FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."
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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Artilharia de Tubo em Áreas Urbanas *234


A artilharia de tubo é um dos multiplicadores de combate mais poderosos em um teatro de operações. Em todo o espectro de operações ofensivas, defensivas e de estabilização, ela serve como um meio de apoio de fogo orgânico, oportuno, disponível o tempo todo, sob quaisquer condições climáticas. Embora a artilharia de tubo seja um dos muitos sistemas de armas capazes de utilizar munições de precisão, sua qualidade única vem da capacidade de pronta resposta com um alto volume de fogo, com várias combinações de projéteis e espoletas.

As operações em terreno urbanos, devido às suas peculiaridades, vem demonstrando a preferência dos comandantes de substituir o poder de fogo representados por sistemas complexos, por homens com capacidades de atuação mais pontual e específicas, e o emprego da artilharia de tubo se faz adequado e necessário. Iniciativas de modernização melhoram continuamente o equipamento em uso, adequando-o às novas demandas, e o combate urbano atual exige engenhosidade no uso dos equipamentos disponíveis para preencher lacunas de capacidade, com a incorporação paulatina de novos e mais adequados equipamentos. O sucesso em combates urbanos requer aplicação criativa e conhecimento do básico. Isso inclui “competência transferível”, ou a capacidade de aplicar competências a novos ambientes e situações. A iniciativa dos comandantes de baixo escalão e a rápida adaptação ao campo de batalha são fundamentais para o sucesso neste cenário cada vez mais presente.

O Ambiente Operacional

Emprego da Artilharia de Tubo no Ambiente Urbano

É necessário analisar o emprego neste ambiente sob os seguintes aspectos: Escolha e Ocupação das Posições de Bateria, Dispersão e Técnicas de Emprego; Comunicações e Operações Degradadas; Segurança da Bateria; Fogo Direto e Logística.

Escolha e Ocupação das Posições de Bateria

Com os requisitos da missão e considerações de apoio necessárias, as operações urbanas de artilharia de tubo são inevitáveis. Os comandantes podem considerar operar das periferias, mas muitas áreas urbanas são grandes demais para a execução de fogos destas distâncias, assim como os fogos defensivos a partir de seu interior que também se farão necessários. 

Sejam quais forem as características do terreno, a escolha e ocupação das posições de bateria serão determinadas pelos requisitos da missão. Os critérios padrão não diferem no terreno urbano, mas há um aumento inerente na complexidade de operação nestes locais. As exigências de comunicações, segurança, trafegabilidade e manobrabilidade assumem um papel de apoio, mas são vitais neste esforço. A velocidade de progressão da tropa apoiada é particularmente vital nestas análises: o ritmo da manobra tende a ser lento e deliberado em algumas situações, com combates quarteirão a quarteirão, ou pode ser rápido, no contorno de áreas urbanas, com movimentos diretamente para objetivos selecionados. 

Os ambientes urbanos apresentam grandes massas de cobertura e problemas de mascaramento imediatos. No uso de munições convencionais de saturação de área, o espaço morto é tipicamente 5 vezes a altura dos edifícios para tiro mergulhante e metade desta altura para tiros verticais. Isso causa uma maior propensão para os fogos em tiro vertical de forma a aumentar a eficácia no ataque às áreas desenfiadas entre os edifícios. Para munições convencionais de saturação de área, isso cria uma diminuição na precisão e no alcance. Missões de tiro vertical também exigem mais tempo de trajetória. Essas complexidades adicionais tornam difíceis os engajamentos de alvos de oportunidade e possivelmente até de alvos previstos. Se houverem considerações mais rígidas das regras de engajamento (ROE), as considerações de danos colaterais também podem limitar a capacidade destes fogos de saturação, embora essas considerações possam ser limitadas e minimizadas dependendo da situação. 

Uma análise criteriosa das áreas urbanas é necessária para facilitar os fogos oportunos e maximizar as comunicações, bem como as considerações de segurança. Cada tipo de área urbana apresenta desafios e oportunidades únicos.

As regiões centrais das áreas urbanas apresentam problemas significativos para a artilharia, pois geralmente são muito pequenas e compactas para fornecer áreas de posicionamento. Se a missão exigir ocupação dentro de áreas centrais, os comandantes devem considerar o posicionamento dos obuseiros nas ruas ao longo das linhas de tiro até o alvo, principalmente se a área urbana seguir um padrão radial ou de grade. Como as áreas centrais normalmente restringem o movimento, os comandantes também devem considerar a quantidade de escombros na área de posição e na seleção do local. Estruturas revestidas pesadas são mais propensas a entulho e existem com maior frequência nas regiões mais antigas das áreas centrais, bem como estruturas mais leves são menos propensas a entulho e estão nas regiões mais novas das cidades, especialmente na periferia central. As áreas centrais também podem ter problemas significativos no que se refere à campos de observação. Finalmente, a natureza densa e multidimensional destas áreas tende a dificultar a segurança das baterias.

As áreas de arranha-céus periféricas são semelhantes às áreas centrais, apresentando problemas significativos de comunicações. A diferença está nas grandes áreas abertas, como estacionamentos e parques que separam áreas periféricas de arranha-céus. Essas áreas podem ser grandes o suficiente para ocupações por pelotões e baterias, mas também são propensas ao assédio do inimigo. Os comandantes devem considerar os vários sistemas de transporte coletivo que caracterizam as áreas periféricas de arranha-céus. Estes podem representar vias de aproximação de alta velocidade para as forças inimigas que operam na área.

As áreas militares existentes nos locais podem fornecer espaços de posicionamento adequados para baterias de tiro, pois a defesa será facilitada pelas fortificações permanentes e instalações subterrâneas existentes. Os aeródromos também podem fornecer excelentes áreas de posicionamento e/ou podem funcionar como zonas de pouso de helicópteros ou zonas de coleta. A infraestrutura de comunicações interna ali existentes, podem fornecer um meio de comunicação adicional e redundante. Quanto aos riscos apresentados nas áreas militares, estas podem possuir armas de destruição em massa, gerando risco à força e preocupações com danos colaterais. Além disso, como as áreas militares podem ser um centro de gravidade para as forças inimigas, a chance de ataques complexos e de assédio pode aumentar.

As áreas comerciais podem permitir que a artilharia de tubo seja desdobrada nos corredores, utilizando as vias que cruzam as diferentes áreas urbanas. Em áreas comerciais, os estacionamentos podem ser as posições mais adequadas, mas o espaço de ocupação para obuses rebocados sofrerá restrições. Obuses rebocados terão que plantar suas pás de conteira contra o asfalto ou concreto, entulho ou paredes de construção, ou, alternativamente, encontrar uma área gramada onde se desdobrar. Finalmente, civis podem estar transitando nas proximidades, e áreas residenciais próximas podem existir, aumentando o risco do inimigo usar a população civil como cobertura e ocultação.

A áreas Industriais podem fornecer áreas de posição ideais, com espaços abertos grandes o suficiente para ocupações de pelotões e baterias. As áreas industriais também costumam fornecer ocultação adequada em grandes fábricas e armazéns de teto plano. Essas fábricas e armazéns também podem oferecer excelentes posições de cobertura e ocultação ou, se orientadas na linha de fogo, posições de tiro. Semelhante às áreas periféricas de arranha-céus, os comandantes devem considerar as vias de acesso de alta velocidade facilitadas por vários sistemas de transporte coletivo dentro e ao redor das áreas industriais. Esses centros de transporte comercial geralmente são de natureza multimodal, incluindo aeródromos e as principais rotas marítimas, fluviais, ferroviárias e rodoviárias. As forças militares que operam dentro ou ao redor destas áreas devem tomar cuidado especial com a presença de produtos químicos industriais tóxicos por ali armazenados.

As áreas residenciais estão dispersas pelas áreas urbanas e podem ser difíceis de evitar. Essas áreas podem fornecer áreas de posição ideal para a artilharia, mas exigem uma compreensão e respeito da(s) cultura(s) da área. Finalmente, como as favelas geralmente não contêm vias públicas ou serviços públicos, geralmente apresentam problemas de manobrabilidade/trafegabilidade, particularmente durante e após a ocupação, devendo ser evitadas devida a seus traçados altamente irregulares e não planejados.


Técnicas de Dispersão e Emprego

O combate urbano tem considerações únicas para técnicas de dispersão e emprego, exigindo uma análise cuidadosa do ambiente operacional. O terreno urbano ditará as técnicas de dispersão e poderá limitar o emprego aos escalões abaixo do pelotão, tornando a iniciativa do líder subalterno cada vez mais importante. A adaptação rápida para maximizar a capacidade de sobrevivência e dos fogos eficazes, como o uso de esconderijos e ataques, também podem ser táticas inevitáveis em combates neste ambiente. O espaço físico, as massas de cobertura próximas e as considerações de mascaramento podem ditar a necessidade de emprego em escalões abaixo do pelotão. Operar de forma tão capilarizada aumenta a capacidade de resposta, mas diminui o espaço disponível para fogos de saturação mais emassados. As operações nestes escalões são especialmente adequadas para o uso dos modernos sistemas digitais de direção de tiro dos obuses, mas os fogos emassados em operações degradadas – uma potencial inevitabilidade em combates urbanos – ficam mais difíceis de executar.

Operar com pequenos escalões também aumenta a vulnerabilidade ao assédio de forças terrestres inimigas. As técnicas de dispersão variam de acordo com a ameaça e o terreno. No terreno urbano, as áreas funcionais urbanas e os padrões de ruas surgem como 2 dos pontos vitais de discussão. Diferentes técnicas de dispersão são mais adequadas para áreas urbanas e padrões de ruas com base no espaço disponível, massa de cobertura, mascaramento, segurança e trafegabilidade. Por exemplo, as formações em linha das baterias ou as formações escalonadas em W fornecem controle máximo, mas devido a considerações de espaço, elas podem ser limitadas em áreas periféricas de arranha-céus e áreas centrais. Por outro lado, os comandantes podem considerar o uso das formações em cunha ou estrela em áreas centrais e de arranha-céus porque os edifícios circundantes fornecem cobertura artificial e ocultação de ameaças aéreas e contrabateria. Os espaldões são semelhantes às técnicas, táticas e procedimentos usados em áreas abertas, com seções de armas escalonadas, e em seguida, movendo-se da mesma forma para um posições de troca. Armazéns, pátios ferroviários, celeiros ou oficinas de automóveis podem ser ótimos abrigos. Se posicionadas dentro do alcance operacional da bateria, essas áreas também são excelentes posições de linha de fogo. Quando possível, os comandantes devem considerar abrigos fora das áreas urbanas para evitar a detecção. Abrigos propensos ao emprego de munições termobáricas devem ser evitados.

A proeminência do ataque de artilharia de tubo no combate urbano também pode se tornar uma tática inevitável. Há duas razões principais para esta proposição. Em primeiro lugar, com os problemas de localização até as massas de cobertura e de mascaramento inerentes às áreas urbanas, as formações de artilharia podem ter que trocar de posição rapidamente para apoiar as forças de manobra. A segunda é a natureza letal da ameaça. A realidade é que os sistemas de armas e sensores inimigos sejam tão capazes de encontrar e atacar unidades amigas que se é forçado a empreender missões de tiro deliberadas e/ou apressadas. A sobrevivência pode depender da capacidade de ocupar rapidamente uma posição, executar a missão de tiro necessária, e em seguida retornar rapidamente para trás da linha avançada para outra área de posição ou desenfiamento.

Comunicações e Operações Degradadas

A discussão sobre comunicações e operações degradadas no combate urbano são elencadas em 4 tópicos. Primeiro, planos de comunicação eficazes são essenciais. Em segundo lugar, pode ser necessária flexibilidade para o uso de plataformas e meios de comunicação mais antigos em conexão com meios mais tecnológicos para preencher as lacunas de capacidade criadas por novas tecnologias e demandas. Terceiro, pode haver a necessidade de minimizar as assinaturas eletrônicas. Quarto, as formações de artilharia de tubo devem ser proficientes em operar em modos degradados e analógicos. Pois não importa o ambiente e os meios disponíveis, as missões de tiro tem que ser executadas.

As capacidades inimigas e o terreno urbano podem degradar as comunicações em futuros combates urbanos. Arranha-céus, linhas de energia, transformadores ou outras estruturas urbanas podem interromper os sinais eletromagnéticos necessários para as comunicações. Outros sinais, como telefones celulares, serviços de emergência e outras redes táticas, também podem degradar as comunicações. O espectro eletromagnético Inimigo e os recursos cibernéticos também estão avançando rapidamente, cada um com a capacidade potencial de interromper, degradar ou negar sistemas de comunicação amigos. Planos eficazes maximizam o uso simultâneo dos sistemas de comunicação disponíveis, modernos e tradicionais, monitorando e nivelando-os conforme necessário. Os planos de comunicações bem elaborados minimizam as interrupções nas comunicações, maximizando assim os disparos eficazes e facilitando os mecanismos inter-relacionados de C2.

Os planos de comunicações podem não eliminar todos os gargalos inerentes às comunicações. Consequentemente, são vitais a flexibilidade dos meios C2 que devem permitir a execução descentralizada das missões de tiro. As unidades de artilharia devem ter a capacidade de empregar o maior número de meios simultâneos de comunicações do nível do grupo para o nível da bateria dentro de uma arquitetura flexível. Esses tipos de sistemas disponíveis são o rádio ar-terra-ar, o rádio de alta frequência (HF) e o rádio com link de satélite. A integração bem-sucedida desses 3 sistemas pode determinar a eficácia do apoio de fogo entre os usuários. A capacidade das unidades em executar fogos precisos e oportunos exige o uso eficaz de todos esses 3 sistemas. O rádio tático é o sistema mais abundante nas unidades. Com o uso de um amplificador de potência, estes sistemas são capazes de comunicações de voz até 40 km e dados até 20 KM. O terreno urbano, no entanto, pode restringir severamente o emprego nestes alcances. Equipes de retransmissão podem flexibilizar estes meios sobre ou ao redor de obstáculos para permitir disparos efetivos. Estas equipes devem estar equipadas com o maior número possível de sistemas afins para operar em emprego prolongado, e devem garantir que os locais de retransmissão possam entrar em contato com todos os nós necessários. Como cada sistema requer uma antena para cada rádio na configuração, a situação eletromagnética e operacional destas equipes pode ficar insustentável em algumas situações. Por esse motivo, é vital que elas entendam a missão, e tenham capacidade de uso de locais alternativos e suplementares.

Os comandantes também devem fornecer anexos de segurança às equipes de retransmissão devido às considerações de segurança inerentes ao terreno urbano. O uso de Sistemas Aéreos Não Tripulados para fornecer uma capacidade de retransmissão pode reduzir o risco. Como alternativa a uma equipe de retransmissão, as unidades podem usar outras unidades amigas para retransmitir mensagens quando a comunicação direta não for possível. Os rádios HF fornecem voz à unidade e comunicações digitais que transmitem sobre obstáculos e longas distâncias. Infelizmente, os rádios HF são limitados, mas podem ser necessários para facilitar fogos de longo alcance atendendo às necessidades do terreno urbano. Os rádios satelitais transmitem comunicações de voz e dados em distâncias muito longas. Os grupos de artilharia devem considerar o uso sempre que possível de rádios satelitais para suas baterias, de forma a aumentar a redundância nas comunicações.

No entanto, essa transferência requer treinamento sobre o uso desses sistemas. O combate urbano pode exigir engenhosidade usando plataformas e acessórios de comunicação “desatualizados” e/ou existentes para preencher as lacunas de capacidade criadas pelas novas tecnologias. Por exemplo, sistemas de telefonia celular ou fixos civis podem ser usados em caso de emergência, e sistemas fio podem ser desdobrados através de esgotos e edifícios. Com relação às antenas de campo, os comandantes são limitados apenas pela imaginação. As antenas de campo podem ser colocadas em árvores, amarradas a balões de ar ou colocadas em andares superiores de edifícios para aumentar o alcance. As antenas, no entanto, podem revelar as posições das unidades, de modo que os comandantes devem evitar posições de silhueta.

Por outro lado, o combate urbano pode ditar a necessidade de minimizar as assinaturas eletrônicas. Nesse caso, os comandantes podem considerar períodos de silêncio de rádio para evitar assinatura eletrônica. O silêncio de rádio é um status em que todos os rádios em uma área são solicitados a parar de transmitir, dependendo de uma necessidade imperiosa. Da mesma forma, as equipes de retransmissão permitem que as unidades reduzam a saída de radiofrequência para reduzir as assinaturas eletrônicas em suas posições. Reduzir ou eliminar brevemente as assinaturas eletrônicas reduz o risco de detecção de posições de soldados e unidades. No recente conflito na Ucrânia, a Rússia realizou ataques de artilharia contra o exército ucraniano, visando seus sinais eletrônicos. Os militares dos EUA não tiveram que lidar com essa capacidade durante as guerras no Iraque e no Afeganistão.

As capacidades eletromagnéticas inimigas podem interromper, degradar ou negar os Sinais GPS necessários para sistemas digitais, forçando a artilharia de tubo a operar em modos degradados. Operar em ambientes urbanos requer uma consideração adicional: em modos degradados, os instrumentos magnéticos serão prejudicados e sua precisão degradada em áreas construídas. Essa degradação aumentará nas áreas periféricas de arranha-céus e núcleos, onde existem muitos edifícios altos com estrutura de aço. A precisão é especialmente mais necessária no combate urbano não apenas por causa de considerações de danos colaterais, mas também porque o combate urbano geralmente apresenta alcances de combate direto de fogo inferiores a 100 metros. O ciberespaço e as capacidades eletromagnéticas também podem interromper o comando de missão e o processo de direcionamento de unidades de artilharia amigas, forçando métodos analógicos na eliminação de fogos e gerenciamento do espaço aéreo. Como as redes degradadas reduzem a consciência situacional, os ensaios antes e mesmo durante as operações são vitais – principalmente quando se opera como parte de uma coalizão multinacional.

A Segurança das Baterias

A segurança das baterias em terreno urbano tem uma natureza dupla de desafios e oportunidades: o terreno urbano oferece um ambiente multidimensional para projetar a defesa, porém esta mesma sua natureza multidimensional o torna inerentemente difícil de defender. É necessária uma abordagem holística para reduzir os desafios e maximizar as oportunidades. As iniciativas de modernização para criar uma força mais móvel e ágil aumentarão a capacidade de sobrevivência.

A aplicação criativa do terreno urbano fornece alerta precoce, defesa em profundidade e dispersão. Posições fortificadas podem ser instaladas em edificações abandonadas, e prédios de vários andares podem fornecer ótimos pontos de observação e de rádio-operação, e os principais sistemas de armas podem ser posicionados de forma criativa para fornecer fogos diretos eficazes. A natureza canalizadora e compartimentada do terreno também pode oferecer aos comandantes áreas de engajamento ideais. Finalmente, em terrenos urbanos, os comandantes podem usar a cobertura fornecida por estruturas de vários andares ou podem dispersar suas seções. Em terreno aberto, os comandantes podem optar por dispersar suas pelas em intervalos de 100 metros ou mais, e ainda mais para o comando de linha de fogo (CLF). Em áreas urbanas densas, seja nos centros ou em áreas periféricas de arranha-céus, os edifícios altos podem fornecer cobertura mascarando os sistemas de fogo indireto do inimigo, permitindo uma ocupação mais compacta. Consequentemente, a ocupação em áreas urbanas densas frequentemente exige a execução de fogos verticais (acima de 45 graus).

Além de estabelecer uma defesa padrão, os encarregados da segurança também devem varrer as edificações para cima e para baixo em seus setores para cobrir edifícios de vários andares e outras estruturas altas. Devido a essas complexidades inerentes, uma força de reação rápida designada é vital para a sobrevivência no caso de uma violação do perímetro. Os comandantes também devem coordenar com as unidades adjacentes para aumentar seus planos de segurança, e solicitar anexos de segurança adicionais. Dependendo do tempo disponível, as peças podem individualmente preparar posições suplementares para cobertura de fogo direto em rotas críticas para a posição da bateria

Os sensores dos adversários e os sistemas de armas de fogo indireto também tornam os critérios de movimento de sobrevivência e a capacidade de deslocamento rápido absolutamente críticos. Apesar da agilidade da artilharia rebocada em ataques aéreos e operações aerotransportadas, elas possuem limitações inerentes nos tempos de deslocamento e proteção das guarnições. De certa forma, isso limita sua viabilidade em campos de batalha urbanos.

Há um argumento crível de que sistemas de obuseiros leves e móveis são necessários devido à necessidade premente de ocupações e deslocamentos mais rápidos. Mesmo se operado dentro dos padrões de tempo. Os atuais sistemas de armas rebocadas se deslocam taticamente em um ritmo muito lento para sobreviver no campo de batalha urbano cada vez mais exigente. Além disso, a fadiga da tripulação nos atuais sistemas de armas rebocadas é uma preocupação.

Da mesma forma, as capacidades inimigas e o denso terreno urbano exigem postos de comando (PC) mais móveis e menores. As limitações de comunicação do terreno urbano exigem PCs ágeis e móveis para manter fogos eficazes e C2 eficientes. Preocupações com a sobrevivência, especialmente aquelas relativas aos fogos de contrabateria, também ditam a necessidade de movimentos frequentes e rápidos. Com as exigentes configurações de pessoal e equipamento inerentes aos grupos, deve haver um maior equilíbrio entre eficácia e capacidade de sobrevivência.

A defesa da bateria no terreno urbano também deve seguir uma abordagem holística. Pontos vitais adicionais de discussão incluem, mas não estão limitados à técnicas de emprego e seleção de área de posição. A robótica usada na defesa e reconhecimento de baterias também pode eventualmente ser um tópico de discussão; no entanto, há uma maior necessidade dessas formações de manobra e os custos associados de projeto e desenvolvimento são altos.

Fogo Direto

Embora não seja sua missão principal, a artilharia de tubo pode fornecer uma capacidade de fogo direto de grande calibre que é eficaz na guerra urbana. Durante a Primeira Batalha de Grozny, de dezembro de 1993 a março de 1994, as forças russas utilizaram tiros de canhão indiretos para moldar e suprimir os arredores da cidade. Depois que as forças de manobra conquistaram seus objetivos iniciais, os russos utilizaram parte de sua artilharia autopropulsada em um papel de fogo direto, fornecendo um fogo de longo alcance contra bunkers, fortificações pesadas ou posições inimigas reforçadas em edifícios de concreto. Isso se mostrou eficaz, com o benefício adicional de que o fogo direto produzia menos escombros nas ruas do que o fogo indireto, permitindo maior liberdade de manobra às forças russas que avançavam.

Obuses em uma função de fogo direto trazem capacidades significativas para aumentar os sistemas de armas orgânicas de fogo direto. Muitos MBTs em função de apoio são incapazes de se elevar para engajar alvos nos andares superiores dos edifícios, e os sistemas de armas de artilharia, por sua própria natureza, podem engajar em qualquer elevação. Projéteis de 155 mm podem penetrar até 38 polegadas de tijolo e concreto não armado e até 28 polegadas de concreto armado com danos consideráveis além da parede. Projéteis de 105 mm causarão danos significativos a edifícios construídos com material leve e podem penetrar em paredes de pedra e tijolo de camada única ou concreto armado leve. Essa capacidade é especialmente significativa nas tropas de Infantaria leve e paraquedistas, porque essas formações carecem de sistemas orgânicos de armas de fogo direto de grande calibre.

Considerações adicionais para obuses empregarem fogo direto incluem capacidade de sobrevivência, tempo de ocupação de posição e deslocamento, precisão e mobilidade. Os obuseiros autopropulsados (SPGs) são sem dúvida a melhor opção, mas não oferecem a mesma proteção que um MBT a suas tripulações. As peças de artilharia rebocadas são relativamente vulneráveis, pois não fornecem proteção às suas tripulações e são mais lentas nas movimentações. Sistemas de obuseiros móveis em vez de sistemas rebocados atuais podem reduzir essa lacuna de capacidade.

Os comandantes só devem optar por empregar artilharia de tubo em uma função de fogo direto após uma análise cuidadosa da adequação, viabilidade e aceitabilidade do uso de artilharia para completar o fogo dos MBT ou outras armas de fogo direto. Quando os obuses são retirados de seu papel tradicional, a capacidade de apoiar forças de manobra e moldar objetivos futuros é degradada. Os comandantes devem pesar o esforço principal e realizar uma análise de custo-benefício dos riscos associados à utilização de obuses em uma função de fogo direto.

Logística

Devido à natureza híbrida e letal das ameaças, as dificuldades logísticas das brigadas serão ampliadas em terreno urbano. Como visto na batalha de Aachen durante a Segunda Guerra Mundial, o desafio logístico resultante para igualar este aumento acentuado de munições é significativo. Operações engenhosas e planejamento eficaz são necessários para manter fogos oportunos e eficazes. As futuras iniciativas de modernização auxiliarão no atendimento da demanda logística.

Manter o ritmo com linhas de abastecimento difíceis em grandes terrenos urbanos podem exigir que as baterias operem com uma logística limitada. Durante a invasão do Iraque em 2003, os Marines operaram sem leitos, sem sacos de dormir e, às vezes, com apenas uma refeição pronta para comer por dia. Estes regimentos também foram equipados com kits de teste de combustível para capturar e utilizar combustível inimigo, e veículos e equipamentos foram mantidos escrupulosamente.

A capacidade da artilharia de tubo de fornecer apoio de fogo eficaz depende de sua capacidade de prever efetivamente seu consumo de munição. Áreas urbanas podem ditar uma maior necessidade de certas munições, e certos conjuntos de missões requerem diferentes combinações de espoletas, por exemplo, espoletas de retardo para penetrar no concreto, granadas fumígenas usadas em operações de abertura e passagem de brechas, minas espalhadas para isolar formações inimigas de suas linhas logísticas fora da cidade, munições de precisão para alvos de alta prioridade, etc. Garantir a quantidade e o tipo corretos de munição no lugar e na hora certos é fundamental. O S3 (oficial de operações) e os comandantes de linha de fogo (CLFs) devem identificar esses requisitos no início do processo de planejamento (análise da missão) para garantir tempo suficiente para encomendar e entregar munição.

Mas apesar dos riscos à força e missão causados pelas dificuldades logísticas inerentes ao combate urbano futuro, 3 tendências tecnológicas emergentes merecem destaque. A primeira é o uso de técnicas de manufatura adaptativa, como a impressão 3D, para reduzir custos e aprimorar significativamente o trem logístico, fornecendo ressuprimento antecipado de peças e outros materiais. A segunda é usar inteligência artificial (IA) ou plataformas não tripuladas operadas por humanos para complementar os atuais trens logísticos, reduzindo o risco de força e missão em movimentos logísticos. O terceiro são os avanços tecnológicos na geração e armazenamento de energia para diminuir a dependência dos serviços logísticos em relação ao combustível. Uma dependência reduzida de combustível reduzirá significativamente os requisitos de transporte e comboios logísticos.



segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Combate em Localidade *186




Introdução

O combate em áreas urbanas tem se mostrado cada vez mais freqüente nos conflitos da atualidade, sendo uma missão difícil e notoriamente arriscada para o combatente. Tradicionalmente constituídos e adestrados para a guerra travada nos grandes espaços rurais, os exércitos modernos tiveram que adaptar-se a travar seus embates nos limitados espaços das concentrações urbanas, refúgio de forças qualitativamente inferiores e repletos de esconderijos, vielas e condições que favorecem os defensores. Combater nestes ambientes é um dos maiores trunfos daquelas forças em inferioridade tecnológica e que buscam a estratégia da guerra de desgaste, sendo estas empreitadas geralmente longas e extenuantes, mesmo para forças mais abastadas. Este tipo de cenário é o mais buscado nos conflitos de características assimétricas. O combate urbano é o combate dos inssurgentes, dos guerrilheiros, daqueles que não tem como enfrentar um exército convencional em campo aberto.

Embora se busque hoje estratégias mais modernas e menos desgastantes como o enxameamento, que busca a debilitar os defensores antes da tradicional “limpeza casa à casa”, não se pode fugir desta prática final, pois sempre poderá restar uma fração do inimigo, que mesmo que não faça diferença para o desfecho, podem continuar provocando baixas e forte pressão psicológica sobre os combatentes, que nunca sabem o que poderá estar escondido na edificação ao lado.

Qualquer porta ou janela poderá conter uma armadilha, os espaços são curtos e o inimigo poderá surgir das inúmeras pilhas de escombros ou veículos abandonados, telhados ou vias subterrâneas como galerias pluviais e de esgoto. Nunca se sabe o que está oculto ali adiante, qualquer presunção poderá ser a última e cada lugar em particular tem que ser observado, revisado, limpo e descoberto, numa faina meticulosa e demorada. Ao combatente é necessário cautela, alerta e treinamento eficaz. O grupo de combate é a unidade básica deste tipo de empreitada, e apesar de atuar inserido como parte de uma grande força, cada fração tem sua parte a fazer.

No combate urbano o defensor desfruta de uma posição segura e tende a conhecer na intimidade o terreno que ocupa, o que lhe confere grande vantagem. Empregar com inteligência um treinamento de alto nível é vital a sobrevivência do atacante, que deve saber bem avaliar quando e por onde se deslocar, por onde entrar e sair de edifícios, quando usar granadas, que posições de disparo são as mais adequadas, etc... É o atacante que dita o ritmo do combate, e fazê-lo eficazmente e com velocidade é importante a fim de não dar aos defensores tempo para reorganização.



Movimentando-se

Todo o deslocamento deve ser feito pelo interior das edificações, sempre que possível, abrindo passagens onde elas não existirem com explosivos ou outros meios. O deslocamento ao ar livre deve ser precedido de cortinas de fumaça e coberto por fogo de saturação, sempre em lanços curtos, evitando exposição demasiada. Não se deve iniciar um deslocamento se que se saiba exatamente para onde ir e se encontrará abrigo, procurando sempre ficar próximo às paredes e valer-se da sombra sempre que disponível, evitando oferecer a silhueta ao inimigo. Evita-se cruzar espaço aberto diretamente, buscando sempre o caminho mais longo se este for o mais seguro. Um atirador inimigo terá pouco tempo para adquirir seu alvo se este for rápido e contar com o fogo de cobertura de sua equipe. O trabalho coletivo é fundamental.

Quando o GC estiver agrupado não se deve cruzar espaços abertos um-a-um, pois mesmo que o primeiro homem passe, um eventual atirador terá tempo para alvejar o próximo. O movimento deve se em grupo com certa dispersão, se possível, com cobertura de fumígenos e fogos de saturação. Becos e vielas estreitas devem ser atravessados em fileira, com dispersão de 3 a 5 metros. Cada elemento que terminar a travessia deverá posicionar-se para cobrir àqueles que ainda o estão fazendo, sendo importante a capacidade de usar sua arma de forma ambidestra.



Posições de Tiro

Ao fazer fogo de uma posição coberta, não deve-se expor a silhueta em sua parte superior, que se destacará contra o fundo e tornará o atirador em um alvo fácil. Procura-se sempre disparar pela laterais no sentido diagonal para oferecer exposição mínima. Cada situação definirá a maneira mais adequada para se efetuar fogo com rapidez e precisão, usando-se sempre os cantos de edificações, paredes baixas, buracos existentes e chaminés, por exemplo.

Quando um atirador usa o canto de um prédio como posição de tiro, não deve fazê-lo de pé, pois os atiradores inimigos o esperam que faça por ser sua condição de chegada. Esta postura o expõem como um alvo grande. Ajoelhar ou deitar-se diminui seu tamanho como alvo. Detritos e escombros são bons abrigos, pois são irregulares e proporcionam uma dissimulação mais eficaz. Atirar por uma janela próximo a ela também proporciona exposição, sendo o recomendado o posicionamento da boca do fuzil a mais de 1 metro dentro do recinto. Desta forma fica difícil para o inimigo visualizar seu interior e identificar seu alvo. Visualizar de dentro pra fora é mais provável que o inverso. Em orifícios feitos nas paredes por armas pesadas também vale a mesma regra. Mesmo que se reduza o campo de tiro deve-se posicionar mais a retaguarda dele. Posições nos telhados são excelentes, proporcionam amplos campos de tiro e disparam de cima para baixo, deixando o inimigo em desvantagem. Chaminés reforçam a cobertura, mas atraem o fogo inimigo, e deve-se tomar cuidado com a silhueta. Arbustos e vegetação não detêm projéteis mas proporcionam cobertura.



Como entrar em uma edificação

Não há uma maneira completamente segura de se entrar em um edifício. Toda edificação, em princípio deve ser ocupada e “limpa”, sob o risco do inimigo estar escondido lá dentro, mesmo que não esteja reagindo. Até que um prédio seja conferido deve-se assumir que está ocupado. O inimigo deixado quieto agora pode ser perigoso mais tarde. No combate em geral quem domina as alturas domina a situação, e nas áreas urbanas não é diferente. Entrar pelas portas e janelas, principalmente as mais óbvias, é correr alto risco de ser surpreendido por armadilhas. Qualquer buraco que não tenha sido feito na hora também não merece confiança e deve ser tratado com cautela. A melhor maneira de se adentar um edifício é de cima para baixo, evitando as entradas do térreo e o combate com a cabeça erguida. Outro inconveniente de se ocupar pelo térreo é encurralar o inimigo no último andar, forçando-o a lutar desesperadamente sem ter por onde fugir, o que pode potencializar a reação dele. Se ele puder fugir pelo térreo, além de não lutar com tanto empenho, será alvo fácil para o fogo de cobertura. Ocupar a cobertura da edificação exige certo esforço e pode ser feito com cordas e escadas, helicópteros ou a partir de outro edifício já ocupado previamente, assim só a primeira ocupação é a mais trabalhosa. A ocupação com cordas deve utilizar seções grossas que podem ter nós a cada 30 cm, facilitando a operação. Cordas finas são mais leves, mas é mais difícil subir por elas. Um gancho de 3 ou 4 pontas na extremidade da corda pode ancorá-la facilmente quando jogada.

É mais fácil descer que subir, e para se entrar em um recinto pela janela, deve-se usar o rapel em uma operação na descendente, evitando esta entrada durante a subida. Ao subir uma edificação usando cordas, deve-se certificar que eventuais atiradores, que possam ameaçar a subida estejam neutralizados, bem como ter cautela se a subida tiver que transpor por janelas que podem conter ameaças. Quando do uso do rapel, todos devem estar cientes da manobra, a fim de se evitar o fogo amigo.

Ao se entrar em um recinto seja pela porta, janela ou um buraco feito na hora ou já existente, e uma vez conferida a inexistência de armadilhas, deve-se preceder a entrada com a detonação de uma granada, reduzindo desta forma a possibilidade de fogo inimigo. Porém o uso indiscriminado de granadas pode fazer com que seu estoque acabe logo e façam falta mais a frente, pois os cômodos a se verificar tendem a ser em grande número. No período da instrução básica, os soldados aprendem que o fuzil é seu melhor amigo. No combate em localidade no entanto, quando uma casa deve ser desocupada, a granada o substitui na ordem das afeições. Seu poder explosivo é reforçado pelo espaço fechado dos quartos e fornece uma fonte de potência de fogo muito mais rápida em uma situação em que o fator de velocidade é sinônimo de segurança. Quando se vai entrar em um cômodo, não se deve usar a maçaneta da porta; que poderá ter uma armadilha explosiva e, além disso, seu movimento advertiria o inimigo que ocupa a sala. Em vez disso, usa-se uma forma de estourar a porta e abri-la. Se for uma porta muito forte ou pesada, deve-se dispara contra as dobradiças e chutar a porta. A primeira coisa que tem que atravessar o limiar de uma porta não é o pé, mas a granada. Ao lançar a granada, extraí-se o pino de segurança, libera-se o capacete, espera-se 2 segundos e joga-se, reduzindo desta forma o tempo de retardo e a possibilidade de ser devolvida pelo defensor.

Sempre que possível deve-se usar lançadores de granadas, que “a despacham” a distâncias maiores e tornam o lançamento mais seguro. Uma vez detonada a granada, se adentra o recinto o mais rápido possível. Granadas com detonação por impacto são as mais adequadas,assim como granadas que se tornam inertes se as condições do lançamento não forem atendidas, como o lançamento a menos de 6 metros. O uso de armas tipo ”lança-rojão” permite de forma prática a abertura de brechas nas paredes, em pontos onde o inimigo não instalou armadilhas, porém usar estas armas em ambientes restritos requer cautela e perícia, pois o sopro de impulsão deve ser corretamente direcionado.



Movimentando-se no interior da edificação

O movimento deve ser sempre que possível por dentro das edificações, seja para “limpá-la” ou para evoluir no terreno, pois desta forma que fica protegido de atiradores. Ao se deslocar pela edificação, deve-se fazê-lo através de brechas abertas na hora pelas paredes, evitando-se pontos com armadilhas. Ao se cruzar em paralelo janelas ou outras aberturas, deve-se evitar a exposição, buscando abaixar-se, rastejar, pular, o que for mais conveniente para evitar ser visto. O inimigo pode estar observando do lado de fora. Ao se entrar em uma sala deve-se empregar sempre 3 indivíduos: O primeiro arremessa a granada, atravessa a entrada depois da detonação e posta-se de costas para a parede fazendo fogo de saturação antes de entrar, sem procurar fazer fogo seletivo e usando rajadas de 3 tiros consecutivas; o segundo inspeciona o ambiente também fazendo fogo de saturação, porém com mais critério pois já está coberto pelo primeiro indivíduo, com o terceiro indivíduo dando cobertura a retaguarda, antes da entrada.  Corredores devem ser evitados, passando-se de uma ambiente a outro abrindo passagens diretamente nas paredes, porém se forem usados, deve-se posicionar-se em seus limites laterais contra as paredes, oferecendo um alvo menor. Esquinas de corredores devem ser tratadas como se um novo fosse.

Dentro de uma edificação a granada passa a ser a arma principal, ficando o fuzil em papel secundário. Fuzis longos são inadequados em ambientes restritos e a submetralhadora ou os fuzis curtos como os “bullpup” são mais adequados. Combater no interior de edificações é provavelmente a uma das tarefas mais perigosas que um soldado enfrenta, e toda ação deve antecipar ao inimigo que está lá, esteja ou não, não havendo espaço para deduções ou intuições.

Toda edificação deve ser ocupada pela parte de cima. Quando uma equipe adentra uma edificação, outra de cobertura deve permanecer no telhado. Usando carga de demolição abrem-se as passagens pelas paredes ou telhados. Escadas devem ser evitadas, e normalmente elas tendem a não mais existir. Todas a entradas já inspecionadas devem ser protegidas, assim como devem ser dada especial atenção a sótãos e porões. Todas as posições que possam ser batidas por metralhadora devem ser saturadas, como telhados, tetos frágeis e paredes finas. Atira-se para baixo, para cima e para os lados de forma cega, alvejando quem estiver do outro lado, se estiver.

Pequenos cuidados podem evitar danos pessoais maiores. Não se deve tocar em interruptores e maçanetas, coletar objetos interessantes que podem ser o gatilho de armadilhas, pisar em locais suspeitos e utilizar passagens obrigatórias. Devemos escolher o caminho mais difícil. Armadilhas identificadas não devem ser desativadas a não ser por detonação. Ela deve ser marcada e deixada para os engenheiros. Uma armadilha pode estar próxima de outra que detonará na primeira tentativa de desativar a primeira. Deve-se sempre informar aos demais quando o ambiente está seguro, em voz alta, sendo cada novo movimento igualmente informado de forma que todos saibam o que fazer. Deve-se evitar movimentos padrão, de forma que o defensor possa antecipar o que se vai fazer.

Estar preparado para lutar em contato físico com o inimigo a qualquer momento, sob a constante ameaça do fogo dos atiradores e atravessando uma localidade defendida, é algo que exige paciência, determinação e bom conhecimento das técnicas de combate. Se faz necessário operar sala por sala, casa por casa e rua por rua para garantir o objetivo. É uma tarefa prioritariamente da infantaria, porque em tais condições, a artilharia e os blindados podem oferecer pouco apoio. 



Reorganizando-se

Ao se concluir a “inspeção” de uma edificação, deve-se reorganizar as forças para a próxima empreitada. Procede-se o remuniciamento do combatentes e um pequeno “debriefing” sobre erros e acertos. Deve-se marcar o edifício para que outros saibam que está seguro, evacuar os feridos e se for o caso organizar uma posição defensiva, usando-a como posição de cobertura para assalto a outros edifícios se conveniente.



Fortificando a edificação conquistada

Parapeitos em janelas, brechas fortificadas para atiradores com armas anticarro e metralhadoras são alguns dos recursos que devem ser instalados. Janelas devem ter sua área reduzida com pequenas aberturas que possibilitem o fogo, usando materiais do local ou sacos de areia ou terra. Deve-se tomar cuidado para, ao se preparar uma posição de fogo não torná-la óbvia, cercando-a de posições falsas e evitando que tenha um traçado geométrico e definido. Janelas devem ter seus vidros removidos para evitar acidentes, porém as cortinas devem ser preservadas, desde que não atrapalhem a visão. Telas metálicas evitam o lançamento de granadas. Posições de troca evitam que o inimigo fixe sua atenção em um ponto. Plataformas como mesas podem servir para aumentar o ângulo de fogo para baixo, se a posição estiver em um piso superior. Brechas feitas podem proporcionar posições de tiro melhores que as janelas, abertas onde for mais conveniente e mais difíceis de serem percebidas. Colchões duplos de sacos de areia em pisos superiores evitam o fogo vindo de baixo e uma mesa com sacos de areia em cima proporciona um telhado protetor. Obstáculos externos dificultam a aproximação da posição, posições falsas confundem e fazem o inimigo consumir munição e perder tempo.



Atiradores de precisão

Um atirador posicionado em um edifício deve prezar pela ocultação e camuflagem. Uma boa posição permite bater alcances de 500 metros ou mais, proporcionando campos de tiro teoricamente amplos, evidentemente limitado pelas edificações circunvizinhas, mesmo de posições mais restritas. Aberturas pequenas, convenientemente moldadas, permitem alcances longos, e posições corretas e disparos disciplinados ocultam os flashes e permitem que o atirador se mantenha incógnito por mais tempo. Atiradores bem posicionados são eficazes e sua presença impõem forte fator psicológico ao inimigo. Saber que há um atirador lhe esperando pode retardar em muito uma manobra individual e coletiva.


Fogo de cobertura

Um grupo de atiradores pode e deve se possível, ser protegido por seções anticarro, que devem levar em conta a viabilidade de disparo nestes locais restritos, devido ao sopro destas armas. Paredes podem ter que ser demolidas. Metralhadoras fornecem fogo a altas taxas e devem ser protegidas por fuzileiros, e são fáceis de posicionar, preferencialmente no nível do solo, porém requerendo aberturas de tiro maiores. Carecem também de canais de reabastecimento seguros. Tanto metralhadoras quanto armas anticarro exigem guarnições coletivas, devido ao seu peso e remuniciamento, e devem ser protegidas por fuzileiros que também recebem seu apoio.



Fogo anticarro

As armas anticarro são usadas, além do combate a blindados, contra posições nos edifícios. Posições anticarro posicionadas nos telhados permitem alvejar veículos na parte superior, onde a blindagem é mais fraca, além de que atirar na réplica para cima é mais difícil. Porém construir uma posição nestes locais pode ser trabalhoso e complicado. Deve-se levar em conta também a distância mínima para que a espoleta do rojão possa se armar. Outros cuidados devem ser observados como a remoção de pedaços de vidro, o umidecimento do solo a fim de evitar a ascensão de poeira, a proteção auricular dos combatentes próximos, verificar se não há inflamáveis e explosivos nos locais de sopro e espaço para que o sopro possa ser absorvidos com segurança.



Assaltando uma localidade

Os princípios gerais de combate convencional também podem ser aplicados em áreas urbanizadas. A maneira de implementar essas regras dependerá de se estar implementando a posse de uma localidade, um grupo de casas ou uma cidade grande. O infante deve confiar apenas em seus próprios recursos. Carros de combate e artilharia podem ser devastadoramente eficazes em seus efeitos, mas muitas vezes é impossível posicioná-los pelas ruas estreitas de uma área urbanizada. Na prática, cabe a infantaria fazer o “pente fino”, quase sempre lutando em pequenas unidades, no pelotão ou no nível da seção. A implementação de grandes operações, ao nível de companhias e batalhões, nas ruas de uma grande cidade é sempre muito complexa.

O combate convencional e o combate nas zonas urbanas diferem consideravelmente em alguns aspectos. Luta-se em distâncias muitos curtas e o inimigo pode estar na casa ao lado ou na rua em frente, talvez na próxima sala ou no outro lado de uma porta ou corredor. O combate corpo-a-corpo é provável e as reações devem ser instantâneas, porque pode não haver segunda chance. Em uma área construída, é sempre difícil localizar a origem do fogo inimigo: os silvos dos projéteis de alta velocidade ecoam nos edifícios vizinhos, sendo quase impossível determinar de onde os tiros vêm. Outros fatores de confusão são a fumaça e a poeira resultantes dos combates e sempre estão presentes nas ruas. Mesmo quando se localiza um alvo é difícil passar aos parceiros, sendo o uso de traçantes a única via possível muitas vezes.

Os setores de tiro e observação são mais restritos do que o normal e o inimigo dispõem de maior poder de ocultação e abrigo do que em outros cenários táticos. O atacante é forçado a se expor se quiser avançar e isso o torna um alvo para atiradores, que são particularmente eficazes em ambientes urbanos. Eles estão tão bem escondidos que é difícil silenciá-los com fogo seletivo. A melhor solução é o uso de petardos contra a posição da qual se acredita que o fogo tenha origem. Os carros blindados tendem a ser muito eficazes em combates próximos, mas devem ser acompanhados de infantaria. Se um carro se aventurar solitário em uma via nas mãos do inimigo, sem que a infantaria tenha conseguido proteger as casas próximas, o inimigo pode disparar com armas de carga oca contra seus lados ou retaguarda, que são mais vulneráveis. A presença de civis sempre tende a dificultar ou inviabilizar as operações.

Um plano eficaz de combate urbano deve ser simples e progressivo, para enfrentar uma situação muito complexa. As ações devem ser minuciosas, ponto a ponto, em um trabalho de paciência e muito critério. Os comandantes devem estar preparados para delegar o controle até o ponto deles ficarem por fora de cada situação em particular. Na maioria das outras situações táticas, o oficial pode ver fisicamente grande parte de sua unidade e, conseqüentemente, exercer controle sobre ela. Mas em uma área urbana isso não é possível. As ações tendem a ser limitadas, independentes, ao nível de pelotão e até mesmo ao do indivíduo. O controle geral devm permanecer na linha da frente. Eles têm que dividir a zona tática em vários setores, atribuindo objetivos limitados dentro deles aos pelotões e às seções. A limpeza dos edifícios deve ser feita completamente.

Armas e meios de apoio devem ser utilizados ao máximo. Morteiros e artilharia devem ser usados para preparar um assalto. Blindados são eficazes em apoiar a infantaria nessas circunstâncias, pois seu armamento principal pode abrir o acesso nas paredes, suas metralhadoras podem apoiar o avanço da infantaria e sua armadurs podem oferecer proteção quando se atravessa áreas expostas.

No entanto, blindados são muito vulneráveis em áreas urbanas. A infantaria que o acompanha, portanto, limpará as casas vizinhas, onde a ameaça para os blindados pode estar. O apoio dos sapadores é muito importante em áreas demolidas. Escavadeiras devem ser usadas para limpar escombros e abrir passagens para veículos, engenheiros detectarão e desativarão minas e armadilhas explosivas nas casas que serão assaltadas. Sapadores são especialistas em superar obstáculos, eliminando-os e criando-os quando necessário.

A escolha do equipamento é de grande importância nas operações de combate urbano. Existem exércitos que já não têm lança-chamas, armas de grande valor nessas condições. Alemães e britânicos os usaram em larga escala durante a Segunda Guerra Mundial, porque descobriram que eram adequados para a limpeza de edifícios e casamatas. Outra arma muito apropriada é o lançador de granadas anexado aos rifles, capaz de lançar projéteis explosivos altos através de janelas, portas e outras aberturas. Uma das demandas neste tipo de operação é a de abrir buracos nas paredes. Quando blindados não estão disponíveis, armas como mísseis anticarro ou lançadores de granadas, são muito úteis. Ambos foram projetados para perfurar armaduras, algo muito diferente, mas ainda têm alguma eficácia contra as paredes. Outros acessórios muito valiosos são aqueles que servem para escalar, como escadas de corda e alumínio, e ganchos. Às vezes, é impossível entrar em uma edificação no piso térreo e é necessário chegar rapidamente a uma janela no primeiro andar.

Os cartuchos de 5,56 mm têm a vantagem de ser mais leves do que 7,62 mm e mais fáceis de usar em ambientes fechados, mas a munição de 7,62 mm é mais adequada do ponto de vista balístico para o combate urbano. Granadas devem ser transportadas em quantidade, tantas quanto se possa transportar confortavelmente, além de um bom suprimento de munição para armas individuais. Também são muito úteis granadas fumígenas usuais e de fósforo branco, e munição traçante para indicar objetivos.

No combate urbano, tal qual como em toda manobra militar, é vital a existência de comunicações eficazes. Saber que edificações estão liberadas permite ao comando canalizar seu apoio de forma mais eficiente. Proteção blindada permite se dispor de uma base de fogo para apoio à infantaria que faz o trabalho pesado, além de oferecer proteção a estes do fogo inimigo, permitindo a evacuação de feridos de forma mais segura. Coletes balísticos comuns oferecem proteção individual contra estilhaços e projéteis de baixa velocidade. Projéteis de alta energia como os de 7,62 mm demandam coletes mais pesados que interferem na mobilidade, porém são necessários. Deve-se sempre que possível, evacuar os civis das áreas de combate, pois o inimigo pode usá-los como escudos humanos. Onde há civis existe mais cautela na execução de bombardeios, além de que guerrilheiros podem passar desapercebidos entre eles. Posições de tiro devem ser cuidadosamente escolhidas, e são importantes no posicionamento de armas de precisão.

O ambiente urbano é propício a existência de armadilhas, explosivas ou não. Desativar uma armadilha pode uma forma de se expor ao fogo, posicionado para cobrir a armadilha. Nestes ambientes é mais difícil a identificação do inimigo, que podem usar uniformes das forças amigas ou mesmo roupas civis. Não identificar o inimigo corretamente pode ser a diferença entre a vida ou a morte, ou ainda o precursor do fratricídio. Armas curtas facilitam a maneabilidade em ambientes restritos, e as longas permitem o fogo de longa distância, principalmente se equipadas com aparelhos de pontarias mais apurados, estas oferecem um campo visual restrito, mas preciso a longas distâncias, e alvos fugazes podem rapidamente se esquivas delas. Olhar constantemente por miras telescópicas pode impedir de se ver o que está acontecendo ao seu redor. Calibres mais leves permitem que se transporte mais munição. A manobra é vital neste tipo de combate, como progressão de uma edificação a outra a fim de criar zonas livres de presença inimiga, permitindo o avanço por rotas cobertas e protegidas, sempre acompanhadas da manutenção de rotas de fuga para a necessidade de retiradas.


Uma vez que a ocupação de uma edificação se inicia, deve-se procurar progredir com velocidade, sem negligenciar a segurança, e tornar o edifício seguro em tempo reduzido, permitindo que se desdobre nele um dispositivo defensivo e impeça que o inimigo contra-ataque. O interior das edificações poderá estar escuro e o uso de intensificadores de visão recomendável. Indivíduos de estatura menor acabam por ter mais mobilidade nestes ambientes, e o combate corpo-a-corpo sempre poderá acontecer. Nenhuma pausa deverá ser concedida sob pena de passar a iniciativa ao inimigo. A cada fração de tropa deverá ser designada um objetivo de proporções compatível, sob pena de comprometimento da segurança. Escalões subseqüentes avançam na esteira do escalão de vanguarda, sempre pelas rotas usadas por estes, evitando-se armadilhas, assumindo setores de fogo e vigilância. Os escalões de assalto deverão avançar sob a cobertura de escalões de cobertura, que manterão o defensor “ocupado” enquanto os primeiros manobram. Assim que se invade, o fogo de cobertura deve ser, sob coordenação, direcionado para os cômodos em ordem consonante ao avanço, e por fim bloqueando a fuga da edificação.



O assalto

Neste tipo de combate, em localidade, a vantagem tática natural está sempre com o defensor. Conhecimento prévio da posição e suas particularidades, armadilhas explosivas nos edifícios e escombros, atiradores bem posicionados, posições fortificadas e difíceis de serem identificadas, enquanto que o atacante não tem escolha senão expor-se para cumprir sua missão e expulsar o defensor. 

Planejamento e preparação cuidadosa são vitais ao atacante, sempre com critério máximo para reduzir os riscos e fazer da missão um sucesso. O combatente deve preparar-se com o equipamento adequado, carregando munição suficiente e de vários tipos, com ênfase nas granadas de mão. Deve-se evitar acessórios volumosos como mochilas e ferramentas de sapa, que dificultam os movimentos ao transpor brechas nas paredes, corredores e portas. Este tipo de combate exige velocidade e rapidez de reflexos. Os assaltantes devem levar tantas lanternas quanto possível para inspecionar os interiores, acopladas às armas; NVGs que aumentam a luz disponível, servirão para observar janelas e áreas sombreadas. Equipamentos absolutamente vitais são escadas, minas e cordas. Escadas de alumínio são melhores que as de cordas, pois podem encostar-se a uma parede e facilitar o acesso rápido a um andar alto sem ter que entrar no andar de baixo.

A quantidade de munição que será levada em combate deve ser abundante, seja a missão para limpar edifícios ou ruas. Nessas ações, muita munição será gasta, e o comandante deve certificar-se que todo combatente terá toda a que precisar, com equipes de remuniciamento prestando o apoio necessário. Cada soldado deverá transportar granadas, seja de mão ou para suprir os lançadores. Munição traçante também será necessária. Na confusão que ocorre neste tipo de combate, é particularmente difícil, se não impossível, identificar os objetivos com precisão. A maneira mais simples de fazê-lo é, de longe, marcá-los com traçantes. Se os traçantes não estiverem disponíveis ou estiverem esgotados, será necessário transmitir ordens de fogo muito precisas.

Outro fator importante é a possibilidade de abrir lacunas nas paredes dos edifícios para transpô-las. Isto é conseguido com uma arma antitanque ou com cargas especificamente preparadas. Se blindados estiverem disponíveis, caberá a eles esta tarefa. A assistência médica é importante, uma vez que o número de baixas sempre se mostra alto, e um plano eficaz de remoção de feridos sempre é necessário. Cada homem deve trazer curativos adicionais e doses de morfina. Da mesma forma, uma quantidade extra de água potável e macas de reserva devem ser previstas. Além dos planos para a evacuação de soldados feridos, tem-se que prever os prisioneiros e habitantes locais. Os civis devem ser avisados para não sair, e se esconder em porões, de preferência longe das áreas de combat imediatas. Uma vez que todos esses planos e preparativos estejam finalizados, pode-se começar a limpeza das edificações. Neste tipo de luta, são estabelecidos objetivos limitados. Um pelotão é a unidade mínima apropriada para limpar uma habitação de tamanho normal. Os pelotões trabalhalham em consonância, por exemplo, cobrindo a calçada oposta de uma rua.

Uma esquadrão de assalto típico pode ser organizado com um comandante, um escalão de assalto com 2 fuzileiros assaltantes e 2 granadeiros, com um fuzileiro cobrindo a retaguarda. Um escalão de apoio com o subcomandante do esquadrão e um ou 2 atiradores. O escalão de apoio ocupa uma posição de tiro que domina o ponto de entrada e, se possível, bloqueia qualquer tentativa de fuga do inimigo. Assim que o fogo da cobertura começa, os granadeiros jogam seus petardos e os outros 2 homens entram no recinto com fogo supressivo nos cantos e pontos de provável ocultação. Baionetas garantem vantagem se surgirem combates próximos, mas aumentam o comprimento da arma dificultando a maneabilidade nos espaços confinados. A ocupação deve, se possível, começar pelo telhado, evitando-se o térreo. É aconselhável abrir um buraco na parede para tal. Uma vez que os dois homens estão dentro, eles garantem a segurança do cômodo de entrada. O líder do esquadrão, os granadeiros e o fuzileiro de retaguarda entram neste momento. Os granadeiros limpam os cômodos seguintes, sala por sala, corredor por corredor, de cima para baixo. O fuzileiro de retaguarda garante a segurança e permanece em contato com o escalão de apoio. Uma vez que a habitação esteja segura, o esquadrão é reorganizado, e prepara-se para a próxima tarefa. Ao entrar em um cômodo, se for o caso, faz-se fogo contra o telhado e o chão para neutralizar possíveis ocultos. Escadas devem ser usadas rapidamente e com fogo de apoio, e se possível evitadas.

O conhecimento das técnicas de combate em localidade, seja na limpeza de edificações ou progressão pelas ruas e do combate em áreas urbanas em geral, é fundamental para o soldado moderno. Uma parcela significativa da população mundial mora em cidades e as áreas urbanas tendem sempre a crescer, estando a operação nestes locais cada vez mais freqüente. Desalojar o inimigo de dentro das edificações é uma parte de uma operação bem mais complexa, que é a de controlar as ruas e a área urbana como um todo.

Para se chegar às edificações é necessário ter o domínio das ruas. É delas que se parte para o interior dos edifícios, e é lá que o inimigo está a espera dos assaltantes. Avançar por uma rua é tarefa para 2 escalões de combate, cada qual em uma das laterais proporcionando proteção mútua. Um escalão de reserva cobrirá a retaguarda e servirá de reforço para qualquer imprevisto. Geralmente uma rua é designada a uma companhia de infantaria, com seus pelotões compondo cada escalão de combate e sob o comando de um capitão. Ao chegar à primeira edificação cada pelotão escalonar-se-á em seus grupos de combate (GCs) com cada grupo ocupando uma edificação de forma alternada. Quando um grupo invade, os outros servem de tropa de cobertura, e quando a edificação estiver considerada segura o GC assaltante a usará para oferecer cobertura ao segundo GC que assaltará a próxima edificação. É importante manter as comunicações em bom nível, sejam eletrônicas, orais ou por sinais, de forma que todos saibam a situação atual.

Operar em prédios sucessivos tende a fragmentar as unidades, situação que pode se agravar se o inimigo lançar contra-ataques. Identificar e ocupar os edifícios dominantes é uma forma eficaz de proteger os adjacentes com a colocação de atiradores. À noite a segurança destes pontos dominantes tende a se fragilizar, quando o uso de meios de visão noturna torna-se valioso.

Usando jargão militar moderno, uma área urbana é um "multiplicador de força" para o defensor. Em outras palavras, alguns homens decididamente equipados podem imobilizar uma força maior por um longo tempo. O potencial de uma área urbana para frustrar o progresso dos assaltantes é enorme, e quanto maior a localidade, mais complexo fica o problema. Enquanto que numa pequena aldeia uma seção pode fazer o trabalho, a limpeza de um local mais populoso exigirá a assistência de uma companhia completa ou um batalhão. Cidades maiores envolverão o uso de brigadas e até divisões.

O assalto a uma pequena cidade deverá contar um com escalão de bloqueio, colocado em posição de interditar a rota de fuga do inimigo, empreitada esta mais difícil a medida que o tamanho da cidade aumenta. Um escalão de apoio proporcionará cobertura de fogo às ruas principais, que fará observação a cada edifício, eliminado os soldados inimigos possíveis antes do assalto principal. Um escalão de assalto será aquele que procederá a limpeza da localidade, operando casa por casa, edificação por edificação. A velocidade deste assalto será valiosa, impedindo o inimigo de organizar-se e empurrando-o para as áreas onde o escalão de bloqueio poderá alvejá-los.



Precauções

Difícil e exigente, este tipo de combate impõem que o agressor tenha em mente vários aspectos específicos. O inimigo nem sempre estará dentro dos prédios. Jardins e quintais podem fornecer cobertura, se não melhor, pelo menos não tão óbvias. Se o inimigo souber o que enfrentará, ele distribuirá suas forças em todos os locais que julgar conveniente. O número de granadas que cada homem pode transportar é limitado. O uso irrestrito de granadas antes de entrar em cada sala é desejável, porém a realidade é que as granadas são pesadas e ocupam muito espaço no cinto do soldado. Não se pode levar muitas, e às vezes o remuniciamento poderá ser difícil. Se uma granada for usada em cada cômodo, logo se esgotarão, salvo um remuniciamento ideal, talvez no momento em que mais se precise delas. Portanto, é recomendado um dispêndio de munição mais moderado. É uma simples questão de disciplina em combate.

Pode-se disparar através de todas as portas, tetos e paredes de madeira antes de entrar nos cômodos, mas isso não é suficiente. Lembre-se as entradas devem ser o mais rápido possível, precedidas por uma granada. Cuidado com armadilhas explosivas. Se encontrar algo em seu caminho, desvie, não mova-o, não leve souvenirs não checados. As armadilhas explosivas são relativamente fáceis de construir e são armas ideais para o defensor desesperado. Elas podem ser detonados ao fechar um circuito elétrico, ao aplicar pressão sobre um artifício, ou quando a pressão é liberada sobre ele.



Limpeza de uma rua

Uma companhia (Cia) de infantaria avança com dois escalões, mantendo um terceiro em reserva para ocupar o terreno conquistado. A companhia estabelecerá uma base forte comandando ambos os lados da rua, à frente da zona ocupada pelo defensor. Um escalão ataca em princípio com um pelotão, enquanto o resto da companhia fornece apoio fogo e suprime todas as posições inimigas que poderiam dificultar o trabalho do escalão que está em assalto. Com uma edificação segura, pode-se passar para a adjacente ou cruzar a rua para dominar a edificação oposta, dependendo da situação tática, sempre de forma coberta, utilizando-se escombros, esgotos, valas e outras vias que ofereçam cobertura.

A medida que edificações forem sendo dominadas, os grupos de fogo tomarão posições nos andares superiores dos quais podem cobrir toda a rua. Novamente, apenas uma unidade da companhia se moverá a cada vez, colocando escadas de alumínio ou subindo por cordas para alcançar o telhado do próximo prédio e começando a limpá-lo de cima para baixo. Se as baixas forem elevadas, a reserva se unirá ao escalão em assalto. Uma vez dominada a edificação o escalão de assalto a consolida e entra em reserva, deixando que outro escalão que estava em apoio ou reserva tome a iniciativa. O processo continua casa por casa até que a rua esteja segura.

Uma vez que o comandante da companhia identificou o alvo, ele estabelecerá seu posto de comando em uma casa da qual possa manter contato com as duas seções principais.

Os carros podem ser muito eficazes na luta de rua, e embora a sua mobilidade seja limitada neste cenário, são um poderoso meio de apoio, e tem um efeito inegável sobre o inimigo. Os carros são usados sozinhos ou em pequenos grupos, mas sempre com infantaria em apoio mútuo. A ação pode ser diurna ou noturna, esta se estiverem disponíveis meios adequados. O assalto deve sempre suceder a saturação pela artilharia ou os próprios meios orgânicos de apoio da infantaria. O fogo de granadas, de mão ou lançadas por armas dedicadas deve ser o mais intenso possível, com carros de combate, explosivos plantados e lança-rojões abrindo brechas nas paredes, e as granadas fazendo a vanguarda da invasão. Em locais onde não houver risco de incêndio generalizado, pode-se usar os lança-chamas para este fim, sempre depois das granadas. Barricadas devem ser removidas pela engenharia de combate para que os blindados possam passar, e nas vias onde não houver barricadas, cuidado deverá tomado pois podem ser rotas de afunilamento, levando a áreas de estrangulamento desejados pelo inimigo, “zonas de morte”. O consumo de munição será intenso e o ressuprimento deverá ser previsto e evidenciado. Os assaltos partirão de bases forte e defensáveis a contra-ataques, com edifícios-chave sendo dominados primeiramente. Saber onde o inimigo está é importante, e atiradores bem posicionados poderão fazer um acompanhamento de inteligência contínuo, informando estas posições aos escalões em assalto. Deve-se tomar cuidado especial para não se colocar em posição de fogo cruzado. Bombardeios aéreos podem ser usados, porém causam destruição excessiva e tornam a missão dos infantes mais difícil devido aos escombros gerados, embora produzam efeitos devastadores, sendo que formas de bombardeio mais pontuais desejadas. Bombardeios de artilharia forçam o inimigo a deixar os andarem superiores, facilitando o assalto a partir daí. Veículos de infantaria com seus canhões de 30 mm podem fazer fogo pela janelas com suas granadas limpando cômodo a cômodo. Uma área considerada “limpa” deverá ser adequadamente ocupada, pois existe a possibilidade de o inimigo infiltrar-se novamente à noite e aparecer nestas áreas consideradas seguras, possivelmente na retaguarda imediata, usando rotas “secretas” já conhecidas por ele.



Defendendo uma posição

Defender uma posição é evitar que o inimigo se aproxime dela, concentrando o máximo poder de fogo contra seu avanço, e colocando obstáculos em seu caminho. Os obstáculos irão diminuir o ímpeto, e tornando o avanço mais difícil e perigoso, forçando o assaltante a seguir as rotas previamente definidas pelo defensor. Obstáculos podem ser contra tropas a pé ou contra veículos, lembrando sempre que todo obstáculo deve sempre estar coberto por fogo.

Os obstáculos anti-pessoais mais comuns são as barricadas leves e arame farpado, que poderão estar minados ou não. O arame farpado é freqüentemente usado em combinação com vários tipos de dispositivos explosivos para criar um obstáculo em profundidade. As minas são particularmente adequadas devido à dificuldade em neutralizá-las: além de se espalharem por uma ampla área, sua detecção e desativação é trabalhosa. Se um campo minado é apoiado com o fogo de armas individuais e coletivas de tiro tenso, a passagem por ele será difícil e custará ao inimigo um bom número de baixas.

O local de colocação dos obstáculos deve ser criterioso. Um obstáculo é inútil se o inimigo puder desbordá-lo. Locais como travessias de rua, becos e passagens estreitas devem ser escolhidos, mas os próprios edifícios não devem ser esquecidos. Uma sala cheia de arame farpado é um obstáculo muito difícil de superar, e devido à sua característica física, ele resiste muito bem os efeitos das cargas de demolição explosivas. A menos que se consiga lançar um veículo contra o arame farpado e abrir um corredor, ele certamente terá que ser cortado a mão, uma perspectiva impraticável quando sob fogo automático de posições dominantes. Além disso, se dispositivos explosivos forem adicionados ao obstáculo, a tarefa é quase impossível.

O arame farpado em espiral ou a concertina é muito fácil de manusear e colocar. Vem compacto em rolos, e uma vez liberado se expande formando uma espécie de barreira alta e profunda. Em vez de farpas pontudas em forma de agulha, tem lâminas pequenas muito afiadas (como lâminas de barbear) que podem abrir até mesmo as luvas mais grossas instantaneamente. Diante de três ou quatro fileiras de concertina que podem alcançar a altura da cabeça, o infante está preso. Ele não tem escolha senão procurar outra via até o objetivo. Somente os veículos blindados podem penetrar facilmente, mas para tal eventualidade serão colocadas minas antitanque diante do obstáculo, onde o fogo de armas automáticas impedirá que os sapadores se aproximem para limpeza. Bem combinadas, o arame farpado e as minas são uma maneira muito barata de impedir o avanço do inimigo, mas construir uma barreira efetiva leva tempo. O arame farpado também pode ser colocado dentro de casas. Qualquer coisa que possa atrasar o inimigo é válida. Colocar as concertinas em corredores e escadas, preenchendo o máximo de espaço possível, também constitui obstáculo eficaz. Se não for possível ancorá-lo ao chão ou paredes e tetos, pode-se ancorá-la a estacas de madeira para impedir que os agressores tentem empurrá-lo com portas ou outros escudos improvisados. Não deve-se esquecer os telhados, que devem ser defendidos contra tropas heliportadas e soldados a pé. Nos terraços mistura-se concertinas a cerca com estacas grossas de madeira ou metal para evitar que os helicópteros aproximem-se. Também coloca-se em terraços para que o inimigo não possa usá-los para se deslocar de uma casa para outra, ou para rapel dos telhados para as janelas dos andares superiores. A concertina também é um bom obstáculo dentro das janelas. Os defensores podem disparar através dela, mas impede que o inimigo entre por eles. E se for suficientemente grosso, o arame farpado impedirá a entrada de granadas de mão, embora seja melhor reforçá-lo com malha de arame. Localizado e protegido do jeito certo, uma vedação é um obstáculo impenetrável em túneis e adegas, ainda mais se combinado com minas e armadilhas explosivas.



Armadilhas para carros

No entanto, a concertina não se presta a deter veículos. Apenas obstáculos dedicados vão parar um carro: uma barricada anticarro expressamente preparada, como os “ouriços de aço” (que consistem em três vigas de aço de 1 a 2 metros de comprimento, soldadas e aparafusadas em forma de tetraedro) em números suficientes para preencher uma rua inteira ou uma pilha de detritos ou veículos cheios de detritos, tão pesados que o carro não pode empurrá-los para um lado; combinados ou não com outros dispositivos. Será necessário unir os obstáculos com minas anticarro e contra-pessoal e cobri-los com fogo automático. Não é tão necessário o fechamento da via, mas a capacidade de parar o carro para que possa ser alvejado com um lança-rojão ou, melhor ainda, um ATGW. Uma maneira de fechar uma rua é preencher o cruzamento com arames de tropeço acoplados a minas e armadilhas explosivas colocadas nos escombros, que tornarão a limpeza muito mais difícil. Outra maneira é preencher vários veículos com escombros e entulho, levá-los aos cruzamentos e deixá-los lá em bloqueio, coberto sempre por fogo automático. Se não se dispõem de veículos pesados, uma solução é combinar quatro automóveis e colocá-los dispostos em forma de quadrado. Então eles são virados de lado e seu espaço central cheio com entulhos, criando uma massa pesada. Pode-se colocar cimento dentro e fora deles.



Minas e armadilhas

As minas podem ser de alguns gramas de explosivos plásticos misturados com pregos ou qualquer peça de metal, ou dispositivos industrialmente produzidos capazes de estourar uma lagarta para um carro de 60 toneladas. Eles podem ter o tamanho de uma moeda ou ser tão grande como uma lixeira. As minas de plástico não contêm peças de metal, de modo que não podem ser descobertas com detectores de metal. São tão eficazes quando cobertas pelo fogo automático, como quando o defensor coloca-as em locais que não podem ser observados o tempo todo. Mas, como elas são ativados pelo movimento, são tão perigosas para as tropas amigas quanto para o inimigo. Minas e armadilhas explosivas nunca devem ser colocadas sem balizamento e registo em um mapa de desdobramento. O modo de acionamento também é importante. Pode ser por cabo de acionamento, por pressão ou descompressão, ou por algum dispositivo de controle remoto ou elétrico. Quando um edifício ou terreno é minado, deve haver sinais indicando isso, que servem para evitar que tropas amigas avancem por ali, como para retardar inimigo e forçá-lo a se mover mais devagar e cautelosamente, o que às vezes será suficiente para fazê-lo cair sob o fogo do defensor. A imaginação pode ser muito importante ao decidir quando e onde colocar esses avisos. O defensor dá a informação certa às próprias forças e deixa o inimigo pensar como quiser. Afinal, os cartazes são muito mais baratos do que as minas, e a mera sinalização que elas estão ali, mesmo que falsa, poderá produz os efeitos desejados, tal qual a suposição da presença de um submarino na guerra naval. Sempre devem ser conhecidos e documentados os locais onde se instalaram minas, caso contrário ao se substituir uma unidade por outra pode ser muito perigoso para o recém-chegado. Cada unidade deve ter um oficial encarregado desse registro.

As minas e armadilhas explosivas não devem ser colocadas de qualquer jeito. Há lugares óbvios para colocá-las, como debaixo de escadas, no peitoril de janelas e atrás de portas, mas o arranjo deve ser variado para forçar o inimigo a parar e procurar os explosivos. Se uma mina consegue retardar um atacante o suficiente para o defensor disparar contra ele, foi tão eficaz como se tivesse sido detonada. Os dispositivos explosivos devem ser colocados em profundidade. Se um for descoberto, um segundo pode detonar ao se desarmar o primeiro. 

As minas tipo Claymore atuam exclusivamente por ação explosiva. Pode-se agregar estilhaços em torno dela para transformá-la em uma mina anti-pessoal de fragmentação ou usá-la para derrubar paredes. Além disso, pode-se remover os 675 gramas de plástico explosivo que contém e usá-los para fazer pequenas "armadilhas". Os explosivos plásticos são bastante seguros para se manusear. Pode-se jogá-lo, golpeá-lo com um martelo e até mesmo usá-lo como combustível quando você não tem nada mais à mão. Para detonar uma explosão é necessário um detonador. 

Equipamento individual

O equipamento deve ser o mínimo necessário para que se possa se mover livremente dentro da casa e através de lacunas e janelas. Deve-se sempre carregar máscara de gás, água e toda a munição possível. Os coletes à prova de balas com bolsos integrados são melhores que os cintos comuns, porque neles o peso é melhor distribuído e não vai ficar viciado quando se atravessa lugares difíceis. Um complemento vital são os protetores auditivos. Eles devem reduzir o atrito do tiroteio, mas permitir ouvir o comando. Protetores de joelho e cotovelos são uma proteção importante. Usa-se sempre capacete e óculos de plástico para proteger o rosto e os olhos do pó e fragmentos de tijolos. Curativos de campanha adicionais e morfina devem ser carregados.

Posições de tiro

Em primeiro lugar, será necessário reconhecer o terreno para delimitar os setores de disparo e ver como eles podem se sobrepor. Então será decidido por onde abrir as passagens nas paredes. A camuflagem também deve ser levada em consideração; Aberturas podem atrair fogo inimigo. A idéia é ser capaz de ver sem ser visto, matar sem ser morto. Quem está na defensiva tem a vantagem de não precisar mudar constantemente de posição, e em uma cidade há muitos lugares para se proteger. Devem ser abertas brechas que possibilitem eficientes campos de tiro. A camuflagem é muito importante e na camuflagem o que conta é a imaginação. A melhor camuflagem é a que permite ver e disparar através dela e manter a posição oculta na sombra.

Quando se atira a partir de uma janela, deve-se posicionar a uma distância prudente, distante o máximo possível de onde ainda se pode ver o exterior, mas tentando não reduzir seu setor de fogo. O ideal é o atirador preparar as brechas em locais inesperados, como por baixo de uma estrutura de janela ou através das telhas de um sótão. Essas brechas podem ser aberturas retangulares simples feitas através dos tijolos e devem oferecer uma área de observação conveniente. No entanto, se um ponto específico deve ser coberto, a seteira deve ser feita de modo que sua abertura externa seja pequena, ampliando para dentro em uma forma "V" ou cone. Para evitar lesões de fragmentos de tijolos ou estilhaços, a posição de tiro deve ser protegida com sacos de areia. Quando esta seteira não estiver sendo usada, deverá ser coberta com algum material à prova de balas, para que o inimigo não possa disparar através dela e para que ele não possa ver para dentro da casa.


Defendendo uma cidade

É mais confortável defender uma cidade do que tentar desalojar o inimigo que está instalado nela. O defensor conhece a região muito melhor do que o atacante e pode escolher entre as defesas que têm à sua disposição as que melhor respondem às suas necessidades; A coisa mais importante nestes casos é que há tempo suficiente para planejar e preparar as posições. Se as defesas urbanas estiverem preparadas minuciosamente, elas são distribuídas às tropas da forma mais apropriada e fortificadas de maneira que o defensor sobreviva ao impulso do atacante, para depois detê-lo e destruí-lo.

As forças disponíveis são divididas em quatro escalões principais: escalão de alerta, de ruptura, de defesa e o de reserva.

O escalão de alerta consiste em uma série de forças de reconhecimento cuja função é estabelecer pontos de controle no perímetro da área a ser defendida e cobrir os acessos mais óbvios. Em particular, sua tarefa é alertar a aproximação do inimigo, envolvê-lo e, se possível, destruir os elementos de reconhecimento e vanguarda do oponente para finalmente forçá-lo a implementar um ataque deliberado para penetrar na cidade . Esta força de primeiro contato será dividida em pequenos grupos, que deverão operar e lutar até que sua situação seja verdadeiramente insustentável. Esta missão exige nervos de aço e grande profissionalismo. Uma vez que eles fizeram seu trabalho, esses grupos podem se retirar para se juntar as forças de maior poder.

O objetivo o escalão de ruptura é cobrir o terreno entre o perímetro e as posições principais, localizado no coração da cidade. Pertencer a este elemento de ruptura é uma excelente oportunidade para desencadear a imaginação tática. Esta força tem como missão específica atrasar, confundir e desorganizar o inimigo. Isso pode ser feito com detritos, minas, veículos em obstrução, armadilhas explosivas, atiradores e destruidores de tanques. A idéia é provocar o maior número de baixas e atrasar o avanço do inimigo, enquanto tenta trazê-lo para as áreas escolhidas antecipadamente, em que a maior parte das forças de defesa pode imobilizá-lo e destruí-lo. Isso é conseguido deixando algumas ruas relativamente desimpedidas através dos principais pontos fortes defensivos.

O escalão de defesa é a força principal, e deve ser desdobrado em posições muito fortes no centro da cidade, com o apoio de carros se estiver disponível. É neste local que o defensor deve resistir ao ataque do inimigo, já parcialmente debilitado, e vencê-lo. Também é aqui onde os pontos de retardamento serão erguidos e onde deve-se permanecer firme. Se o trabalho for feito da maneira apropriada, o atacante não poderá expulsar o defensor.

O escalão de reserva apoiará o escalão de defesa onde o atacante conseguir penetrar por alguns pontos no núcleo principal das posições. O defensor recorrerá às suas reservas para que elas compensem as brechas e destruam qualquer infiltração que não puder ser interrompida pela força da ruptura. Se algum ponto for penetrado é a reserva que vai contra-atacar e recuperar o controle.



A escolha do ponto forte
  
A escolha do ponto forte ditará como a defesa de uma área urbana deve ser planejada e como as forças disponíveis para ela serão organizadas. Primeiro, um edifício conveniente deve ser escolhido. Se for muito pequeno, o impacto de uma única arma de artilharia ou canhão de carro de combate pode matar a maioria de seus ocupantes. Por outro lado, se for muito grande, será necessário dispersar muito os defensores, que não poderão cobrir todos os acessos ou conseguir uma concentração adequada de fogo que impeça o inimigo de se aproximar do local. A escolha do edifício ideal para preparar um reduto é, possivelmente, o mais difícil dos problemas que o defensor terá.

Ao localizar um edifício das dimensões apropriadas, deve-se garantir que sua estrutura seja adequada. Deverão ser evitadas casas com armações de madeira cobertas de argamassa e tijolos. Alguns edifícios auxiliares rurais e casas de verão são feitos dessa maneira. Eles são inflamáveis e reduzidos a escombros com facilidade, especialmente se forem atingidos por uma arma pesada. Também evita-se bangalôs modernos e pequenas casas de dois andares, que às vezes são feitas de materiais leves, como madeira e tijolos finos. Algumas partes dessas casas nem protegem do fogo de armas portáteis. Os edifícios muito altos, cuja estrutura básica é feita de aço ou concreto, sem paredes importantes e muitas vezes revestidas com grandes superfícies de vidro, também não são adequados para defesa. Embora possam ser usados como grandes postos de observação, existe o perigo de um colapso progressivo se a estrutura for atingida em um dos seus andares inferiores. Não há dúvida de que os melhores edifícios de defesa são os mais tradicionais, com paredes grossas levantadas com tijolos ou pedras, e geralmente com três ou quatro andares de altura. Este tipo de estrutura foi a mais comum até a primeira metade do século XX, e é caracterizado por janelas relativamente pequenas, inflamabilidade inferior, e especialmente nas cidades pequenas por ter porões profundos e bem construídos. Sua versão mais moderna, construída de blocos de tijolos ou de cimento, com telhados de uma ou duas águas, tetos e pisos feitos de concreto, também são muito adequados para defesa.

Os arredores

O entorno do edifício também influenciará a escolha. Embora seja importante ter bons campos de tiro, também é importante que não seja muito isolado. Haverá acesso à entrada e saída do mesmo, e reforços ou suprimentos não podem, muitas vezes, ser recebidos durante a batalha. Idealmente, no jardim deve haver espaço suficiente para abrir trincheiras, das quais o inimigo será impedido de se aproximar da casa. Uma vez que a casa (ou as casas) que se tornem um reduto foram escolhidas, elas devem estar preparadas para o que se espera delas. Em primeiro lugar, você tem que trabalhar no exterior. Algumas ruas serão bloqueadas com escombros ou com veículos derrubados, ou com ambos. Os obstáculos de arame farpado e outros tipos de barricadas podem ser aumentados. As minas também podem ser colocadas e armadilhas explosivas preparadas em torno da edificação, o que desencorajará o inimigo de tentar aplicar cargas explosivas contra suas paredes. Da mesma forma, setores de fogo mais amplos serão abertos do que aqueles que podem existir para que o inimigo possa ser adquirido a uma distância maior e efetiva.

Como reforçar o ponto forte

Em primeiro lugar, a proteção fornecida pelas paredes deve ser aumentada colocando montes de sacos de areia contra eles. Outros reforços válidos são baldes cheios de terra, troncos e até colchões. Barricadas serão preparadas em todas as entradas, exceto por uma em que os defensores entram e saem da casa. Mas deve-se estar preparado para bloqueá-la se for necessário. As escadas e corredores também serão bloqueados. Os defensores mover-se-ão de um lado do prédio para o outro através de lacunas abertas em divisórias e tetos, que também devem estar preparados. Para mover-se de um andar para outro através desses buracos, usam-se escadas portáteis, cordas e até móveis empilhados. Deve-se ter em mente que todas essas preparações podem aumentar o peso em um determinado ponto da estrutura. Todas essas estruturas devem ser preparadas contra explosões, apoiando os telhados com reforços que serão colocados em uma base sólida e imobilizados por cunhas de madeira pregadas no chão e no teto. Finalmente, em cada sala deve haver uma oferta generosa de água, coletada em todos os tipos de recipientes, de baldes a banheiras, pois seu fornecimento será cortado, assim como o gás e a eletricidade.

Combatentes e armas

Uma vez que o prédio esteja pronto, a próxima tarefa é distribuir os combatentes e suas armas. Armas automáticas geralmente serão colocados no nível do solo. Isso ocorre porque as metralhadoras atingem um alcance maior se suas trajetórias forem paralelas ao chão: sua cobertura potencial é maior do que se eles fossem colocados para atirar de cima para baixo. Os franco-atiradores, por outro lado, dedicar-se-ão a pegar alvos distantes, e é melhor colocá-los em lugares altos a partir dos quais eles podem ver mais. Orifícios devem ser feitos nos assoalhos superiores, a fim de seja possível lançar granadas para os cômodos inferiores, caso o inimigo penetre no edifício. Nos andares superiores, também podem ser colocadas armas anti-carro portáteis, que poderão então disparar contra a armadura superior dos blindados, que é mais vulnerável. No entanto, deve-se levar em conta o sopro provocado pelo disparo dessas armas.

Meios improvisados

A maior ameaça para um reduto defensivo não é a artilharia, mas o tiro tenso dos blindados e dos lança-chamas. Pouco pode ser feito contra o último, mas os carros podem ser destruídos a curta distância com alguns dispositivos improvisados. Lembre-se que as ruas restringem os movimentos dos carros e que, se a infantaria que acompanha é eliminada, pode-se abordá-los para atacá-los com esses meios de fortuna. Bombas de combustível gelatinizadas, detonadas por granadas de fósforo-branco ou outros meios podem ser moderadamente eficazes se colocadas no motor de um veículo blindado. Estas cargas são feitas com blocos de explosivos plásticos. Montadas num bastão longo com um cabo detonador, pode-se colocá-las em um ponto mais vulnerável do carro ou no topo do compartimento do motor. Qualquer recipiente pode ser usado para fazer bombas de combustível gelatinizadas. Elas podem ser construídas com qualquer material que possa ser laminado à mão. Uma caixa de munição cheia de combustível e com uma granada de fósforo branco em que teremos enrolado um cabo detonante é um exemplo

As únicas vias que devem permitir o deslocamento de forma fluida são aquelas que canalizam o inimigo para uma emboscada. Todas as outras rotas devem ser bloqueadas, seja pela demolição de edifícios inteiros, seja pela preparação de barreiras efetivas.

Técnicas a serem observadas

Pelotões que tiverem seus efetivos reduzidos deverão ser agrupados para formar núcleos de resistência fortes. As posições de disparo, tanto dentro como fora das casas escolhidas, devem poder prestar apoio mútuo. As ruas e zonas alinhadas são "campos de caça" para ambos os lados, por isso pague-lhes a devida atenção. As ruas devem ser bloqueadas e negadas ao inimigo, mas certifique-se de poder cobrir as barricadas com armas automáticas. Pequenos grupos de reserva devem estar disponíveis, pode ser necessário bloquear brechas nas defesas ou expulsar o inimigo de qualquer uma das posições. A troca periódica de posição dificulta a identificação do dispositivo. A defesa deve ser agressiva. Reinfiltração em edifícios evacuados anteriormente, colocação armadilhas explosivas, uso generoso de franco-atiradores e assédio a posições inimigas que estejam se preparando para atacar.