FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

domingo, 17 de março de 2013

Forças Navais #077



O mar tem importância significativa na vida das nações. Desde a antiguidade ele é usado como a principal meio de ligação e comércio entre as elas. Dele se extrai componente importante a alimentação dos povos, através da atividade pesqueira, assim como outros recursos biológicos. Do mar também são extraídos outros recursos como o petróleo e o gás natural, vital na vida moderna e fonte de riqueza para muitos países com economia pouco ou muito diversificada.

Apesar do desenvolvimento da aviação em todos os níveis, o mar continua sendo responsável pela grande tonelagem do comércio transportada através do mundo. A simples hipótese de paralisação das atividades marítimas pela vontade imposta por outras nações, paralisaria de forma catastrófica a vida interna da maioria das nações do mundo. Toda essa atividade reflete também na atividade das pessoas contribuindo na geração de empregos. O Fato da maior parte da população mundial estar alocada a menos de 100 km do litoral é um dado significativo e traduz a influência que o mar exerce na vida da humanidade.

Cabe a cada nação a proteção de seus interesses neste meio, através da posse de meios e sistemas efetivos de vigilância e intervenção, pois as fronteiras marítimas são traçadas apenas em cartas náuticas e tratados internacionais, não se mostrando fisicamente na superfície sempre igual da vastidão marítima que cobre a maior parte do globo terrestre. É da natureza humana buscar seus interesses, muitas vezes em detrimento do direito dos outros, e a presença efetiva de meios navais efetivos e respeitados é que fazem valer a manutenção destas fronteiras de papel, bem como a garantia do livre deslocamento através de águas internacionais pelo mundo todo dos vetores marítimos do comércio internacional.




Para esta grandiosa e complexa missão se faz necessário a constituição de forças navais poderosas e balanceadas, de forma a fazer frente às diferentes ameaças que possam a se configurar. Uma nação pode ter sua atividade marítima assediada por ameaças de características muito diversas que vão desde piratas atuando em águas localizadas, até forças navais hostis de portes diferenciados procurando obter dividendos políticos ou mesmo ameaçando diretamente a sua integridade territorial.

É através do poder naval que uma nação faz valer seus interesses no mar, e este tem que ser efetivo e não apenas de vitrine, podendo atuar em áreas extensas e por períodos de tempo prolongados, adotando posturas tanto defensivas como ofensivas, impondo ao oponente um grau de risco e credibilidade significativo, que force a este mante-se resguardado em sua integridade física, sabendo que a ameaça que oferece pode ser contrabalançada por outra que pode inflingir-lhe custos consideráveis. A esquadra britânica demonstrou tal capacidade em 1982, quando viabilizou a retomada de seu arquipélago austral das Falklands/Malvinas a grande distância de seu território, tarefa que exigiu seu emprego no limite de suas possibilidades, fazendo a esquadra argentina recolher-se as suas bases diante da ameaça submarina.




Uma esquadra moderna deve possuir características de mobilidade, permanência, versatilidade e flexibilidade. A mobilidade significa a capacidade de deslocar-se por grandes distâncias em condições de responder a qualquer ameaça prontamente durante este deslocamento. A permanência implica na capacidade de operar por períodos longos e em grande áreas de locais distantes, de forma independente e continuada. A versatilidade é a capacidade de aplicar seu poder na medida da ameaça de forma a cumprir sua missão sem desperdício de meios nem causar efeitos desnecessários. A flexibilidade é a capacidade de organizar grupos operacionais adequados a cada missão.

Para alcançar esta operacionalidade desejada, uma esquadra moderna deve ser devidamente balanceada com meios diversos que possam ser combinados a fim cumprirem da forma mais efetiva as tarefa que lhes forem designadas. Navios-patrulha, fragatas e destróieres, helicópteros de diversos tamanhos, submarinos de tipos diversos, porta-aviões, aviação de patrulha, aviação de caça e bombardeio, mísseis e torpedos de variados tipos, sistemas eletrônicos variados, infantaria de marinha, navios mineiros, aeronaves de pilotagem remota, navios logísticos de todos os tipos, navios de guerra anfíbia, e outros meios de menor importância são os recursos de que as diversas marinhas lançam mão para cumprirem sua missão.

Um navio de superfície pode se posicionar em uma área conflituosa para se antepor a uma força inimiga, fazer disparos de advertência e sobrevoar seus objetivos com seus meios aéreos orgânicos. Os submarinos permanecem ocultos para disparar mísseis e torpedos, e a simples suspeita de sua presença, mesmo que não esteja lá, faz a força inimiga empenhar-se em um grande esforço para resguardar-se dessa ameaça. Porém são armas que partem diretamente para o conflito, cabendo as naves de superfície graduar o uso da força.




Uma força naval deve ser capaz de projetar seu poder sobre terra, através do bombardeio partindo do mar ou da projeção de tropas diretamente sobre o território, sejam pequenas frações cumprindo missões puntuais, sejam grandes efetivos consolidando uma cabeça de praia. Porém aproximar-se da costa é muito perigoso, pois fica-se sujeito a aviação de ataque baseada em terra e a artilharia de costa, o que faz com que as esquadras possuam capacidade de projeção a grande distâncias, sejam de seus sensores, sejam de seus meios aéreos e de desembarque. Devem ter capacidade ainda, uma vez que a cabeça-de-praia esteja segura, de aportar seus navios anfíbios diretamente junto a praia a fim de desembarcar seus recursos logísticos e o grosso de suas tropas.




Forças anfíbias, de transporte e de porta-aviões são vulneráveis e devem ser escoltadas por fragatas e destróieres, provendo-lhes segurança antisubmarino, antisuperfície e antiaérea, conferindo a estes um grau de segurança operativa aceitável. Submarinos podem navegar a frente destas forças para antecipar a presença de outros submarinos e navios inimigos. Aeronaves de patrulha e de alerta aéreo antecipado, baseadas em porta-aviões e se possível em bases terrestres podem prover o alerta de grandes distâncias localizando o inimigo antecipadamente.

Navios patrulha são meios mal armados e servem para manter a presença em águas jurisdicionais, sendo seu armamento apenas de autodefesa, não podendo engajar-se em combate com unidades mais poderosas. Alguns navios menores podem atuar contra meios mais poderosos se equipados com mísseis antinavio. Navios mercantes, vitais a manutenção da atividade econômica das nações devem ser escoltadas por navios de superfícies, quando navegando em áreas de ameaça.

Forças costeiras são efetivas na defesa de litoral, sendo lanchas rápidas e caças baseados em terra com mísseis um fator a se considerar. navios mineiros capazes de liberar áreas restritas infestadas com minas ou mesmo minar áreas para restringir os movimentos do inimigo valiosos nesta situações, principalmente liberando a saída de portos e canais e criando corredores seguros para desembarques anfíbios.

Cabe ao poder naval induzir a realização de atividades favoráveis pelos outros atores do teatro de operações marítimo, e dissuadir as desfavoráveis e aplicar seu poder quando for necessário, de forma balanceada ás ameaças que se apresentem.




A crise precede a guerra e muitas vezes decidem o conflito sem que um único tiro seja disparado. Posicionar uma força naval com credibilidade em águas internacionais próximas ao país alvo pode induzir a uma solução negociada sem inflingir o direito internacional. A manobra de crise serve para dizer ao oponente o que se pretende fazer, e preparar as forças para um eventual envolvimento direto, nesse momento os meios navais ganham preponderância. Neste momento o submarino permanece submerso, em posição incerta, pronto para disparar, se necessário.

As quatro tarefas básicas do poder naval são: o controle de áreas marítimas, a negação do uso do mar ao inimigo, a projeção de poder sobre terra e a dissuasão a agressão.

Controlar áreas marítimas é uma tarefa clássica da aviação naval onde a patrulha constante permite a força naval saber tudo o que acontece nas áreas controladas e desloque os meios de superfície e submarinos para onde forem necessários. Este controle permite a manutenção das zonas econômicas exclusivas livre de atividades não autorizadas, a manutenção da segurança da navegação nesta áreas mantendo livres as comunicações marítimas, o alerta contra forças navais que ameacem a integridade do território que se deseja proteger, o combate a pirataria, o provimento de áreas seguras para lançar operações anfíbias e outras tarefas menores.




Como o mar é monótono e não tem acidente capitais, ele também não admite frentes de combate ou fronteiras precisas, tornando difícil seu controle absoluto, o que só pode ser conseguido por breves períodos e em pequenas áreas. Controlar uma área marítima junto ao território que se deseja proteger é o mais eficaz meio de defender este território, pois se o inimigo não desembarcar não será necessário o empenho de forças terrestres para contê-lo.

A negação do uso do mar se dá em tempos de guerra e visa colocar obstáculos tático-operacionais a forças navais inimigas, impedindo que estas controlem uma área marítima. É empregada contra forças superiores quando não se pode estabelecer o controle da área marítima. Esta caracterização por buscar o assédio e a destruição dos meios inimigos e de seu bem como de suas linhas de comunicações marítimas. Para tal tarefa o submarino de ataque vem a ser a arma por excelência.




A projeção de poder sobre terra é uma forma de guerra de crescente importância na atualidade e visa proporcionar a força naval a capacidade de intervir de diversas formas junto a territórios não dominados, ou ainda apoiar tropas amigas lá operando. Pode ser através de bombardeio naval, bombardeio aeronaval ou operações anfíbias. Se dá para alcançar os seguinte propósitos: reduzir o poder do inimigo através da destruição de instalações importantes, conquistar áreas estratégicas para uma campanha seja ela terrestre ou não, negar ao inimigo uma área capturada, apoiar operações em terra, proteger a vida humana ou resgatá-la, resgatar materiais de interesse.

Dissuadir a agressão é o resultado da credibilidade da força naval e visa manter a condição de paz, através da premissa de que uma aventura militar pode resultar em consequências duras e desagradáveis a qualquer um que se apresente, mesmo uma força mais poderosa. Se dá através da presença naval ou manobras de demonstração de força. O submarino nuclear é um importante meio de dissuasão e deve sempre ser empregado .

Aviação baseada em terra é eficiente na defesa do litoral, assim como uma força naval costeira de navios patrulha armados com mísseis antinavio. Porém aviação embarcada é o único meio que pode estar presente em qualquer lugar a qualquer hora, sem as limitações de alcance daquela, como por exemplo na defesa das plataformas de petróleo. Posta-aviões são alvos prioritários pela ameaça que representam e devem ser convenientemente defendidos por escoltas com capacidade antiaérea, antissuperfície e antisubmarino. Submarinos de ataque também podem participar desta defesa atuado bem a frente das frotas.




A ameaça aérea é hoje um dos maiores perigos que uma força naval enfrenta, como ficou demonstrados no conflito das Falklands/Malvinas. Contar apenas coma  aviação baseada em terra para defender uma força naval, significa condicionar sua atuação próxima as bases aéreas dotada de inteceptadores, limitando-a e suprimindo sua própria razão de ser, tirando dela uma de suas principais características que é a mobilidade. Aviação embarcada necessita de porta-aviões, alvos de alto valor ao inimigo e de construção cara, que tem que ser bem defendidos, por escoltas competentes.

Todos os meios navais não se sustentam por muito tempo se não  forem convenientemente apoiados por meios logísticos como navios-tanques e de transporte de suprimentos, navios oficina, navios de assistência hospitalar e outros meios de suporte ás operações. Também são igualmente importantes na projeção de poder sobre terra adequados meios anfíbios como os navios capazes de desembarcar carros de combate diretamente na praia e aqueles transportadores de plataformas de desembarque com docas inundáveis, bem como os imprescindíveis helicópteros navais que cumprem uma variada gama de missões e devem ser lançados de plataformas adequadas. 

Uma marinha balanceada e bem adestrada é necessária ao efetivo exercício do poder naval, possuindo meios oceânicos e costeiros, capazes de combinados cumprirem a missão do efetivo exercício do poder naval.



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