunicar com seu submarinos class Arihant e classe Akula. A partir de 2012, esta instalação estava sendo atualizada para também transmitir comunicações ELF. A China, por outro lado, construiu recentemente a maior instalação ELF do mundo, aproximadamente do tamanho da cidade de Nova York, para se comunicar com suas forças submarinas sem que elas tenham que vir à tona.

A instalação de transmissores ELF da US Navy Clam Lake, Wisconsin, é usada para se comunicar com submarinos profundamente submersos. Os direitos de passagem das duas linhas de transmissão aéreas perpendiculares de 14 milhas (23 km) que constituíam a antena dipolo terrestre que irradiava as ondas ELF podem ser vistas no canto inferior esquerdo. Foi operado entre 1989 e 2004.



Transmissão acústica

O som viaja longe na água, e alto-falantes e hidrofones subaquáticos podem cobrir uma grande lacuna. Aparentemente, tanto a marinha americana (SOSUS) quanto a russa colocaram equipamentos de comunicação sônica no fundo do mar de áreas frequentemente percorridas por seus submarinos e os conectaram por cabos de comunicação subaquáticos às suas estações terrestres. Se um submarino se esconder perto de tal dispositivo, ele pode ficar em contato com sua sede.


Tecnologia de rádio padrão

Um submarino na ou próximo à superfície pode usar comunicações de rádio comuns. Os submarinos podem usar frequências navais nas faixas de HF, VHF e UHF (ou seja, bandas) e transmitir informações por meio de técnicas de modulação de voz e de dados. Quando disponíveis, os sistemas de satélite de comunicações militares dedicados são preferidos para comunicações de longa distância, pois o HF pode revelar a localização do submarino. O sistema da US Navy é chamado Submarine Satellite Information Exchange Sub-System (SSIXS), um componente do Sistema de Comunicações por Satélite de Alta Frequência da Marinha (UHF SATCOM).




Combinando transmissões acústicas e de rádio

Uma tecnologia recente desenvolvida por uma equipe do MIT combina sinais acústicos e radar para permitir que submarinos submersos se comuniquem com aviões. Um transmissor subaquático usa um alto-falante acústico apontado para a superfície. O transmissor envia sinais sonoros multicanal, que viajam como ondas de pressão. Quando essas ondas atingem a superfície, elas causam pequenas vibrações. Acima da água, um radar, na faixa de 300 GHz, reflete continuamente um sinal de rádio na superfície da água. Quando a superfície vibra levemente graças ao sinal sonoro, o radar pode detectar as vibrações, completando a jornada do sinal do alto-falante subaquático para um receptor no ar. A tecnologia é chamada de comunicação TARF (Translational Acoustic-RF), pois utiliza uma tradução entre sinais acústicos e de RF.

Modems Subaquáticos, Projeto JANUS

Em abril de 2017, o Centro de Pesquisa e Experimentação Marítima da OTAN anunciou a aprovação do JANUS, um protocolo padronizado para transmitir informações digitais debaixo d'água usando som acústico (como modems e aparelhos de fax fizeram em linhas telefônicas analógicas).

Satélites e telefones celulares, construídos com padrões internacionais, ajudam o mundo a se conectar. Mas a tecnologia de comunicação que usamos em terra não funciona bem debaixo d'água. Como a água cobre mais de 70 por cento da superfície da Terra, a OTAN patrocinou pesquisas para estabelecer o primeiro padrão digital de comunicações subaquáticas.

Documentado no STANAG 4748, ele usa frequências de 900Hz a 60kHz em distâncias de até 28 quilômetros (17 mi). Está disponível para uso com dispositivos militares e civis, da OTAN e não pertencentes à OTAN; foi nomeado após o deus romano dos portões, aberturas, etc.