FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Operações de Contra-Insurgência #099



As operações de contra-insurgência são aquelas dirigidas contra forças irregulares (não governamentais) que ameaçam a soberania de um governo estabelecido. A forma de combate adotada por estas forças é invariavelmente a tática da guerrilha, pois geralmente são forças potencialmente mais fracas que as governamentais e fazem uso do combate assimétrico sem linha de contato definida, usando métodos como a sabotagem e a dispersão, atacando e fugindo, levando as forças governamentais a campanhas de desgaste, longas e cujo principal alvo é o moral destas.  Faz parte também da estratégia destas forças a conquista do apoio da população, pois dela dependem para esconde-se e fazer funcionar seu suporte logístico.

A derrota militar destas forças consiste em ações que visem restabelecer o funcionamento com segurança dos órgãos que compõem o estado estabelecido em áreas sob controle destas forças, incluindo ações de apoio ao governo local a fim de torná-lo autossustentável e possa construir um ambiente favorável à conquista da confiança e apoio da população local.

Estas forças podem se fazer presentes mesmo dentro de um cenário de guerra convencional através de milícias que apóiam este ou aquele lado, e que atuam em proveito deste, mesmo que sob controle próprio. A ação destas forças podem ampliar ou complementar de forma significativa as operações das forças constituídas.




A tropa mais adequada a este tipo de operação são as forças de operações especiais, amplamente apoiadas por forças aeromóveis e estruturas de inteligência eficientes, tendo sempre como foco o apoio da população local.

Estas forças são motivadas por razões político-ideológicas, étnicas, religiosas e com menor incidência econômicas e procuram a derrubada do poder constituído e o estabelecimento de uma nova ordem política e social. Podem contar com o apoio externo ou não, estatal ou não de estados com ideologias afins. Dentre as formas de apoio que podem acontecer temos o alinhamento ideológico e disseminação do proselitismo insurgente; apoio político; assistência financeira; auxílio militar, incluindo assessoria técnica, treinamento e provisão de equipamentos, armas e munições; concessão de uso do território para treinamento e homizio; apoio operacional a ações específicas; e envolvimento direto em ações armadas e operações de combate.

A legitimidade do Estado e o apoio da população constituem os pilares da contra-insurgência. A formulação de políticas públicas integradas, que atendam às demandas políticas, econômicas e sociais da população local, são importantes para enfraquecer o apelo extremista dos insurgentes à luta armada. Tal condição é fundamental para isolá-los e frustrar seu esforço armado.

São requisitos fundamentais ao combate de contra-insurgência:
  • Políticas de melhoria das condições de vida da população local, buscando saciar seus anseios e reivindicações, focando sempre na satisfação de suas necessidades básicas;
  • Colaboração interagências, com unidade de esforços;
  • Privação aos insurgentes de apoio interno e externo e de seus locais de homízio;
  • Intenso uso de operações de inteligência, informação, assistência a população civil, operações especiais e tipo polícia;
  • Uso limitado de força letal a fim de prevenir efeitos colaterais indesejados;
  • Uso de forças locais de segurança, ênfase na conduta ética e ações legítimas junto a população.


O uso puro e simples da força, sem a observância do que foi dito anteriormente tem-se mostrado contraproducente, afetando a legitimidade do poder e prejudicando o fluxo de informações oriundo da população, fomentando um ambiente de insegurança e instabilidade. A falta de apoio da população local pode também resultar na falta de apoio da comunidade internacional. Este cenário é propícios aos insurgentes que exploram esta brecha e procuram trazer a população para o seu lado.

Uma campanha bem sucedida desta natureza requer amplo esforço de inteligência, muito antes do início das operações propriamente ditas, sua continuidade durante, e um esforço da consolidação da situação mesmo depois das ações militares cessarem, pois devido a incerteza quanto a constituição e efetivos dos insurgentes, deve-se prevenir a sua volta. Forças de operações especiais, altamente treinadas, deverão conduzir as ações mais pontuais contra os insurgente e as forças convencionais caberá as operações tipo polícia, com a coleta de dados e interação com a população. Patrulhamento ostensivo proporcionando segurança aos locais e isolamento dos insurgentes, deve ser praticado todo o tempo.
Informações são fundamentais a qualquer tipo de operação, que são conduzidas com maior precisão e eficácia. Uma busca eficaz de inteligência deve obedecer à seguinte prioridade:
  • alvos do sistema logístico, incluindo interdição do apoio externo;
  • alvos de valor psicológico, incluindo as lideranças; e
  • eliminação seletiva de alvos, neutralização de grupos armados e/ou captura de seus apoios civis.
As forças militares devem também serem empregadas em tarefas de ajuda humanitária e programas assistenciais pormenorizadamente elaborados. Quanto maior o nível de colaboração entre militares e civis no interior da área conflituosa, maiores serão as chances de êxito da campanha de Contra-insurgência.
Na Contra-insurgência, a missão das forças militares (convencionais e de operações especiais) é definida pela ação de pacificar. Na prática, significa erradicar a ameaça proveniente das forças irregulares, sobretudo, seu braço armado, isolando-as de seus apoios locais, desmantelando sua infra-estrutura e neutralizando seu poder de combate.

Para desarticular as forças irregulares, é necessário atender a dois pré-requisitos básicos: vencer a guerra da informação e conquistar o apoio da população.


Munição de Urânio Empobrecido #098



Denomina-se urânio empobrecido (DU “depleted uranium”) ao isótopo 238 do urânio, resultante do processamento ou enriquecimento deste elemento para obtenção do isótopo 235 usado em reatores a armas nucleares. Também chamado de urânio exaurido ou urânio esgotado é de difícil fissão, possuindo menos de 1/3 do urânio 235 existente no urânio natural, este tendo em sua composição cerca de 99,27% do isótopo 238.

Emite em torno de 60% da radiação emitida pelo urânio natural e devido a sua alta densidade (cerca de 19.050 kg/m3 – 67% superior ao chumbo) é muito apreciado para aplicações militares e civis. Pode ser usado como lastro de aeronaves, escudo contra a radiação, projéteis de energia cinética e blindagens, assim como em reatores e armas nucleares, porém com eficiência inferior ao seu irmão 235.

Seu uso em aplicações diversas é controverso devido a radiação que emite. Embora possua um grau de toxicidade inferior ao arsênico e o mercúrio, possui uma meia vida de bilhões de anos e não existem pesquisas conclusivas a respeito de seus malefícios, embora se saiba que causa danos neurológicos, mutagênicos e leucogênicos, sendo seus efeitos sentidos pelos veteranos da Guerra do Golfo que apresentaram defeitos congênitos em seus filhos devido a exposição nesta guerra.



Seu uso militar se deu a partir da década de 70 para fazer frente às blindagens soviéticas, devido a sua característica de dureza e relativa abundância. É mais frágil e menos denso que o carbeto de tungstênio (o tungstênio é importado da China), tendo sido usado em todos os conflitos da OTAN desde então, que possui grandes estoques, além de Israel em ataques a Gaza. A munição tipo APFSDS (flecha) é um projétil desprovido de carga explosiva e que atinge seu alvo (blindagens de carros de combate extremamente duras) a 1.150 m/s e a penetra por energia cinética através do calor proveniente do impacto que a derrete a 1800 graus Celsius, pulverizando tudo o que há lá dentro, inclusive munição e combustível. O urànio possui ainda propriedades pirofágicas;

Imerso em grande controvérsia, dado que se pulveriza ao impacto de seus projéteis e forma nuvens de partículas ligeiramente radiativas que contamina grandes áreas, verificou-se (a ONU) que a munição norte-americana contém plutônio, e provém de usinas de reprocessamento, apresentando radiatividade mais alta.