Explosões no cinema são incríveis: elas fazem carros
atravessarem abismos antes intransponíveis, e servem como um ótimo plano de
fundo para o herói andar em direção à câmera. Na vida real, explosões de
qualquer tamanho apreciável são terrivelmente fatais. Isto é o que realmente
acontece quando você fica muito perto de uma explosão.
Explosivos fortes, como bombas caseiras e morteiros de
artilharia, operam em uma escala de energia muito diferente do que balas de
revólver ou fogos de artifício. Estes apenas estouram formando uma onda
subsônica. Mas explosivos fortes causam uma detonação: isto é, a energia
irradia a partir do local da explosão, viajando acima da velocidade do som.
Quando você vê heróis do cinema saindo de um lugar que virou uma bola de fogo, aquilo
é uma reação muito menos energética do que detonações – e, visualmente,
impressionam mais.
Quando um bomba detona, a energia liberada irradia em
todas as direções ao mesmo tempo, em velocidades entre 3 km/s e 9 km/s. À
medida que esta esfera de energia se expande, ela comprime e acelera as
moléculas de ar ao redor em uma onda de choque supersônica. Esta pressão extra
só existe por alguns milissegundos, mas é a principal causa de lesões e danos
materiais causados por explosivos. Quanto mais perto você estiver da fonte da
explosão, mais grave é a pressão.
A força inicial da onda de explosão é imediatamente
seguida por ondas de choque de alta velocidade, que dão mais energia a tudo o
que atravessam – seja um muro de concreto ou seus órgãos vitais. À medida que
uma onda de choque passa por uma área, ela literalmente não deixa nada para
trás: essa parede de ar supersônico deixa um vácuo quase perfeito. Então, um
segundo depois que seu corpo é severamente comprimido, ele é submetido a uma
força oposta de despressurização igualmente massiva.
Infelizmente, a explosão ainda não acabou. O ar
imediatamente entra para preencher o vazio atmosférico deixado pela onda de
choque, puxando detritos e objetos de volta para a fonte da explosão. Esta
rajada de vento é forte o suficiente para lançar um corpo humano a vários
metros de distância. Quem for atingido em pé pelo vento da explosão fica mais
vulnerável a ser levado pelo vento. Mas não é o vento em si que machuca: é o
trauma físico que você sofre ao cair de cara no chão à velocidade de um carro
na rodovia. É por isso que se esconder atrás de um objeto grande e pesado, para
tentar se proteger contra a onda de choque, só funciona nos filmes.
Este golpe danifica seus órgãos, especialmente os órgãos
cheios de ar – como os pulmões, ouvidos e estômago – assim como as articulações
e ligamentos, onde os tecidos de densidades diferentes se encontram. Isto
muitas vezes leva a hemorragia, e pode mesmo resultar em ruptura de órgãos. Os
pulmões ficam especialmente em risco de hemorragia e edema (inchaço causado por
acúmulo de líquido).
O cérebro não se sai muito melhor. Médicos militares que
estudam os efeitos de barotrauma nas Forças Armadas dos EUA comparam os efeitos
de uma explosão no corpo humano ao ato de apertar um tubo de pasta de dente: o
sangue e os fluidos corporais são forçados em direção ao seu cérebro e crânio,
resultando em edema.
Há também, evidentemente, uma grande quantidade de perigo
indiretamente associado à força da explosão. Você poderia ser atingido por projéteis:
um risco mortal, sejam eles detritos de explosão ou fragmentos de uma granada.
Você poderia se queimar até ficar tostado pela bola de fogo que acompanha
certos tipos de explosivos. Ou você poderia ser esmagado por um edifício em
desmoronamento.
Mas, supondo que a explosão dê o mais certo possível, o
corpo humano é bastante resistente, capaz de suportar uma quantidade
surpreendente de força sem morte instantânea. Por exemplo, uma explosão
relativamente pequena, como de uma bomba caseira, pode produzir uma
sobrepressão de cerca de 1 psi e ventos de cerca de 65km/h. Isso é o suficiente
para quebrar vidro, mas só causaria ferimentos leves. A explosão de um
carro-bomba pode gerar mais de 2 a 3 psi (e vento a uma velocidade de até
160km/h), potencialmente causando grandes danos estruturais, lesões grave, e
danos o suficiente para matar algumas pessoas.
Um pico de sobrepressão de 5 psi, por exemplo de uma
ogiva nuclear 1MT, garante ferimentos generalizados e muitas fatalidades. A
força é suficiente para aniquilar várias cidades e derrubar tudo – exceto
estruturas solidamente reforçadas – sem mencionar que ela estouraria seus
tímpanos. Em uma explosão com uma sobrepressão máxima de 10 psi, com os ventos
de quase 500 km/h que ela produz, nem mesmo concreto reforçado conseguiria
aguentar.
E em sobrepressões acima de 20 psi, pode esquecer. Mesmo
15 psi provoca danos pulmonares graves, mas em 20 psi, as mortes são comuns.
Qualquer coisa que não foi destruída pela explosão inicial será soprada pelos
ventos da explosão a 800km/h. Aqui entramos no território de armas nucleares
muito grandes – em testes de algumas bombas de hidrogênio, os cientistas
registraram efeitos de até 100 psi.
A única coisa que pode proteger você dessas ondas de choque mortais é a
distância. Elas são incrivelmente fortes de perto – e na verdade ficam
ampliadas em espaços confinados -mas estas ondas se dissipam rapidamente
enquanto viajam. É por isso que os carros-bomba conseguem demolir a fachada do
que está estacionado em frente, mas mal chacoalham as janelas das casas a uma
quadra de distância. Então, se um dia você ficar no meio de uma explosão, não
ande sem preocupações como um herói. Largue o que você estiver fazendo, coloque
as mãos sobre suas orelhas, e corra o mais rápido possível na direção oposta.
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