As cartas topográficas e os croquís (calcos) táticos são ferramentas
muito usadas no planejamento, comando e controle das operações militares, e
imprescindíveis para a visualização do terreno e entendimento das intenções dos
comandantes (sejam eles manuais ou eletrônicos). As cartas são documentos elaborados por departamentos
especializados em cartografia, e requerem tempo para sua preparação, pois são
representações minuciosas do terreno, trazendo além de suas particularidades a
representação gráfica do relevo, fruto de medição, um trabalho demorado e
minucioso, porém fundamental como subsídio ao planejamento das operações. Os
croquis são documentos temporários onde são expressos os detalhes momentâneos
do terreno e são usados sobreposta as cartas contendo detalhes que podem variar
constantemente, como unidades ali presentes e detalhes importantes como campos
minados, a presença do inimigo ou uma parte do terreno de difícil transposição,
por exemplo.
Para a representação destes detalhes emprega-se uma
simbologia de fácil confecção, composta por um grande número de símbolos e
convenções gráficas, que concatenados com as convenções cartográficas padrão,
exprimem a realidade do terreno aos comandantes e combatentes, quer seja em
meio papel ou em meios eletrônicos. O manual MD33-M-02 do Ministério da Defesa
do Brasil e o APP-6(C), da NATO, entre outros, trazem esta simbologia em detalhes que exemplificaremos a seguir, transcrevendo alguns conceitos básicos,
ficando a íntegra a cargos dos citados manuais.
Os símbolos são compostos por composições variáveis,
partindo de convenções padrão, resultando em um número muito grande de
representações capazes de retratar toda a diversidade de fatores presente em uma
área de operações. São usadas cores, formas, algarismos e símbolos diversos,
com frequente uso de abreviaturas familiares ao pessoal do meio militar.
As dimensões do símbolo devem procurar não exceder a área
que sua característica representada ocupa no terreno. As cores usadas são o
azul para unidades amigas, vermelho para inimigas, amarelo para áreas contaminadas
ou características indefinidas e verde para obstáculos ou características
neutras. Muitas vezes não é possível representar o símbolo em cores, então o
preto é usado com a unidade sendo diferenciada como amiga ou inimiga pela forma
do frame ou por linhas duplas. Cada símbolo identifica o tipo de unidade ou
característica, o escalão que está inserido, sua designação, subordinação, e
outras informações importantes que se façam necessárias. Veja um exemplo:
Neste exemplo temos um frame retangular que representa uma
unidade amiga, com as duas linhas na parte superior representando o escalão
batalhão, designado pelo algarismo “2”. As duas linhas cruzadas indicam ser uma
unidade de infantaria, a forma oval indica ser detentora de couraça com a
abreviatura “Mec” indicando ser uma unidade mecanizada. A unidade está subordinada
a 4ª Brigada e por sua vez está subordinada a 3ª Divisão. Então temos aqui
representado o 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado (2º Btl Inf Mec) subordinado
a 4ªBrigada/3ª Divisão. Se o “Mec” fosse suprimido teríamos o 2º Batalhão de
Infantaria Blindado (2º Btl Inf Bld). Seguem outros exemplos:
3ª
Bateria de Obuses do 27º Grupo de Artilharia de Campanha.
5º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado
da 5ª Brigada de Cavalaria
Blindada. A brigada está 2 escalões acima do esquadrão, e se não fosse
identificada (X) a subordinação seria ao 5º Regimento de Cavalaria Mecanizado.
Batalhão Logístico não identificado.
5º Depósito de Munição de 5ª Região Militar
Os símbolos
militares são compostos pelas seguintes partes: símbolo básico ou frame;
identificação da força, arma, serviço, especialidade ou atividade; escalão ao
qual pertence; indicativo numérico; subordinação e informações complementares.
Na primeira figura temos como exemplo o frame representado pelo retângulo, a identificação
da arma pelas linhas cruzadas indicando a infantaria, o escalão é representado
pela 2 linhas verticais indicando tratar-se de um batalhão, a subordinação
ficado lado direito indicando a brigada e a divisão e as informações
complementares vem logo abaixo do frame.
Os símbolos
básicos ou frames são o retângulo que servem de base para a colocação dos
demais símbolos, a bandeira que é um retângulo com uma haste cuja base indica a
localização, o triângulo que expressa um PO (posto de observação) e o círculo
que índica uma instalação de serviço. A
NATO usa o losango para indicar unidades inimigas e o retângulo para amigas, o
quadrado para unidades neutras e o frame de 4 semicírculos justapostos para
unidades indefinidas. No Brasil representa-se as forças inimigas por linhas
duplas.
Posto de comando do 3º Batalhão de Comunicações da 3ª Divisão
de Exército.
Unidade médica inimiga não identificada (NATO).
3º Posto de observação (PO) do 56º Grupo de Artilharia de
Campanha.
Unidade anfíbia de natureza (amiga, inimiga) não definida
(NATO).
A identificação da força, arma, serviço,
especialidade ou atividade; pelas características intrínsecas são muito
diversificadas. As mais usuais são a
infantaria representada por duas linhas diagonais cruzadas (2 fuzis cruzados),
a cavalaria representada por uma linha em diagonal (uma lança), a artilharia de
campanha representada por um círculo cheio (uma granada), a engenharia
representada pela letra E girada no sentido anti-horário em 90 graus, as
comunicações representadas por uma linha diagonal edentada em sentido oposto a
linha da cavalaria, as letras “MB” para o serviço de material bélico (manutenção),
2 linhas vertical e horizontal cruzadas para os serviços médicos (saúde), entre
muitas outras.
3ª Companhia de Material Bélico do 32º Batalhão Logístico
Blindado.
2º Esquadrão (força aérea) do 5º Grupo de Aviação.
12º Pelotão de Transporte da 3ª Divisão de Exército.
O escalão é
representado por um símbolo aposto na parte superior do frame. Sendo um círculo
preenchido para esquadra de infantaria ou equivalente, 2 círculos para grupo de
combate de infantaria ou equivalente, 3 círculos para pelotão de infantaria ou
equivalente, um traço vertical para companhia de infantaria ou esquadrão de
cavalaria, 2 traços verticais para
batalhão ou grupo de artilharia ou equivalente, 3 traços para grupamento ou
regimento, um símbolo equivalente a letra “X” para brigada ou força naval, 2
símbolos “X” (XX) para divisão de exército ou esquadra naval (unidade) ou força
aérea tática, 3 símbolos “X” (XXX) para corpo de exército ou esquadra naval
(força armada). Um símbolo em forma de uma barra horizontal com 2 traços verticais
unidos em forma de baliza de jogo de futebol cobrindo o símbolo de escalão
simboliza “força-tarefa”. Quando não for possível grafar o escalão devido a
incertezas, pode-se usar um numeral com a quantidade aproximada de componentes.
23ª Brigada de Artilharia
Antiaérea. Subordinação não especificada.
34º Batalhão de Aviação do Exército
subordinado à 2ª Divisão.
Corpo de Exército inimigo, com
predominância de tropas de infantaria.
As variações são muitas e aqui colocamos apenas alguns
exemplos. Nos manuais citados no início deste artigo temos as normas completas
a respeito desta simbologia, que pode variar de um país para outro.
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