DEFESANET
Prof. Eduardo
Atem de Carvalho, Ph.D
Universidade
Estadual do Norte Fluminense
Prof. Rogério
Atem de Carvalho, D.Sc
Instituto Federal
Fluminense
Resumo
O campo de batalha contemporâneo apresenta
características de guerra assimétrica, onde o tempo é o fator crucial. E recai
sobre uma das unidade básicas blindadas do Exército a responsabilidade de
dominá-lo.
Para tal é
condição fundamental o emprego de um Veículo de Combate de Infantaria (IFV) que apresente características de proteção similar a
um Carro de Combate (CC) e ainda ofereça apoio de fogo, ressuprimento,
informes sobre posicionamento do inimigo e possibilidade de retração sob fogo.
Sem esta capacidade um exército perde o controle do tempo e por fim sofre uma
derrota no nível estratégico, ainda que tenha sido capaz de vencer em nível
tático.
O preço pago pela
adoção destes IFVs pode ser a perda da capacidade expedicionária em um primeiro
momento, das Brigadas de Infantaria Blindada (Bda de Inf Bld), até que
toda a linha de transporte e suprimento possa ser adequada aos novos meios.
Breve Histórico
A imagem
romântica e obsoleta que se tem da Infantaria Blindada (Inf Bld) vem
da Segunda Guerra Mundial: os infantes progredindo ao lado ou em cima
dos Carros de Combate (CC) em território inimigo. Romântica porque
escondia o perigo imenso de se estar próximo a um objeto que seria alvo
prioritário do inimigo e obsoleta porque aferra o infante à percepção do
combate exposto, desembarcado, conquistando o terreno e sofrendo pesadas baixas
no processo.
O surgimento das
armas Anti-Carro (AC) e o emprego de minas magnéticas para a
destruição dos veículos, ainda naquele conflito, deram origem a todos os
dispositivos AC hoje existentes. Tentativas de sobreviver a estes também.
Foguetes com ogivas (ou cargas) ocas derivam do Panzerfaust alemão, as
blindagens compostas apareceram com o uso de concreto corrugado, usado para
impedir que soldados russos fixassem minas AC magnéticas nos CC alemães e por
fim as munições de alta velocidade com os canhões AC.
Naquele conflito
a Infantaria dispunha de pouco mais do que veículos tipo meia-lagarta
protegidos por chapas de aço simples nas laterais e abertos em cima. Sua função
era meramente transportar os combatentes no mesmo ritmo e pelo mesmo terreno
que os CC, protegidos contra estilhaços de obuses e fogo de armas portáteis. Em
caso de confronto entre CCs, a Infantaria permanecia na retaguarda.
Em caso de fogo
de armas AC - na forma de lança-rojões, ou passagem por regiões habitadas, com
ruínas ou concentrações urbanas, não era raro que os combatentes passassem para
o topo dos CCs e lá ficassem protegendo a coluna até a mudança de cenário. Nas
operações onde a primazia do esforço cabia à Infantaria, a exposição ao
armamento inimigo era mais intensa ainda. A proporção típica de uma divisão
Panzer alemã era 3:1 entre efetivos equivalentes a Btls de Inf Bld e RCCs
(usando a nomenclatura brasileira). Essa proporção se revelaria vitoriosa ao
longo do conflito, ao contrário da Britânica, era quase que exclusivamente
composta de CCs.
Cenário
Contemporâneo
No Pós-Guerra, os
conflitos no Oriente Médio têm servido de laboratório em larga escala para
estudos de emprego de formações blindadas. Outros conflitos, onde o emprego de
blindados foi em menor escala, como a Guerra Indo-Paquistanesa e no Vietnam, e mais recentemente a Chechênia, tem referendado os novos conceitos
surgidos dos conflitos Árabes-Israelenses.
Evoluiram em
paralelo os mísseis e foguetes AC equipados com ogivas ocas. Os projetistas e
estrategistas começaram uma corrida CC x Ogiva, com o aumento da espessura e
adição de camadas de materiais compósitos às blindagens dos CCs a cada aumento
de potência e capacidade de penetração das novas ogivas. Enquanto isto, os
veículos destinados à Infantaria continuavam presos aos velhos paradigmas da
Segunda Guerra. O exemplo mais comum no ocidente é o M-113, de fabricação
americana, leve, barato, fácil de operar, feito de alumínio, expedicionário e
pouco útil no campo de batalha contemporâneo e híbrido.
Na atualidade, os
exércitos são forçados a se preparar para conflitos de natureza convencional
que podem criar conflitos assimétricos, ou vice-versa. De novo, o Oriente Médio
é o melhor laboratório de estudos e suas conclusões não podem ser ignoradas,
sob pena de se conseguir custosas vitórias táticas nos campos de batalha ao
mesmo tempo que se sofre fragorosa derrota estratégica.
Compreendendo a
Distância Crítica
Dentro do
conceito observado nos conflitos recentes ocorridos no Oriente Médio e Asia, surge a Força Tarefa (FT) Infantaria/Carro de Combate/Engenharia de Combate e nesta, cabe basicamente a Infantaria a
destruição das armas AC e de qualquer indivíduo cujas ações possam representar
ameaça à integridade da Força Tarefa. À Engenharia cumpre-se remover qualquer
obstáculo que atrase ou paralise o movimento da FT. E por fim aos CC, cabe
romper a linha adversária, isolando e destruindo qualquer meio móvel ou fixo do
adversário, seja na guerra simétrica ou assimétrica.
Nos campos de
batalha da Segunda Guerra, o infante combatia a poucos metros do CC, fazendo
uso do telefone ou mesmo gritos para informar à guarnição da viatura sobre
ameaças e possíveis alvos. Com o passar das décadas, os mísseis foram afastando
a Infantaria Blindada cada vez mais dos CC, de centenas de metros para diversos
quilômetros. Operados por 2 ou 3 combatentes, uma posição de mísseis pode
receber o apoio de arma automática e fazer uso do terreno, em uma combinação
onde um número reduzido de homens pode ser capaz de imobilizar uma força tarefa
atacante, levando sua progressão a um impasse e causando grande atraso até a
destruição da arma AC.
Um conjunto desta
posições, infiltradas em uma área densamente urbana, é o pesadelo do comandante
de força blindada moderna, com repercussões estratégicas e políticas
incontroláveis e em constante aceleração, fora do campo de batalha. O
processo de impedir que isto ocorra se apoia em diversos fatores, todos
decisivos, no pequeno escalão:
- características do IFV;
- efetivo, armamento e comunicações do GC; e,
- apoio de fogo local.
No campo de
batalha contemporâneo não há mais lugar para uma Infantaria que se retire do
mesmo diante da presença de CCs, pontos de resistência considerados “duros”, ou
mesmo áreas com presença de armas automáticas, mas para tanto, é preciso
empregar os novos IFVs descritos anteriormente.
Características
das Armas AC
Os IFVs sofrem
ameaças ao seus deslocamentos e integridade de diversas fontes, e devido à
natureza da guerra contemporânea qualquer forma de atraso ao movimento das
colunas blindadas implica em tempo maior de duração do conflito, aumento de
baixas e crescente oposição interna e externa às forças amigas. Portanto meros
fossos AC podem se tornar armas estratégicas em uma luta onde o campo de
batalha físico é apenas uma parte dela, na guerra assimétrica ou não
convencional. Assim sendo, temos as seguintes categorias de armas AC:
- Foguetes - projéteis relativamente simples, providos de ogiva em formato de carga oca revestida por cobre, tem sua capacidade de perfuração associada com o diâmetro da ogiva, principalmente. Tem baixo custo e não são guiados após o disparo. Os mais simples são os antigos RPG-7 russos e os mais modernos os Panzerfaust 3 alemães. Um mero RPG-7, equipado com granada tipo PG-7V pode perfurar 260 mm de aço balístico plano rolado. No outro extremo, o mesmo lançador, usando uma moderna granada em tandem tipo PG-7VR, pode penetrar até 750 mm de aço, segundo seu fabricante. Estes dados parecem ser corroborados por fontes ocidentais. Já os avantajados Panzerfausts 3 podem chegar a penetrar 900 mm de aço, destruir bunkers e devastar regiões próximas ao alvo. O alcance de ambos é de cerca de 200 m, embora as granadas-foguetes atinjam 900 m.
- Mísseis – nascidos na Segunda Guerra Mundial, com o Ruhrstahl X-7 “Chapeuzinho Vermelho”, os mísseis anti-carro evoluíram continuamente após esta. Neste campo, das armas AC, diversas gerações de mísseis filo-dirigidos (guiados por fios) foram introduzidos. Sendo os mais famosos: SS-10 francês, Malkara britânico-australiano, Milan franco-italiano etc. Em princípio o alcance não ia muito além de cerca de 1000 m e a maior parte dos mísseis atingia o solo ao invés do casco dos CCs. Mas as gerações passaram e hoje os nomes conhecidos são Spyke, Javelin, Kornet E etc. Este último, de fabricação russa, tem posto em cheque a noção de que CCs ocidentais de última geração resistem a impactos de mísseis AC no arco frontal. Seu alcance máximo é de 8 km.
- Explosivos Improvisados (IED) – Armadilhas nos campos de batalha não representam novidade, mas o acesso à arsenais de governos e o apoio de países simpatizantes faz com que pequenos grupos em luta tenham acesso a explosivos de grande potência e em grande quantidade. Na invasão do Iraque os americanos lidaram com granadas de artilharia e obuses em profusão, obtidos dos paióis dos antigo exército iraquiano, e que eram escondidos nas margens de rodovias e passagens movimentadas do país, causando explosões tão fortes, que eram capazes de despedaçar as viaturas Humvee, caminhões, IFVs Bradley e mesmo imobilizar alguns CC Abrams M1. Toda viatura que se coloque hoje como sendo capaz de operar em cenários de guerra assimétrica ou convencional, terá que ser preparado desde a concepção do projeto para lidar com isto.
- Obstáculos – Tão antigos quanto as guerras, continuam sendo usados com sucesso. E mais ainda agora, onde cada segundo a mais de duração do conflito conta contra a força regular. Ressalta dramaticamente o fato de que a Engenharia de Combate Blindada, agora parte da FT moderna é absolutamente necessária para que a velocidade da coluna e os tempos de execução não sejam alterados.
Um Cenário
Hipotético de Emprego
Um cenário
simples, hipotético, mas baseado em relatos sobre confrontos recentes, seria
como à seguir. Em uma região densamente povoada o inimigo irregular se oculta em
casas, hospitais, escolas, igrejas etc. Espalhadas por esta região se encontram
um número restrito de combatentes inimigos, porém existe uma arma automática,
diversos fuzis AK-47, RPG-7 e uma unidade de mísseis AC, com alcance útil de 3
km. Fosse um conflito tradicional, o poder devastador da Artilharia entraria em
ação e a coluna Bld continuaria seu avanço até o rompimento da linha
adversária, mas neste caso, o emprego da artilharia é proibido por razões
políticas, sendo o apoio de fogo máximo disponível o de morteiros 120 mm
embarcados em viaturas tipo M-113. Mas apenas com autorização do escalão
superior. A tropa de Inf Bld portanto estaria imobilizada, sujeita a pesadas
baixas no nível de fração e subunidade. E o tempo escoando sem uma vitória
decisiva, contribuindo para derrota estratégica, mesmo que diante de uma
vitória tática posterior.
As soluções que
hoje se apresentam vem de Israel e Rússia e convergem para o uso de IFVs com
características já descritas. A solução fica da forma: o IFV deve ser capaz de
resistir a impactos diretos por mísseis e foguetes AC, permitir o desembarque
seguro da tropa, avançar até a distância de emprego de suas próprias armas, que
sendo de tiro direto e menor poder de destruição, tendem a ocasionar menos
danos colaterais. Então deve engajar o inimigo, fornecendo ao infante agora
desmontado apoio de fogo decisivo, além da possibilidade de retração rápida sob
fogo, ressuprimento de munição e víveres, rede rádio extendida e inteligência,
através do uso de seus sensores montados na torre automatizada.
As torres ELBIT
UT-30BR e REMAX são exemplos disponíveis no Brasil destas torres automatizadas.
É questão de tempo até que os Exércitos regulares sejam capazes de reproduzir
cenários semelhantes em guerras convencionais, onde o emprego tático da
Artilharia será bastante limitado, porém de alta precisão.
O GC e os Meios
Necessários Para Cumprimento da Missão
Desta forma,
recai sobre o menor elemento individual da Inf Bld, o Grupo de Combate (GC), a
responsabilidade de vencer o conflito, da mesma forma que nas guerras
assimétricas “clássicas”, ou de quarta geração.
Quais são as
missões que podem ser determinadas para um GC de um pelotão de Inf Bld? A
partir da missão básica da Infantaria, no contexto de uma Força-Tarefa (FT)
blindada, pode-se argumentar que uma das missões básicas será a de proteger os
CC dos ataques da Infantaria inimiga. Na Ofensiva, a missão da Infantaria é a
de imobilizar/destruir as armas AC do inimigo, sejam elas posições de mísseis,
foguetes não guiados e elementos operando/implantando Dispositivos Explosivos
Improvisados (IED). Na Defensiva, o oposto ocorre, devendo se evitar o
engajamento da força blindada decisivamente e de forma prematura, cabendo a Infantaria garantir a mobilidade da coluna ante armas AC.
Na sua fração
Grupo de Combate, diversos autores e instituições apresentam suas posições
quanto ao tamanho ideal desta fração, obviamente determinado pelo tipo de
missão a ser cumprida. A Inf Bld pode usar a mesma formação da Inf Mec. Os
IFVs atuais levam um grupo único de 6 a 7 combatentes. Este número foi
determinado para o cenário de guerra simétrica. Os israelenses consideram
insuficiente para a nova realidade da guerra assimétrica e o Namer transporta 9
combatentes.
O novo gigante
russo Armata T-15 IFV (não confundir com o CC da mesma família, T-14) vai pelo
mesmo caminho. Partindo do principio básico de que a força blindada será
contida por outra força blindada do inimigo, ou será empregada em uma região
densamente defendida e armadilhada por um inimigo não-regular, a presença de um
GC de 9 homens, divididos em duas esquadras, parece ser mais efetivo do que os
GC compostos de uma esquadra só. Uma das esquadras porta a arma automática do
GC, sua munição extra e explosivos para “atravessar” paredes; a outra porta uma
arma AC de emprego geral tipo AT-4, para remoção de pontos “duros” sem a
destruição excessiva causada pelo apoio de fogo de artilharia clássico.
Haverá também um
Cb com curso básico de caçador, operando um fuzil (fz) tipo M-24. Essa
combinação permite que uma esquadra cubra o avanço da outra nos ambientes de
guerra regular ou irregular. Na viatura permanecem, o comandante da
viatura, o operador da arma automática pesada remota (metralhadora .50 ou
canhão 30 mm) e seus sensores e o motorista, que a mantém em segurança, com as
usuais técnicas de posicionamento.
A falta de
blindagem nas viaturas americanas disponíveis, devido à prematura declaração de
vitória e remoção do efetivo blindado da região, na Segunda Guerra do Golfo (ou
Invasão do Iraque), levou a um número elevado de baixas, o que só foi contido
com a entrada em serviço dos chamados MRAP (Mine-Resistant Ambush Protected)
Vehicles, ou seja, em livre tradução: Veículos Protegidos Contra Emboscadas e
Resistentes à Minas. E mesmo assim estes tiveram que receber a chamada blindagem
“gaiola” para sobreviver aos ataques dos modestos RPG-7.
No auge da
insurgência no mesmo conflito, o Exército Britânico patrulhava as áreas
vermelhas com CC Challenger 2, que sofriam desgaste e não eram adequados à
missão, mas sobreviviam aos ataques de todos os tipos.
Os debates sobre
a atuação de Ariel Sharon no contra-ataque sobre Suez ainda geram intensa
polêmica em Israel, dada a colossal perda material e humana ocorrida decorrente
daquela vitória. Mas o que teria de fato ocorrido se as vtr M-113 da Inf Bld
tivessem chegado a tempo naqueles dias? A pista pode ser achada a partir da
chamada Guerra do Líbano, onde os israelenses passaram a chamar o M-113 de
“Mobile Crematorium”, dado ao fato de que um simples disparo de foguete tipo
RPG-7 podia causar a morte de diversos ocupantes do veículos e sua
inutilização.
Pode-se imaginar,
então, o efeito devastador de um míssil AC. E quão ameaçador é um RPG-7 no
cenário sul-americano? Basta lembrar que o tubo lançador custa cerca de US$ 200
e cada granada (no mercado negro do Afeganistão, por exemplo) a modestíssima
quantia de US$ 120. O preço oficial fica obviamente bem abaixo. Qualquer
governo ou grupo criminoso/revolucionário pode adquirir lotes desta arma, se
for ao contato certo.
A partir desta
amarga realidade e sem verbas para adquirir ou fabricar novos veículos que
pudessem sobreviver nos campos de batalha, os israelenses tentaram transformar
seus M-113 em viaturas capazes, mas foi em vão. A natureza do M-113, feito de
duralumínio, impede que as modificações requerida fossem feitas e estas
acabariam por eliminar o próprio M-113 no processo, gerando uma nova viatura,
caso todas as necessidade básicas fossem atendidas.
A solução
encontrada foi aproveitar os cascos dos CC retirados da linha de frente ou
capturados nas diversas guerras e escaramuças anteriores: Centurion britânicos,
M-48 americanos e T54/55 russos. Todo o esforço foi feito para se manter a
relação peso/potência na faixa dos 22 HP/ton, valor considerado como
operacional para os terrenos da região - valores menores se revelaram
ineficientes. Para pressão sobre o solo, algumas fontes apresentam este valor
como sendo da ordem de 1.0 kgf/cm2.
As modificações
básicas consistiram em remover a torre e cobrir o orifício deixado,
reposicionar o motor e a transmissão de forma que houvesse um espaço para saída
pela traseira, reforçar a blindagem no arco dianteiro, substituir o motor por
um mais potente. Nascia assim os “Achzarit”. O fabricante alega que no arco
frontal a viatura é capaz de resistir a disparos de munição cinética (APDSFS)
até no calibre de 125 mm russo. Seu peso oscila em torno de 44 toneladas. As
limitações e vantagens deste tipo de solução podem ser encontradas em
publicações disponíveis ao público.
O colossal Namer.
O IFV israelense pesa 60 ton e usa o casco do Merkava, basicamente à prova de
todas as armas AC atualmente existentes, podendo porém ser imobilizado e
confrontado pelo Kornet E russo.
Os Achzarit estão
sendo substituidos nas linhas de frente pelos “Namer”, que são fabricados à
partir do casco do CC Merkava, pesam cerca de 60 ton e incorporam todas as
modificações e modernizações de seus sucessores, mais um sistema autonômo
(ativado por inteligência artificial) de proteção contra misseis e foguetes AC.
Os russos
chegaram às mesmas conclusões após a sangrenta batalha por Grosny, em 1995. A
partir deste ponto, se iniciou um esforço para introdução de IFVs pesadamente
blindados, capazes de suportar os mesmos impactos que os CC, dando origem ao
T-15, já mencionado. O mesmo também pode ser dito das forças envolvidas na
invasão do Iraque, na posterior “pacificação” daquele país. Com diversos
estudos em andamento, porém sem resultados palpáveis.
No Brasil, o CC
atualmente disponível é o Leopard 1A5, que apresenta relação peso/potência de
19.8 HP/ton e exerce uma pressão sobre o solo de 0.88 kgf/cm2. O CC Leopard 2,
por exemplo, bem mais pesado, tem a relação peso/potência de 27 HP/ton e exerce
pressão sobre o solo de 0.83 kgf/cm2, menor que a do Leopard 1A5. Estes
valores parecem ser adequados aos terrenos encontrados nas Hipóteses de Emprego
(HE) existentes. Então podem ser tomados como base para um futuro projeto de
IFV brasileiro.
Peso x
Expedicionaridade
A contrapartida
da opção por um IFV que seja capaz de cumprir as missões da Infa Bld no
cenário descrito pode ser um comprometimento na capacidade conhecida pelo
Exército Brasileiro como “Expedicionaridade”, ou seja, peso compatível com a
capacidade dos meios de transporte aeronavais, manutenção modular e
simplificada, munição de calibre comum com os aliados etc. Para minimizar este
efeito, algumas soluções já despontam no horizonte. A principal parece ser o
desenvolvimento de sistemas automáticos de interceptação de projéteis de baixa
velocidade, já em operação inicial em Israel ou protótipo na Alemanha (Puma) e
Rússia (T-15).
Com isso, a
necessidade da blindagem composta, de gaiola ou similar, seriam eliminadas,
reduzindo em muito o peso total do IFV. Outras opções exploradas
simplesmente abrem mão da blindagem extra, empregam torres automatizadas,
reduziram tamanho ao mínimo e aceitam baixas decorrentes da opção, como
Inglaterra (Warrior) e Alemanha (Wiesel). Para o Brasil talvez a opção seja a
especialização, reservando a missão descrita neste trabalho para as Bda de
Inf Bld, deixando às Bda Inf Mec, o ônus do pronto emprego, até que as Bda Inf
Bld possa ser deslocadas para apoiá-las.
Conclusões
As conclusões que
se pode chegar, do ponto de vista de um observador distante, são as que se
seguem:
- Os campos de batalha modernos exigem viaturas de transporte que suportem impactos diretos de CC inimigos, foguetes, mísseis, explosivos improvisados, minas terrestres, armadilhas etc.
- Para atender atender às exigências do campo de batalha contemporâneo, o IFV deverá compartilhar com o CC o casco e a blindagem do mesmo, com todas vantagens e desvantagens que isto acarreta.
- A busca de IFV expedicionário, mas sem as características descritas neste trabalho, implicará em uma viatura de emprego limitado, como ressaltado em conflitos recentes.
- A relação peso potência necessária se encontra na faixa de 20 HP/ton e a pressão sobre o solo não deve exceder 0.8 kgf/cm2.
- O IFV deve ser visto como um posto de comando e apoio móvel, atuando bem à frente, junto ao GC, oferecendo apoio de fogo, informes de posicionamento do inimigo através de seus sensores, proteção imediata em caso de recuo ou avanço inesperados, ressuprimento e comunicações com escalão superior em caso de perda de comunicação local.
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