Guerra Eletrônica - Generalidades
Denomina-se espectro eletromagnético (EEM) ao conjunto de frequências de radiação eletromagnética, utilizáveis ou não, que compõem o universo desta importante componente física. É utilizado militarmente na transmissão de informações e endereçamento de armas através de enlaces de rádio, na construção de armas de pulso eletromagnético e nas operações de sensoriamento de todos os tipos como a operação de radares e dispositivos MAGE, sendo o elemento principal na coleta de informações de combate, marcação de alvos e comunicações militares entre outros, e seu uso é vital aos sistemas de guerra modernos. Devido a sua velocidade de propagação (próxima aos 300.000 km/s – velocidade da luz) se presta a conexão instantânea ou próximo disto, aos enlaces de transmissão de informações de todos os tipos nas distâncias terrestres, e com atrasos crescentes nas distâncias extraterrestres. É o campo de batalha das operações de guerra eletrônica (EW).
Denomina-se espectro eletromagnético (EEM) ao conjunto de frequências de radiação eletromagnética, utilizáveis ou não, que compõem o universo desta importante componente física. É utilizado militarmente na transmissão de informações e endereçamento de armas através de enlaces de rádio, na construção de armas de pulso eletromagnético e nas operações de sensoriamento de todos os tipos como a operação de radares e dispositivos MAGE, sendo o elemento principal na coleta de informações de combate, marcação de alvos e comunicações militares entre outros, e seu uso é vital aos sistemas de guerra modernos. Devido a sua velocidade de propagação (próxima aos 300.000 km/s – velocidade da luz) se presta a conexão instantânea ou próximo disto, aos enlaces de transmissão de informações de todos os tipos nas distâncias terrestres, e com atrasos crescentes nas distâncias extraterrestres. É o campo de batalha das operações de guerra eletrônica (EW).
Antes do advento
dos “tempos modernos”, marcados pela tecnologia mais recentemente dominada nos
últimos séculos, a parte do espectro utilizada pelo homem sempre foi a luz
visível, embora sem se dar conta que ela era componente de um conjunto de
radiações bem mais amplo. A radiação infravermelha (IR) também foi utilizada
intensamente pelos séculos de forma primária, pois é através que o calor se
propaga. Os gregos antigos fizeram os primeiros estudos do comportamento da luz
visível e registraram as primeiras teorias, incluindo os fenômenos da refração
e reflexão, comum a todos os tipos de ondas. William Herschel fez as primeiras
descobertas em 1800 além da luz visível, teorizando que “raios caloríficos” não
visíveis eram um tipo de luz além da luz, descobrindo a radiação infravermelha
(IR) em um extremo do espectro visível. A radiação ultravioleta (UV) foi
descoberta por Johann Ritter em seguida, como uma forma de “radiação química”,
que induzia certas reações químicas, no outro extremo do espectro visível.
Em 1845 Michael
Faraday relacionou radiação eletromagnética com eletromagnetismo, e em 1860
James Maxwell desenvolveu equações relacionais, percebendo que a radiação
deslocava-se em velocidades próximas à da luz e sugerindo que a própria luz é
uma forma desta radiação. Maxwell previu um número infinito de frequências e
sua inserção em um coletivo maior que foi denominado espectro eletromagnético.
Por volta de 1886 Heinrich Hertz descreveu as ondas de baixa frequência (rádio)
e as micro-ondas situando-as abaixo do IR, e em 1895 Wilhelm Rontgen descobriu
os raios-X no outro extremo do espectro, e em 1900 Paul Villard identificou os
raios gama em altíssima frequência, com Willian Henry Bragg demonstrando em
1910 estes também serem radiação eletromagnética e não partículas, como
sugerido.
A radiação
eletromagnética viaja pelo meio através de ondas e todas estas ondas são
basicamente a mesma forma de radiação. Todas elas podem transpor o espaço
vazio ao contrário das ondas sonoras que são mecânicas, e deslocam-se à
velocidade da luz no vácuo do espaço cósmico. A diferença básica entre os
tipos de radiação são as diferentes frequências. Cada frequência tem um
comprimento de onda associado. À medida que a frequência aumenta em todo o
espectro, o comprimento de onda diminui. A energia transportada também
aumenta com a frequência. Por esse motivo, frequências mais altas penetram
na matéria mais rapidamente. A frequência é inversamente proporcional ao
comprimento de onda, e qualquer forma desta radiação também pode ser
representada por sua faixa de comprimentos de onda.
As ondas
eletromagnéticas podem variar de comprimentos de muitos quilômetros ou até anos-luz,
a tamanhos subatômicos. Quanto maior a frequência de uma onda, menor é seu
comprimento e mais tecnologia é necessária para que seja utilizada e
manipulada. Cada faixa de frequências é vocacionada para um conjunto de
aplicações específicas, podendo estas se sobreporem com suas vantagens e
desvantagens, e nominadas em 7 grandes grupos distintos, sendo que estes grupos
se sobrepõem em seus extremos, que possuem características de ambos os grupos,
o que torna dificílimo estabelecer um limite claro entre eles.
Estes grupos são:
1. Ondas de
rádio,
2. Micro-ondas,
3. Infravermelho
(IR),
4. Luz visível,
5. Ultravioleta
(UV),
6. Raios X
7. Raios gama.
Ondas de Rádio
As faixas de
menor frequência do espectro são as denominadas “ondas de rádio”, que podem ser
recebidas e emitidas por antenas comuns, sendo a parte mais facilmente
manipulável. A atmosfera é transparente a estas ondas de forma relativa, pois
permite que elas viajem de uma antena a outra, porém camadas da ionosfera podem
refleti-las dependendo da frequência. Esta reflexão permite que estas ondas
tenham um longo alcance à custa de interferência atmosférica mais pesadas nas
frequências de maior alcance, e permite transmissões como a dos radares OTH e
rádio de ondas médias. Acima das ondas de rádio vem a faixa de micro-ondas que
não tem a propriedade de reflexão atmosférica e viajam como a luz visível.
A faixa de
frequências mais baixa do EEM é a de Ultra Baixa Frequência (ULF), que vai de
300 Hz a 3 kHz e podem viajar tanto pela atmosfera quanto pela água sem grande
atenuação, penetrando inclusive camadas de terra sólida. É usada na comunicação
com submarinos e dispositivos subaquáticos, na exploração de minas e possui a
desvantagem de carregar pouca informação como por exemplo o código morse, sendo
a largura da banda muito estreita. Antenas inseridas no solo podem ser usadas
para conectar receptores em alcances limitados, como já experimentado por
radioamadores, e sistemas mais modernos pode fazer o papel de “GPS” para
localização e orientação dentro de ambientes confinados. Suas ondas são muito
longas e exigem grandes antenas. Observou-se que grandes terremotos são
precedidos por picos de emissões ULF, sendo que esta frequência poderá vir a
ser utilizada também para este fim, assim que o fenômeno for melhor
compreendido.
Na faixa de 3 kHz
até os 30 kHz temos as chamadas Muito Baixa Frequência (VLF), também muito
limitada na transmissão de informações porém com bandas mais largas, e
utilizada em sistemas de navegação e comunicação submarinas com penetração de
10 a 40 m dependendo da frequência e salinidade, mas ainda muito estreita para
carregar sinais de áudio, prestando-se como a anterior à transmissão de
códigos. É refletida pela ionosfera e pode ser usada para conexões de grandes
distâncias, em sinais de navegação e nas aplicações citadas na banda anterior
como a conexão em minas e radioamadores.
Acima dos 30 kHz
até os 300 kHz temos a Baixa Frequência (LF) ou “ondas longas”, banda esta que
tem a propriedade de poder se propagar na atmosfera em torno do globo, por
reflexão na ionosfera ou na própria superfície, assim como as VLF, podendo ser
usadas nas comunicações de longa distância por transpor montanhas e seguir os
contornos do globo. Está sujeita no entanto, a interferência atmosférica de
forma intensa como todas aquelas que são refletidas, carregando consigo muito
estática que deteriora em muito a qualidade das transmissões. Foi usada em
radiofaróis (LORAN-C 100 kHz, Decca 70 e 129 kHz) e possuem a propriedade, como
as bandas inferiores, de penetração submarina nas frequências abaixo dos 50
kHz, são usadas ainda pelos rádio-amadores e telemetria de GPS nos 283 e 325
kHz. Propaga-se por até 2000 km pelo solo.
Acima dos 300 kHz
até os 3 MHz temos a Média Frequência (MF) ou “ondas médias” que são refletidas
pela ionosfera de forma mais acanhada que as LF, porém no período noturno
permite que estações de rádio (rádio AM) alcancem centenas e até milhares de
km. É usada na radiodifusão AM, sinais de rádio de navegação ,
comunicação marítima navio-terra e controle de tráfego
aéreo transoceânico. Permite a transmissão digital com qualidade
semelhante ao VHF (FM).
Entre os 3 MHz
até os 30 MHz temos a Alta Frequência (HF), banda também conhecida como “ondas
curtas”, usada para o radiocontrole devido a possibilidade de codificar mais
informações a medida que a frequência sobe. Assim como as LF e MF também são
usadas na comunicação de longa distância por sua propriedade de reflexão na
ionosfera.
Acima dos 30 MHz
até os 300 MHz temos a Muito Alta Frequência (VHF), usadas na transmissão de
rádio FM e canais de TV, comunicações militares táticas e comunicação e
navegação aérea (VOR e ILS). Apresenta boa qualidade de transmissão e baixa
interferência atmosférica, capaz de realizar transmissões digitais. Não pode
ser refletida pela ionosfera e propaga-se em distâncias livres de obstáculos,
não tendo por este motivo alcances muito longos.
Logo após temos
dos 300 MHz aos 3 GHz a Ultra Alta Frequência (UHF) com as mesmas aplicações do
VHF, porém com um número de canais muito maior devido à largura da banda. Usado
em transmissões de rádio e TV, comunicações militares e aeronáuticas, GPS,
telefonia celular entre outras.
Micro-ondas
As faixas
subsequentes são as “microondas”, assim denominadas devido ao seu pequeno
comprimento em relação às da primeira faixa, embora é claro, existam
frequências da primeira faixa localizadas próximas a estas e que partilham de
características semelhantes. Medem de 100 mm a 1 mm de comprimento são ondas de
rádio muito curtas, e se propagam pela linha de visão com alcance máximo de 64
km em uma extremidade e não mais que 1 km na extremidade superior, não sendo
capaz de se refletir na ionosfera, transpor montanhas ou se propagar pelo solo,
sendo muito atenuadas pela umidade atmosférica e pela chuva. Convencionadas
como as integrantes das faixas SHF e EHF.
SHF Super Alta
Frequência (super high frequency) que comporta as bandas NATO F, G, H, I, J e K
(esta última ondas milimétricas) no intervalo de 3 até 30 GHz, usadas na comunicação
terrestre e com satélites, radares de todos os tipos e comunicação
omnidirecional.
EHF Extra Alta
Frequência (extremely high frequency)
também conhecidas como “ondas milimétricas” (acima dos 20 GHz) que comporta as
bandas NATO L e M no intervalo entre 30 e 300 Ghz, sendo a faixa mais altas das
radiofrequências. Possuem alcance muito curto por serem altamente atenuadas
pela umidade atmosférica, o que permite que sejam reutilizadas. Permite a
produção de antenas muito pequenas que podem produzir feixes muito estreitos,
difíceis de monitorar e com alta resolução de sinais. Existem janelas de 35,
94, 140 e 220 GHz que permitem alcances maiores.
As micro-ondas
não podem ser manipuladas por antenas comuns, tendo as suas próprias, e
necessitando de dispositivos denominados válvulas (válvulas termoiônicas)
Krystron e Magnetron para sua utilização, que aquecem muito e demandam por
consequente mais energia. Como as ondas de rádio de menores frequências podem
penetrar as superfícies, embora com menor poder. Não podem ser conduzidas por
fios tradicionais e utilizam dispositivos denominados guias de ondas para seu
manejo. As frequências EHF ainda não são muito usadas para comunicação via
rádio, devido à dificuldade tecnológica de codificar e decodificar amplitude e
modulação de frequência tão altas.
Infravermelho (IR)
A faixa
subsequente do espectro (infravermelho – IR) cobre as frequências de 300 GHz a
400 THz ( 1mm a 750 nm) e é separada em 3 sub-faixas: O infravermelho (IR)
distante de 300 GHz a 30 THz que ainda se confunde com as micro-ondas. É uma
faixa de radiação denominada terahertz ou sub-milimétrica na faixa de 100 GHz a
30 THz que engloba uma porção da faixa anterior, até então pouco utilizada, e
que está sendo estudada na construção de dispositivos de incapacitação de meios
eletrônicos inimigos. Esta região do espectro é fortemente atenuada pela
atmosfera (que fica opaca) não se prestando a aplicações de longa distância.
Algumas pequenas janelas nesta faixa permitem aplicações na astronomia por
possibilitarem alguma forma de transmissão. O IR médio vai de 30 THz a 120 THz
e é usada pelos irradiadores de calor, que é fortemente absorvida pelos corpos
em geral e usada nos mísseis guiados pelo calor mais antigos, por exemplo. O IR
próximo vai de 120 THz a 400 THz e se comporta de modo semelhante a luz
visível. É usada para sensoriamento de imagens de estado sólido e na guiagem
dos mísseis IR mais recentes (IIR), que trabalham com formação de imagens. Uma
aplicação mais recente são os sensores IRST, que se comportam como radares
passivos, já muito empregado na aviação de caça. Os FLIR trabalham com a
elaboração de imagens e também atuam nesta faixa do IR.
Espectro Visível
(luz)
Ocupando a
próxima faixa do espectro vem a luz visível imediatamente acima da radiação IR,
onde o sol atua no seu pico de potência, que também emite radiação IR em grande
quantidade, entre outras. É a faixa do espectro que pode ser captada pelo olho
humano, limitada em seu extremo inferior pela radiação vermelha e no superior
pela radiação violeta, e ocupa a faixa dos 400 THz até os 790 THz. Como o olho
humano capta toda esta faixa ao mesmo tempo, sua combinação resulta na luz
branca, que é uma combinação de várias frequências luminosas. As guias de fibra
ótica podem utilizar esta radiação, mas comumente usam as do IR próximo.
Radiação
Ultravioleta (UV)
Acima do espetro
visível a aplicação militar é pouco significativa, vem a radiação ultravioleta
(UV) e que tem o poder de ionizar átomos, usada na manipulação de reações
químicas. Juntamente com a radiação de raios-X e raios gama é chamada de
radiação ionizante, e sua exposição pode danificar o tecido vivo. Juntamente
com a luz visível provoca o fenômeno da fluorescência. A faixa intermediária da
radiação UV não tem poder de ionização, mas pode quebrar ligações químicas,
tornando as moléculas extraordinariamente reativas. As queimaduras solares, por
exemplo, são causadas pelos efeitos perturbadores da radiação UV de médio
alcance nas células da pele, que é a principal causa do câncer de pele. Os
raios UV na faixa intermediária podem danificar irreparavelmente as
complexas moléculas do DNA.
O Sol emite
radiação UV significativa, incluindo radiação UV extremamente curta que pode
potencialmente destruir a maior parte da vida. No entanto, a maioria dos
comprimentos de onda UV prejudiciais do Sol é absorvida pela atmosfera antes de
atingir a superfície. As faixas mais altas de energia (menor comprimento
de onda) de UV (chamadas de "UV a vácuo") são absorvidas pelo
nitrogênio e, em comprimentos de onda mais longos, pelo
simples oxigênio diatômico no ar. A maior parte dos raios
UV na faixa intermediária de energia é bloqueada pela camada de ozônio, que
absorve fortemente na faixa importante de 200–315 nm, cuja parte de energia
mais baixa é muito longa para o CO2 atmosférico absorver. Isso deixa menos
de 3% da radiação solar ao nível do mar em UV, com tudo isso nas energias mais
baixas. O restante é UV-A, junto com alguns UV-B. A faixa mais baixa
de energia UV entre 315 nm e luz visível (chamada UV-A) não é bem bloqueada
pela atmosfera, mas não causa queimaduras solares e menores danos
biológicos. No entanto, não é inofensivo e cria radicais de oxigênio,
mutações e danos à pele.
Raios X
Acima da faixa UV
temos os raios-X que podem atravessar corpos com pouca absorção, permitindo a
formação de imagens, muito usados na medicina e astronomia. A atmosfera é opaca
aos raios-X, devendo os telescópios que utilizam esta radiação serem colocados
fora dela. Uma camada de 10 m de água é suficiente para bloquear a maior parte
dos raios-X astronômicos.
Raios Gama
E na camada
superior do espectro temos os raios gama (radiação ionizante), com alta
capacidade de penetração e muito nocivos ao tecido vivo a aos circuitos
eletrônicos. São usados na medicina e agricultura nas funções de esterilização,
como por exemplo a radioterapia de tratamento do câncer. São resultantes do
decaimento radiativos dos núcleos atômicos, e sub-produto de reatores nucleares
e armas que utilizam a divisão do átomo, podendo ser bloqueados de forma
criteriosa por materiais densos como chumbo e concreto. No campo de batalha
terrestre também estão presentes de forma indesejável nas munições APFSDS
feitas de urânio empobrecido, causando danos a saúde dos combatentes, e como subproduto indesejável de explosões nucleares.