Cezar
Augusto Rodrigues Lima Junior
Capitão de artilharia
1.
INTRODUÇÃO
A história
da busca de alvos remonta a própria origem dos conflitos armados, quando eram
levantados pontos sensíveis que deveriam ser neutralizados para facilitar o
sucesso nas empreitadas belicosas. A maneira como se atacava esses “alvos”
sofreu considerável evolução com o advento da neurobalística e posteriormente da
pirobalística. Passou-se a lançar engenhos cada vez mais destruidores e precisos
e os fogos também passaram a ser mais profundos.
Grande
salto tecnológico foi dado com o aprimoramento do tiro indireto, visto que os
fogos passaram a ser feitos de locais protegidos das vistas do inimigo, bem
atrás da linha de frente. A própria evolução da artilharia de campanha levou a
um consequente aprimoramento da busca por alvos. Passando pelos informes da
inteligência, olhos do observador, emprego de observadores aéreos e posterior
utilização de radares e veículos aéreos não tripulados, a maneira como são
levantados objetivos para artilharia deu impressionante salto no século XX.
Hoje os
países mais avançados militarmente já trabalham com conceitos que abrangem não
mais apenas a artilharia de campanha, mas integram diversas atividades
permitindo ao comando possuir uma visão sistêmica do combate na área de busca de
alvos. Um desses conceitos é o ISTAR (Intelligence
Surveillance Target Acquisiton and Reconnaissance), que é o processo que
integra a inteligência, vigilância, aquisição de alvos e reconhecimento de uma
maneira que permite ao comandante possuir uma consciência situacional do campo
de batalha para poder tomar melhores decisões.
A figura 1
exemplifica a complexidade do controle que o comando deve ter sobre os aspectos
relativos ao sistema operacional apoio de fogo no campo de batalha.
Figura 1 -
Consciência situacional no sistema apoio de fogo (Fonte: Cel Emílio Monteiro e
Cap Cezar)
Dentro
desse contexto, o papel da artilharia de campanha é definido com o conceito STA “Surveillance
and Target Acquisition”(Vigilância e Aquisição de Alvos). Essa
tarefa é cumprida por unidades que empregam na sua generalidade radares de tiro
e de vigilância terrestre, bem como sensores acústicos e aeronaves remotamente
pilotadas.
O Exército
Brasileiro aprovou em portaria de 28 de novembro de 1978 o Manual de Campanha C
6-121 – A BUSCA DE ALVOS NA ARTILHARIA DE CAMPANHA, contudo até hoje pouco foi
feito relativo a esse tema. As nossas artilharias divisionárias não possuem suas
baterias de busca de alvos previstas na doutrina e, por conseguinte, ficam
dificultadas de realizar suas principais missões que são realizar fogos de
contrabateria e aprofundar o combate.
O presente
artigo tem por objetivo apresentar uma solução para o preenchimento dessa
lacuna. Foram utilizadas como fontes de consulta manuais de campanha brasileiros
e estrangeiros e artigos da internet. Serão apresentados alguns materiais
utilizados mundialmente na busca de alvos, as organizações de unidades STA de
alguns países, uma proposta para organização da especialidade na artilharia de
campanha e, por fim, uma breve conclusão.
2.
BUSCA DE ALVOS NA ARTILHARIA DE CAMPANHA ESTRANGEIRA
Diversos países empregam tecnologias modernas na atividade de busca
de alvos além de organizarem suas unidades de maneira similar, fato comum entre
os países integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O Reino
Unido possui duas unidades de artilharia nível regimento responsáveis pelo
levantamento de objetivos. O 5th
Regiment Royal Artillery tem por
tarefa operar radares de tiro e sensores acústicos, bem como fornecer equipes de
“observadores especiais” para as tropas da manobra designadas no campo de
batalha. Devido às características especiais dos seus meios e apesar de possuir
uma organização de regimento, suas baterias são empregadas de forma
descentralizada, visando atender às necessidades específicas da manobra e
possuindo para isso uma organização flexível e modular.
O 32nd Regiment
Royal Artillery é a unidade
responsável por operar aeronaves remotamente pilotadas sendo equipado com o SANT
(Sistema Aéreo Não Tripulado) Hermes 450 e Watchkeeper 450 possuindo para a
execução dessa tarefa 8 baterias espalhadas pelos territórios britânicos.
Ambas as
unidades foram regimentos de artilharia mobiliados com obuseiros no passado que,
com a modernização do exército britânico, foram transformadas em unidades STA.
O exército
australiano possui o 20th Surveillance
and Target Acquisition Regiment (Royal Australian Artillery) que
,diferentemente do modelo britânico, emprega uma organização mista de baterias.
Possui uma fração de comando, uma bateria similar a nossa bateria de comando, e
duas baterias de busca de alvos, uma que emprega radares de tiro, de vigilância
do campo de batalha e sensores acústicos, e outra que emprega aeronaves
remotamente pilotadas.
De uma
maneira geral os exércitos dividem a busca de alvos na artilharia de campanha em
frações de radares e sensores acústicos e frações de aeronaves remotamente
pilotadas, como também fazem os exércitos italiano e alemão.
Um caso a
ser estudado separadamente é o dos Estados Unidos. A capacidade tecnológica que
este país possui é tamanha que todos os seus sistemas de combate atuam de forma
perfeitamente integrada enviando dados para o escalão decisório e, por
conseguinte, permitindo que o comando tenha um real conhecimento de tudo que
acontece no campo de batalha.
Parte
desse sucesso pode ser creditada a uma excelente capacidade de comando e
controle, material humano altamente especializado e equipamentos militares de
última geração que, aliados à presença permanente de suas tropas em combate,
permitem que os Estados Unidos sejam polo difusor de conhecimentos e doutrina
militar.
No capítulo seguinte abordaremos, de maneira resumida, algumas
características que tornam o país norte-americano referência no assunto busca de
alvos.
3.
A BUSCA DE ALVOS NO EXÉRCITO DOS ESTADOS UNIDOS
3.1 TARGET ACQUISITION BATTERY
O FM 6-121 (US Army, 1990) (Field Manual 6-121 - Tactics, Techniques, and Procedures for Field Artillery Target Acquisition), em seu primeiro capítulo, define a importância da aquisição de alvos pela artilharia de campanha: “Field Artillery target acquisition plays a key role in the targeting process. Without accurate targeting data, indirect fire weapons (such as mortars, cannons, rockets, and naval guns) are of limited value”.
Para
cumprir esse “papel chave”, o exército dos Estados Unidos emprega baterias de
aquisição de alvos nas suas grandes unidades em apoio às divisões, mas também
nos grupos que integram os times de combate das diversas brigadas. A localização
de alvos nessas organizações militares é feita empregando dois tipos de radares:
os Weapons-locating Radars (Radares
de localização de armas) e os Moving-target-locating
Radars(Radares de localização de alvos-móveis).
Os radares de localização de armas, também conhecidos como radares
de contrabateria/morteiro, detectam e localizam trajetórias de morteiros,
artilharias e foguetes inimigos rápido o suficiente para o imediato engajamento
da contrabateria amiga. Também podem ser utilizados para realizar correções de
tiros da artilharia amiga.
Figura 2 -
AN-TPQ 37 Radar de localização de armas (Fonte: Wikipédia)
Os radares
de localização de alvos-móveis, também denominados radares de vigilância
terrestre, detectam, identificam, localizam e rastreiam objetivos terrestres.
Eles permitem que a aquisição de alvos móveis em território inimigo. Além de
veículos e tropas a pé, também é capaz de detectar helicópteros e aeronaves de
asa fixa que estejam voando a velocidades e altitudes baixas.
Figura 3 –
MSTAR – Man-portable Surveillance and Target Acquisition Radar (Reino Unido) (Fonte:
Wikipédia)
O papel
das baterias de aquisição de alvos é detectar, identificar e localizar forças
inimigas na área de operações da divisão ou na área de interesse com suficiente
precisão para a execução do ataque por unidades amigas. Para cumprir essa
missão, sua organização é composta pelos seguintes elementos: comando, pelotão
de vigilância, seção de processamento de alvos e um pelotão de radares.
3.2 SISTEMAS DE AERONAVES NÃO TRIPULADAS
Os UAS Unmanned
Aircraft Systems são componentes
do conceito ISTAR no Exército dos Estados Unidos. Podem ser definidos em
português como Sistemas de Aeronaves Não Tripuladas.
A figura 5, tirada doU.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035, expõe quais são os elementos que compõe
esse sistema:
Figura 5 -
Elementos componentes de um UAS (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
Os
UAS são utilizados por todos os ramos do exército estadunidense e em diversos
tipos de missões. Dentro desse conceito, os sistemas são divididos em cinco
níveis ou grupos:
-
Grupo I: de
pequeno porte, normalmente lançados pelas mãos do operador, são utilizados em
proveito de pequenas frações e na segurança de instalações. Operam a um teto de
1200 pés e possuem limitado controle e autonomia. Transportam radares de
abertura sintética, sensores eletro-óticos e infravermelhos.
Figura 6 -
RAVEN UAS – Grupo I (Fonte: Wikipédia)
-
Grupo II: de
tamanho médio, normalmente lançados por catapulta, apoiam o nível brigada e
atendem aos requisitos ISTAR nesse nível, podendo apoiar escalões superiores de
maneira limitada. Operam a até 3500 pés e possuem uma capacidade de carga maior
que os sistemas do Grupo I, transportando telêmetros e designadores laser.
Também transportam radares de abertura sintética, sensores eletro-óticos e
infravermelhos. Exigem uma capacidade logística maior em relação ao Grupo I.
Figura 7 -
Shadow 200 UAS - Grupo II (Fonte: Wikipédia)
-
Grupo III: são
sistemas maiores que os do grupo I e II. Operam a altitudes médias e possuem de
médio a longo alcance. Seu “payload” (carga-útil) inclui um indicador
de alvos móveis, detector de explosivos, detector de agentes QBN, telêmetro e
designador laser etc. Também transportam radares de abertura sintética, sensores
eletro-óticos e infravermelhos. Alguns podem carregar armas. Podem decolar de
pistas não pavimentadas.
-
Grupo IV: sistemas
grandes que operam de grandes altitudes, tendo alcance e duração de voos
maiores que os grupos anteriores. Seus “payloads” incluem sensores
eletro-óticos e infravermelhos, radares, “lasers”, relay de
comunicações, SIGINT (signals intelligence), Sistema
de Identificação Automatizada (SAI) e armas. Podem carregar mais armas que o
Grupo III sem sacrificar a sua autonomia. Necessitam pistas pavimentadas para
decolagem e pouso e possuem logística similar a de aeronaves pilotadas.
-
Grupo V: sistemas
que operam em ambiente de altas altitudes e possuem maiores autonomia, alcance e
velocidade. São tipicamente utilizados para vigilância de vastas áreas e para
realização de ataques especializados. Sua carga-útil é similar a do Grupo IV
acrescentando a capacidade de levar suprimentos. Normalmente operam sem a
necessidade de visada direta para o voo (BLOS – Beyond
line-of-sight), mas a perda de sinal de satélite pode fazer com que seja
necessária a operação com visada direta (LOS).
Figura 8 -
MQ-1C ERMP (Multi Propósito Alcance Estendido) (Fonte: Wikipédia)
Os UAS são
empregados em todos os escalões, contudo os sistemas de maior alcance, já a
partir do Grupo II, são empregados em sua maioria nas unidades de aviação e
batalhões de inteligência. A visão de futuro deles é que os SUAS (Small
Unmanned Aircraft Systems), sistemas de Grupo I, forneçam capacidade de
reconhecimento ao restante das unidades de combate.
Figura 9 -
SUAS nas HBCT (Heavy Brigade Combat Team) (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
Um exemplo do pessoal necessário para operar um sistema Grupo II,
como o Shadow 200 está exposto na figura 10.
Figura 10 -
Pessoal necessário para operação do SANT Grupo II Shadow 200 (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
Pode-se
constatar que todas as unidades que compõe a brigada pesada exposta possuem SUAS
na sua organização. Já as unidades de aviação, por operarem UAS de categorias
superiores a II inclusive, necessitam uma organização mais dedicada à missão,
sendo que para isso incluem seções de operações, de lançamento, de controle de
solo, de manutenção e reparos etc. O organograma das subunidades que operam o MQ-1C
“Grey Eagle” demonstra a
complexidade da operação deste tipo de aeronave e quantidade de homens empregada
(128 especialistas).
Figura 11 -
MQ-1C ERMP – Subunidade de Aviação (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
Já a
companhia de reconhecimento aéreo que opera os SANT Hunter possui uma
organização menor, devido também a menor capacidade do sistema (47homens).
Figura 12 -
Hunter Aerial Reconaissance Company (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
No futuro
serão empregados NANO UAS que permitirão às pequenas frações e tropas especiais
possuírem a capacidade de reconhecimento “over
the Hill” e “around
the corner”, de modo que antes da entrada em uma edificação, por exemplo,
uma equipe tática poderá enviar esses NANO UAS e ter um real conhecimento do que
se passa por trás das paredes antes que os soldados adentrem essas estruturas.
Figura 13 -
Operação de um NANO UAS (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
4. PROPOSTA PARA ORGANIZAÇÃO DA BUSCA DE ALVOS NA ARTILHARIA DE CAMPANHA DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
Observando
todas as informações expostas nos itens anteriores, é possível propor, de
maneira simples, uma organização para iniciarmos o subsistema busca de alvos na
artilharia de campanha do Exército Brasileiro.
Cabe ressaltar que vivemos uma
realidade diferente da estadunidense, pois este país possui Forças Armadas
extremamente superiores e com recursos financeiros muito maiores que o Brasil.
Por conta disso, devemos buscar uma solução mais afeta à nossa realidade.
4.1 A BUSCA DE ALVOS NO BRASIL: UMA PROPOSTA
A
doutrina brasileira prevê a bateria de busca de alvos como orgânica das
artilharias divisionárias. O Exército Brasileiro passa por um processo de
transformação no qual alguns tipos de organizações serão criadas e outras
suprimidas. Por conseguinte, a bateria de busca de alvos não deve então se
restringir a uma organização existente hoje, mas sim na maneira como podem ser
mais bem cumpridas as missões.
Foi visto que os equipamentos básicos para dotarmos o nosso
subsistema busca de alvos são os radares de localização de alvos, radares e
sistemas de vigilância do campo de batalha e os sistemas de aeronaves não
tripuladas.
Dentro desses materiais, nota-se uma grande diferença de emprego dos
radares e sistemas de vigilância dos SANT. Isso é evidenciado na organização das
diversas unidades STA ao redor do mundo. Os SANT e os radares geralmente são
empregados em frações diferentes.
A ideia
então é possuirmos uma bateria de busca de alvos mobiliada com radares
realizando a vigilância do campo de batalha e rastreando trajetórias de armas
inimigas e outra bateria contando apenas com sistemas de aeronaves não
tripuladas.
Ao exemplo do exército australiano, poderíamos possuir um grupo de
busca de alvos com uma bateria de radares e outra de SANT ou poderíamos possuir
duas unidades distintas, um grupo somente com SANT e um grupo somente com
radares, como é o caso do exército britânico.
O mais importante é que essas subunidades tenham mobilidade,
flexibilidade de emprego e principalmente independência para poderem atuar
isoladamente no campo de batalha, caso sejam cedidas em apoio a algum escalão da
Força Terrestre Componente.
Figura 14 -
Exemplo de organograma de um GBA (Fonte: Cap Cezar)
Seguindo
a visão de um grupo com baterias mistas, raciocinando que cada subunidade deve
ser capaz de atuar de forma independente do grupo e utilizando como exemplo as
subunidades estadunidenses, a organização de cada subunidade poderia ser feita
da seguinte maneira:
- Bateria
de Comando: contando com uma seção de comando, seção de administração, seção de
reconhecimento e segurança, seção de inteligência, seção de comando e controle e
guerra eletrônica e uma seção de manutenção.
- Bateria
de Aquisição de Alvos: seção de comando (comando e controle, manutenção e trens
da subunidade), seção de processamento de alvos, seção de vigilância, seção de
radares, seção de manutenção de eletrônicos.
- Bateria
SANT: seção de comando (comando e controle, manutenção e trens da subunidade),
seção de controle de solo e operações, seção de lançamento e recuperação de
aeronaves, seção de processamento de alvos e seção de manutenção SANT.
No caso da Bateria SANT é importante ressaltar que os sistemas que a
mobiliariam seriam os de Grupo II, de acordo com a classificação estadunidense
aqui exposta, e ela se assemelharia a duas Companhias de Reconhecimento Aéreo
Hunter somadas. O motivo de basearmos essa estrutura nos sistemas de Grupo II é
que este se adéqua mais as missões STA da artilharia de campanha, mas próximas
ao nível tático.
As missões ISTAR e demais missões que empregassem sistemas de Grupo
III em diante seriam mais bem cumpridas caso fossem criadas unidades de aviação
a semelhança das unidades ERMP do exército dos Estados Unidos. Elas pertenceriam
à Aviação do Exército e seu foco seria no âmbito
estratégico/estratégico-operacional.
4.2 O EMPREGO DA BUSCA DE ALVOS EM OPERAÇÕES DE NÃO GUERRA
Os
meios de busca de alvos como radares de vigilância terrestre e sistemas de
aeronaves não tripuladas possuem características que lhes permitem ser
empregados não só no combate, mas também na vigilância das fronteiras, operações
de resgate em calamidades, proteção de instalações, segurança pública etc.
Figura 15- SANT orientando a chegada
do resgate em uma calamidade (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
O Brasil
possui milhares de quilômetros de fronteiras terrestres que atravessam
florestas, montanhas, rios e campos, sendo praticamente inviável a vigilância de
toda essa extensão com a presença humana. Os criminosos transnacionais utilizam
o país como rota e destino de drogas e armas, bem como de pirataria de produtos
industrializados, animais e plantas.
O
Exército, pela Lei Complementar Nº 136 de 25/08/2010, no seu Art. 16-A, é
responsável por ações preventivas e repressivas na faixa de fronteira terrestre
do território nacional, realizando com frequência inúmeras operações para conter
diversos tipos de delito nessas regiões. Uma maneira eficiente de vigiar essas
fronteiras é empregando sistemas aéreos não tripulados com sensores de
monitoramento e rastreamento, bem como radares de vigilância terrestre
espalhados em pontos críticos do território, como nas fronteiras secas.
Se
possuíssemos unidades de busca de alvos, essas organizações poderiam muito bem
empregar os seus meios nessas missões, aumentando o controle e a eficiência das
operações. O uso das aeronaves e sensores também seria muito útil para
realização da vigilância de instalações estratégicas para a nação, como de
usinas nucleares, parques industriais e prédios públicos importantes.
Um exemplo
do uso de SANT na vigilância das fronteiras seria o deslocamento desses sistemas
para os Pelotões Especiais de Fronteira e aproveitando-se das suas pistas de
pouso, realizar o reconhecimento de fronteira à distância, ou simplesmente
apoiar as operações desse tipo de missão com “olhos no céu”. Isso aumentaria a
eficiência e a segurança das tarefas executadas nessas unidades.
Figura 16 -
Campo de pouso e decolagem de SANT nos EUA (Fonte: U.S.
Army RoadMap for UAS 2010-2035)
Além
disso, com a aproximação de grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas de 2016, e a responsabilidade de coordenação e segurança
recém-assumida pelas Forças Armadas através da Portaria nº 221 do Ministério da
Defesa, publicada no DOU de 21/08/2012, a Força Terrestre necessita estar
preparada para enfrentar as ameaças que podem advir desse tipo de empreitada,
principalmente as terroristas. Dessa forma, a capacidade de vigilância
aproximada que os SANT e sensores permitem, também seria de vital importância
para o sucesso da missão.
Podemos ressaltar que as operações de resgate em calamidades que
costumeiramente contam com a participação das Forças Armadas, seriam mais bem
coordenadas com a utilização de SANT, pois permitiriam ao comando ter uma real
situação dos danos infligidos, bem como iniciar a busca por vítimas sem ter que
enviar homens para áreas onde não há feridos, podendo assim concentrar melhor os
esforços e poupar as aeronaves de asas rotativas para que façam apenas
transporte de feridos e evitar a exposição de meios humanos de resgate a
situações perigosas.
Dois importantes projetos do Exército poderiam utilizar essa
capacidade de busca de alvos. O SISFRON, que visa à vigilância das fronteiras
brasileiras, e o PROTEGER, que tem por objetivo a segurança de instalações
estratégicas para o país. De fato, as discussões do sistema apoio de fogo no
Fórum de Doutrina Militar Terrestre do Departamento de Educação e Cultura do
Exército, já haviam levantado a possibilidade de uma unidade de busca de alvos
da artilharia de campanha integrar esses projetos.
Por fim, se possuirmos unidades de busca de alvos, como o grupo de
busca de alvos, poderemos empregá-las nessas atividades supracitadas tendo assim
maior êxito nesse tipo de operações de não guerra.