FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Mísseis - Definições e Tipos #027




A palavra míssil vem do latim “missilis”, que é uma forma do verbo “mittere” que significa atirar. Em termos gerais esta palavra descreve um objeto que cumpre um trajetória em direção a um alvo. No entanto não designamos projéteis de armas de fogo ou obuses de artilharia como sendo mísseis, e alguns autores tendem a classificar os foguetes, que são projéteis sem guiagem orgânica nesta classificação.


Eu classifico como míssil a todo projétil não tripulado, dotado de algum tipo de guiagem e propulsão orgânica, propulsão esta que pode ser acionada por toda a sua trajetória ou em parte dela, e destina-se a transportar uma ogiva militar até o seu alvo. Saliento ainda que este projétil deverá ser destruído quando da detonação de sua ogiva, pois caso contrário ele deixaria de seu um míssil e sim um vetor, tal qual uma aeronave de bombardeio ou um UAV. Os torpedos navais se encaixam nesta descrição, porém são conhecidos apenas como torpedos e não como mísseis, talvez pelo seu deslocamento submerso e sua baixíssima velocidade determinada pelo meio aquático. Podemos dizer que todos os mísseis são UAVs, mas nem todos os UAVs são mísseis.

Um míssil possui como características àquelas adequadas a sua missão, pois existem mísseis destinados a diferentes tipos de emprego. Existem modelos que podem ser lançados do ombro de um soldado e pesam pouco quilogramas como os do tipo MANPADS, aqui exemplificados pelo IGLA russo ou o Stinger dos EUA; e os gigantescos mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) que podem pesar dezenas de toneladas e atingirem alvos a milhares de quilômetros. Seja qual for seu tipo, para ser um míssil ele deve se enquadrar na descrição feita.

Como características gerais podemos dizer que os mísseis são projéteis de baixa aceleração quando comparados aos projéteis de armas de fogo, podendo no entanto alcançar velocidades altíssimas como no caso dos balísticos que chegam a deixar a baixa atmosfera de atingir até 20 vezes a velocidade do som. mesmo atingindo estas velocidades eles a alcançam algum tempo depois do lançamento e seus primeiros momentos de trajetória se dão a baixa velocidade. Existem ainda modelos com trajetória de baixa altitude de cruzeiro e velocidade supersônica como alguns destinados a atingir navios, aqui exemplificados pelo Brahmos indiano e o russo Moskit. A velocidade de cada tipo de míssil pode variar muito e é mais adequado a consulta cada modelo especificamente.

Eles podem ser manobráveis como àqueles cuja função é a de perseguir aeronaves (AAM) e podem fazer curvas de até 100 Gs como o modelo A-Darter da África do Sul/Brasil e outros que seguem trajetórias rígidas como os balísticos. Podem atingir seus alvos a 3 ou 4 quilômetros como os mísseis anticarro (ATGWs) ou centenas como os mísseis de cruzeiro, ou ainda milhares como os balísticos. Podem ainda contar com mais de um sistema de guiagem, variam muito em complexidade e preço final, dependendo do modelo e do tipo. Alguns podem receber correções de curso (teleguiados) ou orientarem-se totalmente por conta própria (fire-and-forget - dispare e esqueça).

O combate moderno vale-se cada vez mais da informação a fim de endereçar ogivas menores até seus alvos, através de disparos precisos com sensíveis reduções de custo global dos equipamentos e redução dos efeitos colaterais dos impactos. Mesmo com um aumento progressivo ao longo do tempo do equipamento em si, através do aumento de sua sofisticação, os custos globais tendem a reduzir-se pela eliminação do desperdício. Um caça moderno com uma bomba inteligente alcança resultados superiores que toda uma leva de bombardeiros da II Guerra Mundial despejando toneladas de bombas com total imprecisão. É neste cenário que o míssil com toda a seu leque de aplicações constitui atualmente a arma por excelência, a mais evoluída e adaptada.

Não significa no entanto que seja a única ou que venha a tornar as outras obsoletas. Pode ser utilizado vantajosamente em qualquer uma das plataformas existentes: navios de superfície, submarinos, aviões, helicópteros, carros blindados; mas também pode ser utilizado autonomamente, no nível tático e no estratégico. 

O futuro reserva um lugar de destaque às armas de energia dirigida, em especial aquelas que utilizam a radiação laser, provavelmente empregadas em algumas aplicações e situações onde os mísseis são atualmente utilizados, mas o míssil continuará a existir, até como eventual portador do próprio laser.

O míssil pode ser usado autonomamente para substituir aviões ou navios, mas seu emprego é mais complementar. Contudo nenhuma plataforma pode prescindir de sua utilização. Um fator favorável ao emprego do míssil é que o seu custo é sempre muito inferior ao da plataforma que ele pode destruir, com probabilidades de êxito maiores devido a sua velocidade muito superior à de qualquer uma dessas plataformas, além de que os sistemas antimíssil nunca são 100% eficazes. 

O míssil pode ser utilizado tanto em estratégias ofensivas e defensivas, mas constitui, para quem o adaptar a uma estratégia predominantemente defensiva e dissuasiva, uma solução mais barata do que a utilização de grandes plataformas de sistemas de armas. O míssil é fundamentalmente uma arma de ataque, embora possa ser utilizado vantajosamente por quem se defende. 

É uma arma de ataque porque se destina a atacar os grandes sistemas de armas, centros de comunicações, infra-estruturas militares como aeródromos e outros objetivos importantes. O míssil, no estado atual de sua tecnologia, tem vantagem em relação aos alvos que ataca, porque a sua velocidade é sempre superior. Estes alvos tentam defender-se utilizando contramedidas, procurando enganar o míssil, atacando-o com mísseis antimísseis ou, na fase final de aproximação com grande concentração de armas de energia cinética. Contudo essas armas antimísseis têm velocidades que, embora possam ser superiores, são da mesma ordem de grandeza da velocidade dos mísseis. 

Mesmo que o sistema antimíssil seja eficiente, alguns mísseis passam. Enquanto não se evoluir para um sistema de defesa antimíssil, com velocidades muito superiores à velocidade do míssil, nunca se poderá ter a garantia de 100% de eficácia. Isso só poderá vir a acontecer com armas de energia dirigida (laser) e canhão de partículas, tal como se vê na Iniciativa de Defesa Estratégica, mas teremos, contudo, de esperar ainda algumas décadas. 

Daqui se pode concluir que o emprego de mísseis em combate tem vindo a acentuar-se, enquanto diminui o número das grandes plataformas de sistemas de armas. 

Os mísseis são classificados de acordo com a tarefa que desempenham, e assim temos os mísseis de emprego estratégico e os de emprego tático, estes mais difundidos e acessíveis que os primeiros.


  • Mísseis de emprego estratégico
    • mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs)
    • mísseis balísticos de alcance intermediário (IRBMs)
    • mísseis balísticos de curto alcance (de teatro ou táticos)
    • mísseis balísticos lançados de submarinos (SLBMs)
    • mísseis de cruzeiro (mísseis "cruise")
    • mísseis antimísseis balísticos (ABMs)
    • mísseis antissatélites (ASAT)
  • Mísseis de emprego tático
    • mísseis anticarro (ATGWs)
    • mísseis anti-avião lançado do ar (míssil ar-ar - AAM)
    • mísseis anti-avião lançado da superfície (SAM)
    • mísseis antinavio (AShM) 
    • mísseis antiradar (ARMs)
    • mísseis antimísseis
    • mísseis ar-superfície (ASMs)*
    • mísseis guiados por fibra ótica (FOG)**
* estes tipo pode envolver mais de um emprego e denota seu lançamento a partir de aeronave. Um ARM pode ser um ASM.

** neste caso é um míssil caracterizado por seu sistema de guiagem que lhe confere características táticas singulares.

Míssil lançado de uma aeronave com o objetivo de abater outra aeronave. São classificados como "de alcance visual" (WVR) para alcances de até 32 km, usam geralmente orientação por infravermelho e são chamados de mísseis "seguidores de calor", podendo no entanto usarem a guiagem por radar; e "além do alcance visual" (BVR), geralmente contam com algum tipo de orientação radar, inercial e atualizações de meio-curso.






Míssil destinado a atingir navios. Podem ser lançados de aeronaves de asa fixa e helicópteros, bases terrestres, outros navios e submarinos. Geralmente são subsônicos e voam rente a superfície do mar (Sea Skimmer), orientados por guias inerciais combinadas com radares de orientação final. Uma nova geração de mísseis supersônicos está saindo do forno. Podem ser detidos por medidas ativas de guerra eletrônica como chaffs e flares, míssseis antimísseis ou canhões de tiro rápido endereçados por radar. Uma maneira de emprego destes mísseis é o ataque de saturação, onde vários deles são lançados ao mesmo tempo contra alvos de alto valor (porta-aviões por exemplo) saturando as defesas e permitindo que pelo menos um deles atinja o alvo.

  • Míssil antiradiação (ARM)



Míssil guiado de forma passiva a partir da radiação emitida pelos radares-alvo. É usado na missão de supressão de defesas a fim de neutralizar radares-guia de armas antiaéreas, sendo lançado de aeronaves que voam a frente de uma força de ataque. 

  • Míssil balístico
Míssil de trajetória pré-determinada, que não pode ser significativamente alterada após seu lançamento, pois obedece às leis da balística. É comumente usado para atingir grandes distâncias e nos modelos de maior alcance atinge as camadas mais altas da atmosfera, realizando voos sub-orbitais. Devido ao caráter estratégico de seu emprego, normalmente transportam ogivas nucleares. São usados contras grandes alvos, como cidades, instalações estratégicas, grandes concentrações de tropas e frotas navais.

São comumente lançados de submarinos  (SLBM), silos terrestres, plataformas ferroviárias e rodoviárias. São classificado em:



  1. Míssil balístico de curto alcance (SRBM): Alcance inferior a 1.000 km
  2. Míssil balístico de médio alcance (MRBM): alcance entre 1.000 e 2.500 km
  3. Míssil balístico de alcance intermediário (IRBM): alcance entre 2.500 e 3.500 km
  4. Míssil balístico intercontinental (ICBM): Alcance superior a 3.500 km
    1. Míssil balístico intercontinental de alcance limitado (LRICBM): Alcance até 8.000 km
    2. Míssil balístico intercontinental de alcance total (FRICBM): alcance superior a 8.000 km



Míssil dotado de pequenas asas que atingem seu objetivo voando como uma pequena aeronave a distâncias consideráveis. Podem atuar como mísseis antinavio e antisuperfície. Podem ser lançados de qualquer tipo de plataforma, inclusive de submarinos, como ficou demonstrados nas últimas guerra do Iraque, quando os EUA fizeram intensivo uso deles. Podem levar ogivas nucleares ou convencionais, e utilizam navegação por reconhecimento de terreno, GPS e inercial.



  • Míssil antisuperfície (ASM)
Míssil lançado de aeronave para atingir objetivos na superfície.



Míssil destinado ao combate contra carros de combate. podem ser usados contra fortificações e outros alvos.Podem ser portáteis ou montados em veículos. É o menor tipo de míssil existente.



Míssil destinado a abater aeronaves lançado da superfície. Podem ser portáteis ou atingir grandes dimensões, dependendo de seu alcance.




  • Míssil antibalístico (ABM)
Míssil destinado à interceptação de mísseis balísticos.





  • Míssil antissatélite (ASAT)
Míssil destinado a interceptação de satélites.





  • Míssil guiado por fibra ótica (FOG)
Míssil de curto alcance destinado a alvos múltiplos. Podem ser lançados de submarinos contra helicópteros caçadores de submarinos.



Organização das Ações Operacionais #026




distribuição de forças na AO se dá através de propósitos definidos. Elas desdobram-se de acordo com as ações que irão executar, dentro de três categorias de operações: decisivas, de apoio e de suporte, sempre atendendo um propósito único que são os objetivos operacionais e estratégicos. Cada unidade desempenhará uma parcela do esforço tido como necessário na busca de tais objetivos, empreendendo ações decisivas, de apoio as ações decisivas ou no suporte para que estas aconteçam. Estas decisões formam a base do conceito de operações. Em situações lineares e contíguas, onde os espaços e a força inimiga estão claramente definidos, a AO pode ser loteada em frente, flancos e áreas de retaguarda.

Operações decisivas são àquelas que promovem diretamente as ações necessárias a consecução dos objetivos designados pelo escalão superior. O sucesso ou não destas operações determinam o resultado das campanhas. Só há uma operação decisiva para qualquer operação principal. A operação decisiva pode incluir ações múltiplas administradas simultaneamente ao longo da AO. A intensidade de cada uma destas operações será inversamente proporcional a intensidade das operações de apoio, que são as operações multiplicadoras do poder de combate.

Uma reserva é uma porção de um corpo de tropas mantida à retaguarda e disponível para um movimento decisivo. Até ser empregada, a reserva constituí um elemento indefinido ao inimigo pela sua disposição dentro da AO. Por exemplo, o posicionamento ou movimento de reservas enganam o inimigo sobre a intenção da operação decisiva e o influenciam no desdobramento de suas forças, atuando neste caso em uma manobra de apoio. Quando comprometidas, elas executam ou reforçam a operação decisiva, estando sempre preparadas para conquistar e reter a iniciativa conforme uma situação se desenvolve. São usadas para influenciar circunstâncias ou aproveitar oportunidades que se criam. Altos graus de incerteza tendem a reter uma maior porção da força em reserva.

Operações de apoio são àquelas que desempenham o papel de multiplicadoras de força, com a finalidade de criar e preservar as condições favoráveis ao sucesso das operações decisivas, economizando seu esforço. Elas incluem ações de natureza letal e não-letal, administradas ao longo da AO, afetando a capacidades inimiga e suas forças, ou influenciando suas decisões. Nestas ações todos os elementos do poder de combate são usados para neutralizar ou reduzir as capacidades inimigas, podendo acontecer antes, concomitantemente ou depois do começo da operação decisiva. Envolvem qualquer combinação de forças julgada adequada e se dão por toda a AO. Elementos capazes de desempenhar operações de apoio nunca posicionam-se como reserva e estão em atividade constante, salvo se não se fizerem necessários.

Alguns operações de apoio, especialmente àquelas que acontecem simultaneamente com a operação decisiva, são ações de economia de forças. Se a força disponível não permitir simultaneidade entre as operações decisivas e de apoio, o comando de campo decidirá sua seqüência. Embora não sejam o  mesmo tipo de operação, uma operação de apoio pode ser tão próspera quanto uma operação decisiva. Operações de segurança são um exemplo de operações de apoio. Elas permitem às forças engajadas nas operações decisivas tempo e espaço para reagirem a atividades inimigas, dificultam àquelas a coleta de informações, e as protegem da observação e fogos inimigos.

Operações de suporte tem propósito de sustentar o poder de combate. Elas permitem que  operações de apoio e decisivas sejam desencadadas, provendo apoio de serviço de combate, segurança de bases e áreas de retaguarda, controle de movimento, administração do terreno, e desenvolvimento de infra-estrutura.

Apoio de serviço de combate são as ações que cercam atividades em todos os níveis, gerando e sustentando o poder de combate. Provêem as capacidades essenciais e executam as funções, atividades, e tarefas necessárias ao suporte de todas as forças no teatro.

Segurança de bases e áreas de retaguarda incluem medidas destinadas a permitir que unidades militares e instalações se protejam de ações projetadas para prejudicar a suas efetividade, pelo inimigo ou por civis. Incluem defesa anti-aérea, segurança de perímetro, segurança de comunicações e informações, escolta de comboios, proteção NBC, operações de contra-informação e outras.

Controle de movimento inclui o planejamento e ações que visem o controle do movimento de pessoal e veículos, tráfego aéreo e naval, unidades militares, tráfego logístico e trânsito local, dentro e fora de uma AO. O controle de movimento deve manter LCs abertas de forma a evitar "gargalos" de trânsito de qualquer nível que venham a prejudicar às operações. O apoio de nação anfitriã é crítico no controle de movimento.

Administração de terreno é o planejamento que inclui alocação e designação de áreas de reunião e estacionamento para unidades e atividades.

Desenvolvimento de infra-estrutura constitui na construção de instalações fixas e permanentes no apoio às forças militares, e inclui controle de danos de área e consertos em geral, preservação de estradas e vias e outras obras necessárias.

Estas operações são inseparáveis e indispensáveis para operações decisivas e de apoio, porém raramente são decisivas. Acontecem ao longo da AO, e não só nas áreas de retaguarda, e seu fracasso normalmente resulta no fracasso da missão. As operações de suporte determinam como forças rápidas se reconstituem e como forças distantes podem explorar o sucesso. A nível operacional, elas focalizam-se em preparar a próxima fase da campanha ou operação principal. A nível tático, subscrevem o tempo da operação global; elas asseguram a habilidade para se tirar proveito de qualquer oportunidade.

Esforço principal é a atividade designada como a tarefa mais importante do momento. Ele pode ser uma operação decisiva, de apoio ou de suporte conforme as circunstâncias, e pode ser alternado a todo momento.Uma operação de apoio pode ser o esforço principal antes da execução da operação decisiva, porém a operação decisiva se torna o esforço principal quando em execução.

Assimetria é a diversidade em organização, equipamento, doutrina, capacidade e valores entre as diversas forças aliadas, sendo que estas devem ser empregadas de acordo com sua vocação e na forma que se sintam mais "à vontade", tirando proveito das vulnerabilidades inimigas e preservando sua liberdade de ação. É muito significativa, talvez decisiva, quando o grau de diversidade existente cria nítidas vantagens exploráveis, que podem ser extremamente letais quando o inimigo não está preparado para fazer frente a elas, e tendem a perder importância ao longo do tempo a medida que o inimigo vai se adaptando.

Organização das Unidades Operacionais #025



Uma força em combate é constituída por componentes da ativa e da reserva, com tipos diferentes de unidades e com graus variados de modernização, podendo existir forças multinacionais e agências civis que devem operar em sinergia. Existe ainda as forças armadas institucionais que apóiam as forças de campo e disponibilizam todo o suporte necessário a estas.

Força-Tarefa é o nome dado a um agrupamento temporário de forças projetado para realizar uma missão particular. Dentro do pacote de forças descrito no parágrafo anterior, unidades são designadas para missões específicas, combinado-se de acordo com suas capacidades. A estas composições designamos relações de apoio de força-tarefa.

Armas combinadas são o conjunto de vários tipos de armas como infantaria, blindados, artilharia de campo, engenheiros, defesa aérea e aviação, empregados com sincronia e simultaneidade, para alcançar um efeito maior que se cada arma fosse separadamente ou em seqüência usada contra o inimigo. Este preceito de combinação de unidades especialistas é base fundamental para a organização das operações.  As diversas armas e serviços não devem, em hipótese alguma atuar de forma concorrente, e sim em perfeita consonância de forma a multiplicar esforços e não duplicá-los.

Relações de comando e apoio inter-relacionam a organização de armas combinadas. Relações de comando definem responsabilidade de comando e autoridade, enquanto relações de apoio definem propósito, extensão e efeitos desejados quando uma unidade apóia a outra.

Armas complementares são o conceito em que as várias armas e serviços em campanha complementam-se uns aos outros, criando ameaças variadas ao inimigo. Quando o inimigo se evade dos efeitos de um tipo de ação, ele se expõe a destruição por outro. Isto conduz a sua paralisia, destruição, ou rendição. Um exemplo tático dos efeitos complementares está em reprimir o defensor com artilharia enquanto a manobra das armas-base o envolve e posteriormente o destrói. Se o inimigo se mover para conhecer a ameaça, arrisca sua destruição por fogos estrategicamente colocados, e se permanecer no lugar para sobreviver a estas fogos, arrisca-se a ser cercado e apanhado.

Capacidades complementares protegem as fraquezas de um sistema ou organização com as capacidades de outro. Por exemplo, tanques combinam proteção, potência de fogo, e mobilidade, porém são vulneráveis a minas, projéteis anti-tanque, infantaria escondida, e tem que trafegar por avenidas restritas de aproximação. São particularmente vulneráveis em áreas urbanas e de vegetação densa. Combinado a atuação de tanques, infantaria, e engenheiros minimiza-se estas vulnerabilidades. A infantaria manobra em terreno onde a couraça não pode eliminar ameaças escondidas aos tanques, engenheiros limpam obstáculos e restabelecem a mobilidade da couraça. Protegidos através do fogo de armas leves, a couraça manobra para concentrar potência de fogo devastadora de forma a apoiar a infantaria e os engenheiros. Unidades de serviço em campanha apóiam a atuação deste elementos, provendo as capacidade combativa a estes, enquanto são por eles protegidas.

Sensores aerotransportados e espaciais, além dos baseados na superfície monitoram as reações inimigas, enquanto pilotos e aviadores usam esta informação para refinar e afiar procedimentos. A manobra da força terrestre conquista o terreno e destrói o inimigo, que na tentativa de se interar da manobra terrestre, deixa suas áreas de proteção e se expõe ao poder aéreo e projeteis de longo alcance, ficando então mais vulnerável aos efeitos da manobra. Se o inimigo tenta atingir bases aéreas e de retaguarda com mísseis táticos, defesas anti-míssil apoiadas por sistemas de vigilâncias espaciais, aerotransportados ou baseados na superfície interceptam estas armas. Através da manobra de forças, pode-se alcançar as defesas anti-aéreas do inimigo, bases aéreas, áreas de lançamento, postos de comando e unidades de serviço, eliminando ameaças táticas e operacionais e fazendo a situação do inimigo se deteriorar.

Alcançar tais efeitos de reforço e recursos complementares requer sincronização, iniciativa, e versatilidade. A ação sincronizada é a base para complementar e reforçar efeitos. A iniciativa pode combinar  unidades e sistemas em circunstâncias fluidas de ação, freqüentemente na ausência de ordens. A versatilidade permite que sejam desenvolvidas combinações novas de sistemas, criando desafios inéditos ao adversário. Corretamente combinados, estes efeitos produzem assimetrias usadas para alcançar objetivos de teatro.

Organização do Ambiente Operacional #024




Baseado no FM 3-0 Cap 4

O ambiente operacional é o conjunto de todos os fatores físicos, geográficos ou não, organizados no tempo e espaço, visando nortear o planejamento e execução das operações, levando em conta as forças aliadas, seus recursos, o inimigo e a situação.

Organização do Ambiente Operacional

  • Teatro de Guerra (TG): É o ambiente composto por todo o espaço aéreo, terrestre e aquático que está ou pode vir a estar envolvido diretamente na conduta das operações.  Ele engloba o conjunto dos vários teatros de operações, se estes existirem de forma plural. Na Segunda Grande Guerra o TG era o mundo inteiro, na operação Tempestade no Deserto era o Oriente Médio.
  • Teatro de Operações (TO): É uma sub-área específica dentro de um teatro de guerra, onde são administradas operações de apoio e combate específicas. Diferentes TO  dentro do mesmo TG normalmente estarão geograficamente separados e focalizarão forças inimigas diferentes. TO normalmente são de tamanho significativo, demandando operações por períodos de tempo estendidos. Na Segunda Grande Guerra haviam os TO do Pacífico, do Atlântico e da Europa, por exemplo.
  • Espaço de Batalha (EB): É o ambiente que reúne os fatores necessários para que os comandantes entendam suas responsabilidades e apliquem seu poder de combate  prosperamente, protegendo sua força e completando a missão. Ele inclui o ar, a terra, o mar,  o espaço, o inimigo, as forças aliadas, instalações, tempo, terreno, o espectro eletromagnético, e o ambiente de informação dentro das áreas operacionais e áreas de influência e interesse. O EB é conceitual e não definido pelo escalão superior. Comandantes usam sua experiência, conhecimento profissional, e entendimento da situação para visualizar e mudar seu espaço de batalha atual, e na transição de operações atuais para operações futuras. EB não é sinônimo de AO. Porém, pelo espaço de batalha ser conceitual,  as forças só empreendem suas operações dentro daquelas porção delineada de sua AO.
  • Áreas de Influência (AInf): São aquelas áreas geográficas dentro do EB na qual um comandante pode influenciar diretamente as operações por manobra ou sistemas de apoio de fogo sob controle superior. AInf cercam e incluem as AO associadas. A extensão das áreas subordinadas as unidades são regularmente ditadas pelo comandantes superiores em sua AOs subordinadas. Uma AO não deve ser substancialmente maior que a AInf de influência da unidade.
  • Áreas de Interesse (AInt): São aquelas áreas que contém fatores que podem influenciar as operações, e devem ser monitoradas pelo comandante, inclusive as AInf e áreas adjacentes a ela. Estende-se às áreas ocupadas por forças inimigas que poderiam influir na realização da missão.
  • Área de Operações (AO):   É uma área operacional designada a uma força específica para que esta realize suas missões e possa proteger-se. Devem ser grandes o bastante para que as unidades empreguem seu equipamento orgânico aos limites das suas capacidades. Podem ser contíguas ou não-contíguas. AO contíguas são  separadas por limites definidos, e no segundo caso este não existe; prevalecendo o conceito de ligações de operações entre os elementos da força. O escalão mais alto é responsável pela área de ninguém entre as áreas não-contíguas.

  • Zona de Combate (ZC): É aquela área requerida por forças de combate para conduta de suas operações, e se estende normalmente adiante e a retaguarda de uma força em particular. A ZC está inserida dentro da AO da força.
  •  Zona de Comunicações (ZCOM):  é a parte traseira do teatro de operações (contígua à ZC). Contém as LCs (linhas de comunicações), áreas de armazenagem e evacuação, e outras agências requeridas para o apoio imediato e manutenção das forças de campo.
  • Linhas de Comunicações (LCs): É o conjunto de todas as vias aéreas, terrestres, navais e lógicas presentes na ZCOM por onde se todo o tráfego de pessoal, material e informações, pertinentes às operações.
  • Ambiente de Informação (AInf): É a porção do EB de um comandante que cerca a atividade de informação que afeta a operação. O AInf contém a atividade de informação que coleciona, processa, e dissemina informação e está além da influência direta da força. Inclui sistemas baseados no espaço que provêem dados e  informações as forças. Para saber a parte do ambiente de informação que está dentro do seu espaço de batalha, comandantes determinam atividades de informação que afetam a suas operações e as capacidades C2 e sistemas  de informação do próprio adversário.

  • Bases de Projeção de Força: São as bases de onde as forças partem até a AO e recebem seu Apoio Logístico. Forças combatentes podem desdobrar-se diretamente de suas bases permanentes se estas forem adjacentes a AO, ou deslocar-se para bases de projeção de força em AO distantes, utilizando-se ou não de Bases de Apoio Intermediário. É fundamental ao sucesso de qualquer operação que suas bases de projeção de força sejam altamente seguras e livres da influência do inimigo.
  • Bases de Apoio Intermediário: São bases auxiliares constituídas no caminho para as bases de projeção de força. Possuem as mesmas características e importância das Bases de Projeção de Força, pois em última análise são uma extensão destas.
  • Bases Permanentes: São os locais onde as forças tem seus estacionamentos permanentes. Normalmente as forças se mobilizam e se desdobram a partir de instalações que servem como plataformas de projeção de poder. Embora as Bases Permanentes possam estar distantes da AO, o EB do comandante as inclui. Elas provêem apoio a forças desdobradas até que estas retornem. A habilidade para receber Apoio Logístico e C2 de suas Bases Permanentes reduz o tamanho da força a ser desdobrada. Em um nível significantivo, eventos que acontecem nas Bases Permanentes afetam o moral e desempenho de forças desdobradas. Assim, o espaço de batalha do comandante cerca todas ângulos destas bases, inclusive programas de prontidão familiares que geralmente lá residem.
  • Frentes, flancos e retaguarda são divisões do espaço de batalha quando se está operando em uma situação linear, e apesar da natureza não linear crescente das operações, sempre haverão  situações onde operações decisivas, de apoio e suporte se darão conforme as condições de espaço disponível. Tipicamente, operações lineares envolvem combate convencional e forças de manobra concentradas, ocupando o terreno em espaço delimitados, e orientando o esforço contra uma força inimiga semelhantemente organizada.
  • Áreas de contato são os locais onde se dá o engajamento direto com o inimigo, ou onde se estima que este vá acontecer.
  • Áreas fundas são as áreas a frente da área de contato, onde se possa lançar operações de apoio junto as forças inimigas antes que elas ocupem a área de contato. Seu limite não é eminentemente geográfico, mas também são considerados propósitos e tempo. A extensão da área funda é limitada pela área de influência da força.

  • Áreas de retaguarda são áreas onde se dão a maioria das operações de sustentação as forças combatentes. Podem ser contíguas ou não as áreas de contato, e vitais a viabilidade das operações de combate propriamente dito, devendo ser altamente protegidas. Lá acontece a maioria das atividades logísticas e de C2, e seu funcionamento assegura liberdade de ação e continuidade às operações. São muito visadas pelo inimigo, pois a interrupção de suas atividades pode resultar, em muitos casos, na paralisação ou fracasso do esforço de combate.

O Ambiente Operacional #023



O ambiente operacional é o conjunto de todos os fatores físicos, geográficos ou não, organizados no tempo e espaço, visando nortear o planejamento e execução das operações, levando em conta as forças aliadas, seus recursos, o inimigo e a situação. 

Nele estão incluídos as bases de operações permanentes em território nacional de onde partem as unidades operadoras, suas rotas e bases intermediárias até o teatro de operações, aí incluídos terminais aéreos e marítimos, estradas de ferro e de rodagem, corredores aéreos e marítimos de superfície e submarinos; áreas de concentração estratégica e áreas de operações, áreas de apoio logístico e parques industriais de interesse, e todas as outras áreas  físicas que tenham influência sobre estas. Também fazem parte do Ambiente Operacional o espaço eletromagnético, cibernético e de mídia de interesse das operações. 

A identificação deste espaço, sua  delimitação e seu plano de utilização (Veja PPM - Processo de Planejamento Militar) são a primeira ação prática a ser consolidada na condução de uma campanha.


Espaço Aéreo: 

É vital em qualquer campanha moderna o domínio total ou parcial, dependendo da situação, do espaço aéreo de interesse das operações, domínio este conhecido também como Superioridade e Supremacia Aérea. Por ele serão estabelecidos os corredores logísticos aéreos, os corredores da aviação de combate ar-superfície, da aviação do exército em apoio as operações terrestres e da aviação naval na defesa das frotas, apoio a operações e patrulha marítima. 

Cabe a Força Aérea estabelecer este domínio através de sua aviação de caça e interceptação e sistemas de vigilância de defesa aérea. Para consecução deste domínio, medidas como viabilizar a utilização de bases aéreas pelas nossas forças, efetuar patrulhas de combate aéreo, suprimir sistemas antiaéreos e bases inimigas, neutralizar sistemas de vigilância, de comando e controle (C2), de suporte logístico e outras necessárias devem ser implementadas.

O espaço aéreo deverá ser compartimentado e sua utilização disciplinada em plano específico, sempre a cargo da Força Aérea. Deve-se levar em conta as necessidades e limitações das diversas aviações, como a de defesa aérea, de transporte estratégico, da aviação de ação ar-terra, da de suporte logístico, do Exército, da Marinha, civil, do inimigo, artilharia de campanha e antiaérea.

Guerra de Movimento #022



Este conceito, iniciado por Napoleão e mais recentemente pelo exército alemão na II Guerra Mundial com sua "Blitzkrieg", preconiza a solução da batalha terrestre no menor espaço de tempo possível, através de ações ofensivas continuadas rápidas e profundas sobre os segmentos mais vulneráveis do inimigo, em frentes amplas e descontinuadas. 

Valendo-se dos princípios de Iniciativa e da Surpresa, visa obrigar o inimigo a reagir a nossas ações de forma desordenada e deficiente, evitando que siga seu planejamento próprio, submetendo-o a constante pressão até que seja destruído ou dominado. 



Este conceito requer das forças atacantes grande mobilidade e capacidade logística, pois visa, além de provocar a ruptura do dispositivo inimigo, disseminar-se no interior de sua área de defesa com profundidade, neutralizando no maior nível possível sua capacidade de combate, ao custo mínimo para as forças atacantes. 

A utilização do conceito de armas combinadas é fundamental, com ataques sendo precedidos por ações da artilharia e bombardeios da força aérea, pontos capitais rapidamente dominados por paraquedistas e tropas aeromóveis garantindo sua utilização pelas nossas forças ou negando-lhes ao inimigo, dispositivos defensivos rompidos por forças blindadas e rapidamente ocupados e consolidados pela infantaria, exploração da retaguarda inimiga pela desorganização de suas áreas logísticas e de C3I, além da contínua ação da unidades de guerra eletrônica e inteligência.



Os conceitos operacionais da guerra de movimento são:

  • Ação desbordante ou de flanco:
Evitar os setores densamente defendidos, procurando centralizar os esforços em setores alternativos que comprometam a integridade defensiva do inimigo, forçando-o a direcionar esforços em direções não consideradas com consequente fragilização de sua massa. Estas manobras visam principalmente paralisar suas comunicações, interromper sua vias de suprimento e bloquear suas rotas de fuga, além de obrigar o inimigo a utilizar suas reservas.
  • Iniciativa:
Com o objetivo do escalão superior sempre em mente, cada comandante tático deverá traçar sua própria linha de ação, explorando as particularidades de cada situação em proveito da própria manobra a fim de alcançar seu objetivo particular da melhor forma possível, sempre a luz do bom senso.
  • Seleção de frentes:
As unidades deverão receber setores operativos compatíveis com sua capacidade a fim de que possam concentrar seus esforços de maneiro eficaz e de forma emassada.
  • Flexibilidade:
A capacidade de modificar os planos originais em face de linhas de ação mais promissoras que forem surgindo no decorrer da manobra. Tais linhas de ação podem ser previstas em maior ou menor grau e sempre que possível devem ser elencadas como possíveis no planejamento da operação, de forma que sua implementação possa ser rapidamente efetivadada com esforço mínimo.
  • Dissimulação:
Dissimular significa fazer o inimigo acreditar naquilo que não existe ou não está acontecendo, fazendo-o reagir de forma equivocada. Manobras diversionárias, uso de fulmígenos e meios eletrônicos, camuflagem, mentiras e engodos de toda ordem, enfim tudo o que leve o inimgo a disperdiçar seus esforços.
  • Ação tridimensional:
Usar de forma ostensiva aeronaves de asa fixa e rotativa a fim de posicionar tropas por ações aeromóveis e aeroterrestres, conquistando pontos capitais à manobra em áreas profundas do dispositivo inimigo, destruir alvos da alto valor e apoiar por meio do fogo a operação das tropas amigas, além de garantir mobilidade em tempo real a pequenos grupos multiplicadores de força em proveito da manobra principal.
  • Ação em profundidade:
Aproveitamento rápido e profundo de eixos conquistados a fim de isolar o inimigo e bate-lo por partes, destruindo seu sistema logístico e apoio de fogo, comando e controle, impedindo-o de reagir e levando-o ao colapso operacional. Deve-se para tal utilizar-se de generosamente de meios de guerra eletrônica, busca de alvos para fogos de longo alcance, ação e forças especiais e de elementos de manobra altamente móveis.
  • Combate eletrônico:
Uso de meios eletrônicos a fim de obter o maior número de informações possível que revelem o poder de combate do inimigo, suas intenções e possibilidades, dispositivo, limitações e vulnerabilidades de forma contínua, mesmo antes do combate começar, e de contramedidas eletrônica ativas a fim de degradar a capacidade do inimigo de obter informações, se comunicar e praticar a vital atividade de comando e controle.
  • Risco:
O risco é inerente a guerra, que não existem sem ele. O risco porem tem que ser avaliado de forma a não comprometer a integridade da força, e em caso de insucesso existam alternativas viáveis.
  • Combate continuado:
Operações implementadas continuamente dia e noite, sem intervalos a fim de não permitir pausas para reorganização do dispositivo inimigo.
  • Combate não linear:
Combate em toda a extensão da área de operações e não apenas ao longo da linha de contato. Deve-se levar a manobra além da linha de contato, aos flancos e retaguarda, áreas de segurança e brechas apenas vigiadas, com incursões profundas e fluidas por meios altamente móveis terrestres e aéreos.
  • Letalidade:

Utilização de meios modernos e tecnologicamente avançados de pontaria e busca de alvos, a fim de não desperdiçar o poder de fogo com disparos imprecisos e não efetivos. Deve-se lançar mão ostensivamente de radares, meios de visão noturna, veículos aéreos não tripulados, satélites de observação, designadores eletrônicos e tudo o mais que contribua para a efetividade dos disparos.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Cavalaria #021





A Cavalaria é, juntamente com a infantaria a arma-base, e tem por característica principal a velocidade. O termo cavalaria não é, como a maioria das pessoas imagina, associado a figura do cavalo e sim o contrário. O termo cavalaria deriva do sânscrito antigo e significa "combater em vantagem de posição", ou seja em um nível superior ao inimigo, seja em cima de um cavalo ou um elefante. A cavalaria foi ao longo dos séculos, a tropa que podia deslocar-se grandes distâncias em curto espaço de tempo, e combater em níveis superiores ao do soldado a pé (a infantaria). Na atualidade a cavalaria, mantendo suas características seculares de velocidade e poder de choque, emprega o veículo blindado como ferramenta principal, seja nas ações de choque ou esclarecimento, das quais é a herdeira legítima.



Características da Cavalaria

A cavalaria moderna para bem conduzir a sua missão, agrega em sua constituição três elementos fundamentais que a caracterizam como arma: a mobilidade, o poder de fogo e a proteção blindada.

  • Mobilidade: característica mais antiga da cavalaria, a mobilidade permite que estas tropas realizar manobras rápidas e flexíveis em terrenos diversos, podendo deslocar-se com extrema fluidez, engajar-se desengajar-se rapidamente de combate, intervir prontamente em pontos afastados em um grande raios de ação, além de transpor variados terrenos por grandes distâncias em curtos espaço de tempo.
  • Poder de fogo: esta característica permite a cavalaria efetuar disparos potentes e eficazes em apoio a sua manobra com o armamento orgânico de seus veículos, apoiada pela artilharia de campanha sempre que necessário.
  • Proteção blindada: Esta característica, fundamental no combate moderno, confere a arma de cavalaria uma notável capacidade de sobrevivência, através da couraça de seus veículos, capazes de suportar castigos acentuados proporcionados pelo fogo das armas inimigas. 
O resultado da combinação destas características é uma potente ação de choque que causa impacto e surpresa ao inimigo.



Missões da Cavalaria




  • Esclarecimento
Uma das missões principais da cavalaria moderna são as missões de esclarecimento. Normalmente desempenhadas pela cavalaria ligeira, dotadas de veículos sobre rodas capazes de desenvolver altas velocidades em terrenos variados, as missões de esclarecimento visam dar ao comandante de campo a visão do que está acontecendo a frente de sua tropa. 



A cavalaria ligeira atua de forma a evitar engajar-se em combate, mas podendo faze-lo se for necessário, pois seus veículos sacrificam seu poder de fogo e proteção blindada a fim de alcançarem maior fluidez na sua missão principal de busca de informações.

  • Choque
A outra missão desempenhada pela cavalaria é a de provocar contato direto com o inimigo através do choque, missão esta desempenhada pela cavalaria pesada ou de choque, através de carros de combate fortemente blindados e dotados de armamento com altíssimo poder de fogo. Estas forças são melhor empregadas em manobras de flanco, desbordando das áreas mais defendidas do dispositivo inimigo e procurando seus pontos mais sensíveis como postos de comando e áreas de apoio logístico, destruindo suas reservas e orgãos de apoio, envolvendo seu dispositivo impedindo-o de receber reforços ou retrair, isolando-o. Estas manobras são altamente eficazes e contribuem sobremaneira para a redução do seu poder de combate.



A cavalaria de choque também atua, na impossibilidade de efetuar envolvimentos, na ruptura do dispositivo e abertura de brechas que permitam penetrar a retaguarda do inimigo bloqueando seu retraimento, dificultando sua manobra e impedindo a chegada de reforços, pondo-se em perseguição assim que este se desorganizar.

A cavalaria ainda é empregada em missões de segurança do grosso das tropas amigas, vigiando o perímetro   de desdobramento destas, posicionando-se a frente a fim de manter contato com o inimigo e vigiá-lo, destruíndo seus elementos de vanguarda e retardando sua concentração. Atua ainda como reserva móvel a disposição do comando.




Tropas de Cavalaria

A cavalaria, a exemplo das outras armas, organiza-se de acordo com a tropa que compõem. Pode atuar junto a tropas leves como os paraquedistas,  fazer o uso de meios aéreos para deslocamento e observação como helicópteros e veículos não tripulados, e compor formações blindadas com seus veículos rápidos de reconhecimento e veículos pesados como os chamados carros de combate principais. Devido a sua características as tropas de cavalaria demandam em nível acentuados de malhas viárias e ferroviárias para seu deslocamento tático e estratégico, apoio logístico compatível para distribuição de combustível e munição, oficinas de manutenção de campo e eficaz defesa contra a aviação do inimigo.