FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Guerra Mecanizada - O Grupo de Combate de Infantaria Blindado *113



DEFESANET

Prof. Eduardo Atem de Carvalho, Ph.D
Universidade Estadual do Norte Fluminense

Prof. Rogério Atem de Carvalho, D.Sc
Instituto Federal Fluminense


Resumo
           
O campo de batalha contemporâneo apresenta características de guerra assimétrica, onde o tempo é o fator crucial. E recai sobre uma das unidade básicas blindadas do Exército a responsabilidade de dominá-lo.

Para tal é condição fundamental o emprego de um Veículo de Combate de Infantaria (IFV) que apresente características de proteção similar a um Carro de Combate (CC) e ainda ofereça apoio de fogo, ressuprimento, informes sobre posicionamento do inimigo e possibilidade de retração sob fogo. Sem esta capacidade um exército perde o controle do tempo e por fim sofre uma derrota no nível estratégico, ainda que tenha sido capaz de vencer em nível tático.

O preço pago pela adoção destes IFVs pode ser a perda da capacidade expedicionária em um primeiro momento, das Brigadas de Infantaria Blindada (Bda de Inf Bld), até que toda a linha de transporte e suprimento possa ser adequada aos novos meios.

Breve Histórico
           
A imagem romântica e obsoleta que se tem da Infantaria Blindada (Inf Bld) vem da Segunda Guerra Mundial: os infantes progredindo ao lado ou em cima dos Carros de Combate (CC) em território inimigo. Romântica porque escondia o perigo imenso de se estar próximo a um objeto que seria alvo prioritário do inimigo e obsoleta porque aferra o infante à percepção do combate exposto, desembarcado, conquistando o terreno e sofrendo pesadas baixas no processo.
           
O surgimento das armas Anti-Carro (AC) e o emprego de minas magnéticas para a destruição dos veículos, ainda naquele conflito, deram origem a todos os dispositivos AC hoje existentes. Tentativas de sobreviver a estes também. Foguetes com ogivas (ou cargas) ocas derivam do Panzerfaust alemão, as blindagens compostas apareceram com o uso de concreto corrugado, usado para impedir que soldados russos fixassem minas AC magnéticas nos CC alemães e por fim as munições de alta velocidade com os canhões AC.
          
Naquele conflito a Infantaria dispunha de pouco mais do que veículos tipo meia-lagarta protegidos por chapas de aço simples nas laterais e abertos em cima. Sua função era meramente transportar os combatentes no mesmo ritmo e pelo mesmo terreno que os CC, protegidos contra estilhaços de obuses e fogo de armas portáteis. Em caso de confronto entre CCs, a Infantaria permanecia na retaguarda.

Em caso de fogo de armas AC - na forma de lança-rojões, ou passagem por regiões habitadas, com ruínas ou concentrações urbanas, não era raro que os combatentes passassem para o topo dos CCs e lá ficassem protegendo a coluna até a mudança de cenário. Nas operações onde a primazia do esforço cabia à Infantaria, a exposição ao armamento inimigo era mais intensa ainda. A proporção típica de uma divisão Panzer alemã era 3:1 entre efetivos equivalentes a Btls de Inf Bld e RCCs (usando a nomenclatura brasileira). Essa proporção se revelaria vitoriosa ao longo do conflito, ao contrário da Britânica, era quase que exclusivamente composta de CCs.

Cenário Contemporâneo
           
No Pós-Guerra, os conflitos no Oriente Médio têm servido de laboratório em larga escala para estudos de emprego de formações blindadas. Outros conflitos, onde o emprego de blindados foi em menor escala, como a Guerra Indo-Paquistanesa e no Vietnam, e mais recentemente a Chechênia, tem referendado os novos conceitos surgidos dos conflitos Árabes-Israelenses.

Evoluiram em paralelo os mísseis e foguetes AC equipados com ogivas ocas. Os projetistas e estrategistas começaram uma corrida CC x Ogiva, com o aumento da espessura e adição de camadas de materiais compósitos às blindagens dos CCs a cada aumento de potência e capacidade de penetração das novas ogivas. Enquanto isto, os veículos destinados à Infantaria continuavam presos aos velhos paradigmas da Segunda Guerra. O exemplo mais comum no ocidente é o M-113, de fabricação americana, leve, barato, fácil de operar, feito de alumínio, expedicionário e pouco útil no campo de batalha contemporâneo e híbrido.
      
Na atualidade, os exércitos são forçados a se preparar para conflitos de natureza convencional que podem criar conflitos assimétricos, ou vice-versa. De novo, o Oriente Médio é o melhor laboratório de estudos e suas conclusões não podem ser ignoradas, sob pena de se conseguir custosas vitórias táticas nos campos de batalha ao mesmo tempo que se sofre fragorosa derrota estratégica.


           
Compreendendo a Distância Crítica
           
Dentro do conceito observado nos conflitos recentes ocorridos no Oriente Médio e Asia, surge a Força Tarefa (FT) Infantaria/Carro de Combate/Engenharia de Combate e nesta, cabe basicamente a Infantaria a destruição das armas AC e de qualquer indivíduo cujas ações possam representar ameaça à integridade da Força Tarefa. À Engenharia cumpre-se remover qualquer obstáculo que atrase ou paralise o movimento da FT. E por fim aos CC, cabe romper a linha adversária, isolando e destruindo qualquer meio móvel ou fixo do adversário, seja na guerra simétrica ou assimétrica.

Nos campos de batalha da Segunda Guerra, o infante combatia a poucos metros do CC, fazendo uso do telefone ou mesmo gritos para informar à guarnição da viatura sobre ameaças e possíveis alvos. Com o passar das décadas, os mísseis foram afastando a Infantaria Blindada cada vez mais dos CC, de centenas de metros para diversos quilômetros. Operados por 2 ou 3 combatentes, uma posição de mísseis pode receber o apoio de arma automática e fazer uso do terreno, em uma combinação onde um número reduzido de homens pode ser capaz de imobilizar uma força tarefa atacante, levando sua progressão a um impasse e causando grande atraso até a destruição da arma AC.

Um conjunto desta posições, infiltradas em uma área densamente urbana, é o pesadelo do comandante de força blindada moderna, com repercussões estratégicas e políticas incontroláveis e em constante aceleração, fora do campo de batalha. O processo de impedir que isto ocorra se apoia em diversos fatores, todos decisivos, no pequeno escalão:
  • características do IFV;
  • efetivo, armamento e comunicações do GC; e,
  • apoio de fogo local.          

No campo de batalha contemporâneo não há mais lugar para uma Infantaria que se retire do mesmo diante da presença de CCs, pontos de resistência considerados “duros”, ou mesmo áreas com presença de armas automáticas, mas para tanto, é preciso empregar os novos IFVs descritos anteriormente.


           
Características das Armas AC
           
Os IFVs sofrem ameaças ao seus deslocamentos e integridade de diversas fontes, e devido à natureza da guerra contemporânea qualquer forma de atraso ao movimento das colunas blindadas implica em tempo maior de duração do conflito, aumento de baixas e crescente oposição interna e externa às forças amigas. Portanto meros fossos AC podem se tornar armas estratégicas em uma luta onde o campo de batalha físico é apenas uma parte dela, na guerra assimétrica ou não convencional. Assim sendo, temos as seguintes categorias de armas AC:
  • Foguetes  - projéteis relativamente simples, providos de ogiva em formato de carga oca revestida por cobre, tem sua capacidade de perfuração associada com o diâmetro da ogiva, principalmente. Tem baixo custo e não são guiados após o disparo. Os mais simples são os antigos RPG-7 russos e os mais modernos os Panzerfaust 3 alemães. Um mero RPG-7, equipado com granada tipo PG-7V pode perfurar 260 mm de aço balístico plano rolado. No outro extremo, o mesmo lançador, usando uma moderna granada em tandem tipo PG-7VR, pode penetrar até 750 mm de aço, segundo seu fabricante. Estes dados parecem ser corroborados por fontes ocidentais. Já os avantajados Panzerfausts 3 podem chegar a penetrar 900 mm de aço, destruir bunkers e devastar regiões próximas ao alvo. O alcance de ambos é de cerca de 200 m, embora as granadas-foguetes atinjam 900 m.
  • Mísseis – nascidos na Segunda Guerra Mundial, com o Ruhrstahl X-7 “Chapeuzinho Vermelho”, os mísseis anti-carro evoluíram continuamente após esta. Neste campo, das armas AC, diversas gerações de mísseis filo-dirigidos (guiados por fios) foram introduzidos. Sendo os mais famosos: SS-10 francês, Malkara britânico-australiano, Milan franco-italiano etc. Em princípio o alcance não ia muito além de cerca de 1000 m e a maior parte dos mísseis atingia o solo ao invés do casco dos CCs. Mas as gerações passaram e hoje os nomes conhecidos são Spyke, Javelin, Kornet E etc. Este último, de fabricação russa, tem posto em cheque a noção de que CCs ocidentais de última geração resistem a impactos de mísseis AC no arco frontal. Seu alcance máximo é de 8 km.
  • Explosivos Improvisados (IED) – Armadilhas nos campos de batalha não representam novidade, mas o acesso à arsenais de governos e o apoio de países simpatizantes faz com que pequenos grupos em luta tenham acesso a explosivos de grande potência e em grande quantidade. Na invasão do Iraque os americanos lidaram com granadas de artilharia e obuses em profusão, obtidos dos paióis dos antigo exército iraquiano, e que eram escondidos nas margens de rodovias e passagens movimentadas do país, causando explosões tão fortes, que eram capazes de despedaçar as viaturas Humvee, caminhões, IFVs Bradley e mesmo imobilizar alguns CC Abrams M1. Toda viatura que se coloque hoje como sendo capaz de operar em cenários de guerra assimétrica ou convencional, terá que ser preparado desde a concepção do projeto para lidar com isto.
  • Obstáculos – Tão antigos quanto as guerras, continuam sendo usados com sucesso. E mais ainda agora, onde cada segundo a mais de duração do conflito conta contra a força regular. Ressalta dramaticamente o fato de que a Engenharia de Combate Blindada, agora parte da FT moderna é absolutamente necessária para que a velocidade da coluna e os tempos de execução não sejam alterados.



Um Cenário Hipotético de Emprego
           
Um cenário simples, hipotético, mas baseado em relatos sobre confrontos recentes, seria como à seguir. Em uma região densamente povoada o inimigo irregular se oculta em casas, hospitais, escolas, igrejas etc. Espalhadas por esta região se encontram um número restrito de combatentes inimigos, porém existe uma arma automática, diversos fuzis AK-47, RPG-7 e uma unidade de mísseis AC, com alcance útil de 3 km. Fosse um conflito tradicional, o poder devastador da Artilharia entraria em ação e a coluna Bld continuaria seu avanço até o rompimento da linha adversária, mas neste caso, o emprego da artilharia é proibido por razões políticas, sendo o apoio de fogo máximo disponível o de morteiros 120 mm embarcados em viaturas tipo M-113. Mas apenas com autorização do escalão superior. A tropa de Inf Bld portanto estaria imobilizada, sujeita a pesadas baixas no nível de fração e subunidade. E o tempo escoando sem uma vitória decisiva, contribuindo para derrota estratégica, mesmo que diante de uma vitória tática posterior.

As soluções que hoje se apresentam vem de Israel e Rússia e convergem para o uso de IFVs com características já descritas. A solução fica da forma: o IFV deve ser capaz de resistir a impactos diretos por mísseis e foguetes AC, permitir o desembarque seguro da tropa, avançar até a distância de emprego de suas próprias armas, que sendo de tiro direto e menor poder de destruição, tendem a ocasionar menos danos colaterais. Então deve engajar o inimigo, fornecendo ao infante agora desmontado apoio de fogo decisivo, além da possibilidade de retração rápida sob fogo, ressuprimento de munição e víveres, rede rádio extendida e inteligência, através do uso de seus sensores montados na torre automatizada.

As torres ELBIT UT-30BR e REMAX são exemplos disponíveis no Brasil destas torres automatizadas. É questão de tempo até que os Exércitos regulares sejam capazes de reproduzir cenários semelhantes em guerras convencionais, onde o emprego tático da Artilharia será bastante limitado, porém de alta precisão.



O GC e os Meios Necessários Para Cumprimento da Missão
           
Desta forma, recai sobre o menor elemento individual da Inf Bld, o Grupo de Combate (GC), a responsabilidade de vencer o conflito, da mesma forma que nas guerras assimétricas “clássicas”, ou de quarta geração.
           
Quais são as missões que podem ser determinadas para um GC de um pelotão de Inf Bld? A partir da missão básica da Infantaria, no contexto de uma Força-Tarefa (FT) blindada, pode-se argumentar que uma das missões básicas será a de proteger os CC dos ataques da Infantaria inimiga. Na Ofensiva, a missão da Infantaria é a de imobilizar/destruir as armas AC do inimigo, sejam elas posições de mísseis, foguetes não guiados e elementos operando/implantando Dispositivos Explosivos Improvisados (IED). Na Defensiva, o oposto ocorre, devendo se evitar o engajamento da força blindada decisivamente e de forma prematura, cabendo a Infantaria garantir a mobilidade da coluna ante armas AC.
           
Na sua fração Grupo de Combate, diversos autores e instituições apresentam suas posições quanto ao tamanho ideal desta fração, obviamente determinado pelo tipo de missão a ser cumprida. A Inf Bld pode usar a mesma formação da Inf Mec. Os IFVs atuais levam um grupo único de 6 a 7 combatentes. Este número foi determinado para o cenário de guerra simétrica. Os israelenses consideram insuficiente para a nova realidade da guerra assimétrica e o Namer transporta 9 combatentes.

O novo gigante russo Armata T-15 IFV (não confundir com o CC da mesma família, T-14) vai pelo mesmo caminho. Partindo do principio básico de que a força blindada será contida por outra força blindada do inimigo, ou será empregada em uma região densamente defendida e armadilhada por um inimigo não-regular, a presença de um GC de 9 homens, divididos em duas esquadras, parece ser mais efetivo do que os GC compostos de uma esquadra só. Uma das esquadras porta a arma automática do GC, sua munição extra e explosivos para “atravessar” paredes; a outra porta uma arma AC de emprego geral tipo AT-4, para remoção de pontos “duros” sem a destruição excessiva causada pelo apoio de fogo de artilharia clássico.

Haverá também um Cb com curso básico de caçador, operando um fuzil (fz) tipo M-24. Essa combinação permite que uma esquadra cubra o avanço da outra nos ambientes de guerra regular ou irregular. Na viatura permanecem, o comandante da viatura, o operador da arma automática pesada remota (metralhadora .50 ou canhão 30 mm) e seus sensores e o motorista, que a mantém em segurança, com as usuais técnicas de posicionamento.
           
A falta de blindagem nas viaturas americanas disponíveis, devido à prematura declaração de vitória e remoção do efetivo blindado da região, na Segunda Guerra do Golfo (ou Invasão do Iraque), levou a um número elevado de baixas, o que só foi contido com a entrada em serviço dos chamados MRAP (Mine-Resistant Ambush Protected) Vehicles, ou seja, em livre tradução: Veículos Protegidos Contra Emboscadas e Resistentes à Minas. E mesmo assim estes tiveram que receber a chamada blindagem “gaiola” para sobreviver aos ataques dos modestos RPG-7.
           
No auge da insurgência no mesmo conflito, o Exército Britânico patrulhava as áreas vermelhas com CC Challenger 2, que sofriam desgaste e não eram adequados à missão, mas sobreviviam aos ataques de todos os tipos.


           
           
Os debates sobre a atuação de Ariel Sharon no contra-ataque sobre Suez ainda geram intensa polêmica em Israel, dada a colossal perda material e humana ocorrida decorrente daquela vitória. Mas o que teria de fato ocorrido se as vtr M-113 da Inf Bld tivessem chegado a tempo naqueles dias? A pista pode ser achada a partir da chamada Guerra do Líbano, onde os israelenses passaram a chamar o M-113 de “Mobile Crematorium”, dado ao fato de que um simples disparo de foguete tipo RPG-7 podia causar a morte de diversos ocupantes do veículos e sua inutilização.

Pode-se imaginar, então, o efeito devastador de um míssil AC. E quão ameaçador é um RPG-7 no cenário sul-americano? Basta lembrar que o tubo lançador custa cerca de US$ 200 e cada granada (no mercado negro do Afeganistão, por exemplo) a modestíssima quantia de US$ 120. O preço oficial fica obviamente bem abaixo. Qualquer governo ou grupo criminoso/revolucionário pode adquirir lotes desta arma, se for ao contato certo.
           
A partir desta amarga realidade e sem verbas para adquirir ou fabricar novos veículos que pudessem sobreviver nos campos de batalha, os israelenses tentaram transformar seus M-113 em viaturas capazes, mas foi em vão. A natureza do M-113, feito de duralumínio, impede que as modificações requerida fossem feitas e estas acabariam por eliminar o próprio M-113 no processo, gerando uma nova viatura, caso todas as necessidade básicas fossem atendidas.

A solução encontrada foi aproveitar os cascos dos CC retirados da linha de frente ou capturados nas diversas guerras e escaramuças anteriores: Centurion britânicos, M-48 americanos e T54/55 russos. Todo o esforço foi feito para se manter a relação peso/potência na faixa dos 22 HP/ton, valor considerado como operacional para os terrenos da região - valores menores se revelaram ineficientes. Para pressão sobre o solo, algumas fontes apresentam este valor como sendo da ordem de 1.0 kgf/cm2.
           
As modificações básicas consistiram em remover a torre e cobrir o orifício deixado, reposicionar o motor e a transmissão de forma que houvesse um espaço para saída pela traseira, reforçar a blindagem no arco dianteiro, substituir o motor por um mais potente. Nascia assim os “Achzarit”. O fabricante alega que no arco frontal a viatura é capaz de resistir a disparos de munição cinética (APDSFS) até no calibre de 125 mm russo. Seu peso oscila em torno de 44 toneladas. As limitações e vantagens deste tipo de solução podem ser encontradas em publicações disponíveis ao público.

O colossal Namer. O IFV israelense pesa 60 ton e usa o casco do Merkava, basicamente à prova de todas as armas AC atualmente existentes, podendo porém ser imobilizado e confrontado pelo Kornet E russo.
  
Os Achzarit estão sendo substituidos nas linhas de frente pelos “Namer”, que são fabricados à partir do casco do CC Merkava, pesam cerca de 60 ton e incorporam todas as modificações e modernizações de seus sucessores, mais um sistema autonômo (ativado por inteligência artificial) de proteção contra misseis e foguetes AC.

Os russos chegaram às mesmas conclusões após a sangrenta batalha por Grosny, em 1995. A partir deste ponto, se iniciou um esforço para introdução de IFVs pesadamente blindados, capazes de suportar os mesmos impactos que os CC, dando origem ao T-15, já mencionado. O mesmo também pode ser dito das forças envolvidas na invasão do Iraque, na posterior “pacificação” daquele país. Com diversos estudos em andamento, porém sem resultados palpáveis.
           
No Brasil, o CC atualmente disponível é o Leopard 1A5, que apresenta relação peso/potência de 19.8 HP/ton e exerce uma pressão sobre o solo de 0.88 kgf/cm2. O CC Leopard 2, por exemplo, bem mais pesado, tem a relação peso/potência de 27 HP/ton e exerce pressão sobre o solo de 0.83 kgf/cm2, menor que a do Leopard 1A5. Estes valores parecem ser adequados aos terrenos encontrados nas Hipóteses de Emprego (HE) existentes. Então podem ser tomados como base para um futuro projeto de IFV brasileiro.



Peso x Expedicionaridade
           
A contrapartida da opção por um IFV que seja capaz de cumprir as missões da Infa Bld no cenário descrito pode ser um comprometimento na capacidade conhecida pelo Exército Brasileiro como “Expedicionaridade”, ou seja, peso compatível com a capacidade dos meios de transporte aeronavais, manutenção modular e simplificada, munição de calibre comum com os aliados etc. Para minimizar este efeito, algumas soluções já despontam no horizonte. A principal parece ser o desenvolvimento de sistemas automáticos de interceptação de projéteis de baixa velocidade, já em operação inicial em Israel ou protótipo na Alemanha (Puma) e Rússia (T-15).

Com isso, a necessidade da blindagem composta, de gaiola ou similar, seriam eliminadas, reduzindo em muito o peso total do IFV.  Outras opções exploradas simplesmente abrem mão da blindagem extra, empregam torres automatizadas, reduziram tamanho ao mínimo e aceitam baixas decorrentes da opção, como Inglaterra (Warrior) e Alemanha (Wiesel). Para o Brasil talvez a opção seja a especialização, reservando a missão descrita neste trabalho para as Bda de Inf Bld, deixando às Bda Inf Mec, o ônus do pronto emprego, até que as Bda Inf Bld possa ser deslocadas para apoiá-las.
           
Conclusões

As conclusões que se pode chegar, do ponto de vista de um observador distante, são as que se seguem:
           
  • Os campos de batalha modernos exigem viaturas de transporte que suportem impactos diretos de CC inimigos, foguetes, mísseis, explosivos improvisados, minas terrestres, armadilhas etc.
  • Para atender atender às exigências do campo de batalha contemporâneo, o IFV deverá compartilhar com o CC o casco e a blindagem do mesmo, com todas vantagens e desvantagens que isto acarreta.
  • A busca de IFV expedicionário, mas sem as características descritas neste trabalho, implicará em uma viatura de emprego limitado, como ressaltado em conflitos recentes.
  • A relação peso potência necessária se encontra na faixa de 20 HP/ton e a pressão sobre o solo não deve exceder 0.8 kgf/cm2.
  • O IFV deve ser visto como um posto de comando e apoio móvel, atuando bem à frente, junto ao GC, oferecendo apoio de fogo, informes de posicionamento do inimigo através de seus sensores, proteção imediata em caso de recuo ou avanço inesperados, ressuprimento e comunicações com escalão superior em caso de perda de comunicação local.


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