FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Blindagens Militares #100



Define-se blindagem militar como sendo a proteção física contra o impacto de objetos de alta energia, tal qual os projéteis de armas de fogo e fragmentos decorrentes de explosões. Referimo-nos aqui como blindagem militar pois o termo também é usado em outros ramos de atividade como a eletrônica, política, etc...



A blindagem surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, quando para superar a impasse da guerra de trincheiras travada até então, que só fazia vítimas sem que a situação tática se alterasse de forma a buscar definições, os ingleses lançaram contra seus inimigos o primeiro carro de combate da história moderna. Na forma de um veículo motorizado denominado Mark I, armado com canhões e metralhadoras, e protegido por uma couraça de metal capaz de deter o fogo da infantaria daquele momento. Este veículo, para desespero das fileiras alemãs, podia avançar sobre trincheiras, arame farpado e outros obstáculos impunemente, de forma a dar fluidez e solução aos estáticos embates entre os ocupantes trincheiras daquele conflito. Construído para avançar sob o fogo das armas da infantaria da época, este primeiro carro de combate introduziu o uso da blindagem militar moderna nos campos de batalha.




Desde então iniciou-se uma disputa de engenharia para vencer o novo desafio. Armas anticarro começaram a ser desenvolvidas, blindagens foram vencidas por estas armas, assim como novas blindagens resistentes a estas armas foram desenvolvidas e assim por diante. 




Os blindados Mark I, construído com chapas de aço de 6 a 12 mm era invulnerável às armas da infantaria daquela tempo, feitas para perfurar com seus projéteis o corpo humano ou algo um pouco mais duro, e portanto munidas de baixa energia. Como era inevitável, devido a sua baixa velocidade e pioneirismo de seu projeto, logo alguns exemplares foram capturados pelos alemães, quando soldados podiam subir neles e atirar pelas frestas existentes. Logo armas para parar estes veículos foram desenvolvidas e novas versões resistentes a estas armas e corrigindo as deficiências das primeiras versões. Desde a introdução desta blindagem de primeira geração, outras tecnologias foram sendo desenvolvidas e acrescentadas, sem no entanto fazer com que esta deixe de ser usada. A primeira blindagem era constituída por chapas de aço, e as mais modernas blindagens também são constituídas por chapas de aço, de melhor qualidade e com o acréscimo de inovações como veremos a seguir.




As blindagens de primeira geração eram chapas de aço unidas por rebites, que quando impactados, quebravam e eram projetados para dentro, matando ou ferindo os tripulantes. No final da década de trinta ocorreu a primeira grande evolução neste design, quando os russo passaram a soldar as chapas e as montarem com um ângulo de inclinação em relação a trajetória dos projéteis. 

Um impacto que não se dá a noventa graus (ângulo reto) do alvo não tem a mesma eficiência, e portanto pode não perfurar a blindagem. Se penetrar terá que percorrer a chapa blindada em sua diagonal, ou seja, terá que percorrer um caminho maior e consequentemente dissipará mais energia. O simples ato de inclinar a chapa blindada aumenta a sua espessura sem aumentar o peso. Quanto menor for este ângulo, menor a energia dissipada pelo projétil que tenderá a ricochetear e buscar uma nova trajetória. Uma chapa de 50 mm, impactada a 45 graus equivale a uma chapa de 140 mm. O T-34 foi o primeiro carro de combate a usar este tipo de blindagem, que com chapas soldadas de 27,6 mm, tinha o desempenho de uma blindagem de 70 mm graças a sua angulação.




Este padrão de blindagem homogênea predominou durante a segunda grande guerra até a década de cincoenta, sendo que veículos melhor protegidos apenas tinham chapas de aço mais grossas, com consequente ônus no peso do veículo. Porém era necessário melhorar esta proteção que não mais faziam frente as armas anticarro, como as panzerfaust alemãs. Surgiram as homogêneas de segunda geração, blindagens com chapas bimetálicas soldadas e fundidas em forma de sanduíche; sendo a externa de face endurecida por processos térmicos e a outra mais mole e deformável para absorver a onda de choque. esta blindagem passo a equipar os carros de combate desde então como os Leopard I e M60. 




Porém veio a década de sessenta e as blindagens bimetálicas começaram a perder espaço para as ogivas HEAT de carga oca, sendo a popular RPG soviética sua grande representante. Estas munições injetam um jato de alta velocidade de cobra derretido em um pequeno ponto da blindagem derretendo-o. Em face a esta ameaça os construtores de blindagens introduziram a blindagem espaçada, que nada mais é do que uma segunda blindagem afastada alguns centímetros da blindagem principal. Esta pré-barreira tinha por intenção detonar as ogivas que a impactavam fazendo que detonassem precocemente, dissipando sua energia em seu rompimento e fazendo com que chegasse a blindagem principal, além de mais tênue com ângulo menor que os eficientes noventa graus. Esta blindagem equipa os Leopard IA5 do Exército Brasileiro.



 A década de setenta viu a introdução das cargas em tandem onde a primeira carga perfurava a pré-blindagem e a carga principal perfurava a blindagem principal. Estas blindagem permaneceram nos veículos mais leves, sendo os carros de combate, além de incluí-las, passaram a contar com couraças de aço cada vez mais grossas, sendo os carros cada vez mais pesados, onde os explosivos passaram a se mostrar ineficientes. Passou-se a utilizar então da força bruta, com as munições de energia cinética (APDSFS). Este tipo de munição sem explosivo, viaja a grande velocidade (1.400 m/s) e ao impactar seus alvos produziam grande temperatura (cerca de 1.800 graus Celsius) e violenta onda de choque, atravessando todas as camadas de blindagem, e podendo dependendo do alvo, sair do outro lado a atingir outro carro que esteja atrás do primeiro. Estes projéteis são feitos de materiais muito duros como o carbeto de tungstênio e o urânio exaurido, e tem que ser disparada por canhões de alta pressão que lhe imprimem grande velocidade, necessária a sua eficiência.


Fez-se necessários novos desenvolvimento, pois as blindagens não mais faziam frente aos projéteis de nova geração. Engenheiros ingleses deram o primeiro passo na terceira geração de blindagens, inovando com o uso pela primeira vez de materiais não metálicos. Conhecida como blindagem Chobhan, nome da cidade em que foi desenvolvida, estas nova blindagem eram inovadora pois acrescentou aos modelos ja existentes novas tecnologias. Consiste de um sanduíche de placas de cerâmica (óxido de alumínio), kevlar, titânio, blindagens espaçadas com placas de borracha em forma de colmeias, e outros materiais, muitos ainda sob um véu de sigilo. Embora os russo com seu T-64 tenham usado cerâmicas, estas só se tornaram eficientes com o arranjo inglês da década de setenta. esta blindagem mostrou-se eficiente contra os poderosos projéteis tipo flecha (APDSFS), além é claro dos projéteis explosivos (químicos), mais fracos.


Os componentes de cerâmica possuem ponto de fusão entre 2500 e 3000 graus. O Impacto da um projétil tipo APFSDS pode gerar uma onda de choque de 3000 graus se parar instantaneamente. A cerâmica, que é 70% mais leve que o aço e tem uma resistência balística (dureza) cinco vezes maior, é montada na parte externa das viaturas a fim de quebrar a ponta dos projéteis, diminuindo dessa forma a pressão que exercerá sobre as placas metálicas e consequente diminuição da temperatura que irá atingir, muitas vezes insuficiente para derrete-las. Não havendo derretimento não haverá perfuração. Porém se passar, camadas de kevlar com suas propriedades tentarão segurá-lo, e se ainda assim continuar penetrando as blindagens espaçadas preenchidas com colmeias de borracha absorverão a onda de choque e dissiparão o calor, evitando a detonação de munição estocada, fatal para a tripulação. Esta borracha age ainda no primeiro impacto atuando como amortecedor daquele primeiro conjunto, provocando uma desaceleração gradual e absorvendo parte da energia. Após ter sua energia diminuída, o projétil encontrará um segundo conjunto de blindagem e o processo recomeçará, desta vez com a energia já muito diminuída, certamente deformado e sem ponta,  não conseguindo atravessar mais este obstáculo.


As blindagens de quarta geração são feita de materiais "high tech" e podem ser aparafusadas nas blindagens ja existentes ou incorporadas aos novos projetos. A blindagem do Leclerc por exemplo é feita de um material que se expande ao impacto, aumentando sua espessura, do qual se sabe muito pouco. As blindagens aparafusadas podem ser facilmente substituída em caso de avarias.


Existem ainda outros tipos de blindagem como a blindagem tipo gaiola, que consiste em uma grade de barras espaçadas e se destina na evitar a detonação de projéteis disparados por armas tipo RPG. Ao penetrar na grade os dispositivos de detonação não batem em nada, e o corpo mais largo do projétil fica preso na grade sem detonar. Este tipo de blindagem foi está sendo muito usado nas guerras do Iraque a Afeganistão.

As blindagens reativas (ERA) são blindagens espaçadas dotada de explosivos que detonam ao impacto, criando uma onda de choque em sentido oposto a trajetória do projétil, contapondo o jato da explosão espalhando-o, impedindo de chegar a blindagem principal.




Um comentário:

  1. Tenho um novo modelo de blindagem que está em fase de projeto.
    Peço apoio para operacionalizar e colocar no mercado este produto.
    Minha ideia é inovadora e soma a tudo o que já existe, com um diferencial que proporcionará ainda mais condições de blindagem aos veículos.
    Diogo Menezes
    diogomenezesrosa@gmail.com

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