FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Características dos Conflitos Modernos *210



baseado nas IP 100-1 do EB Doutrina Delta 

Os conflitos modernos apresentam características que devem ser observadas por políticos e comandantes militares, sob pena de fracasso nas operações, e mal-estar político perante a comunidade internacional, como experimentaram nas últimas décadas àqueles que se envolveram em ações militares mal ou pouco preparadas, sejam do ponto de vista logístico ou doutrinário, sejam sob a ótica do politicamente correto. Exemplos deste último é a sucessiva queda de ditadores que ainda insistem em manter-se em seus "Reinos Encantados", como ocorreu no Iraque, Líbia e Egito.




A Opinião Pública

Com o avanço da tecnologia e a crescente divulgação pela mídia do que acontece em zonas de conflito, tudo acaba sendo divulgado de uma forma ou de outra, na maior parte das vezes de forma equivocada, feita por pessoal não especializado em busca de notícias sensacionalistas dirigindo a notícia para que o público acredite no eles acham conveniente. Por pressão dessa visibilidade os governos democráticos veem-se cada vez mais obrigados a manterem sua vigilância sobre o mundo como um todo, coibindo de forma ou outra o abuso de direitos humanos e a repressão dos povos, mesmo que sob esse discurso estejam camuflados interesses menos nobres. Realidades de países de pouca expressão tendem a ter repercussão mundial, gerando ações militares difíceis de serem previstas pelos estrategistas dos países mais fortes, pois a nuances sócio-políticas de muitas regiões são extremamente complexas. A interferência política nos conflitos também induz os governos a tolherem a ação dos estrategistas, muitas vezes os prolongando desnecessariamente.



A Tecnologia

Novos sistemas de armas, cada vez mais sofisticados e letais, surgem a todo momento. Redes de inteligência altamente competentes e dotadas de tecnologia de ponta tornam cada vez mais difícil a negação de informações aos sistemas inimigos. Sistemas de localização e identificação de alvos cada vez mais capazes demandam contramedidas operacionais de ordem tecnológica e doutrinária mais sofisticadas. Sistemas com alcance cada vez maiores, engajando alvos a grandes distâncias com precisão estão tornando a vida dos defensores mais difícil. A permanente atualização das unidades militares para fazer frente as novas ameaças, sejam tecnológicas ou não, deve ser uma constante sob pena de invalidar a utilidade desta unidade. A tecnologia dita a doutrina, e está em constante evolução, não podendo ser negligenciada.



Novas Dimensões do Campo de Batalha

A superioridade aérea é hoje condição fundamental a condução de qualquer campanha militar, e sua obtenção é condição definitiva de desequilíbrio, valorizando sobremaneira a presença dos meios aéreos e antiaéreos. Helicópteros capazes de desdobrar forças em qualquer lugar do campo de batalha, estão acabando com a antiga forma de combate linear e dando as forças terrestres significativo aumento na mobilidade tática, permitindo a estas ações em profundidade até então impossíveis ou suicidas. Meios eletrônicos capazes de monitorar e interferir no espaço eletromagnético proporcionam um multiplicador de combate valioso e que não pode ser negligenciado por qualquer força. A informação é o fator decisivo na guerra moderna e quem a domina conta com significativa vantagem em qualquer disputa. Sistemas de guerra centrada em redes (NCW) desequilibram a balança do poder nos campos de batalha para aqueles que não os possuem, fazendo da informação a arma mais letal.



Fluidez das Operações

Operações militares modernas tendem a ser o mais intensas e breves possíveis, com a busca dos objetivos estratégicos em tempo reduzido, resultando em menores custos humanos e materiais. Ações decisivas devem ser implementadas sempre que possível a fim de atender pressões de toda ordem. Destruir ou neutralizar o inimigo o mais rápido se faz necessário em busca da superioridade estratégica que define o desfecho dos conflitos, ou pelo menos pelo arrefecimento das operações com violência de grande escala.



Eficiência Total no Comando e Controle das Operações

Todos os meios de combate envolvidos devem ser tempestivamente sincronizados no tempo e no espaço, procurando total sinergia entre as suas capacidades, exigindo processos de comando e controle altamente eficientes e meios tecnológicos adequados. Estes sistemas precisam ser confiáveis, seguros, abrangentes e flexíveis, capazes de se adaptarem rapidamente a um dinâmico quadro de situação. Sistemas de guerra eletrônica, comunicações e busca de inteligência fazem parte da base de qualquer sistema de comando e controle moderno. Não existe mais espaço na atualidade para generais que disputam prestígio e poder através das operações, como se viu na Segunda Guerra Mundial entre Patton e Montgomery na corrida para Berlim.



Objetividade e Iniciativa

Objetivos claros e bem definidos sendo buscado por uma manobra estratégica igualmente clara e bem planejada, com meios suficientemente alocados e plena consciência do todo por todos os níveis de comando. Manobras tática-operacionais implementadas eficazmente por comandantes sintonizados com a manobra estratégica, tendo esta como objetivo final. Fomento da liderança e da iniciativa junto aos comandantes dos escalões inferiores, para que estes possam alterar a manobra planejada diante de fatores novos e não previstos, sempre que identificarem maneiras mais eficientes de atingirem os objetivos previamente definidos, porém nunca fugindo destes.

“Guerreiros vitoriosos vencem primeiro e, em seguida, vão para a guerra, enquanto guerreiros derrotados vão à guerra em primeiro lugar para depois buscarem a vitória.” Sun Tzu 


Operações Combinadas

A integração entre as forças armadas próprias e de países aliados, além de agências civis e forças policiais é fator multiplicador do poder de combate. Esta integração deve ser planejada e praticada em tempos de paz, para ser eficientemente explorada em tempos de guerra e deve envolver doutrina, sistemas informatizados capazes de comunicar-se de forma natural, comandos unificados e formas de pensar comuns.

Todos estes fatores são condicionantes do sucesso nos conflitos modernos e não devem ser negligenciados, sob pena de se cair em um "buraco-negro" político-operacional que poderá resultar no fracasso de qualquer operação.


sábado, 26 de dezembro de 2020

Conflitos *209




Conflitos

Introdução:

Conflito é a materialização de uma situação de antagonismo entre partes de expressão internacional, que podem ser duas ou mais nações ou grupos não governamentais na tentativa de conquista do poder, seja em relação a um estado estabelecido ou na defesa de seus interesses conflitantes com os do estado. Os conflitos podem ser resolvidos de diversas maneiras, sendo a guerra o grau máximo a que um conflito pode atingir.

Devido a pluralidade do mundo e aos desencontros de interesse constantes, com cada nação procurando suprir suas necessidades, seja por recursos, influência ou domínio; muitas vezes de forma totalmente ilegítima, os conflitos por vezes resultam em escaladas onde a violência pode se materializar, seja de forma moderada com alguns atritos localizados ou na forma de guerra aberta, e consequências mais graves. Evitar que nações se agridam quando as tensões chegam em níveis mais exacerbados é por vezes extremamente complexo, devido às características heterogêneas do “Status Quo” mundial. 

Algumas características políticas perenes quando se trata de relações internacionais nos ajudam a entender este cenário:

  • Os países são heterogêneos em sua construção cultural, com povos historicamente mais pendentes a resolução pacífica de questões complexas, e outros mais radicais em suas posições políticas, onde a habilidade diplomática tem que atingir níveis altíssimos e por vezes impossíveis, cuja solução passa por concessões improváveis.
  • Escassez de recursos naturais importantes e insumos em determinadas regiões e abundância em outras, que resultem na ameaça a manutenção dos interesses políticos ou econômicos de determinados grupos.
  • O advento de armas de poder superior, como os artefatos de tecnologia nuclear, exerce um peso que desequilibra a balança nas mesas de negociações, favorecendo os países que as possuem.
  • Nações detentoras de conhecimentos e tecnologia mais avançadas, bem como parques industriais mais sofisticados detêm maiores argumentos nas mesas de negociação e maior poder efetivo em ações ondem prevalecem as vias de fato.
  • Desejo de potências emergentes de estabelecer influência em áreas outrora exclusivas de outra potência, seja ameaçando os interesses desta ou diretamente seu território.
  • Surgimento de organizações não governamentais motivadas por motivos religiosos ou ideológicos ou outros, que tentam desestabilizar estados constituídos e ameaçam a existência destes.
  • Elevado nível de interdependência entre as diversas regiões do planeta por recursos diversos na manutenção de seus modos de vida.
  • Desejo de determinadas nações de ascenderem a um nível de poder não desejado por outras nações que se sintam ameaçadas com a materialização desta situação.


Conflito Armado

Um conflito armado é um enfrentamento intencional entre duas partes antagônicas, predispostas a lançarem mão de meios violentos para sua resolução. Ocorre entre estados ou estados e grupos armados com algum poder militar. Dificilmente acontece de repente, sendo na esmagadora maioria das vezes resultado de uma escalada de tensões não resolvidas.


Paz

A paz é a situação onde as nações convivem dentro de uma condição de normalidade, mantendo suas relações comerciais, humanas, políticas, científicas e outras; de forma contínua e desejável por todos, obedecendo a legislações e tratados internacionais. Pequenos conflitos internos e externos não comprometem os interesses nacionais e são resolvidos pelos tribunais e pela negociação direta.


Crise

As situações de crise são um agravamento de possíveis tensões entre as partes, originadas em problemas complexos e de difícil resolução. São tratadas no campo diplomático, muitas vezes com a mediação de outros atores de índole neutra na situação. Estas situações podem se intensificar e resultar em consequências mais graves e pouco previsíveis.


Guerra

A guerra é um confronto armado entre dois ou mais grupos que disputam interesses em comum. Resulta do fracasso da resolução pacífica de uma crise e sua escalada às vias de fato. Pode ocorrer entre países ou não, e seu desfecho é imprevisível. Invariavelmente o mais forte causa o maior estrago, seja em vidas humanas e destruição material, porém este nem sempre acaba como vencedo. Vence uma guerra quem alcança seus objetivos estratégicos, e não necessariamente quem mata ou destrói mais.

“O melhor general é aquele que vence a guerra sem disparar nenhum tiro”

A guerra causa toda a ordem de desgraças e prejuízos, sempre dependendo de sua escala. Interfere diretamente na vida da população, causando mortes, separação entre afins, destruição da infraestrutura econômica e civil, fome, facilita a propagação de doenças e oportuniza às pessoas de moral mais frágil a mostrarem seu lado mais obscuro, que frequentemente cometem abusos de toda ordem sob uma sensação de impunidade. Algumas guerras, principalmente aquelas mais prolongadas, geram a migração de parte da população para outras áreas, configurando problemas para os habitantes e governos locais e caos social entre os migrantes, com crises humanitárias e grande números de refugiados.

O envolvimento em uma guerra deve ser minuciosamente analisado e evitado a todo custo. Se for inevitável, no entanto, deve-se canalizar todos os esforços para uma vitória rápida, pois os recursos necessários são gigantescos e as consequências terríveis, e quanto mais longa se mostrar, mais traumática será, seja tanto sob o aspecto econômico como humano.


Cenários de Guerra

A guerra pode se dar em dois locais distintos: Dentro do próprio território ou em território estrangeiro.


Dentro do próprio território

A guerra dentro do próprio território ou guerra de defesa. conta com a infraestrutura militar do país para pronto emprego, facilitando em muito os esforços de mobilização. As forças defensoras poderão contar com bases operacionais e recursos relativamente abundantes para fazer frente a situação. Todo o pessoal militar e de apoio tenderá a envolver-se imediatamente na situação e uma situação de pronto emprego se configurará rapidamente. Como ponto negativo podemos citar a vulnerabilidade desta infraestrutura às ações inimigas, que se eficazmente atingida poderá comprometer rapidamente a capacidade de combate das forças defensoras. Outro ponto negativo são os efeitos da situação na população civil, que invariavelmente é afetada pela atividade militar dos atacantes. A facilidade logística desta campanha é contraposta pela vulnerabilidade da infraestrutura que a sustentará e ações bem articuladas podem garantir superioridade estratégica irreversível.


Em território estrangeiro

Também conhecida como guerra expedicionária, as operações em território estrangeiro possuem as características inversas àquelas dentro do próprio território. Bases de operações deverão ser estabelecidas próximas ao teatro de operações, nem sempre disponíveis por fatores geográficos ou políticos. Bases intermediárias podem se fazer necessárias se as operações se derem em locais muito distantes. Forças tem que ser mobilizadas especialmente e um grande esforço logístico se fará necessário, envolvendo portos e aeródromos, navios e aeronaves civis, auxílio de países amigos, além de que parte das forças de defesa do país terão que ausentar-se, debilitando as que permanecerem. Como ponto positivo temos que as estruturas militares e produtivas do país estarão relativamente seguras pela distância que as separa das áreas de operações, além de que os efeitos na população civil são reduzidos. Mesmo operando além fronteiras, a segurança deverá ser reforçada no território pátrio, pois ações subterrâneas contra estas poderão acontecer, bem como manifestações de insatisfação da população quanto ao conflito.


Causas da guerra

A causa de uma guerra é quase sempre pela disputa de um território, podendo esta se mostrar de formas variadas. Os motivos podem ser religiosos, étnicos, econômicos, ideológicos, pessoais, etc..; mas a disputa territorial está sempre presente e sua solução tende a finalizar o conflito, pois uma vez que se obtenha pleno domínio do terreno, as questões que deflagraram a contenda tendem a ser equalizadas, podendo é claro, gerar situações não resolvidas e serem estopim para conflitos futuros.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Política, Estratégia e Poder *208


Introdução

Os estados, através de seus governos buscam a consolidação de seus interesses nacionais. Quanto mais rico e evoluído o estado for, maior e mais complexa será esta teia de interesses, e por consequência a constituição dos instrumentos e a formulação de políticas para persegui-los. O estado mais poderoso da atualidade são os EUA, que por exemplo, mantém bases militares no mundo todo, pois seus interesses se estendem sobre todo o globo, sejam econômicos ou de segurança.

Estes interesses nacionais das diversas nações, especialmente as mais abastadas e poderosas, podem ser legítimos ou não, e por vezes podem se sobrepor aos interesses de outros estados, gerando os conflitos. Podemos citar o expansionismo nazista na primeira metade do século XX, principalmente sobre o território russo que era visto como um “espaço vital” para que a pretensa “Grande Alemanha” pudesse ser suprida com sua crescente necessidade de recursos naturais.

As nações do mundo, no intuito de defender os interesses nacionais de cada estado de uma forma harmônica entre todos, criaram a Organização das Nações Unidas (ONU), órgão supranacional que agrega vários sub órgãos subordinados, que cuidam de áreas específicas, como a UNESCO, o UNICEF, Conselho de Segurança, a OMC, etc... Estas organizações atuam criando mecanismos legais que se aplicam aos países signatários, que funcionam como leis internacionais, e na maior parte das vezes são capazes de resolver os conflitos que não raro surgem nas relações entre as nações do mundo. Pelo menos este é o objetivo, porém a ONU e suas subdivisões, é uma organização contaminada pelos interesses supremos, e muitas vezes tende a atender interesses específicos e subterrâneos, infelizmente.

Estes mecanismos, entre outras funções, procuram disciplinar o uso do mar que é considerado um território internacional, impor políticas quanto as armas de destruição em massa como as nucleares por exemplo, auxiliar a zonas de calamidade e desarranjo social, traçar políticas no sentido da preservação do meio ambiente global, resolver e minimizar no menor espaço de tempo possível as situações de conflito armado e outras situações que representem a quebra da normalidade ou constituam ameaças internacionais, disciplinar o comércio internacional, preservar o patrimônio cultural e outras questões necessárias.

Segundo a ONU, existem cerca de 194 países no mundo, detentores de diferentes realidades econômicas, sócio-culturais, de recursos naturais e de localização geopolítica. A disparidade destas realidades é muito grande, seja no tamanho de seus territórios ou seus pesos sócio-econômicos. Cada qual, teoricamente, é guardião de sua soberania e garantidor da própria segurança. Como esta condição, tal qual afirmada, está bem longe da realidade, os estados formam alianças regionais e mundiais, que garante que a soberania relativa de cada um seja respeitada, pelo menos de forma aparente. A ONU representa a maior destas alianças, e de uma forma ainda imperfeita, garante uma certa ordem jurídica em um mundo altamente desigual. Relações comerciais e interesses de toda ordem contribuem para que os mais poderosos, mesmo que informalmente, abriguem os mais fracos sob seus “guarda-chuvas” protetores, formando as chamadas “esferas de influência”.

Estas “esferas” são formadas por interesses em comum, principalmente comerciais, mas também pela identidade cultural entre os povos. Assim existem fortes laços entre norte-americanos e britânicos, portugueses e brasileiros, alemães e austríacos, entre outros. Antigas colônias possuem tratados com suas metrópoles de outrora. Seguindo os EUA como potência hegemônica, Rússia e China vêm logo atrás, assim como outras potências nucleares como Reino Unido e França. Armas nucleares são um grande trunfo no balanço do poder militar mundial. Ciência e tecnologia fazem a diferença no poder destas potências, e organizações não estatais como o Taliban no Afeganistão e o Estado Islâmico no Oriente Médio também exercem sua influência regional, impondo seus interesses. Um único porta-aviões dos mais de 10 que os EUA tem, é mais poderoso que a maioria da forças aéreas do mundo, tal a discrepância no balanço do poder mundial.

Assim as nações ensejam ter acesso à água potável, à terras férteis, à rotas para que seu comércio possa fluir com saídas para o mar, à recursos naturais como minérios por exemplo, à licenças para expansão de suas fronteiras econômicas, à áreas de pesca, etc...

Vale frisar também que as medidas adotadas pelos acordos internacionais, especialmente no âmbito da ONU, carregam consigo um grande peso imposto pela vontade dos países mais poderosos, porém estes nem sempre conseguem impor suas vontades e por vezes a união dos países de menor expressão ou maioria fica valendo. Devido a uma estrutura anômala criada quando da sua fundação, os EUA, A Rússia, A China, a França e o Reino Unido tem poder de veto no Conselho de Segurança, não por acaso os vencedores da Segunda Grande Guerra, influenciando todas as decisões neste sentido à revelia dos outros países ou nações, que votam como membros temporários sob o risco de serem vetados por estes países dominadores.


Política, Estratégia e Poder


Política

A Política é o instrumento de relacionamento entre as pessoas e por consequência entre as nações. Através dela os governos formulam os objetivos que pretendem alcançar e definem os rumos que a estratégia deverá seguir.



Estratégia

A Estratégia é o instrumento que a política usa para definir os caminhos a serem seguidos na busca dos objetivos traçados. Cabe a estratégia definir opções, considerar recursos, riscos e prioridades. É o conjunto de procedimentos adotados na busca da solução de um determinado problema. Enquanto a política é subjetiva e depende muito da visão do estadista, a estratégia segue uma metodologia mais objetiva e um roteiro mais rigoroso de planejamento e aplicação do poder em proveito dos objetivos políticos. Embora a fronteira entre política e estratégia seja nebulosa, pois muitas vezes uma invade o campo da outra, a estratégia sempre é subordinada à política, e nunca o contrário.

Os problemas em questão podem ser temporários e pontuais, ou poderão ser permanentes, de longa duração. A estratégia definida dependerá destes fatores, dos recursos a disposição, das consequências do emprego de cada recurso e da velocidade a ser empreendida na consecução do objetivo.


Poder

O Poder é a base para que a estratégia seja aplicada, é a capacidade de uma nação impor sua vontade, seja de que forma for. Ele pode ser exercido pela força econômica, pela vontade das maiorias, pela ação das armas, pelas conveniências geográficas, pela informação e desenvolvimento tecnológico, e em um nível mais raro pelo engodo e pela propaganda. A aplicação do poder é resultado da atitude, ou seja, a disposição em alcançar um objetivo aliado a existência de meios necessários para tal.


Estratégia Nacional

A Estratégia Nacional é a aplicação do conceito de estratégia a fim de alcançar os objetivos nacionais, ou objetivos de um país, definidos nos planos de metas de cada governo. A estratégia nacional pode envolver todos os setores da vida nacional. Ela engloba todas as áreas de poder, incluindo o militar, a fim de alcançar os objetivos de uma nação, sejam econômicos, sociais, ambientais, culturais, etc..


Estratégia Militar Geral

estratégia militar geral é o conjunto de procedimentos a serem seguidos a fim de cumprir os objetivos de um país no que concerne a suas atividades militares, ou seja seus objetivos nacionais. Pode ser dividida em vários níveis ou compartimentos, ditando a gestão das forças armadas em tempos de paz, os recursos do país para uso em tempos de guerra, a conduta de uma campanha específica ou outra qualquer situação de cunho militar que se apresente. A estratégia militar dita, por exemplo, a quantidade de tropas mantidas ativas por uma força armada, em que locais, a especialização destas tropas, o equipamento destinado a elas, a base industrial para mantê-las, etc....

Em uma campanha a estratégia militar estabelece os objetivos intermediários a serem buscados, a fim de se obter êxito final que é a busca do objetivo estratégico da campanha.


Estratégia Militar de Guerra

A estratégia militar de guerra pode ser definida como o próprio plano de ação de cada campanha, e deve ser conduzida com conhecimento e cautela. Uma campanha militar deverá aplicar o poder militar de uma nação na medida do necessário, e não a qualquer custo. O objetivo de um conflito armado é alcançar a paz, e não a vitória por ela mesma, com a aplicação de poder desmedido e desnecessário. Vencer um conflito significa sair dele em superioridade estratégica e não simplesmente aniquilar seu inimigo, o que só é desejável por déspotas e sádicos.


Estratégia X Tática x Técnica

Estes conceitos são comumente confundidos e sua linha divisória nem sempre é clara.

A estratégia é o conceito que dita o que deve ser feito ou norteia o início da resolução de um problema, sendo definida a partir do objetivo a ser alcançado.

A tática é o conceito que define como as orientações estratégicas devem ser implementadas, em que momento, com quais recursos, e que técnicas devem ser aplicadas, buscando um enfoque mais objetivo de cada desafio em particular.

A estratégia dos aliados de abrir uma segunda frente na Normandia, por exemplo, foi implementada pela tática de realizar um desembarque anfíbio tendo como cobertura o lançamento de forças paraquedistas que garantiram a integridade de algumas pontes e barraram a chegada de reforços para contrapor o desembarque, usando a técnica do assalto anfíbio e do lançamento aeroterrestre.

A técnica é um modo padronizado de se executar uma tarefa específica. É um procedimento de pouca variabilidade, ao contrário da estratégia e da tática que podem variar segundo cada situação. Temos como exemplo de técnica os procedimentos a serem observados para se efetuar o tiro de uma arma, a forma de se transpor um obstáculo com determinado recurso, como ocupar uma posição em combate, etc...

A tática é aplicada pela implementação sucessiva de várias técnicas militares e operacionais. A técnica pode variar pela evolução do pensamento e da tecnologia, resultado da boa prática e pelo seu sucessivo aperfeiçoamento, e uma vez aperfeiçoada, dificilmente retornará à situação anterior.


Doutrina Militar

É o conjunto de ensinamentos consagrados ao longo dos tempos,  pela experiência adquirida nas diversas empreitadas militares, da aplicação das diversas estratégias, táticas e técnicas desenvolvidas. A doutrina pode mudar com a evolução do pensamento militar e com o avanço tecnológico.

Um exemplo clássico é a evolução da guerra de trincheiras na 1ª Guerra Mundial para a guerra de movimento proporcionada pela implementação da guerra mecanizada, já na 2ª Guerra Mundial. A doutrina militar atual está fundamentada nos Princípios de Guerra, preconizado nos manuais modernos.

A moderna doutrina militar está detalhada nos manuais de campanha, e embora em constante evolução, concilia o tradicional com o contemporâneo, adaptando àquele a evolução da tecnologia, e tornando a arte militar cada vez mais eficiente, permitindo que os conflitos sem deem em espaços de tempo menores, ao custo de menos vidas e de menor destruição da infraestrutura.

Um exemplo é a precisão do bombardeio aéreo moderno, que permite que uma única aeronave atinja resultados mais eficazes que esquadrões inteiros da II Guerra Mundial, com reflexos logísticos, de comando e civis muito diferentes.

Se ainda existem conflitos intermináveis como a guerra civil da Síria, é porque a tecnologia e a evolução da guerra não se fazem presentes na medida que deveriam, fato que reflete a disparidade da evolução dos povos.

Conflitos



quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Segurança de Bases Militares *207



Toda operação militar deve ser lançada de uma base segura, de onde as unidades em operação possam partir com cobertura e depois de cumprida a missão, retornar para tratar de seus feridos, bem como recompor seu equipamento, descansar, alimentar-se e ficar pronta para a próxima operação. Uma unidade não pode entrar em combate se não tiver para onde voltar após sua conclusão, quem a reabasteça e lhe dê suporte. Todas as bases, sejam fixas ou temporárias, devem ter suas linhas de comunicação físicas e eletrônicas com o escalão superior e de suporte logístico asseguradas, assim como com suas unidades adjacentes e operacionalmente vinculadas. Uma unidade ou base isolada das demais não pode ser reabastecida e recompletada, e seu colapso é uma questão de tempo.

Não foi por acaso que o Alte. Woodward posicionou sua frota a leste das ilhas Falklands/Malvinas onde a aviação argentina não podia chegar, pois ela era a base de operações que dispunha, mesmo a custa da autonomia de seus Harriers que tinham que voar por longas distâncias até as ilhas e permanecer em combate por curtos períodos.

A segurança é fundamental em qualquer operação militar, dada a natureza intrinsicamente arriscada desta atividade. Militares devem estar em constante vigilância, quer contra inimigos em potencial, inimigos iminentes ou declarados e sabotadores ocasionais.


A segurança das instalações militares é atividade que deve ser desempenhada com especial presteza, notadamente em períodos de maior tensão ou de beligerância declarada ou iminente, não devendo ser negligenciada em tempos de bonança. As instalações militares são o sustentáculo das operações e devem manter-se íntegras. A constituem o conjunto de medidas de caráter ativo e passivo que vise a integridade destas instalações e do material ali presente, seu pessoal, de sua organização e todo o acervo de informações administrativas e operacionais de caráter reservado ou sigiloso. 

As medidas de segurança podem ser de caráter interno ou externo. As medidas internas visam prevenir quaisquer quebras de segurança decorrentes do pessoal da base que por qualquer motivo se desvie de suas obrigações, seja por má intenção ou não, evitar que indivíduos infiltrados tenham acesso ao que procuram. 

As de caráter externo são as atividades relacionadas com a proteção contra ameaças que venham de fora, exceto infiltrados, e devem ser tratados como defesa das instalações ou defesa da base. Vigilância e observação constante, seja física pela guarnição ou de alto nível envolvendo serviços de inteligência deve ser mantida com a finalidade de alertar quanto à intensões de potenciais inimigos ou qualquer outra ameaça, seja humana ou circunstancial.

Devido ao inevitável tráfego de pessoal e equipamento que acontece diariamente entre as bases militares e seu exterior, com constantes deslocamentos para fora de seus portões, muitas vezes em áreas extensas e espaço aéreo e aquático, a segurança perfeita ou absoluta é um objetivo desejável, porém inatingível. Não há objeto ou informação tão bem protegidos que não possam ser roubados, danificados, destruídos ou observados por pessoal não autorizado. Tornar o acesso não autorizado tão difícil quanto possível é o propósito das operações de segurança, de forma que qualquer incursão desta natureza seja penosa, de alto risco e se alcançada seja às custas de um retardo insustentável ou comprometedor, desestimulando o invasor de suas pretensões.

O comandante da base é o responsável por sua segurança, devendo destacar um oficial experiente como seu encarregado, o qual deverá implementar todas as medidas previstas em normativos e outras mais que julgar necessárias a consecução deste objetivo. Este Oficial será o responsável pelo planejamento, execução e acompanhamento da Segurança das Instalações da OM, e deve ser, preferencialmente, um oficial da arma de Infantaria, se disponível. O dispositivo deverá ser montado em profundidade, de forma que o rompimento dos primeiros obstáculos ao invasor não represente o colapso da segurança como um todo. É uma tarefa complexa devido ao grande número de variáveis a considerar. Uma segurança de altíssimo nível é onerosa, em termos financeiros e operacionais, e deverá ser implementada de acordo com o nível de vulnerabilidade e importância de cada instalação. Deve-se sempre avaliar o efeito da perda ou dano a instalação e seu conteúdo no contexto geral do sistema de defesa para saber o quanto a instalação ou base é importante, e implementar um dispositivo que equilibre um bom nível de segurança a um custo aceitável. 



O binômio importância e vulnerabilidade relativas definirá o nível de segurança a ser implementado. Se a locação puder ser facilmente danificada, destruída ou neutralizada em sua missão, sua vulnerabilidade relativa é alta. Se sua inoperância acarretar em grande revés ao esforço militar como um todo, sua importância relativa é alta. Importância e vulnerabilidade relativas determinarão o dispositivo a ser adotado, de acordo com os recursos disponíveis. Devido a impossibilidade de estabelecimento do dispositivo de segurança perfeito, deve-se focar nas áreas, dentro da base militar que sejam mais sensíveis que as outras. Àquelas mais importantes e vulneráveis devem ser contempladas com sistemas de proteção mais elaborados e as de menor importância com dispositivos mais simples. Os setores considerados altamente importantes são aqueles cuja perda total ou parcial reduzirá ou eliminará a possibilidade da organização desempenhar com eficácia sua missão, por um período inaceitável de tempo. No bombardeio a Pearl Harbour os japoneses cometeram um grande erro, que foi o de não destruir os depósitos de combustível da base naval, o que possibilitou aos navios não danificados continuarem operando normalmente. Em seu esforço de tornar a frota americana inoperante, os japoneses focaram nos navios ancorados e esqueceram os que estavam no mar, neste caso específico todos os navios-aeródromo, que eram as unidades mais valiosas. O setor mais importante da base ficou intacto, frustrando o objetivo principal dos atacantes. Porém foi um erro dos atacantes e não um mérito da segurança da base, mas serve de lição.

Várias são as ameaças contra a segurança de uma base militar, entre elas destacamos: o acesso indevido a informações não ostensivas, atentados diversos a vida dos indivíduos e instalações, perda da operacionalidade da organização por motivos variados como bloqueios no acesso ou “blackout” no sistema de energia, entre outros. Podem ser de origem humana ou por fatores incidentais ou aleatórios como prejuízos causados por forças climáticas e tectônicas ou acidentes involuntários. Na missão brasileira no Haiti o maior número de baixas foi provocado por um terremoto que atingiu militares que estavam dormindo, sendo as baixas em operação quase inexistentes. As ameaças de origem humana incluem negligência, imperícia ou imprudência nas lidas diárias que resulte em acidentes; que devem prevenidos com treinamento adequado e disciplina rígida nas práticas, principalmente nas mais sensíveis. Incluem também atos de hostilidade por terceiros, deslealdade, subversão, sabotagem, espionagem e furto, que devem ser tratados no plano de segurança da base.

A sabotagem é um método de combate antigo e sua identificação é sempre difícil, podendo ser praticada por pessoal da base em ação de subversão, pessoal infiltrado junto ao pessoal da base, ou por grupos armados em ação de escaramuça. Pode ser feita para se parecer com um acidente e ter suas evidências mascaradas.  O objetivo da sabotagem é frustrar a operacionalidade da organização prejudicando seu poder de combate. Seus métodos são a sabotagem por fogo ou incêndio, utilização de dispositivos explosivos, mecânicos, químicos e por ações psicológicas. 


A sabotagem por fogo resulta na maior parte das vezes na destruição das evidências juntamente com o objetivo. Utilizando um dispositivo de retardo, o sabotador dispõe do tempo necessário para deixar a área e estabelecer um álibi. Quando se utiliza de explosivos, visa-se à destruição imediata do alvo. Os alvos principais são as usinas de geração de energia e a infraestrutura de transportes. Os dispositivos explosivos e os incendiários, destinados à sabotagem, são construídos de modo semelhante. Ambos são constituídos de um iniciador, um mecanismo de retardo e uma carga principal. A sabotagem mecânica se dá pela quebra de um mecanismo, sua abrasão, contaminação, adulteração de combustível, substituição de insumos e matérias primas, ou omissão como deixar de lubrificar uma máquina ou não recompletar a água em um sistema de refrigeração.

A sabotagem química e biológica pode se dar com a disseminação de vírus ou bactérias, causando algum tipo de doença. Por esse motivo, qualquer anormalidade sanitária merece uma investigação por pessoal especializado e comunicação e uma comunicação aos serviços de inteligência. Agentes químicos podem ser disseminados através do sistema de climatização ambiental e da rede de abastecimento d’água, por exemplo. A sabotagem psicológica visa quebrar o moral de uma organização. Ela procura colocar as pessoas contra a organização, criando uma situação de antagonismo. São levadas a agir, quer seja por ação (quebra-quebra, piquetes, etc) ou por omissão. Uma ação deste tipo pode ser desencadeada a partir de um indivíduo determinado, exercendo influência sobre os outros. A melhor defesa contra a estas práticas é a existência uma liderança efetiva. Homens esclarecidos e que acreditam em seus chefes, dificilmente se deixam dominar por elementos com maus propósitos.


Principais alvos presentes nas bases militares

Aeronaves e navios, principalmente navios aeródromo e submarinos nucleares, são os alvos muito importantes presentes nas bases militares, pois são de difícil reposição e sua destruição pode determinar a interrupção imediata total ou parcial da atividade fim da base, no caso se for uma base aérea que abriga unidades aéreas, ou uma base naval de alto valor. 

Todo tipo de ameaça pode ser direcionado às aeronaves; desde a sabotagem até o furto. Devem ser adotadas medidas especiais de segurança visando à sua proteção, devendo serem posicionadas sentinelas específicas junto a elas. Aeronaves em visita a uma base qualquer também devem ser vigiadas de perto pela segurança da base anfitriã.

Navios e submarinos atracados ou em movimento de chegada e saída podem ser alvos de ações de sabotagem, roubo ou mesmo de ataques externos. Durante a Segunda Guerra Mundial os aliados abalroaram um dique seco na base de submarinos nazistas de Saint Nazaire, na França ocupada. O dique permaneceu inoperante por toda a guerra causando enormes prejuízos aos esforços navais alemães.


Armamento em geral que poderá ser alvo de furto por grupos criminosos ou terroristas a fim de abastecerem-se destes. Os arsenais deverão ser reforçados para evitar que invasores se apoderem, principalmente de armamento leve.

Material nuclear são um alvo cobiçado por muitas organizações terroristas, e as bases que os contem deverão tê-los trancados em locais de difícil acesso, bem como manter vigilância constante e bem treinada na sua guarda.

Pistas de pouso e decolagem são alvos também de grande importância, principalmente nas bases aéreas, pois a destruição ou interdição de uma pista, praticamente torna inoperante as atividades aéreas. A forma mais usual de bloquear pistas é por bombardeio aéreo, e a presença de artilharia antiaérea orgânica em algumas bases pode ser necessária.


Combustíveis são o sangue que movimenta as unidades militares em operação. A destruição de depósitos de combustíveis, geralmente, se concretiza através de sabotagem por fogo ou por material explosivo; podendo ainda ser objeto de furto sistemático. A perda de combustível é consideravelmente prejudicial e torna impraticáveis as operações nas unidades que o utilizam como de forças mecanizadas, bases navais e aéreas. 

Paióis de munição são extremamente vulneráveis. A destruição de paióis é um golpe muito forte ao sistema de segurança de uma unidade, bem como nas suas operações, em virtude da perda dos elementos necessários à concepção dos objetivos de ataque e defesa.


As comunicações são um auxílio importantíssimo às operações. A destruição das redes de comunicação não acarreta o cancelamento ou interrupção das operações, porém as tornam muito mais difíceis e perigosas, pois estará ausente os necessários enlaces de comando e de logística. Existem também medidas passivas específicas referentes à segurança das comunicações como a criptografia, a disciplina na sua transmissão, a autenticação de mensagens e a utilização de equipamento de tecnologia que proporciona segurança. A destruição ou neutralização física de equipamentos de comunicação também certamente trará efeitos sobre a operacionalidade da base e suas unidades e deve ser considerada. 

Armazéns são locais onde estão estocados materiais diversos e indispensáveis para o cumprimento da missão da Unidade, sejam alimentos, material bélico ou administrativo e outros. O ataque aos armazéns, e a consequente perda do material acarretará prejuízos à operacionalidade da base. O material estocado em armazéns pode ser também alvo de furtos. 

Os geradores são fontes suplementares de energia que não permitem a interrupção das comunicações e outros sistemas de funcionamento elétrico quando ocorre interrupção em seu fornecimento. Interromper o suprimento de energia é uma das primeiras ações do inimigo em um ataque. Assim ocorrendo, os geradores serão alvos de grande importância e que devem ser definidos contra sabotagem. 

O suprimento d’água é alvo ideal para sabotagem química e biológica. A contaminação de um depósito de água poderá resultar na inoperância de toda uma tropa sem que nenhum tiro seja disparado. As bases em geral postam sentinelas em suas fontes de água potável. Suprimento de víveres devem ser igualmente protegidos em virtude de os mesmos serem alvos de sabotagem como a sua contaminação e furto.

Os EUA possuem bases exclusivas com silos de mísseis ICBM, que por sua construção por si só, em ambiente subterrâneo, já lhe proporciona alto nível de segurança, porém mesmo nestas instalações há de se tomar o máximo de cautela com infiltrados, principalmente devido a sensibilidade do material nuclear ali presente e a possibilidade de seu lançamento não autorizado, caso não existissem protocolos de lançamentos super seguros. Mesmo assim um acesso não autorizado de um técnico poderia iniciar o lançamento ou a detonação, se a segurança fosse negligenciada. Outros países como a Rússia possuem ICBM fixos e móveis, que também devem seguir rígidos protocolos de segurança, seja de seus operadores, seja dos militares que lhe fazem a segurança.



Medidas de Segurança mais usuais adotadas em bases militares

Sentinelas

Manutenção de sentinelas em locais previamente escolhidos. Podem ser fixos ou volantes. Estas sentinelas devem ser postadas, preferencialmente, onde possam ser vigiadas por outras sentinelas, constituindo uma corrente circular, de forma que o silenciamento de uma seja imediatamente percebido pela outra. O estabelecimento de rondas periódicas ou contínuas assegura que as sentinelas estejam sempre atentas, evitando distrações como o uso de telefones celulares, dormir durante seu turno ou abandonarem seus postos por outros motivos. A aproximação do militar em ronda deve ser tratada pela sentinela como se fosse um invasor, até que o mesmo seja identificado, em procedimento específicos e com a utilização de senha e contra-senha. Bases navais devem contar com patrulhas embarcadas prevenindo o acesso a partir do meio aquático.


Controle de acessos

O acesso ao interior das bases deverá ser permitido apenas ao pessoal autorizado, devidamente identificados nos portões, preferencialmente e se possível por meios eletrônicos. O conteúdo que os indivíduos carregam também deverá ser checado na entrada e na saída. Os acessos deverão ter obstáculos contra a invasão de veículos como acesso em ângulo, cavaletes anticarro, correntes, perfuradores de pneus, posições de armas automáticas, guaritas fortificadas e outros. As sentinelas destes locais também deverão estar informadas sobre os veículos autorizados a entra e a sair naquele determinado momento, bem como a chegada de militares estranhos à unidade. Uma aeronave ou navio não autorizados pode pousar ou atracar em uma base militar contendo explosivo ou contaminantes, ou ainda militares hostis, e seu acesso deve ser rigidamente monitorados e impedido se necessário. Apesar de não ser uma base, podemos exemplificar o raid israelense em Uganda, onde aeronaves C-130 Hércules de Israel pousaram furtivamente no aeroporto de Entebbe e resgataram cidadãos israelense feitos reféns, nas barbas do ditador Idi Amin Dada. O aeroporto estava guarnecido por soldados ugandenses que foram prontamente neutralizados.

Instalação de sensores

Sensores eletrônicos instalados por todo o perímetro da base poderão alertar sobre invasores. Radares de alerta antecipado e sonares de fundo também pode alertar de aproximações. Bases navais podem ser localizadas em baías restritas, com a implementação de sensores submersos e armadilhas como áreas minadas nos canais de acesso.


Obstáculos Físicos

Obstáculos diversos contribuem em muito para a segurança das bases. Cavaletes de metal, dispositivos destinados furar pneus, acesso aos portões em diagonal e com rampa negativa e obstáculos forçando o zigue-zague, cercas, que podem ser duplas, eletrificadas, ladeadas por campos minados, concertinas alocadas onde não deve haver tráfego e no topo das cercas, cercas altas podendo ser guarnecidas por animais como cães, posições de armas automáticas com cobertura em setores específicos, redes submersas em bases navais prevenindo a incursão de mergulhadores e a transposição de torpedos, e outros.

Inteligência

Identificação pela inteligência e tomada de medidas preventivas de possíveis ou potenciais intenções contra a base, antecipando-se ao inimigo. Uma medida interessante que foi adotada na guerra contra o Iraque foi o posicionamento de aves em gaiolas a fim de dar o alerta de um ataque químico.


Artilharia antiaérea

Bases especialmente visadas pelo assédio aéreo inimigo, como as bases aéreas e navais, deverão contar com estes sistemas. Cobertura aérea por caça e aeronaves AEW podem ser implementadas em casos especiais de alta vulnerabilidade, que atuaram em proveito de áreas mais extensas.

Brigadas de incêndio

Bases devem prever a formação de brigadas de combate a incêndio, principalmente bases aéreas e navais, onde o risco é maior. Quanto maior a base mais especializada deve ser esta tropa, que poderá ser constituída por militares que atuam em outras funções como a infantaria de guarda da base, como por pessoal especialmente dedicado.

Setorização

Restrição de acesso a determinados setores apenas a pessoal autorizado, com rígido controle em área mais sensíveis. Áreas de operação de serviços de inteligência, de estocagem de material perigoso ou muito visado, subestações de força, áreas de comando e controle, etc... Outra medida de setorização pode ser feita no âmbito externo com o estabelecimento de zonas militares restritas no entorno das bases, com postos de controle de veículos e pessoas nas proximidades, além de outras medidas.


Localização Criteriosa

Uma base pode ser alocada em um terreno que favoreça sua defesa, como uma ilha, um local distante de aglomerados urbanos, próxima a contrafortes, em ambiente subterrâneo, oculta entre outras instalações periféricas, locais de afunilamento rodoviário que direcionem o fluxo de veículos de forma a facilitar seu controle, etc... A Base naval da Ilha da Madeira em Itaguaí, por exemplo, foi construída em local privilegiado contra o acesso por mar e por terra de forças inimigas.

Escoltas Armadas

Algumas bases de submarinos nucleares pelo mundo contam com escoltas de superfície que atuam na proteção destas naves no vulnerável momento em que deixam seus atracadouros rumo ao mar aberto e no momento em que retornam de suas patrulhas, enquanto não estiverem submersos ou em profundidade segura.

Existem ainda outras medidas que podem ser adotadas, sendo que cada base possui as suas particularidades, e cada força pode lançar mão de recursos diversos.