FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."
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domingo, 20 de janeiro de 2019

Controle do Espaço Aéreo (Parte 1) #156





Parte 2 - em breve

Operações militares são freqüentemente executadas envolvendo um grande número de aeronaves. Da utilização eficiente do espaço aéreo sobre a área de operações pode depender o seu sucesso, onde sistemas aéreos com envelopes operacionais que se sobrepõem, devem operar sem interferência mútua. Este espaço deve ser coordenado de forma a maximizar a eficácia da força sem inibir o poder de combate de qualquer um de seus componentes em particular.

Um sistema integrado de controle de espaço aéreo é peça fundamental nas operações que envolvam aeronaves, assegurando a sincronização necessária para que os meios de todas as forças utilizem esta terceira dimensão, dispondo de organização, instalações, pessoal e procedimentos dedicados. O espaço aéreo poderá ser setorizado, tanto em território como em diversos níveis de altitude, e cada setor entregue a um centro de controle próprio, que atuará em sinergia com o controle dos espaços adjacentes e sob a égide de um controle central. Além de otimizar o tráfego, uma coordenação eficiente possibilitará o envolvimento oportuno de ameaças e a minimização do fratricídio.



Operando no século XXI

Operar na guerra moderna significa desenvolver operações simultâneas e intensas, cujas demandas devem ser respondidas com agilidade e sincronização, sem espaço para rotinas burocráticas retardadoras. As diversas unidades são destacadas para missões em toda a profundidade do espaço de batalha não mais obedecendo a um “front” definido como outrora se operou.

O primeiro e mais importante aspecto que envolve o controle do espaço aéreo é a sincronização, que consiste na aplicação do poder de combate em lugar e tempo específicos, potencializando o poder de cada unidade pela sinergia. Aeronaves dos sistemas logísticos, comando e controle (C2), do alerta aéreo, sistema de inteligência e de ataque à superfície devem operar simultaneamente a manobra de terra ou mar, sem interferirem umas com as outras. Soma-se a estes os sistemas de apoio de fogo e de artilharia antiaérea, que também utilizam a terceira dimensão.

Os comandantes táticos terrestres devem ter a liberdade de usar o espaço aéreo sobre suas forças, dispondo de flexibilidade para empregar seus meios orgânicos com restrições mínimas.

O elemento geográfico básico para setorizar um espaço aéreo é a área de operações de uma determinada força, cujo controle deverá ser do comandante desta força através de seu órgão de controle de espaço aéreo, até um determinado nível, acima do qual o controle será exercido pelo controle central ou quem este designar, e normalmente é onde operarão as aeronaves da força aérea que não em apoio a esta força. Sobre o mar as áreas são maiores e o controle aéreo tende a ser mais fácil e tranqüilo, mesmo com grande quantidade de aeronaves.

O controle do espaço aéreo envolve quatro atividades funcionais básicas - comando e controle (C2), a defesa aérea, aspectos da coordenação do apoio de fogo e o controle de tráfego aéreo. Unidades que possuem um único elemento aéreo normalmente designam o comandante desse elemento como responsável pelo controle aéreo de seu setor, e se possuir mais que um o comando designará as responsabilidades.

A tarefa básica do órgão controlador do espaço aéreo é agilizar a realização da missão tática e operacional, fornecendo os procedimentos e diretivas necessárias para cumprir a missão de seu escalão, minimizando os riscos potenciais devido à defesa aérea amiga, os fogos de apoio, as diversas aeronaves do exército e de vôo baixo, os veículos aéreos não tripulados e as operações aéreas táticas.

A precisão e a letalidade dos sistemas inimigos de defesa, forçarão muitos usuários do espaço aéreo a buscar proteção operando em altitudes muito baixas, mesmo unidades da força aérea, quando estiverem próximos destas áreas.



As armas de defesa aérea devem estar livres para envolver todas as aeronaves hostis dentro das regras prescritas de engajamento, evitando acidentes com aeronaves amigas. O controle do espaço aéreo deve facilitar a identificação das aeronaves através de procedimentos padrão facilmente executados pelos pilotos e identificados pelo sistema de defesa aérea. As operações de defesa aérea não devem causar atrasos no suporte aéreo, criando uma estrutura de rotas aéreas complicada ou demorada. Os sistemas de armas de suporte de fogo baseados no solo devem estar livres para disparar, sem representar perigo operacional para operações de aeronaves amigas.

O comandante da defesa aérea deve ter a capacidade de garantir que aeronaves amigas possam entrar, sair ou se mover dentro das áreas defendidas, sem restrições indevidas sobre seus movimentos e com o menor impacto adverso sobre as capacidades ofensivas e defensivas do comando. O comandante do comando unificado, do teatro ou da força-tarefa conjunta estabelece as prioridades gerais e as restrições, com o devido respeito aos requisitos de todos os usuários do espaço aéreo. Padronização de procedimentos e normas claras são a chave de todo o sistema operacional de controle aéreo. Todo um sistema disciplinado e coordenado de nada valem se apresentar elementos retardadores, que permitam ao inimigo causar danos por exploração de deficiências.



Coordenação Tática do Espaço Aéreo

Mesmo setorizado, o espaço aéreo tende a apresentar uma alta densidade de utilização, ficando cada vez mais restrito a medida que nos aproximamos das áreas mais “quentes” de operação.

Em uma área de operação o tráfego aéreo civil poderá ou não estar suspenso, dependendo da intensidade do conflito. O natural é que companhias aéreas não queiram se ariscar a voar neste espaço, ou o comando militar o feche para otimizar as operações, ou mesmo como medida de segurança a suas forças. Tudo depende da natureza e intensidade do conflito.

A implantação dos Centros de Controle de Utilização do Espaço Aéreo ficará a cargo do comandante da operação, podendo haver um controle central que coordenará e integrará os centros de cada setor ou um centro único, dependendo da magnitude das forças e da operação. É natural que o controle de espaço aéreo de baixa altura acima dos setores de operação de cada unidade fique a cargo das mesmas, possibilitando-lhes liberdade para emprego de seus sistemas, ficando os níveis mais altos sob responsabilidade da força aérea, para o tráfego logístico e de defesa aérea.

Os seguintes sistemas farão uso do espaço aéreo: aviação de defesa aérea, tráfego logístico-administrativo de alto escalão, aeronaves de missão de guerra eletrônica e reconhecimento, aviação de transporte intrateatro, sistemas de armas diversos (mísseis de cruzeiro por exemplo), sistemas de apoio de fogo, sistemas de artilharia antiaérea, aviação do exército, aviação operada remotamente (UAVs), Aviação de bombardeio tático e apoio a tropas em terra, transportadores de paraquedistas e outros helicópteros e aeronaves da força aérea em missão tática.



As unidades de aviação do exército são organizadas para realizar manobras de combate, ataque aéreo, reconhecimento, inteligência e logística, cada qual com requisitos específicos de espaço aéreo. A mobilidade destas forças em virtude de sua independência às restrições do terreno, permite que sejam altamente responsivas em todo o campo de batalha nesta ampla variedade de funções. No entanto, para valer-se da proteção do terreno, o movimento e a manobra do ar são adaptados ao terreno da mesma maneira que as forças terrestres, mas podem, sempre que necessário, desvincular-se dele. Nas áreas de operações avançadas, onde são realizadas operações próximas e profundas, os requisitos de espaço aéreo são normalmente regidos pela ameaça. Quando operando nestas áreas, as aeronaves devem se comunicar e coordenar com o comandante local, pois ou o estão apoiando, ou utilizando seu espaço aéreo. Unidades de aviação manobram sobre o campo de batalha, operando abaixo da altitude de coordenação, usando técnicas de vôo em conformidade com o terreno e movimento padronizado. Helicópteros de ataque e cavalaria aérea, e elementos de aviação envolvidos em operações de ataque aéreo, normalmente conduzem operações de combate como uma formação tática (unidade) e respondem às direções táticas de um sistema de comando e controle da aviação.

Unidades de aviação em área avançada empregam medidas de controle de procedimento. Batalhões de helicópteros de ataque e unidades de cavalaria aérea exercitam controle processual sobre as forças através do seu sistema de comando e controle. Elas usam técnicas como atribuição de objetivos e uso de setores ou zonas, eixo de avanço, linhas de fase, limites, posições de batalha, áreas de montagem, pontos de reabastecimento e armamento, posições de ataque e outros procedimentos operacionais padrão. Na área de operações de retaguarda, o tráfego aéreo normalmente transita ao longo dos eixos perpendiculares, entre áreas de apoio de divisão, instalações de comando de apoio, aeródromos e pontos de comando e controle. O movimento é geralmente previsível, segue rotas que proporcionam facilidade de navegação, mascaramento de ameaças, evitam áreas restritas e outros perigos, e estão em altitudes de vôo maiores. As operações são gerenciadas principalmente por meio de medidas de controle padrão do espaço aéreo. A adesão aos procedimentos do IFF, os requisitos de acompanhamento de voo e o monitoramento de instalações de serviços de tráfego aéreo tem maior ênfase nessa área.

O fogo de morteiros, obuseiros e foguetes de artilharia e mísseis guiados representam um perigo potencial para o tráfego aéreo. A maior probabilidade de interferência entre aeronaves e fogo de armas indiretas de superfície a superfície ocorre em altitudes relativamente baixas na vizinhança imediata de locais de bateria de tiro e áreas de impacto. A artilharia de campo faz seu rápido engajamento de alvos e, ao mesmo tempo, fornece salvaguardas para forças amigas usando medidas de coordenação de apoio de fogo e elementos de ligação. Medidas de coordenação de apoio de fogo permitem que se discriminem os fogos amigáveis dos inimigos em todos os limites e coordenem o envolvimento conjunto dos alvos. Para se reduzir os potenciais conflitos entre fogos indiretos de superfície e aeronaves, são fornecidas informações relativas ao local das baterias e aos planos e atividades de suporte de fogo ao elemento de controle de tráfego.



Os fogos da artilharia antiaérea são outro limitador do uso do espaço aéreo. Estes fogos fazem parte do sistema integrado de defesa aérea e dependem da correta identificação das aeronaves (IFF) voando e seu espaço para evitar engajar aeronaves amigas, obedecem regras de engajamento específicas e são dependentes da tecnologia empregada no quesito identificação. Além destas regras são observadas as áreas de operações de defesa aérea, a zona de engajamento de armas, a zona de controle do espaço aéreo de alta densidade e as restrições temporárias do espaço aéreo. Em cenários onde nem todas as aeronaves contam com transponders de identificação (IFF) deve-se adotar medidas adicionais para evitar fratricídio, como restringir que estas aeronaves voem nas áreas de engajamento, o que pode ser muito complicado, principalmente nas proximidade das bases.

Veículos pilotados remotamente (RPVs) podem fazer parte de unidades avançadas e unidades regulares de operação aérea, sendo que os primeiros operam em altitudes menores, exercendo missões de observação avançada, aquisição de alvos, reconhecimento e inteligência eletrônica. Devido ao seu pequeno tamanho, agilidade e capacidade limitada de ver e evitar outras aeronaves, os RPVs representam um risco operacional limitado para as aeronaves tripuladas operando dentro da mesma área geral. Aviação do exército e aeronaves de apoio aéreo de baixa altitude (CAS) geralmente operam em altitudes abaixo do perfil de voo dos RPVs. Há situações em que o CAS, a interdição aérea do campo de batalha e aeronaves de reconhecimento tático podem estar operando na mesma altitude e dentro da mesma área que os RPVs. A otimização deste espaço aéreo deve ser realizada para evitar conflitos operacionais, e medidas processuais ou positivas empregadas.

O transporte aéreo intrateatro compreende toda a movimentação logística de todas as forças, excluídas daí as missões que envolvem o movimento de forças de combate para contato em uma área objetiva. O teatro de operações normalmente tem bases operacionais principais e intermediárias (aeródromos) capazes de aceitar grandes aeronaves do Comando Aéreo logístico Militar da Força Aérea. Enquanto a Força Aérea controla os terminais aéreos, a aviação do Exército e da Marinha também podem usar esses aeródromos para suas operações de transporte aéreo. As equipes de controle de combate da Força Aérea apoiam a condução de operações de transporte aéreo profundas. A missão destas equipes é estabelecer zonas pouso de assalto e zonas de extração em ambientes austeros e de alta ameaça.

O sistema de controle aéreo tático naval contém os operadores navais de comando, controle e comunicações responsáveis pelas funções de controle do espaço aéreo durante operações anfíbias, que podem incluir centros de controle aéreo tático, centros de coordenação de armas de apoio, seções de controle de suporte aéreo e seções de guerra antiaérea. À medida que a situação tática se desenvolve, o comando e controle da força-tarefa anfíbia são estabelecidas em terra, o controle de armas de fogo passa para o comandante da força de desembarque. O controle das operações aéreas na área objetiva anfíbia passa também para um comandante do ar em terra, subordinado ao comando da força de desembarque.



Sistemas Integrados de Controle do Espaço Aéreo

Sistemas integrados de controle do espaço aéreo dentro de uma força conjunta são estruturados em torno do sistema de controle aéreo tático da força aérea e incluem o sistema de comando e controle do espaço aéreo do exército, dos fuzileiros navais e da marinha se estes operarem em separado, sistemas de outras agências e estes sistemas deverão ser integrados.

Os centros táticos de controle aéreo são os elementos sênior das operações aéreas. Dentre suas funções estão o planejamento centralizado, direcionamento, controle e coordenação de operações aéreas. Eles coordenam o uso do grande espaço aéreo e garantem que os planos de controle deste espaço sejam compatíveis com os requisitos e capacidades operacionais. Eles compreendem um centro de controle de espaço aéreo operado pela força aérea que é o cérebro do sistema, centros de controle radar, centros de transmissão de dados táticos, centros de ligação e gestão, controladores aéreos avançados(FACS) e equipes de controle de campo de batalha.

Os centros de controle radar com postos fixos e móveis (incluindo aeronaves AEW), estão relacionados com a execução descentralizada das funções de defesa aérea e de controle do espaço aéreo. Dentro de sua área de responsabilidade, estes direcionam a defesa aérea da região ou setor; fornecem alertas de ameaça para aeronaves amigas; fornecem orientação ou monitoramento de aeronaves para missões ofensivas e defensivas; coordenam a missão das aeronaves em tráfego logístico e as missões com elementos subordinados de outras forças e procedem a  identificação positiva de aeronaves. Eles detectam e identificam aeronaves hostis, recomendam mudanças nas condições de alerta de defesa aérea, especificam status de armas e coordenam aeronaves com capacidade de defesa aérea. Elementos de radar móvel podem ser instalados em áreas avançadas para estender a cobertura de radar e fornecer controle de operações aéreas, alerta antecipado e serviço para preenchimento de lacunas. Por causa de seu design compacto e móvel, estes radares podem se mover rapidamente para fornecer a cobertura de radar necessária na mudança de situações táticas. Elementos aéreos (AEW) consistem em centros de controle de comando no campo de batalha que fornece a capacidade de controlar e coordenar a execução de operações aéreas táticas em áreas de batalha avançadas, normalmente para estender o controle além do alcance de elementos baseados em terra. Também podem funcionar como um centro de operações de apoio aéreo aerotransportado limitado durante os estágios iniciais de uma contingência até que o centro em terra assuma.

O AEW é um elemento de controle aerotransportado que fornece mobilidade e um alto grau de flexibilidade de comando e controle. Pode ser usado durante as fases de implantação, emprego ou redistribuição de operações aéreas táticas, e estende a cobertura de radar e rádio além daquela alcançável pelos elementos de terra. Isso permite o alerta de defesa aérea, assistência de navegação de controle de aeronaves, coordenação de esforços de resgate aéreo e mudanças em missões táticas em distâncias além do alcance do controle em terra. Além disso, pode executar funções de controle do espaço aéreo até que as instalações baseadas em terra sejam posicionadas ou durante operações degradadas. Também pode ser usado em operações de curta duração que não garantem o uso de elementos terrestres ou quando a situação tática, política ou geográfica nega acesso a áreas de terra seguras.



O Controlador Aéreo Avançado (FAC) controla aeronaves de apoio aéreo próximo e integra ataques aéreos com fogo e manobra de forças terrestres apoiadas. Ele pode operar a partir de posições aéreas ou terrestres. O FAC manterá contato com aeronaves de ataque, outros elementos e com o coordenador apropriado de apoio de fogo ou com o comandante terrestre. Suas funções no espaço aéreo incluem coordenação de ataques aéreos com artilharia de campo, área de defesa avançada e elementos de aviação apropriados da força apoiada na área alvo.

A equipe de controle de combate fornece serviços de controle do espaço aéreo em zonas remotas de assalto (como zonas de salto e aterragem). Ele também se posiciona clandestinamente à frente das principais forças de assalto, fornecendo uma variedade de serviços como observações meteorológicas, relatórios de reconhecimento e inteligência, correções de rota e comunicações. Além disso, ele se move com a força terrestre principal para fornecer assistência terminal às forças de transporte aéreo envolvidas em operações de reabastecimento ou extração. Quando atribuído às forças de operações especiais da força aérea, realiza outras missões exclusivas de guerra não convencional. Podem não estar disponíveis para apoiar todas as missões de transporte aéreo em áreas de divisão, e elementos de controle tático do exército ou precursores podem ser necessários para fornecer serviços de controle de espaço aéreo conforme necessário.


domingo, 12 de agosto de 2018

O Míssil Antirradiação (ARM) #151




O Míssil antirradiação (ARM) é um projétil destinado a neutralizar sistemas emissores de radiação como radares de vigilância e diretores de tiro a fim de inviabilizar a operacionalidade de baterias antiaéreas, através da busca da radiação emitida pelo alvo, operando desta forma sensores passivos de busca. É um equipamento complexo e difícil de desenvolver, porém de altíssimo valor militar e tecnicamente destina-se a realizar as missões de supressão de defesas (SEAD).

Contrapor a ameaça aérea é uma das grandes prioridades de qualquer força armada, pois ela representa a ponta de lança de qualquer ação militar e seu poder de destruição é verdadeiramente devastador. Na guerra moderna as forças em combate tem como missão inicial a conquista da supremacia aérea, que nada mais é que o domínio do espaço aéreo para que os meios aéreos próprios ou aliados possam voar suas missões de combate em relativa segurança (superioridade aérea) ou mesmo em segurança absoluta (supremacia aérea).

A campanha inicia-se com ações aéreas suportadas por intenso apoio de EW a fim de neutralizar a aviação de defesa aérea inimiga, seja em combates ar-ar abatendo os caças no ar, ou bombardeando bases aéreas com sua infraestrutura de alerta e detecção, bem como a aviação que se encontra em terra. Esta ação inicial pode se dar de duas formas: a primeira em condição de surpresa total com a maioria das aeronaves em terra e cujo protagonista será o bombardeio das bases e suas defesas de ponto, ou uma condição em que o inimigo esteja esperando o ataque, e neste caso, com uma parcela significativa de seu elemento de alerta voando em patrulhas de combate aéreo (CAP). Um exemplo clássico da primeira condição foi materializado na Guerra dos Seis Dias em 1967, onde a aviação de Israel destruiu em terra a quase totalidade da aviação egípcia.

Uma vez alcançada esta condição de liberdade operacional, onde a aviação de defesa aérea do inimigo não representa mais uma ameaça significativa, ou mesmo quando o alerta aéreo inimigo está relaxado e a defesa baseada em terra é o meio de reação mais imediato, os atacantes aéreos tem que se preocupar com os sistemas de defesa aérea localizados em torno das bases aéreas em momentos iniciais, e posteriormente numa segunda fase da campanha em pontos sensíveis como parques industriais, bases militares, usinas de energia e outros alvos ganham importância, e estão cobertos por redes antiaéreas baseada em terra.

Estes sistemas de defesa antiaérea, geralmente baseados em SAMs de médio e longo alcance e canhões de tiro rápido, tem seus disparos endereçados por sistema de radar. Sejam radares de vigilância e alerta antecipado ou diretores de tiro, neutralizar a capacidade destes sistemas significa colocar as armas propriamente ditas (SAMs) em condição de “cegueira” operacional, impedindo que sejam disparadas com efetividade.



O míssil antirradiação (ARM) visa alcançar estas antenas de sistemas RADAR e colocá-los foram de combate antes que qualquer ação de defesa aérea possa ser implementada, uma vez que é guiado através da radiação emitida por estas antenas, não alertando o inimigo sobre sua aproximação, salvo de for captado pelo próprio RADAR. São utilizados por aeronaves que voam a frente dos escalões de bombardeio propriamente ditos, e disparados a fim de criar um corredor livre de alerta aéreo para que o “grosso” destes possam alcançar em relativa segurança seus alvos no solo, que poderão inclusive ser as próprias baterias antiaéreas.

Estes mísseis são construídos para seguir a radiação inimiga, e portanto não são eficazes contra qualquer outro tipo de alvo. As antenas deste sistemas-ameaça são alvos pouco resistentes, de forma que os mísseis não precisam carregar uma carga explosiva muito potente, sendo que até um impacto sem explosão pode ser suficiente para colocar o sistema inoperante. Aeronaves que portam ARMs geralmente levam também outros petardos para destruir fisicamente o restante do sistema, depois da antena do alerta estar neutralizada.

Muitas vezes os operadores dos sistemas de alerta ao simplesmente "desconfiarem" da aproximação destes mísseis, os desligam para evitar “impacto”, cegando seus “seekers”, fazendo com que o sistema de defesa fique inoperante e míssil mesmo assim cumpra sua missão, pois neutralizou o sistema. Outra forma de contramedida é a instalação de chamarizes (mais de uma) nas imediações do radar atacado que transmitam na mesma RF do RADAR-alvo. Os chamarizes emitem pulsos em intermitência com o radar verdadeiro, fazendo com que o foco do míssil comece a vagar não selecionando qualquer um deles. Modelos mais sofisticados tem a capacidade de “memorizar” a posição do alvo captada antes de seu desligamento, fazendo que voo se dê a um ponto provável.

Os primeiros ARMs como o AGM-45 Shrike usado na Guerra das Falklands/Malvinas não possuíam a capacidade de acertar seu alvos se o RADAR desligasse suas antenas. Modelos posteriores com o AGM-78 Standard e AGM-88 Harm passaram a contar com sistemas INS que permitem a memorização da posição do alvo e seu curso até lá. O modelo europeu ALARM possui um paraquedas que permite que desça lentamente até que o RADAR volte a ser ligado, quando volta a acender seu motor.

Possuem modos diversos de operação, podendo ter seu alvo designado por “travamento” através do RWR da aeronave, por inserção de coordenadas em sua memória de forma manual valendo-se de seu GPS e INS. Podem ainda ser lançados sem alvo definido esperando-se que o adquiria durante o voo num engajamento de oportunidade (Stand-Alone).

Na década de 2010 A FAB solicitou aos EUA a compra de um lote de mísseis AGM-88 Harm, o qual foi negado sob a alegação de que não era interessante (para eles) a introdução deste tipo de arma no cenário latino-americano. Em resposta o DCTA partiu para o desenvolvimento de um modelo nacional, hoje denominado MAR-1 e já operacional. É um projeto ainda envolto em mistério mas sabe-se que é capaz de detectar radares de baixa potência como o Skyguard a 500 km de distância, possui um ogiva de 90 Kg e alcance desconhecido, especulado em torno de 60 km. Sua velocidade é próxima a do som e dimensões similares ao ALARM, porém menor que este, pesando 266 kg.



sexta-feira, 18 de maio de 2018

MAWS - Sistema de Alerta de Aproximação de Mísseis #149


Este sistema faz parte da suite de aviônica das aeronaves modernas mais avançadas, e visa alertá-la quando ameaçada por mísseis anti-aeronaves (AAM ou SAMs). Os sensores do MAWS (Missile Approach Warning System) alertam o piloto sobre estas ameaças para que possa fazer manobras evasivas ou acionar contramedidas, o que também pode ser feito (e deve) de forma automática.

A Segunda Guerra Mundial trouxe estas ameaças aos cenários de combate e nos anos 50 eles começaram a se fazer presente de forma mais significativa. Como é comum na guerra todo ponto gera seu contraponto, ECMs e procedimentos táticos específicos foram aparecendo com bons resultados permitindo às aeronaves maior capacidade de sobrevivência, desde que o alerta com a devida antecedência fosse dado.

Estatísticas da década de 60 demonstravam que a grande maioria dos abates de aeronaves tinham como vilão o míssil guiado a infravermelho (IR). Os mísseis guiados a radar são mais rápidos, manobram melhor, carregam mais explosivos e possuem espoletas de proximidade, porém as contramedidas contra eles foram muito mais fáceis de conceber que contra os primeiros. Os RWR provaram sua eficácia logo que apareceram e aumentaram sobremaneira a taxa de sobrevivência das aeronaves, sendo que aqueles abatidos pelos mísseis IR nunca souberam o que os atingiu.

A partir da década de 1960 começaram a aparecer nos espaços de batalha os MANPADS, SAMs guiados a IR e lançados do ombro do combatentes, compactos, pequenos, baratos e disseminados em grande número, capazes de atingir aeronaves voando baixo. Não demandam infraestrutura de lançamento como os SAMs guiados a radar e por utilizarem um sistema de guiagem passivo não anunciam sua presença. Produzidos desde então em quantidades substanciais, estão disponíveis no mercado negro e consequentemente para milicias "não estatais".



Os MANPADS de primeira geração estavam restritos aos engajamento pelo setor traseiro da aeronave, porém os modelos de segunda e terceira geração que surgiram a partir dos anos 1980, contam com aperfeiçoamentos significativos, com cabeça de busca avançadas e aerodinâmica mais eficiente associada a motores mais capazes. Passaram a um perfil operacional "all aspect", ou seja, podendo serem lançados de qualquer ângulo, tornaram-se mais resistentes a ECMs e com altíssimo potencial de manobra. 

Aeronaves mais lentas como helicópteros e cargueiros militares, além de aviões civis, tornaram-se mais vulneráveis que nunca a estes SAMs, principalmente durante pousos e decolagens. Aeronaves de alto desempenho como caças passam menos tempo dentro desta zona de morte e apresentam menos vulnerabilidade.



MANPADS são armas de curtos alcance, com raio de cerca de 5 km, pequena margem de erro e tempo de impacto a 1 km de cerca de de 3 segundos, e entre 3 e 5 km de cerca 7 a 11 segundos, respectivamente. Fornecer alerta em tempo hábil contra este projéteis é um desafio. Não avisam que vão ser lançados, não dependem de IR ativo ou orientação radar, não são orientados por qualquer tipo de designador com os a laser que sempre emite uma radiação detectável. São do tipo "dispare e esqueça", travando rapidamente em um alvo e destruindo-o em segundos. Seu propulsor queima em intervalo de tempo curto, sendo visível em tempo reduzido, além de possuírem uma RCS muito pequena.

Proteger-se contra estas ameaças tão furtivas depende de um alerta imediato e uma ECM eficiente. Nos modelos de 1ª geração com operação por amplitude modulada, usavam-se jammers IR omnidirecionais sem alerta, que irradiavam continuamente enquanto estavam ligados, com razoável eficácia desde que técnicas corretas fossem aplicadas. As gerações posteriores passaram a operar com modulação de frequência e o papel desta contramedida se inverteu, passando a atrair em vez de enganar.

Em um ambiente onde o tempo é escasso, um MAWS deve mostrar-se confiável a fim de permitir o uso de ECMs apropriadas em tempo real. Os pilotos só o utilizarão se confiarem neles, e apresentar uma baixa taxa de alarmes falsos (FAR) mesmo que iluminado por emissores múltiplos é importante. Tempos de resposta rápidos e FAR baixas são requisitos conflitantes, requerendo uma configuração equilibrada. O desejável é de se ter um "tempo para o impacto" (TTI) longo, com um FAR baixo. O sistema tem que recolher dados e tomar decisões baseadas neles quando um nível de confiança razoável for atingido, sem falsos alarmes, o que demanda uma coleta de dados significativa, o que por consequência resulta em um TTI mais baixo. A probabilidade de sobrevivência depende do TTI, o que leva a tolerância de uma FAR mais alta, desde que não comprometa a operação.

É importante que o sistema tenha precisão azimutal (cerca de 2 graus) e de ângulo de ataque (AOA), pois deve-se saber exatamente de onde vem a ameaça. Contramedidas IR direcionais (DIRCM) exigem esta precisão para contrapor mísseis com sucesso. É importante evitar que a aeronave e os chamarizes dispensados fique dentro de um mesmo "campo de visão" do míssil, pois se este superar os "engodos" ainda assim poderá atingir a aeronave, particularmente se esta for lenta e demorar a se desvincular deles. O AOA preciso também é importante quando da manobra brusca de aeronaves rápidas que buscam se distanciar dos chamarizes. A alta velocidade tende a negar este distanciamento, e a aeronave deve procurar aumentar o ângulo de separação, principalmente se a aproximação da ameaça for pela retaguarda  quando um AOA preciso evita que o piloto vire na direção errada, aproximando-se do míssil.

Este sistema deverá ser compacto, pois assim poderá equipar aeronaves pequenas, consumir pouca energia e não causar arrasto aerodinâmico. Visualização integrada aos displays existentes evita a duplicação destes, podendo coexistir com os RWR, porém com exibições claras e sem ambiguidades. Devem ser exibidos na tela também as chamarizes disponíveis, o modo de funcionamento e o estado de manutenção. Outro fator desejável é a possibilidade de ser integrado aos outros sistemas de EW da aeronave.

Os sistemas em uso atualmente usam radares pulso-doppler, sensores IR e UV, cada um com suas vantagens e desvantagens. Os sistemas Pulso-doppler podem medir a velocidade de aproximação e a distância da ameaça, podendo determinar a TTI e otimizar o tempo da ECM, não depende da IR do míssil e é menos sensível às condições climáticas. Revelam a presença da aeronave e podem não engajar mísseis com baixo RCS, com alerta tardio. Não são muito precisos e podem ser interferidos por outras fontes de RF, podendo ainda interferir em radares de solo e são mais difíceis de integrar.



Os sistemas IR  funcionam melhor em condições atmosféricas favoráveis e em altitudes longe da interferência das fontes de solo, sendo mais precisos para dispensar chamarizes. Sofrem interferência da água e do gelo que debilitam totalmente sua precisão, e aliadas ao fundo de solo distorcem totalmente a interpretação dos sensores. Altos níveis computacionais são necessários para compensar os alarmes falsos em condições desfavoráveis. Sensores de duas cores são usados para atenuar a interferência de fundo a FAR mais altas, mas encarecem os sistemas e oferecem complicações técnicas. Não podem medir o alcance nem a velocidade, tem campos de visão estreitos e requerem matrizes de 360 graus, que oneram o sistema. Demandam sensores refrigerados e podem ser ineficientes em motores de novas tecnologias IR/UV.

O sistema UV é imune a alarmes falso naturais por operar nesta faixa do espectro, sendo mais eficiente que os IR no que diz respeito a interferências de fundo. Opera bem em condições adversas e com a presença de umidade, tem campo de visão largo e opera com precisão, sendo o sistema mais simples de todos. Não requer refrigeração nem alta capacidade computacional, com baixo custo de ciclo de vida. Requer que os motores estejam queimando para serem detectados, sendo mais efetivo contra SAMs que contra mísseis ar-ar. Não fornece informações de alcance, mas pode alertar quanto a TTI pela variação da amplitude do sinal. Pode se mostrar ineficiente, tal qual os IR, em motores de nova geração.



terça-feira, 15 de maio de 2018

Movimento Tático de Infantaria #148



A infantaria se movimenta no terreno usando formações táticas, quando em condição de provável contato com o inimigo, de forma a minimizar as chances de ser surpreendida e sofrer baixas, além de poder responder ao fogo de forma eficiente se o engajamento for estabelecido. O movimento tático antecede a manobra, e cessa com o inicio desta, que se dá com o estabelecimento do contato. Movimentar-se de forma disciplinada e usando a técnica adequada faz a diferença entre a vida e a morte.

Formações Táticas

São utilizadas 7 formações pré-definidas, cada uma empregada de acordo com a situação tática do momento, onde se leva em consideração as necessidades de velocidade de avanço e fluidez de deslocamento, necessidade de fazer fogo a frente ou para os lados de forma mais eficaz, probabilidade de contato imediato e provável quadrante de contato, entre outras. Ao deslocar-se a infantaria deve manter a coesão do grupo, permitir a comunicação entre seus membros, manter o ímpeto do movimento e alcançar máxima proteção mútua entre seus membros e outros grupos adjacentes. A formação também deve permitir que uma vez estabelecido o contato o grupo possa migrar para uma situação defensiva de forma natural e sem grandes contratempos.

Cada membro do grupo ocupa uma posição padrão na formação de forma que todos possam estar em contato permanente com seu lider imediato e este seu lider superior, além é claro de poder cumprir sua função. As formações não devem ser rígidas, mas sim flexíveis de forma a poder variar se necessário, ao comando de um gesto do líder. As formações em linha, em coluna e em escalão são as menos flexíveis.

As formações são escolhidas de acordo com os fatores largura e profundidade requeridos, sendo que a vantagem de um dos fatores representa desvantagem do outro. Uma coluna de infantaria pode se dispor em coluna, em linha, em V, em cunha, em diamante , em caixa ou em escalão. As formações podem contar com um elemento guia ou com mais de um. A primeira torna o controle mais fácil, porém reduz a superioridade de fogo a frente e vice-versa.

A formação em linha consiste em todos os elementos postados lado a lado, dispondo o grupo com máxima largura e mínima profundidade. Todos podem, de forma otimizada, observar e fazer fogo a frente, com prejuízo dos flancos. O caminho percorrido por um indivíduo ainda não o foi por outro, podendo por exemplo haver uma mina ali, requerendo cautela e esforço de limpeza de itinerário. O movimento deve se dar tendo como base o movimento do líder ou ao seu comando, sendo o controle difícil e é usada quando o contato é iminente. Esta formação implica em baixa velocidade e é inviável em terreno restrito, dificulta a manobra escalonada, favorece a dispersão e alta assinatura. O comando para esta formação é dado quando o líder estica ambos os braços.

A formação em coluna é o oposto da anterior. Os elementos postam-se em fila e assim se deslocam, sendo o terreno relativamente seguro depois da passagem do elemento à frente. Um elemento é destacado para ir um pouco a frente do grupo oferecendo segurança aos demais. Possui poder de fogo máximo nos flancos a mínimo a frente, bem como a observação. É a formação mais fácil de controlar, desde que o elemento a frente não se distancie em muito do líder, e que oferece maior fluidez, mesmo em terrenos mais restritos.  É vulnerável a ataques aéreos e ao fogo de metralhadoras se pouco dispersa. É empregada quando se tem a velocidade como prioridade e o contato com o inimigo é pouco provável, pois a capacidade de manobra fica restrita. O comando para esta formação é um giro de 360 graus com o braço estendido, partindo do alto.

O terceiro tipo á a formação é a em V ou cunha invertida. É similar a formação em coluna, porém oferece mais flexibilidade de manobra pois coloca 2 elementos a frente em vez de 1 só. Possui maior capacidade de fogo e observação à frente, porém mantém a segurança dos flancos em bom nível e oferece boa dispersão. É utilizada quando se quer priorizar a velocidade, porém o contato com o inimigo é mais provável. O controle é similar a formação em coluna, mas um pouco mais complicado. O comando para esta formação são os braços erguidos acima do ombro.

A formação em caixa dispões seus elementos tal qual o formação em cunha invertida na frente e repete esta disposição nos elementos de retaguarda. Possui as mesmas características desta. É uma formação que maximiza a segurança do grupo.

A formação de cunha pode ter 2 variações: cunha a direita ou a esquerda tendo um elemento a frente, dois de um lado de forma escalonada e outro do lado oposto. É usada em situações indefinidas com um elemento a frente. Proporciona alta grau de controle e bom poder de fogo, relativa facilidade em terreno restrito e facilidade de transição para formações de linha ou coluna. Em terrenos muito restritos requer frequente transição para formação em coluna. O comando para esta formação são os dois braços abaixados em 45 graus.

A formação em diamante tem as mesma características da formação em cunha com o quarto elemento disposto à retaguarda do elemento que se desloca a frente.

A sétima formação usada é a formação em escalão, que como a formação em cunha pode ser a direita ou a esquerda. Consiste em escalonar os elementos de forma diagonal a sentido do deslocamento para um dos lados, aquele de onde vem a ameaça. Permite fogo e observação ótima para o lado escalonado e para frente, com segurança debilitada para o lado oposto. É usado quando se tem segurança que a ameaça virá só de uma lado, como na composição de formações maiores com outros grupos que proporcionam segurança mútua, sendo de difícil controle. O comando para esta formação é um braço acima e outros abaixo, sempre no sentido do escalonamento.

Dentro do grupo, os infantes compõem uma equipe de fogo, que nada mais é do que uma atribuição de responsabilidades de cada um de vigiar um quadrante específico, de forma a proporcionar segurança a todo o grupo. casa elemento deverá ter conhecimento de seu quadrante e dos quadrantes de seus companheiros, conhecimento este que concatenado com a formação usada evita que se atire na direção dos parceiros evitando fratricídio. As equipes de fogo guardam um distância de segurança (dispersão) de seus parceiros até o limite do controle, distância esta que é ditada pela situação tática do momento.

A cunha é a formação básica da equipe de fogo, com seus integrantes mantendo um espaço de cerca de 10 metros, variando de acordo com as condições do terreno. Os integrantes da equipe agem de acordo com as ações do líder sem necessidade de ordens explícitas, sendo fundamental que todos tenham sempre o líder em seu visual. Em terrenos seriamente restritos como dentro de edificações e em condições de visibilidade muito limitada se usa a coluna em formação cerrada, pois a cunha é impraticável.

O Itinerário a ser usado

Estabelecer contato no momento e local escolhidos pelo inimigo será sempre desastroso, de forma que entender as peculiaridades do terreno em que se irá operar e selecionar as rotas mais adequadas é vital. Também é importante se deslocar no tempo certo, com a disposição adequadas das armas disponíveis e com o grupo disposto na formação adequada, de forma a chegar ao local escolhido no momento desejado em condições de integridade do grupo e com total potencial de combate.

Quando o movimento não tem por objetivo o engajamento em combate, como aquele praticado por grupos isolados atrás de linha inimigas procurando um reposicionamento, busca-se a máxima segurança e o controle, praticando o contato apenas quando inevitável, movendo-se por rotas ocultas e cobertas que ofereçam poucas possibilidades de emboscadas. Deve-se ainda lançar mão de todos os recursos de camuflagem e disciplina de ruído, manter vigilância em todas as direções e valer-se de recursos como ocultação por fumaça e aplicação de fogos diretos e indiretos quando necessário.

As formações táticas da infantaria determinam o espaçamento entre os membros do grupo, seus setores de fogo e as responsabilidades de cada um. Dentro da formação as técnicas de movimento definem o nível de segurança que um soldado oferece a outro, a posição dos GCs uns em relação aos outros, quem faz fogo e quem se desloca.

Tão importante quanto as outras tarefas do líder, é a habilidade de planejar e selecionar uma rota de deslocamento. Deslocar-se por um itinerário que seja o mais seguro possível, demandem o menor esforço e atinjam o objetivo do deslocamento no tempo adequado é importante. Um deslocamento eficiente começa com uma seleção de rotas bem selecionadas que exige um análise pormenorizada do terreno e termina com uma capacidade de navegação competente. Planejamento e preparação são inúteis se não se consegue encontrar o caminho para o objetivo.

Terrenos perigosos devem ser evitados. Expor-se a observação ou ao fogo, ou ambos também. O planejamento da rota deve levar este fator em consideração e se for inevitável atravessar estas áreas deve-se fazê-lo o mais rapidamente possível e com cautela máxima. 

sábado, 17 de março de 2018

Estado-Maior e Ordens #143


O comandante militar é o responsável pela operação. É dele que partem todas as ordens para que as forças combatentes e de apoio cumpram a missão. Ele planeja e controla todas as ações, corrige rumos e disponibiliza apoio logístico para que cada ator exerça seu papel no momento e local oportuno, com a segurança adequada e devidamente abastecidos.

Esta atividade é comumente designada no meio militar como “Comando e Controle” (C2) e é a alma de qualquer operação. Unidades militares sem C2 são apenas um grupo bem disciplinado de indivíduos armados sem saber o que fazer. Cabe ao comando providenciar para que cada unidade ou indivíduo esteja no local de sua missão no horário previsto, com o equipamento adequado e devidamente instruídos de sua parte, inteirados da situação como um todo e com o suprimento necessário.

Uma operação militar é tanto mais complexa quanto maior for o escalão envolvido. Uma missão atribuída a um GC demanda alguma munição, alguma comida e talvez uma ou duas viaturas para transportá-lo, um objetivo simples que provavelmente será atingido em poucas horas; enquanto que uma missão a cargo de uma força-tarefa, divisão ou corpo de exército demanda recursos para manter em combate milhares de militares com milhares de equipamentos diferentes, com seus consumos de combustível, munição e alimentos, demandas médicas e de manutenção, além de um sem número de manobras e escaramuças envolvendo forças diversas de terra, unidades aéreas e navais. Tudo tem que ser coordenado e seu desfecho conferido, para que uma próxima fase possa ser implementada. Pode durar dias ou meses e serão necessárias milhares de decisões e ordens.

Comandar um GC ou pelotão pode ficar a cargo de um sargento ou oficial, mas a medida que o escalão aumenta se faz necessário a descentralização das atividades, com a segmentação das atividades operacionais e logísticas. A partir do nível subunidade (companhia) os comandantes militares contam com algum “staff”, um colegiado de oficiais que o auxiliam na divisão da complexa tarefa que é administrar uma operação militar. A este “staff” denomina-se no meio militar de Estado-Maior. O Estado-Maior possibilita ao comandante a descentralização da atividade de C2, poupando-lhe de se preocupar com detalhes operacionais e possibilitando-lhe que se concentre nas decisões mais importantes. Assim temos oficiais encarregados da produção de inteligência, de logística, de pormenores administrativos como o recompletamento de pessoal, de ligação com outras unidades, no planejamento e pormenorização das decisões táticas e operacionais tomadas, na segurança e vigilância e na avaliação de resultados, além de outras atividades consideradas necessárias.

O trabalho do Estado-Maior consiste em buscar soluções para os problemas e desafios que se apresentem, colher inteligência a respeito destas situações, analisá-los à luz da inteligência disponível e propor a solução destes ao comandante, considerando todas as linhas de ação possíveis e elencando a mais adequada, justificando causas e conseqüências de cada uma, vantagens e desvantagens, sempre fazendo contato prévio com todas as unidades envolvidas. A sugestão por um ataque aéreo deverá ser precedida por uma consulta de disponibilidade da unidade aérea que realizará o ataque, por exemplo. Ao comandante deverão chegar as sugestões de forma objetiva sem documentação volumosa, com conclusões claras e concisas, para que ele possa escolher, aplicando a solução se necessário, sua experiência e conhecimento pessoal, e uma vez tomada a decisão que ela siga na forma de ordem para pronto cumprimento. Ordens secundárias ou de menor importância deverão ser prontamente despachadas pelos oficiais do Estado-Maior e seus auxiliares, poupando desta forma o comandante dos detalhes operativos.




A estrutura de um Estado-Maior varia de acordo com a força a que serve e a situação que deverá ser enfrentada. Esta estrutura será composta por um chefe de estado maior, que poderá ser o sub-comandante da unidade ou não, e as diversas seções operativas, cada qual comandada por um oficial dedicado, que por sua vez será assessorado pelos oficiais adjuntos em funções específicas. No Exército Brasileiro, por exemplo, um Estado-Maior típico ou geral consiste em 5 seções, sendo a 1ª Seção encarregada da organização e administração de pessoal, a 2ª Seção ocupa-se da produção de inteligência, a 3ª Seção é a de operações e responsável pelas linhas de ação da unidade e adestramento de pessoal, a 4ª Seção encarrega-se do apoio logístico e a 5ª Seção cuida da comunicação social e dos assuntos civis. Outras estruturas podem ser implementadas.

Os oficiais adjuntos ou auxiliares constituem o Estado-Maior especial e cada um cuida de uma subseção específica, subordinados aos oficiais do Estado-Maior geral e atuando por exemplo, nas áreas de defesa antiaérea, apoio de fogo, guerra química e biológica, ambiente nuclear, engenharia de construção e combate, controle de tráfego aéreo, polícia, guerra eletrônica, comunicações, força aérea, aviação do exército, forças aeronavais, forças navais, prisioneiros de guerra, justiça militar, ajudância geral, segurança de área,  controle de aeródromo, controle de terminal portuário e tráfego aquático, propaganda, ações diversionárias, defesa anticarro, forças especiais, ligação com outras unidades, saúde e apoio médico, transporte e controle de tráfego terrestre, agências externas, e outras áreas que se façam necessárias.

O advento da tecnologia digital e da NCW permitiu a automatização de muitas tarefas desempenhadas pelos estados-maiores e postos de comando, agilizando muitas das decisões. Por exemplo a execução de uma missão de tiro pela artilharia, alimentada em um sistema informatizado pode demandar o ressuprimento de munição de uma área remota sem qualquer intervenção humana, dependendo dos sistemas disponíveis.

Os estados-maiores compõem os postos de comando da unidades e grandes-unidades e juntamente com o comandante são a parte operativa dos mesmos, que funcionam em uma estrutura física provida pelas subunidades de comando e serviços desta unidades. São alvos prioritários das forças inimigas e a neutralização dos estados-maiores e seus postos de comando poderá acarretar na inoperância tática de seus comandados, total ou temporária, por falta de ordens.



domingo, 7 de janeiro de 2018

O Obuseiro #142


veja Também: Morteiros

O obuseiro é o sucessor nos campos de batalha das catapultas medievais, e surgiu no século XVII como uma arma de cerco, tal qual sua antecessora. Com uma lenta introdução durante o século seguinte, consolidou-se como uma arma capaz de disparar projéteis explosivos, ao contrário dos canhões da época que disparavam projéteis cinéticos. Estas bocas de fogo passaram a acompanhar as tropas em campanha a medida que adquiriam a mobilidade necessária, e tanto no cerco como no campo podiam endereçar invólucros de metal recheados de pólvora, variando seu ângulo de tiro, o que demandou o desenvolvimento de uma técnica para que o projétil atingisse seu alvo. Dessa forma sua operação era mais complicada que a dos morteiros e canhões, o que demandou guarnições capazes de realizar cálculos, resultando em uma arma muito mais flexível que seus similares, utilizando-se de trajetórias variadas. Os projéteis cinéticos esféricos cederam lugar aos cilíndricos explosivos, capazes de carga equivalente (em volume) com calibres bem menores.

O século XX trouxe a esta arma a maturidade, após uma longa gestação entre armas de alma lisa ou raiada, com aplicação de sítio ou em campanha. A guerra de trincheiras do início do século XX demandou trajetórias altas com ângulos de impacto pronunciados, os tubos tornaram-se mais longos com os alemães adotando modelos de 105 mm e 16 e 22 calibres. Ao mesmo tempo canhões de 77 mm capazes de ângulos mais altos foram entregues, assumindo parte da função dos obuseiros. O entre-guerras resultou na tendência de fusão de ambos os tipos. A grande guerra que se seguiu consolidou o uso da artilharia como arma principal nas forças soviéticas, sendo estes parte fundamental de sua doutrina. Surgiram os freios de boca para redução do recuo e estas armas consolidaram a tendência de canos longos, cargas de projeção múltiplas e escolhidas conforme o alcance, altas velocidades iniciais e ângulos de tiro superiores aos 45º. O obuseiro passou a compor as fileiras de todos os exércitos modernos.


O obuseiro é a peça padrão da artilharia de campanha moderna no que diz respeito a artilharia de tubo, e uma das principais armas do campo de batalha da atualidade. É a principal arma provedora de fogos apoio, e equipa a grande maioria das unidades de artilharia. As outras armas que, ao lado do obuseiro também compõem as unidades de artilharia, são os morteiros e os lançadores múltiplos de foguetes (MLRS Multiple Launch Rocket System). Estes primeiros são armas mais simples e baratas, e ainda com peso reduzido em relação ao obuseiro, porém não alcançam a mesma precisão nos impactos. Os morteiros de 120 mm rivalizam com os obuseiros de 105 mm em alcance e são empregados em tropas leves ao lado dos mesmos, onde a maneabilidade torna-se o principal fator. Os MLRSs são armas mais poderosas e caras, que exigem estruturas logísticas para remuniciamento mais complexas, e provocam efeitos mais devastadores, sendo empregados em unidades de escalão superior e não são adequadas ao apoio de fogo às armas-base.

Idêntico ao canhão tradicional aos olhos do leigo, o obuseiro diferencia-se deste por sua capacidade de realização do tiro balístico, por cima das cabeças da tropa apoiada, valendo-se de técnica de tiro mais elaborada uma vez que as baterias não visualizam seus alvos, e material que emprega velocidades iniciais e pressões de tubo inferiores.  O obuseiro possui ainda a capacidade de realizar o tiro vertical (acima dos 45º), tal qual os morteiros. Muitos o designam erroneamente como “obus”, porém vale salientar que este termo designa a munição, e não o reparo lançador da mesma, embora existam interpretações diversas. Vocacionado para a realização do tiro balístico, o obuseiro pode, inopinadamente, realizar o tiro tenso ou direto, tal qual um canhão tradicional, possibilidade esta impossível aos morteiros.



O obuseiro opera compondo baterias de tiro, geralmente de 4 ou 6 unidades, que disparam seus fogos de forma coletiva obedecendo a elementos de tiro comums e disparos simultâneos, a fim de proporcionar volume de fogo na área de impactos (no alvo). O obuseiro não é uma arma de precisão, sendo seus impactos considerados “no alvo” quando atingem determinada distância deste, geralmente de 50 m, dependendo do calibre do material e do raio de ação dos arrebentamentos (no material de 105 mm é de 25 m). Operando a retaguarda dos “fronts” de combate, e sem visualizar seus alvos, as baterias de obuseiros contam com os olhos dos observadores avançados (OAs) para dirigir seus disparos e verificar sua eficácia. Os OAs inimigos por sua vez, estão de olho nas baterias e tem nelas seus principais alvos, razão pela qual as baterias de tiro devem sair rapidamente de posição após cumprirem a missão de tiro, exigindo tanto do equipamento quanto das guarnições elevada mobilidade e agilidade, sempre que a ameaça do tiro de contra-bateria estiver presente.




Os obuseiros podem ser montados tanto sobre plataformas autopropulsadas como rebocadas, sendo os primeiro destinados a acompanhar forças mecanizadas e blindadas, e os segundos componentes de tropas mais leves e menos móveis. Os modelos rebocados podem ser aerotransportados com maior facilidade, possuindo mobilidade estratégica superior aos seus pares autopropulsados, pois apresentam peso reduzido em relação aos primeiros, tanto por aeronaves de asa fixa como por helicópteros. Podendo nos helicópteros valer-se de aerotransporte em suspensão abaixo da aeronave, prática essa usada para deslocamentos táticos de curta distância e reposicionamento de baterias no terreno.

A pontaria de um obuseiro é realizada com o auxílio de pranchetas de tiro baseada em mapas do terreno. Uma luneta de tiro com graduação angular tem sua pontaria “amarrada” a uma baliza, cujo ângulo registrado pela visada nesta baliza representa um ângulo real em relação ao norte. Ao de se designar uma missão de tiro, uma central de tiro calcula na prancheta o novo ângulo a ser registrado na luneta, que ao ter sua visada realinhada a baliza faz com que o tubo por conseqüência se realinhe também, apontando na direção do alvo. O alcance é calculado a partir de tabelas pré-determinadas e materializado a partir da elevação dada ao tubo e da carga de projeção usada.



Devido a fluidez da guerra moderna e a já citada necessidade de atirar rapidamente a abandonar a posição, os equipamentos mais modernos contam com facilidade tanto nos sistemas de pontaria como nos de carregamento. Estes incorporam sistemas integrados digitais que contam com localizadores inerciais e GPS ou similares que dão a posição exata da peça e a distância do alvo, podendo apontar os tubos automaticamente ou fornecerem em tempo reduzido os dados para tal. Contam ainda com medidores de velocidade inicial dos disparos proporcionando mais precisão nos disparos, com dados integrados por computadores balísticos. Alguns modelos permitem a fantástica capacidade de efetivar alguns disparos (geralmente 3) em seqüência e em ângulos diferentes para um mesmo alcance, de forma que os projéteis alcancem o alvo ao mesmo tempo, com os primeiros descrevendo trajetórias mais longas que os últimos, causando um efeito superior.

Taticamente falando, o obuseiro é uma arma incrivelmente flexível, pois sem trocar de posição pode transportar seus fogos de seu alcance mínimo até o máximo em minutos, em qualquer direção. Isto permite que uma bateria de artilharia efetue um grande número de missões de tiro sem deixar a posição atual, atirando por exemplo, a 10 km para oeste, em seguida 30 km ao noroeste e em poucos minutos 15 km para o norte, se seu alcance permitir. Esta forma de atuação tática só é possível se não houver risco do inimigo em empreender fogo de contrabateria como eram nas bases de fogo do US Army no Vietnam.  

A tendência moderna é a padronização dos calibre em 105 mm mais leve e 155 mm padrão, amplamente usados no ocidente e tendência esta sendo seguida por países de outras partes do mundo, embora outros calibre também estejam em uso. O modelo de tubo mais usado pelo membros da NATO é o de 155 mm de 52 calibres, e que representa a tendência mundial. Transportar munição de 155 mm (volumosa) nas quantidades necessárias às missões requeridas exige grande esforço logístico, sendo que estas armas (mesmo as de 105 mm), exigem grande esforço de remuniciamento. Mesmo no ocidente as peças de 105 mm vem perdendo espaço para as 155 mm, ficando exclusivas para tropas mais leves como tendência.


 Os obuseiros modernos podem lançar granadas comuns a 30 km ou mais, dependendo do modelo no calibre de 155 mm, e cerca de 18 km nos modelos de 105 mm, com alcance de 10 a 15 km adicionais quando usando granadas assistidas. As granadas usadas também variam por função existindo as de alto-explosivo (HE), as fumígenas, iluminativas, anticarro, de propaganda, químicas, nucleares, etc. Na guerra do Vietnam o US Army lançou através de sua artilharia sensores que denunciavam a aproximação inimiga, através da medição de vibrações no terreno.

Os obuseiros e morteiros compartilham com a aviação de CAS, a artilharia naval e os MLRSs a incumbência de proporcionar volume de fogo nos campos de batalha modernos, porém os demais nem sempre estão disponíveis e a artilharia orgânica está diretamente sob o comando dos comandantes de campo, o que garante flexibilidade na sua utilização e a certeza destes comandantes que contarão com o fogo de que necessitam a hora que lhes for conveniente.