FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Armas Nucleares #131



As armas nucleares são constantemente citadas pela grande imprensa, não raro envolvidas em manchetes sensacionalistas escritas por quem entende muito pouco do assunto. Hiroshima e Nagazaki são constantemente citadas por serem até hoje as 2 únicas oportunidades de emprego real destas armas, ignorando que mais de 2.000 detonações já foram feitas para se testar e tabular parâmetros, que permitiram a construção de modelos que capazes de simular o desempenho de armas ainda não usadas, bem como avaliar seus efeitos junto ao ambiente onde são detonadas.

O poder destas armas reside na liberação da energia que une o núcleo dos átomos de elementos pesados como o urânio e o plutônio, que foram usados nestas primeiras e únicas 2 detonações feitas na Segunda Guerra Mundial contra o Japão. As primeiras bombas, denominadas de bombas de fissão nuclear, funcionam seguindo o princípio de que o núcleo de um átomo instável, quando atingido por um nêutron, libera uma quantidade muito grande de energia.

A quantidade de nêutrons de um núcleo determina sua estabilidade. Sua equivalência com o número de prótons torna os núcleos mais estáveis, e sua falta faz com que os prótons fiquem muito próximos uns dos outros, resultando em uma força de repulsão muito grande, tal qual os polos de um imã, causando seu rompimento. O excesso de nêutrons causa uma força contrária, tal qual sua falta, e também resulta no rompimento do núcleo. Este rompimento libera novos nêutrons que excitam outros átomos que também se rompem e assim sucessivamente causando uma reação em cadeia ou reação nuclear. Uma reação nuclear controlada e de baixa escala se presta a produção de energia e é realizada em usinas nucleares, e uma descontrolada resulta em uma explosão nuclear.




Estes minerais, quando em seu estado natural não atendem os requisitos de instabilidade requeridos, estando estabilizados por outros átomos, e seu uso como material explosivo ou somente físsil, requer que sejam purificados ou como comumente se fala, "enriquecidos", sendo este processo complexo e muito caro, realizados por máquinas especialmente construídas, denominadas ultracentrífugas.

A potência de uma bomba nuclear é dita em megatons (Mt), sendo convencionado que uma unidade destas equivale a potência que seria liberada pela detonação um milhão de toneladas do explosivo TNT ou 4,184 petajoules. Esta energia se fosse convertida em kW/h supriria os EUA em 2007 por 3,27 dias. Também se usa a unidade kiloton (kt) que equivale a uma mil toneladas deste explosivo. A maior bomba não nuclear conhecida, a FOAB termobárica russa produz uma detonação de 44 toneladas de TNT ou 0,3% da potência da bomba de Hiroshima que era de 15 kt, que apresentou um raio de destruição total de 1,6 km e foi detonada a 580 metros, sendo considerada ineficiente. A B53, talvez a maior bomba já construída nos EUA, liberava uma potência de 9 Mt (600 vezes a bomba de Hiroshima) e podia causar uma destruição total num raio de 5 km.

As chamadas "bombas atômicas" são petardos que recorrem a energia nuclear para liberar sua potência explosiva. Este termo é inadequado, visto que bombas convencionais também tem seu poder explosivo que parte dos átomos, sendo o termo "bomba nuclear" mais adequado, visto que a potência liberada tem sua origem na fissão ou desintegração do núcleo atômico.




Tipos de Armas Nucleares

Existem basicamente 2 tipos de armas nucleares: as bombas de fissão e as bombas de fusão. As bombas de fissão (bomba-A) são núcleos de material pesado devidamente processado (enriquecido), normalmente urânio ou plutônio, que são montados no interior de um invólucro de alto explosivo de detonação dirigida que ao ser detonado provoca uma grande pressão sobre o núcleo principal. Esta pressão submete este núcleo a um estresse extremamente elevado fazendo-o atingir uma massa crítica (a mesma massa em um volume muito pequeno) desencadeando desta forma uma reação em cadeia. É uma combinação de bombas de natureza diferentes. As bombas de fusão são também conhecidas com "bombas de hidrogênio" (bomba-H) e funcionam de forma diferente que as de fissão. Uma pequena bomba de fissão detona no interior desta e proporciona condições de temperatura e pressão necessárias a fusão de um isótopo instável do hidrogênio. Uma pequena bomba de fusão também pode iniciar uma bomba de fissão.

As bombas de fusão, também chamadas de bombas termonucleares por serem detonadas a partir de condições especiais de temperatura, são armas extremamente mais potentes suas congêneres de fissão, podendo atingir até 750 vezes a potência destas. Núcleos extremamente leves de hidrogênio e hélio combinam-se para formar elementos mais pesados, libertando neste processo enormes quantidades de energia. As bombas de hidrogênio são a arma mais potente já criada pelo homem e a maior já testada foi um modelo russo de 57 Mt em 1961. Esta bomba possuía a potência de todas bombas usadas na Segunda Guerra Mundial somadas, incluindo as nucleares, multiplicada por 10.



Uma variante de bomba termonuclear é a bomba de neutrons. É um dispositivo termonuclear pequeno, de níquel ou cromo, onde os neutrons gerados pela reação de fusão não são absorvidos pela bomba, e sim liberados para o exterior. Estes neutrons de alta energia e os raios-X que os acompanham são mais penetrantes que outras forma de radiação, de forma que as barreiras para raios gama não os detém eficazmente. Esta radiação altamente penetrante atinge apenas organismos vivos, mantendo intactos as estruturas como as cidades, com nítida vantagem militar.

A detonação de dispositivos nucleares, trás consigo, além dos efeitos imediatos de calor e sopro que destroem tudo dentro de seu raio de letalidade com deslocamento de ar superaquecido provocando efeitos mecânicos e de térmicos, a liberação e dispersão de material nuclear que contamina o meio com radiação, trazendo doenças degenerativas relacionadas a esta radiação, podendo deixar as áreas onde são detonadas inabitáveis por décadas, sendo denominadas "bombas sujas".




Emprego

As bombas nucleares podem ser empregadas estrategicamente destruindo cidades inteiras, ou de forma tática através de artefatos de pequena potência, na faixa de 1/2 a 5 Kt. Estas armas são empregadas de forma muito específica, onde se utiliza apenas um de seus efeitos. Pode-se valer apenas do sopro, apenas do calor, de ambos, ou ainda de seu pulso eletromagnético com efeitos contra sistemas eletrônicos. Seu emprego entretanto esbarra em seus efeitos colaterais de contaminação. Os alvos primários destas ogivas táticas seriam as forças inimigas próximas das forças amigas, onde sua pequena potência preservaria estas e as forças lançadoras.




Ogivas nucleares, podem ser lançadas de aeronaves, mísseis balísticos ou de cruzeiro, ou através de dispositivos de queda livre. Podem partir ainda de submarinos em grandes profundidades, o que torna difícil ao defensor precisar a localização e empreender a vigilância de potenciais lançadores. Podem alvejar cidades, tropas, instalações e dispositivos militares ou submarinos em grandes profundidades, tendo sido já montadas no passado em mísseis ar-ar que atingiriam formações de bombardeiros a grandes altitudes através de seu pulso eletromagnético, além de seus efeitos mais limitados de sopro e explosão no ar rarefeito.

Armas convencionais modernas substituem com vantagens estes dispositivos táticos. Bombas de energia direta como a JSOW produzem descargas direcionadas de micro-ondas (pulso eletromagnético), bombas termobáricas produzem efeitos de 1 Kt, já tendo sido anunciados dispositivos de até 11 Kt. Elas já foram usadas contra bunkers na Chechenia e no Afeganistão.

Embora venham perdendo sua importância frente aos dispositivos convencionais e devido a seus efeitos colaterais, principalmente quanto no emprego tático, as bombas nucleares permanecem soberanas como cabeças de guerra dos grandes mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), sejam lançados do solo ou das profundezas marítimas.