Uma campanha militar se baseia em 2 pilares estratégicos:
Debilitar a capacidade de resposta do inimigo, seja por ação militar direta
contra suas forças ou pela frustração de sua logística, atuando junto a
fornecedores, unidades, e rotas; e pela ocupação e domínio de suas áreas
estratégicas, privando-lhe de estruturas vitais como usinas de energia e
fornecimento de combustíveis, por exemplo. Ocupar um terreno, por exemplo por
onde passa uma estrada importante ao seu suprimento pode inviabilizar a manobra
das unidades que estão do outro lado.
A contra ofensiva das Ardenas em 1944 visava privar as
forças aliadas do porto de Antuérpia, importante para dar fôlego ao avanço das
forças de Eisenhower, assim como o desembarque na Normandia tinha como seu objetivo
imediato conquistar o porto de Cherbourg. Identificar estas áreas é de vital
importância a estratégia militar. Sejam áreas próprias que devem ser
defendidas, ou inimigas que devem ser conquistadas. A conquista de uma área
importante pode abreviar uma campanha, evitar a perda de muitas vidas e
economizar recursos valiosos.
Áreas estratégicas, na conotação militar, são àqueles
espaços que demonstram maior importância para a atividade militar, e cuja perda
ou privação de seu domínio trás enormes prejuízos a esta atividade. Toda
campanha militar visa o domínio destas áreas, que podem estar em território
nacional e tem que ser preservadas, ou em território além-fronteiras que devem
ser conquistados ou cedidos ao uso, que em última análise é a razão de ser da
campanha. Cabe às forças engajadas de cada lado manterem o domínio nestas
áreas, se não for possível na totalidade do território, pois é a partir delas
que qualquer reação a uma ocupação deverá se iniciar.
Assim temos, só para tomar como exemplo, os canais do
Panamá e Suez por onde passa grande parte do comércio mundial; Os estreitos de
Gibraltar e Ormuz, este último importante rota de petroleiros; os cabos Horn e
da Boa Esperança, também passagens importante de navios; Os terminais
portuários de Roterdã para a Europa, Santos para o Brasil e de Xangai para a
China. Em um nível mais pontual temos as elevações que abrigam estações de
radar e se prestam a observação, os túneis que atravessam grandes elevações, os
aeroportos e troncos ferroviários, áreas industriais de base e interesse
militar, entre outras.
Outras áreas são estratégicas por constituírem grandes
obstáculos, como a grande depressão de Qattara na Líbia que afunilou a manobra durante a II Guerra, o deserto do Saara, o
gelo polar ártico que impede o uso de bases navais russas no norte, a floresta
amazônica de estradas escassas que condiciona sua transposição ao uso de vias
fluviais, as grandes cordilheiras e outros, que não necessitam serem defendidos
pois já os fazem por seus próprios meios.
Também podemos considerar áreas estratégicas espaço não
físicos, como a pré-disposição de um país fornecedor de armas em continuar a
fazê-lo, a capacidade de acesso a informações vitais, por exemplo.
O planejamento militar de uma nação visa a preservar
estas áreas, priorizando sua defesa em detrimento de outras, pois sua
interdição pode significar o derrota. Os tempos modernos atribuem grande
importância aos centros urbanos, onde estão a principais indústrias e centros
de comando e comunicações.
Áreas Estratégicas de Interesse Militar
São consideradas áreas estratégicas de interesse militar:
* Regiões de fronteiras, por onde possam entrar e sair
drogas, armas e outros materiais não autorizados;
* Pontos de acesso a área de operações e de interesse;
* Pontos de acesso a área de operações e de interesse;
* Aquartelamentos e bases militares, principalmente
aqueles de maior importância a proficiência operacional das forças-armadas;
* Centros de comando, controle e comunicações que servem
às forças-armadas;
* Centros de pesquisa e tecnologia de interesse militar;
* Centros industriais, tanto de importância militar como
de industria de base;
* Capitais e centros de governo, estruturas e instalações
de comando e controle de forças militares;
* Estradas, nós rodoviários e ferroviários, portos e
aeroportos, e outros terminais que possibilitem mobilidade ás forças
operativas;
* Centros de produção e distribuição de energia e de
tratamento de água;
* Refinarias, plataformas petrolíferas e centros de
distribuição de combustível;
* Grandes aglomerações urbanas;
* Gargantas, istmos, canais, elevações, túneis, viadutos
e pontes, rios e deltas, áreas oceânicas e outros acidentes geográficos que
possam ser úteis e necessários a operação das forças-armadas.
* Outras áreas que se revelem importantes a operação de
forças militares de acordo com o contexto de cada situação.
Basicamente, todas as operações militares se dão na
defesa ou conquista destas áreas estratégicas, ou ainda sobre algum fator
localizado dentro delas. Cabe aos planejadores das forças-armadas sua
identificação e formulação de suas hipóteses de emprego em ações dentro destas áreas.