Na operação de bombardeio estratégico mais longa até então, a RAF superou suas deficiências e demonstrou uma espetacular capacidade de adaptação ao imprevisto e competência profissional.
Isto significava uma
viagem de ida e volta de 6.760 mn,
se não houvesse desvios de rota, por problemas táticos ou operacionais. Seria
a missão de bombardeio mais longa, jamais tentada até aquela época.
No início de sua vida
operacional, o bombardeiro de asa em delta Vulcan, dispunha de capacidade de
reabastecimento em voo, mas por mais de uma década este sistema já não era
mais operado. Em 1982, nenhum dos pilotos dos esquadrões de Vulcan conhecia
tal sistema, e apenas alguns pilotos remanescentes daquela
época, ainda estavam na RAF.
O sistema de reabastecimento em voo da aeronave, foi então reativado, embora fosse claro para todos que mesmo a operação com um único Vulcan exigiria um enorme suporte operacional de aeronaves-tanque. Não menos que dez aeronaves Victor seriam necessárias para a realização da missão, de modo a reabastecer o bombardeio e também às demais aeronaves-tanque.
O sistema de reabastecimento em voo da aeronave, foi então reativado, embora fosse claro para todos que mesmo a operação com um único Vulcan exigiria um enorme suporte operacional de aeronaves-tanque. Não menos que dez aeronaves Victor seriam necessárias para a realização da missão, de modo a reabastecer o bombardeio e também às demais aeronaves-tanque.
Um outro problema
existente era o inadequado sistema de navegação do Vulcan, para a missão que
se propunha. O bombardeiro, pertencente à geração de 1950, era equipado com um
radar de mapeamento terrestre adequado para áreas onde existiam pontos
geográficos bem definidos, mas o voo seria realizado sob a vastidão do
Atlântico Sul, onde tais pontos eram poucos e muito afastados uns dos outros.
Em sua jornada de retorno, o bombardeiro estaria com pouquíssimo combustível e
precisaria realizar um rápido e certeiro encontro com a aeronave-tanque. Assim
sendo, as aeronaves selecionadas para a missão, tanto os Vulcans como
os Victors,
foram modificadas para poderem carregar um sistema de navegação inercial
denominado Carousel.
A força da caça
argentina, bem como as defesas antiaéreas SAM e AAA eram
desconhecidas, mas a ameaça potencial teve que ser levada em conta, e por essa
razão, o Vulcan atacaria à noite. Quando os diversos fatores operacionais
foram colocados e analisados em conjunto, uma grande questão surgiu:
- Será que um único Vulcan, lançando 21 bombas de mil libras cada seria suficiente para garantir o sucesso da operação?
- Qual a relação custo/benefício?
O mês de abril de 1982
terminava, sem sinal diplomático da solução da crise entre a Grã-Bretanha e a
Argentina. A única opção possível foi a guerra. Enquanto que uma força-tarefa
dirigia-se para o Atlântico Sul, as defesas argentinas na ilha aumentavam.
Dois Vulcans especialmente
preparados, voaram para o aeródromo de Wide-Awake na
Ilha de Ascensão, cada uma carregando 21 bombas. Antes de decolarem de sua
base em Waddington,
as tripulações participaram de uma reunião, onde a pista de pouso do aeroporto
de Port Stanley foi indicada como sendo o alvo principal da missão. Após terem
chegado à Ilha de Ascensão, eles foram
informados que o ataque aconteceria nas primeiras horas do dia 1º de março. Um
dos Vulcans foi
indicado como sendo a aeronave principal e o outro ficou como reserva em voo,
para o caso de acontecer algo com o primeiro.
Na tarde do dia 30 de
abril, exatamente às 22:50 hora local (19:50 hora das Falklands/Malvinas),
as 11 aeronaves-tanque Victor (10 mais uma de reserva) começaram a decolar em
intervalos de um minuto, para em seguida os
Vulcans se fazerem ao ar.
Assim que as aeronaves se dirigiram para o sul, as luzes anticolisão
começaram a brilhar no escuro, e o valor da reserva em voo se fez presente. A
cabine do Vulcan principal não conseguia ser pressurizada, ao mesmo tempo em
que um dos Victors apresentou
problemas num de seus sistemas. Ambas as aeronaves abandonaram a missão e
retornaram para Wide-Awake.
A força, agora sem reserva alguma, continuou seu voo em direção ao sul.
O tenente Martin Withers era
o comandante do Vulcan reserva. Quando a tripulação recebeu a
notícia que a aeronave primária estava abortando a missão, um longo e
pensativo silêncio se fez nos intercomunicadores da
tripulação. Logo em seguida, Whiters falou:
Parece que temos um trabalho pela frente, pessoal. Nenhum outro comentário
adicional foi necessário, já que a tripulação reserva havia sido tão bem
treinada quanto à da aeronave principal.
Pela próxima hora e
quarenta e cinco minutos, a bússola dos jatos apontou a direção sul. Então, a
cerca de 730 mn da
Ilha de Ascensão, quatro Victors transferiram
combustível para outros quatro e retornaram. Um dos Victors transferiu
combustível para o Vulcan.
Neste
estágio inicial da missão um problema se desenvolveu, que causaria aumento das
dificuldades conforme a operação progredia. Voando numa formação livre, o
Vulcan e os Victors, estavam em velocidade que não era a ótima para ambas
as aeronaves, assim como a altitude de 31mil pés, altitude máxima para
permitir transferência de combustível, que era bem abaixo da altitude
ótima de consumo de ambos os modelos de aeronaves. Como resultado, tanto o
Vulcan como os Victors, consumiram mais combustível do que o planejado. Os
quatro Victors da primeira transferência, tiveram que entrar em
suas reservas para poderem transferir a quantidade requerida pelos que
continuavam rumo sul. Duas horas e meia após a decolagem, a cerca de mil milhas da
Ilha de Ascensão, a segunda transferência de combustível começou. Um
dos Victors encheu completamente os tanques do Vulcan e retornou para
a Ilha de Ascensão. Logo em seguida, dois Victors transferiram
combustível para os três outros remanescentes, e também retornaram para a
Ilha de Ascensão.
Quatro horas após o
início da missão, cenas de tensão ocorreram em Wide-Awake,
quando os quatro Victors do
primeiro reabastecimento chegaram quase que simultaneamente ao
aeroporto. Todos estavam com muito pouco combustível. A única pista de pouso
da ilha, corre de leste para oeste, no meio de montes rochosos, só podendo ser
decolada ou pousada de seu lado oeste. Mas eles não estavam com sorte, pois o
vento correia para leste, e isto significava que cada Victor, ao pousar,
deveria ir até o fim da extremidade leste da pista, lado sem saída da pista.
Em circunstâncias normais, cada aeronave pousaria, taxiaria até um alargamento da pista, faria a volta, taxiaria até o ponto de saída e limparia a pista para a próxima aeronave. Entretanto, as circunstâncias agora não eram normais. Se os Victors utilizassem o procedimento padrão, uma, ou talvez duas aeronaves do fim da fila, ficariam sem combustível antes do pouso.
A alternativa a ser
utilizada, estava longe da ideal, mas era a única viável. O primeiro Victor a
pousar, iria até o final da pista e estacionaria. A segunda aeronave, faria o
mesmo procedimento, estacionando o mais próximo possível do primeiro, e assim
sucessivamente, mas também reduzindo cada vez mais o comprimento da pista.
Quando o lider
de esquadrão Martin Todd fez
sua aproximação, nos controles do quarto Victor, a situação estava pronta para
um belo espetáculo aeronáutico de empilhamento de aviões.
Se uma avaliação errada ocorresse por parte do piloto, ou uma falha mecânica acontecesse com a aeronave, a RAF perderia um quarto de sua força de aeronaves-tanque disponível no Atlântico Sul. E mais, dois desses Victors deveriam levar combustível para uma das aeronaves que estaria voltando em menos de duas horas. Se algo prejudicasse os planos, todos os Victors e o Vulcan, que estavam à caminho das Falklands/Malvinas, deveriam abortar imediatamente a missão.
Se uma avaliação errada ocorresse por parte do piloto, ou uma falha mecânica acontecesse com a aeronave, a RAF perderia um quarto de sua força de aeronaves-tanque disponível no Atlântico Sul. E mais, dois desses Victors deveriam levar combustível para uma das aeronaves que estaria voltando em menos de duas horas. Se algo prejudicasse os planos, todos os Victors e o Vulcan, que estavam à caminho das Falklands/Malvinas, deveriam abortar imediatamente a missão.
Todd pousou firmemente
seu Victor na pista, e abriu-se o paraquedas-freio, sentindo imediatamente uma
enorme pressão em seu peito, assim que o vento encheu os velames do paraquedas,
desacelerando rapidamente a aeronave. À sua frente ele via os três outros Victors estacionados,
com suas luzes anticolisão brilhando na escuridão.
Mas não houve falha
alguma e Todd conseguiu parar a aeronave bem longe das outras três, fez um
semicírculo com o Victor e taxiou até a saída da pista. Como uma procissão
religiosa, os três outros tanques o acompanharam.
Enquanto isso, a terceira transferência de combustível acontecia, à 1.650 mn ao sul da Ilha de Ascensão. O Tenente Alan Skelton transferiu combustível para os dois outros Victors e retornou, mas logo em seguida descobriu que sua aeronave estava com um vazamento de combustível. Embora a quantidade perdida não fosse muita, em condições normais não seria um problema, mas ele estava bem longe da Ilha dissensão e havia entrado muito em suas reservas, quando transferiu combustível para as demais aeronaves. Imediatamente chamou a Ilha de Ascensão, solicitando uma aeronave-tanque.
A força que prosseguia
para o sul, era agora composta de dois Victors e
do Vulcan. Cinco horas e meia após a decolagem e 2.340 mn voadas,
uma terceira operação de transferência ocorreu.
Desta vez um problema ocorreu. Uma tempestade tropical, exatamente no ponto de
reabastecimento, com muita atividade elétrica acontecia.
Após várias tentativas,
e uma tremenda pilotagem, o Tenente Steve Biglands,
num dos Victors,
conseguiu posicionar seu tubo de reabastecimento na cesta da aeronave do lider
de
esquadrão Bob Tuxford,
do outro Victor. A transferência de
combustível começou, mas a alegria da tripulação durou pouco, pois Biglands falou
pelo rádio que o tubo de reabastecimento havia se quebrado. A situação
estragaria completamente a missão, visto que a aeronave não poderia receber
mais combustível, e ela era a indicada a acompanhar o Vulcan mais para o sul.
A única opção seria os
Victors trocarem de missão,
com a aeronave de Biglands transferindo
combustível para a de Tuxford.
E assim foi feito.
Após a transferência,
enquanto Biglands voltava
com seu Victor para o norte, uma ameaça ainda pairava sobre a operação. Será
que o tubo de reabastecimento quebrado, havia danificado a cesta da aeronave
de Tuxford,
impedindo-o de transferir combustível para o Vulcan? Para tirar a dúvida que
pairava no ar, Withers aproximou
sua aeronave a cerca de dois metros da cesta, e o Tenente Dick
Russel, especialista em reabastecimento aéreo, que se encontrava no Vulcan,
como sexto tripulante, agora sentado no assento do co-piloto, com uma lanterna
poderosa, iluminou a cesta. Ela parecia em ordem. Para ter certeza, Withers avançou
o tubo de reabastecimento em direção à cesta, e transferiria um pouco de
combustível. O sistema funcionou perfeitamente.
Ao final da transferência,
as duas aeronaves estavam a mais de 2.600 mn ao sul da Ilha de Ascensão e o
Vulcan a pouco mais de uma hora de voo de seu alvo. No Victor havia uma
intensa discussão se era possível ou não a continuidade da
missão. O nível de combustível estava consideravelmente mais
baixo do que o previsto, e haviam duas alternativas: continuar a
missão,transferir combustível para o Vulcan, conforme planejado, retornar e
ter que realizar uma amerissagem,
ou, abortar completamente a missão. A decisão foi unânime: prosseguir com a
missão.
Como deveriam manter silêncio rádio, com exceção de alguma emergência mortal, naquela região do Atlântico Sul, no Vulcan ninguém sabia do drama que ocorria dentro do Victor. As duas aeronaves alinharam-se para a transferência final, antes do ataque, a um ponto à cerca de 350 mn a nordeste de Port Stanley. Tudo transcorria normalmente, mas quando o Vulcan ainda necessitava de mais 6 mil libras de combustível, Martin Withers, piloto do bombardeio, ficou desconcertado ao observar luzes vermelhas brilhando sob o Victor, indicando, fim da transferência.
Imediatamente quebrou o silêncio rádio, solicitando mais combustível, mas recebeu uma curta resposta de Tuxford, que era tudo que ele podia transferir.
A tripulação do Victor
começou então a viver seu drama. A menos que fossem reabastecidos, em sua
jornada de retorno, cairiam à cerca de 350mn ao sul da Ilha de Ascensão. O
sucesso da missão agora, dependia das forças argentinas, terem ou não
descoberto a força atacante. Isto significava também, que a tripulação do
Victor não poderia utilizar seu rádio de alta freqüência, para informar a Ilha
de Ascensão de seu drama, até que o Vulcan tivesse completado seu ataque. Withers possuía
menos combustível do que o planejado, mas o suficiente para continuar com a
próxima fase da operação, bem como sabia que um Victor estava programado para
encontrá-lo durante a viagem de retorno e encher o tanque de sua aeronave.
A cerca de 250 mn de
Port Stanley, Withers puxou
a manete dos motores, reduzindo a potência, e o Vulcan começou uma lenta
descida, de modo a permanecer abaixo do horizonte do sistema de radar
antecipado dos argentinos. Ao alcançar 2 mil pés, nivelou a prosseguiu em
direção ao alvo.
Nessa hora, o Tenente Bob Wright, operador de radar, ligou rapidamente seu equipamento, para observar os sinais de retorno do Monte Usborne, o ponto mais alto da Falklands/Malvinas Leste. A indicação recebida,confirmava o bom funcionamento do sistema de navegação inercial Carousel. O bombardeio estava em sua rota correta.
Nessa hora, o Tenente Bob Wright, operador de radar, ligou rapidamente seu equipamento, para observar os sinais de retorno do Monte Usborne, o ponto mais alto da Falklands/Malvinas Leste. A indicação recebida,confirmava o bom funcionamento do sistema de navegação inercial Carousel. O bombardeio estava em sua rota correta.
Pouco antes das 04:00 horas (hora local), a 40 mn do alvo, Withers empurrou as manetes de potência, fazendo com que os quatro grandes motores Olympus do Vulcan, desenvolvessem potência máxima. Com o aumento da velocidade, ele facilmente colocou o bombardeio numa ascendente forte, até 10 mil pés, altitude na qual o ataque seria realizado. Uma vez nivelada a aeronave, ele deixou a velocidade aumentar até 350 nós, a máxima permitida, quando então reduziu as manetes e manteve a velocidade, ao mesmo tempo em que o operador de radar ligava seu equipamento e a tripulação preparava-se para a corrida de bombardeio.
O ponto visado era o meio da pista, com o Vulcan atacando-a num ângulo de 30° em relação ao alinhamento da mesma. Mesmo com o antiquado sistema de ataque, a probabilidade de o Vulcan atingir a pista, com pelo menos uma bomba, era elevada. Um ataque ao longo do comprimento da pista, com certeza, produziria vários acertos, mas um pequeno erro, faria com que todas as bombas errassem o alvo.
Durante a corrida de
bombardeio, Withers não
viu absolutamente nada do alvo, que estava imerso na escuridão. Sua tarefa era
a de seguir o mais precisamente possível, os sinais gerados pelo sistema de
ataque da aeronave. Mas a noite estava calma, os sinais mantinham-se firmes e
tudo parecia contribuir para o sucesso da missão. A 10 mn do
alvo, as portas do compartimento de bombas se abriram automaticamente. Não
havia sinal de anti-aérea, nem de mísseis. O oficial de contra-medidas
eletrônicas permanecia calmo. O piloto apenas mantinha a aeronave no rumo
adequado.
Na realidade, as
defesas argentinas estavam se preparando para atacar a aeronave britânica, mas
o Tenente Hugh
Prior, oficial de contra-medidas eletrônicas, havia detectado os sinais do
radar argentino tentando focar o Vulcan, mas conseguiu neutralizar a ação, com
o equipamento ALQ-101,
localizado sob a asa esquerda da aeronave.
No ponto preciso de
lançamento das bombas, o computador de ataque entrou em funcionamento,
lançando as 21 bombas a exatos intervalos de ¼ de segundo. Quando a última
bomba foi lançada, Withers acionou
o mecanismo de fechamento da porta das bombas e empurrou as manetes de
potência, ao mesmo tempo em que comandava uma curva ascendente, saindo o mais
rapidamente possível da área. Vinte segundos após o lançamento da primeira
bomba, elas começaram a atingir e explodir no solo.
Do lado direito da
cabine, em seu assento, o co-piloto, Tenente Peter
Taylor podia observar ao longe, as luzes das ruas de Port Stanley. Então, mais
próximo ele viu uma série de explosões em rápida sucessão, abaixo de uma fina
camada de nuvens que cobria o aeródromo. Tudo parecia como se alguém tivesse
ligado e apagado rapidamente as luzes de um lugar. Quando a última bomba
explodiu, a escuridão voltou a dominar sua vista. Os demais tripulantes não
sentiram nem viram absolutamente nada.
Todos os que estavam em
Port Stanley, jamais vão esquecer o barulho das detonações. Declarações de
moradores afirmam que parecia estar acontecendo um terremoto. Para os
britânicos, aquele ataque teve um enorme efeito moral. Após os eventos
acontecidos nas quatro semanas anteriores, eles sabiam que a libertação estava
a caminho. Houve uma enorme onda de felicidade e júbilo em Port Stanley.
Quando as baterias
antiaéreas começaram a atirar, o Vulcan já estava longe. Os artilheiros, ainda
insistiram por alguns minutos, mas um a um foram silenciando suas armas. Na
cabine do bombardeio não houve o mesmo sentimento de júbilo que tiveram os
moradores de Port Stanley. A excitação nervosa, das oito horas de missão,
havia drenado a energia emocional dos tripulantes. Os tripulantes permaneceram
silenciosos. Eles haviam iniciado uma guerra.
As bombas caíram
enfileiradas, atravessando o meio da pista de pouso. A primeira atingiu
exatamente o ponto médio da pista, penetrando na pavimentação e
abrindo um enorme buraco. A segunda, caiu no limite lateral da pista, do lado
sul. Uma outra atingiu um ponto entre um hangar e uma aeronave de ataque Pucará,
que estava estacionado ao lado, danificando ambos. Uma outra caiu próxima a
torre de controle, quebrando os vidros e danificando o prédio. O ataque matou
três militares argentinos e feriu diversos outros. Considerando a idade e a
limitação do sistema de ataque do Vulcan, o resultado pode ser considerado
muito bom.
Uma vez longe das Falklands/Malvinas,
Hugh Prior transmitiu a palavra código Superfuse,
anunciando que o ataque fora realizado com aparente sucesso. Após essa
transmissão, Bob Tuxford pode
transmitir, informando a base que ele estava com combustível insuficiente para
alcançar a Ilha de Ascensão e que necessitava urgentemente da presença de uma
aeronave-tanque, senão ele cairia. Enquanto voavam e aguardavam a
aeronave-tanque, a tripulação discutia uma série de aspectos práticos de como
saltar de um Victor sobre
o mar, pois uma amerissagem seria
impossível, visto que não havia navio alguma na área. Felizmente, tanto Tuxford como
Alan Skelton, cujo
Victor estava com vazamento de combustível, conseguiram ser reabastecidos e
pousar em Ascensão.
Quatro horas após o ataque, o Vulcan alcançou o ponto previsto de reabastecimento, ao largo da costa do Brasil. Mas agora já era dia e o Sol brilhava no céu. A tripulação fez contato rádio com o Victor que se aproximava e logo a fuselagem inferior branca da aeronave-tanque era vista da cabine.Foi a visão mais bonita que a tripulação jamais viu.
Mas o drama da missão
ainda não havia acabado. Com Dick Russell uma vez mais no assento do
co-piloto, Withers avançou
lentamente o bombardeio em direção ao Victor. Ele posicionou o tubo de
reabastecimento dentro da cesta e inicialmente tudo transcorria como esperado.
Mas, quando a pressão começou a subir, o combustível vazou da conexão, cobrindo o pára-brisa. Os limpadores foram imediatamente acionados em sua velocidade máxima, mas não conseguiam limpar absolutamente nada. A visão que tinham era de um carro sendo lavado numa dessas máquinas automáticas.
Mas, quando a pressão começou a subir, o combustível vazou da conexão, cobrindo o pára-brisa. Os limpadores foram imediatamente acionados em sua velocidade máxima, mas não conseguiam limpar absolutamente nada. A visão que tinham era de um carro sendo lavado numa dessas máquinas automáticas.
Numa missão de
treinamento normal, Dick Russell teria quebrado o contato, diminuindo a
velocidade do Vulcan e tentado uma nova transferência.
Mas o Vulcan estava com muito pouco combustível e havia ainda a possibilidade
de que ou o tubo de reabastecimento ou a cesta terem sofrido algum dano. Se o
Vulcan quebrasse o contato, Withers não
tinha certeza de conseguir engatar de novo. Embora algum combustível tivesses
sido perdido, a maior parte havia entrado nos tanques do Vulcan e a cada
minuto de transferência,
uma tonelada de combustível era recebida.
Quem auxiliou o piloto
a manter posição relativa em relação ao Victor foi Bob Wright, o navegador,
que da posição em que estava, entre os pilotos,tinha acesso a uma janela que
não estava suja e por ela obtinha ótima visão da cesta, do Victor e do tubo de
reabastecimento.
Após 10 minutos de
operação, o Vulcan recebeu o combustível necessário. Russell então, quebrou
contato com o Victor. Com a desconexão da cesta, a válvula de transferência se
fechou e imediatamente o fluxo de ar limpou o parabrisa do Vulcan.
O Vulcan pousou em Wide-Awake após
pouco mais de 16 horas de voo. Martin Wither recebeu
a Medalha DFC (Distinguished Flying Cross)
pela liderança demonstrada durante o ataque e Bob Tuxford recebeu
a Medalha AFC (Air Force Cross)
pelo desprendimento em arriscar sua vida e da tripulação em prol da missão.
Assim terminou a
primeira missão de um Vulcan às Ilhas Falklands/Malvinas.
A operação utilizou a capacidade do bombardeio, das aeronaves-tanque e das
tripulações envolvidas no seu limite. Como retrospecto, o esforço despendido
para montar e realizar a operação foi fora de proporção, para o resultado
obtido.
Entretanto, como é freqüente na guerra aérea, o ataque ao aeroporto de Port Stanley teve um efeito psicológico enorme nos argentinos, muito mais que os danos físicos causados. O ataque demonstrou ao Alto Comando da Força Aérea Argentina que a RAF possuía capacidade de atacar alvos em pleno território argentino, se assim decidisse.
No dia seguinte, o único esquadrão exclusivo de interceptação da Força Aérea Argentina, o Grupo 8, equipado com caças Mirage III, foi transferido de Rio Gallegos, no sul do país, de onde poderiam realizar operações sobre as Ilhas Falklands/Malvinas, para Comodoro Rivadavia, bem mais ao norte, onde poderiam defender com mais eficiência, um possível ataque britânico a capital Buenos Aires. Com exceção de um único combate, quase ao final do conflito, o Grupo 8 não participaria da luta.
Assim, a Força Aérea
Argentina, concedeu aos britânicos, sem luta, a superioridade aérea sobre as Falklands/Malvinas,
significando que, pelo resto do conflito, os Harriers da
Royal Navy teriam
total liberdade de atacar e derrubar os caça bombardeiros e as aeronaves de
ataque argentinas, sem interferência de
caças dedicados. Este foi sem sombra de dúvidas, o grande resultado obtido com
a primeira missão Black Buck,
justificando certamente o esforço despendido. Um total de sete missões desse
tipo foram realizadas, sendo que na quarta, o Vulcan teve problemas de
reabastecimento não resolvidos e acabou tendo que pousar no Rio de janeiro.
Quatro missões foram de bombardeio e três de ataques a estações de radares.
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