O comandante militar é o responsável pela operação. É dele
que partem todas as ordens para que as forças combatentes e de apoio cumpram a
missão. Ele planeja e controla todas as ações, corrige rumos e disponibiliza
apoio logístico para que cada ator exerça seu papel no momento e local
oportuno, com a segurança adequada e devidamente abastecidos.
Esta atividade é comumente designada no meio militar como
“Comando e Controle” (C2) e é a alma de qualquer operação. Unidades militares
sem C2 são apenas um grupo bem disciplinado de indivíduos armados sem saber o
que fazer. Cabe ao comando providenciar para que cada unidade ou indivíduo
esteja no local de sua missão no horário previsto, com o equipamento adequado e
devidamente instruídos de sua parte, inteirados da situação como um todo e com
o suprimento necessário.
Uma operação militar é tanto mais complexa quanto maior
for o escalão envolvido. Uma missão atribuída a um GC demanda alguma munição,
alguma comida e talvez uma ou duas viaturas para transportá-lo, um objetivo
simples que provavelmente será atingido em poucas horas; enquanto que uma
missão a cargo de uma força-tarefa, divisão ou corpo de exército demanda
recursos para manter em combate milhares de militares com milhares de
equipamentos diferentes, com seus consumos de combustível, munição e alimentos,
demandas médicas e de manutenção, além de um sem número de manobras e
escaramuças envolvendo forças diversas de terra, unidades aéreas e navais. Tudo
tem que ser coordenado e seu desfecho conferido, para que uma próxima fase
possa ser implementada. Pode durar dias ou meses e serão necessárias milhares
de decisões e ordens.
Comandar um GC ou pelotão pode ficar a cargo de um
sargento ou oficial, mas a medida que o escalão aumenta se faz necessário a descentralização
das atividades, com a segmentação das atividades operacionais e logísticas. A
partir do nível subunidade (companhia) os comandantes militares contam com
algum “staff”, um colegiado de oficiais que o auxiliam na divisão da complexa
tarefa que é administrar uma operação militar. A este “staff” denomina-se no
meio militar de Estado-Maior. O Estado-Maior possibilita ao comandante a
descentralização da atividade de C2, poupando-lhe de se preocupar com detalhes
operacionais e possibilitando-lhe que se concentre nas decisões mais
importantes. Assim temos oficiais encarregados da produção de inteligência, de
logística, de pormenores administrativos como o recompletamento de pessoal, de
ligação com outras unidades, no planejamento e pormenorização das decisões
táticas e operacionais tomadas, na segurança e vigilância e na avaliação de
resultados, além de outras atividades consideradas necessárias.
O trabalho do Estado-Maior consiste em buscar soluções
para os problemas e desafios que se apresentem, colher inteligência a respeito
destas situações, analisá-los à luz da inteligência disponível e propor a
solução destes ao comandante, considerando todas as linhas de ação possíveis e
elencando a mais adequada, justificando causas e conseqüências de cada uma,
vantagens e desvantagens, sempre fazendo contato prévio com todas as unidades
envolvidas. A sugestão por um ataque aéreo deverá ser precedida por uma
consulta de disponibilidade da unidade aérea que realizará o ataque, por
exemplo. Ao comandante deverão chegar as sugestões de forma objetiva sem
documentação volumosa, com conclusões claras e concisas, para que ele possa
escolher, aplicando a solução se necessário, sua experiência e conhecimento
pessoal, e uma vez tomada a decisão que ela siga na forma de ordem para pronto
cumprimento. Ordens secundárias ou de menor importância deverão ser prontamente
despachadas pelos oficiais do Estado-Maior e seus auxiliares, poupando desta
forma o comandante dos detalhes operativos.
A estrutura de um Estado-Maior varia de acordo com a
força a que serve e a situação que deverá ser enfrentada. Esta estrutura será
composta por um chefe de estado maior, que poderá ser o sub-comandante da
unidade ou não, e as diversas seções operativas, cada qual comandada por um oficial
dedicado, que por sua vez será assessorado pelos oficiais adjuntos em funções
específicas. No Exército Brasileiro, por exemplo, um Estado-Maior típico ou
geral consiste em 5 seções, sendo a 1ª Seção encarregada da organização e administração de
pessoal, a 2ª Seção ocupa-se da produção de inteligência, a 3ª Seção é a de
operações e responsável pelas linhas de ação da unidade e adestramento de
pessoal, a 4ª Seção encarrega-se do apoio logístico e a 5ª Seção cuida da
comunicação social e dos assuntos civis. Outras estruturas podem ser implementadas.
Os oficiais adjuntos ou auxiliares constituem o
Estado-Maior especial e cada um cuida de uma subseção específica, subordinados
aos oficiais do Estado-Maior geral e atuando por exemplo, nas áreas de defesa
antiaérea, apoio de fogo, guerra química e biológica, ambiente nuclear,
engenharia de construção e combate, controle de tráfego aéreo, polícia, guerra
eletrônica, comunicações, força aérea, aviação do exército, forças aeronavais,
forças navais, prisioneiros de guerra, justiça militar, ajudância geral,
segurança de área, controle de
aeródromo, controle de terminal portuário e tráfego aquático, propaganda, ações
diversionárias, defesa anticarro, forças especiais, ligação com outras
unidades, saúde e apoio médico, transporte e controle de tráfego terrestre,
agências externas, e outras áreas que se façam necessárias.
O advento da tecnologia digital e da NCW permitiu a
automatização de muitas tarefas desempenhadas pelos estados-maiores e postos de
comando, agilizando muitas das decisões. Por exemplo a execução de uma missão
de tiro pela artilharia, alimentada em um sistema informatizado pode demandar o
ressuprimento de munição de uma área remota sem qualquer intervenção humana,
dependendo dos sistemas disponíveis.
Os estados-maiores compõem os postos de comando da
unidades e grandes-unidades e juntamente com o comandante são a parte operativa
dos mesmos, que funcionam em uma estrutura física provida pelas subunidades de
comando e serviços desta unidades. São alvos prioritários das forças inimigas e a
neutralização dos estados-maiores e seus postos de comando poderá acarretar na
inoperância tática de seus comandados, total ou temporária, por falta de ordens.
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