FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Operações Ofensivas - Manobra Tática Ofensiva #109



Operações Ofensivas - Formas #


Manobra é a combinação harmônica de fogo e movimento, sincronizados no tempo e no espaço, de forma a posicionar as forças em condição de superioridade tática em relação ao inimigo, a fim de neutralizar seu poder de combate, seja pela sua fuga, destruição ou rendição. É através da manobra tática ofensiva que se trava o contato com as forças oponentes e deve ser executada com surpresa, choque, iniciativa e domínio do campo de batalha.

É através de movimentos bem planejados e executados, que se alcança o posicionamento para alocação de fogo eficazes, criamdo-se um volume de problemas progressivo ao inimigo, fazendo-o reagir a situações inesperadas e frustrando continuamente o seu planejamento. Enquanto o inimigo tiver problemas a resolver, dificilmente terá oportunidade de criar situações em seu favor.

O contato com o inimigo no campo de batalha, quando buscado de forma ofensiva, se dá através do choque frontal (ataque frontal) a suas posições defensivas, quando estas estiverem sabidamente débeis e incapazes de oferecerem resistência considerável. Alternativamente ao ataque frontal, que pode ser extremamente custoso ao atacante se as defesas estiverem fortalecidas, pode-se empreender uma manobra de envolvimento, fazendo-o combater em mais de uma frente através de uma manobra de cerco e assediando seus pontos mais vulneráveis, no flanco e a retaguarda. 

Outra forma de se enfrentar um defesa bem estruturada, geralmente quando os flancos estão inacessíveis, é concentrar um choque muito potente em uma pequena fração da frente inimiga, procurando um ponto menos defendido e provocando sua ruptura (penetração), por onde penetram forças altamente móveis e potentes e provocam seu alargamento de dentro para fora.

A infiltração de forças é um quarta forma de combate ofensivo, que visa pontos específicos e é implementada em campos de batalha com linhas de contato porosas ou mal definidas. Outra alternativa é o de evitar o contato direto com os pontos fortes da defesa inimiga, contornando-os e atacando pontos secundários que venham a enfraquecer os pontos defensivos principais (desbordamento).



  • Ataque Frontal
O ataque frontal é a forma mais óbvia de contato com o inimigo e consiste em cerrar poder de combate diretamente sobre as linhas defensivas. É empregado somente em situações onde o inimigo tem nítida condição de inferioridade, pois suas linhas frontais serão sempre as mais bem defendidas e difíceis de transpor. Emprega-se poder esmagador a fim de neutraliza-lo por destruição ou captura, e deve sempre ser evitado contra dispositivos defensivos bem organizados, pois o atrito subsequente tenderá e impor pesadas perdas aos atacantes. A doutrina ocidental recomenda a superioridade de 3 para 1 em uma manobra ofensiva, porém posições bem preparadas e eficazmente defendidas podem exigir efetivos muito superiores, com baixas previstas equivalentes. Esta situação deve sempre ser evitada.

Um ataque frontal é organizado em grupos de forças ocupando-se de objetivos secundários que contribuam para a conquista do objetivo principal. Estas forças serão dimensionadas de acordo com cada objetivo. O ataque principal será o objetivo mais vantajoso e receberá forças mais potentes, sendo os ataque secundários potencializadores do ataque principal, e contarão com forças necessárias e suficientes.

Parte da força deve ser mantida em reserva para atuação no momento decisivo e aproveitamento do êxito. Esta reserva será constituída de acordo com a situação tática: quando ela for clara e o inimigo tenha possibilidades limitadas pode ser de pequeno valor, enquanto que se a situação for obscura e duvidosa poderá ser constituída até pelo grosso da tropa atacante, pois esta deverá decidir a situação quando empregada. Deve-se tomar cuidado para não se constituir demasiadas reservas que enfraqueçam o ataque principal.

Os multiplicadores do poder de combate como artilharia, aviação de apoio, engenharia de combate e guerra eletrônica devem ser empregados na sua totalidade, não constituindo a reserva, pois seu emprego poupa as armas-base de um atrito mais intenso. A preparação de artilharia deverá levar em conta a perda da surpresa, e deve ser avaliada com cautela. O bombardeio de artilharia e aviação de apoio deverá ser o mais intenso possível, pois poupa as forças atacantes de baixas maiores.

Devem ser designados objetivos principal e secundários, ponto de partida e hora do ataque, eixos e direção de progressão e pontos de controle. Deve ser dada liberdade de ação aos comandantes subalternos sem perder o controle da operação. A sincronização e simultaneidade dos assaltos, fogos de apoio, interferência eletrônica e fogos de contrabateria, assaltos aeromóveis e ações de comandos, entre outras, resultarão em uma maior probabilidade de colapso do dispositivo inimigo em prazo mais curto do que se as ações fossem sucessivas.

Todo ataque deve ser contínuo e obedecer a uma velocidade compatível. Ataques que se mostrarem lentos devem ter sua direção alterada a fim de se buscar maior fluidez no avanço. O alinhamento de forças deve ser preterido a velocidade de avanço, sempre tomando o cuidado para que forças de vanguarda não se distanciem e sejam isoladas. a Impulsão deve ser priorizada com a ultrapassagem de pontos de resistência e alocação de fogos de apoio onde forem necessários, com ação da engenharia de combate para superar obstáculos mais complicados.

O ataque deverá ter cobertura de flanco e retaguarda, porém existem um certo grau de risco e a impulsão não deve ser prejudicada por este. Focos de resistência ultrapassados devem ser fixados e mantidos sob vigilância, para posterior neutralização. O ataque deve ser contínuo, dia e noite, e unidades cansadas devem ser substituídas por outras. A não exploração de vantagens conquistadas podem permitir ao inimigo reorganizar-se com maior presteza. Cada unidade deve ter prevista hora e local de interromper seu avanço quando sera substituída por outra. Os congestionamentos devem ser previstos e evitados, através de planos de deslocamento bem elaborados.




  • Envolvimento
O envolvimento é uma manobra onde se contorna a força defensora por terra ou ar, e a cerca atacando seus dispositivos de retaguarda. Esta tem que abandonar seu dispositivo a combater em local de escolha do atacante. As forças envolventes normalmente se afastam de outras forças de apoio e devem ter capacidade para operarem independentemente, sendo as tropas aeroterrestres e aeromóveis vocacionadas para este tipo de operação. Esta manobra pode deixar os atacantes vulneráveis, e uma ligação com o grosso da tropa em pouco tempo pode ser necessária. Mobilidade superior ao inimigo, sigilo e dissimulação são essenciais neste tipo de manobra.





  • Penetração
A penetração é uma manobra realizada quando os flancos estão inacessíveis e/ou o inimigo tem largas frentes. Necessitam de pesado apoio de fogo e consistem ruptura de uma pequena frente e a abertura de um corredor em um ponto do dispositivo inimigo por onde forças superiores (muito potentes) dividem as forças inimigas em duas ou mais partes desmassificando-as, como no caso de penetrações múltiplas. Após o rompimento as forças procuram alargar a brecha e destruir os focos de resistência, buscando alcançar os pontos capitais previstos e oportunos, desorganizando seu dispositivo e fixando seus pontos fortes para posterior neutralização.




  • Infiltração
A infiltração é uma manobra do campo de batalha não linearizado, onde forças de pequeno efetivo ocupam pontos capitais de forma dissimulada a retaguarda do dispositivo inimigo, utilizando-se tanto de meios aéreos ou terrestres, ou mesmo a pé. Infantaria motorizada ou leve, assim como paraquedistas, são as tropas mais vocacionadas a este tipo de manobra. Esta manobra visa objetivos específicos como pontos de estrangulamento de trânsito, centro de comando e controle e áreas logísticas e deve contribuir para o esforço principal. Áreas com observação e vigilância restritas e de difícil trafegabilidade são as mais adequadas a este tipo de manobra como florestas e pântanos. Medidas de controle especiais devem ser implementadas para a tropas infiltrantes atuarem juntas evitando o fogo amigo, com códigos especiais, pontos de controle e zonas de reunião. Deve-se tomar o maior cuidado para que o inimigo não identifique o objetivo da infiltração. É de difícil execução, exige sincronização apurada e dificilmente pode ser modificada uma vez iniciada.




  • Desbordamento
O desbordamento é uma manobra que visa o contorno de posições principais para ataque a posições secundárias. É executado sobre flancos vulneráveis e depende de surpresa e mobilidade. É adequado as capacidades de forças aeromóveis e visa forçar o inimigo a combater em mais de uma direção. Um duplo desbordamento em ambos os flancos resulta num cerco. É uma manobra de difícil execução e muito boa para fixar dispositivos inimigos restringindo seu espaço para manobrar. Se não for possível ocupar toda a linha de cerco deve-se ocupar as principais rotas de fuga.


2 comentários:

  1. Muito claras as exposições, esclarecendo totalmente quanto a tais manobras táticas no teatro de operações.

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