2º Sgt Alisson Rafael Fogliarini Lisbôa – Monitor do CI Bld
S Ten Varlei Edemundo Batista da Silva – Adjunto de Comando do CI Bld
Cel Ádamo Luiz Colombo da Silveira - Cmt CI Bld
O
Dispositivo Explosivo Improvisado (Improvised Explosive Device - IED) é um arma
extremamente perigosa e eficaz, que os Exércitos que estão em conflito
atualmente enfrentam. Na maioria das vezes sua construção é rudimentar, barata,
relativamente fácil de produzir e oferecem ao operador uma menor exposição ao
risco de lutar com as forças militarmente mais fortes. São utilizados com o
intuito de destruir, incapacitar, distrair e/ou estudar as técnicas, táticas e
procedimentos(TTP) de combate do inimigo.
Os dispositivos
explosivos podem ser construídos a partir de uma infinidade de materiais, como
projéteis, produtos tóxicos químicos ou biológicos, material radiológico,
granadas de artilharia e outras munições militares. Podem variar em tamanho,
desde uma carta a um grande veículo, e seu grau de sofisticação varia de acordo
com a criatividade, ferramentas e materiais disponíveis pelo agressor.
O
IED torna-se uma eficaz arma a ser utilizada pelas tropas não regulares nos
combates modernos (Guerra Assimétrica). Ela é geralmente empregada pela parte
que se encontra em desvantagem de poder de combate em relação ao seu oponente,
deixando de atuar no Teatro de Operações convencional, vindo a agir
furtivamente nas áreas urbanas, locais estes, que não são mantidos nem
ocupados, pois as forças beligerantes ficam dissimuladas junto a população
civil, com o intuito de explorar as fraquezas do oponente e impedindo-os de
empregar seu poderio bélico. Faz-se então extremamente necessário conhecer e
identificar os IED, pois são eles que causam os maiores números de baixas nos
atuais conflitos.
Existe uma grande
variedade de IED e diversos métodos podem ser utilizados para o seu
acionamento. O objetivo da construção dos IED é causar baixas nas tropas, danos
variados, destruir veículos e instalações. Por mais que variem amplamente em
tamanho, possuem um grupo comum de componentes, que consistem na carga
principal, fonte de energia, carga iniciadora, recipiente e um método de
iniciação. Os quais são
abordados a seguir:
1. carga
principal: é utilizado todo e qualquer material explosivo
disponível como pólvora, nitrato de amônia (adubo), óleo combustível (ANFO)
trinitrotolueno (TNT), nitroglicerina, ácido sulfúrico (concentrado), tanques
de propano, etc. Também são usados outros materiais para reforçar a carga, tais
como esferas metálicas, parafusos, porcas etc. Além, é claro, das munições
militares que podem serem usadas como granadas de artilharia, munições de 120
mm ou superiores e minas terrestres anticarros;
2. fonte
de energia: tem por objetivo armazenar e/ou liberar energia
elétrica ou mecânica para acionar a carga iniciadora. A fonte de energia mais
comum encontrada nos IED são baterias que podem variar desde pequenas pilhas,
baterias 9 volts, baterias de telefones celulares, de carros e caminhões,
podendo até estar ligada a fonte de energia de uma residência ou estabelecimento
comercial. Da mesma forma, em um IED não elétrico a energia mecânica de uma
mola recuada pode atuar na carga iniciadora;
3. carga
iniciadora: é utilizada para acionar a carga principal, normalmente
são espoletas elétricas ou pirotécnicas, as quais são muito sensíveis. No
entanto, insurgentes e terroristas podem vir a construir iniciadores
improvisados;
4. recipiente: os IED podem
variar de tamanho e forma, desta maneira pode-se encontrar uma grande variedade
de recipientes como latas de refrigerante, carcaças de animais, sacos
plásticos, cones de sinalização, restos de eletrodomésticos, coletes ou
mochilas para homens-bomba. Sendo que além de ser usados para esconder o IED,
normalmente ajudam na fragmentação;
5. métodos
de iniciação: para entender melhor como são iniciados os IED
subdividem-se em iniciação por comando, temporizadores e iniciados pelas
vítimas:
5.1 iniciação
por comando: é um método de emprego que permite ao inimigo escolher
o momento ideal de iniciação. Ele é normalmente usado contra alvos que estão em
trânsito ou onde um padrão de rotina foi estabelecido. Os tipos mais comuns são
com fios
e rádios controlados:
5.1.1 comando
a fio: é um circuito
elétrico ligado por um fio entre o interruptor e a carga explosiva. Oferece vantagens
já que é simples e é invulnerável às contras medidas eletrônicas (inibidores de
frequências - Electronic Jammer). Contudo, o longo fio pode ser difícil de
colocar e pode levar à detecção do operador;
5.1.2 rádio
controlado: pode ser usado qualquer fonte que transmita um sinal de
rádio frequência, como um alarme de carro, abridores de portas de garagem,
controladores de brinquedos, campainha ou telefones sem fio, os quais são
adaptados para funcionar como um acionador, permitindo ao inimigo acioná-lo a
uma distância segura.
5.2 temporizadores: são
projetados para funcionar após um atraso predefinido, permitindo ao inimigo
fugir ou atacar forças militares que criaram um padrão de suas ações. Há
temporizadores por ignição química, mecânica ou eletrônica;
5.3 ação
da vítima: é um meio de atacar uma pessoa isolada ou até mesmo um
grupo. Existem vários tipos de dispositivos de iniciação, que incluem tração,
liberação, pressão, descompressão, detecção por infravermelhos passivos ou
ativos entre outros. Também é comum encontrar IED por ação da vítima como
armadilhas em outros IED instalados, chamados de IED secundários.
É
relevante distinguir os IED quanto ao seu emprego e uso como estáticos,
móveis, projetados ou falsos:
1. estáticos: podem ser
dispostos em diversos espaços, como em cestos de lixos, caixas, pneus e ainda
dentro ou sob um veículo ou instalações;
2. móveis: podem ser
montados em qualquer tipo de veículo, bicicletas, carros, caminhões, aeroplanos
ou barcos. O uso de veículos permite a fácil dissimulação e acumulação de
grandes cargas de explosivos;
3. projetados: São usados
frequentemente em instalações fortemente protegidas, que por outra forma seriam
muito difíceis de atingir;
4. falsos: são usados
para perturbar a ordem pública e tentar afetar a imagem do poder do Estado ou
da força militar em ação. Também são usadas para aprendizagem das técnicas de
combates contra IED. Os falsos IED são como um IED real, mas sem carga ou um
dispositivo iniciador totalmente operacional.
Dado o exposto
quanto a variedade e métodos de iniciação de IED, que têm como objetivo a
identificação dos dispositivos explosivos improvisados, faz-se necessário, em
virtude dos atuais conflitos, que haja uma ampliação dos estudos e pesquisas
cuja área tropas brasileiras devem estar preparadas para quando se depararem
com esta arma altamente destrutível.