Introdução
O advento dos
veículos aéreos não-tripulados (UAVs) aumentou a possibilidade de se conduzir
operações militares de uma forma mais forma eficiente e menos arriscada do que
no passado, puramente com aeronaves tradiconais. Embora já há algum tempo se
venha adquirindo experiência na operação destes vetores, ainda não se explorou
de forma abrangente as novas possibilidades que estão surgindo com esta
tecnologia, e como ela vai influenciar a natureza e a condução das futuras
operações militares. Como resultado de inúmeros desenvolvimentos tecnológicos,
é possível que se construam sistemas militares, incluindo UAVs, que podem
realizar operações sem intervenção humana. Esta perspectiva levanta questões
significativas sobre a natureza das operações militares no futuro e como essas
tecnologias influenciarão a estas operações.
Estudos apontaram
que estas tecnologias UAV nas operações militares aumentarão a capacidade das
forças de projetar poder militar. Concluiu-se que esses veículos poderão
realizar tarefas críticas com dificuldades crescentes para aeronaves
tripuladas, das quais podemos citar ações contra instalações de guerra
química/biológica (NBCW) e a supressão de defesas antiaéreas inimigas, que são
os exemplos mais importantes. UAVs são mais resilientes em ação do que as
aeronaves tripuladas, e seu desenvolvimento tecnológico muito mais avançado nos
últimos tempos vem apresentando profundas implicações operacionais para os
militares que operarão no futuro próximo.
A perspectiva de
construir veículos aéreos não tripulados não é nova. Durante a maior parte do
século XX, estudou-se a viabilidade de sua adoção e seu valor potencial em
operações militares. A principal razão para o interesse em UAVs foi, além de
reduzir o risco para os humanos em combate, realizar missões de uma forma mais
eficiente e menos onerosa do que se praticava até então. Um motivo elencado foi
o de libertar as máquinas das limitações impostas pelos humanos, aumentando sua
performance. Desde o início, esperava-se que veículos aéreos não tripulados
seriam mais baratos para se desenvolver e fabricar, e que eles reduziriam a
demanda logística de suporte nas bases e de mão de obra que as aeronaves
modernas exigem. Como resultado de avanços tecnológicos em controle de voo,
processamento de dados e sinais, sensores externos, links de comunicação e
aviônicos integrados, os UAVs são agora uma opção séria. A esperança, ainda não
confirmada, é que eles possam realizar as missões militares mais perigosas,
incluindo ataques a instalações sensíveis, alvos fixos e móveis e outras
aeronaves, e que representam uma revolução nas capacidades militares.
Há muito mais do
que avanços tecnológicos que estão acelerando o desenvolvimento dos UAVs. Com o
fim da Guerra Fria, os gastos em defesa das grandes potências foram sendo
reduzidos, estando estas mais propensas a se envolver em operações de
manutenção da paz e humanitárias do que em grandes operações de guerra, o que
pode ser uma percepção falsa, pois estas possibilidades vem se mostrando reais
nos últimos tempos. Dentro deste raciocínio, a implantação de forças móveis
rápidas são cada vez mais prováveis para forças como as dos EUA, em vez de
depender de grandes forças baseadas no exterior. Em todas essas operações, o
clima político dá grande ênfase em minimizar baixas, especificamente quando os
interesses vitais dos países destacados não estão em pauta. Onde se pode
empregar tecnologia para minimizar a exposição do pessoal militar nas
contingências menores que surgirão no futuro próximo, os formuladores de
políticas terão muito mais flexibilidade para responder a crises e desafios.
Uma série de
fatores tecnológicos sugerem que sistemas de armas não tripuladas serão
importantes em futuras operações militares. Para entender como a tecnologia por
trás do desenvolvimento de UAVs está mudando a natureza e condução das
operações militares, este artigo examina o papel das 3 categorias de veículos
aéreos em operações militares: aeronaves que dependem de pilotos tradicionais,
veículos que são operados por pilotos em locais remotos, e veículos que operam
de forma autônoma. Depois de considerar as vantagens e desvantagens dessas
categorias de aeronaves, serão consideradas as implicações do uso de UAVs em
operações militares.
Definindo Veículos
Aéreos
Como existem
diversos tipos de veículos aéreos, se faz necessário definir os termos que os
designam com precisão: Um veículo aéreo não tripulado é um veículo aéreo
motorizado que sem piloto humano embarcado, se vale de forças aerodinâmicas
para se sustentar no ar e pode voar tanto autonomamente ou ser pilotado por
meios remotos. Pode ainda ser descartável ou recuperável, e transportar uma
carga útil letal ou não. Esta definição também inclui drones aerodinâmicos e
veículos pilotados remotamente (RPVs), embora os RPVs sejam projetados para
serem recuperáveis. No entanto, esta definição exclui veículos balísticos ou
semibalísticos, artilharia e mísseis de cruzeiro, o último dos quais é visto
como um sistema de entrega nuclear de acordo com vários tratados de controle de
armas.
Usando esses
termos, os UAVs podem ser remotamente pilotados ou operar de forma autônoma, e
no caso de controle exercido por um piloto remoto, o controle pode ser contínuo
ou não. Em alguns casos os veículos autônomos seguem cursos pré-programados e
não podem ser redirecionados, enquanto em outros seguem igualmente cursos
pré-programados e podem ter sua trajetória alterada. Em terminologia militar,
os veículos são reutilizáveis, enquanto que as armas são descartáveis. Além disso,
os UAVs têm vida útil mais curta do que as aeronaves tripuladas, podendo sofrer
desgaste em operações militares, o que significa que eles sobreviverão por um
número relativamente pequeno de missões até apresentarem falhas, sofrerem
acidentes ou ações hostis que os destruam. A taxa de perda das aeronaves e UAVs
é um conceito importante que influencia a comparação de custo-benefício destas
aeronaves.
Categorizando
Veículos Aéreos
Uma maneira de
entender a natureza dos veículos não tripulados, como instrumento, é
desenvolver uma estrutura que rastreie seu desenvolvimento, sejam tripulados ou
não, avalie o estado da arte em aeronaves e tecnologias computacionais, e
extrapola como esses desenvolvimentos podem influenciar seu uso em operações
militares.
A abordagem mais
simples é dividir as aeronaves em tripuladas e veículos não tripulados e, em
seguida, subdividir os veículos não tripulados em aqueles que são operados
remotamente e autônomos. Este quadro repousa explicitamente sobre o papel
humano em perceber e influenciar eventos durante a operação de veículos aéreos.
Se as aeronaves tripuladas usarem a presença humana direta para perceber
diretamente eventos e condições ao redor do veículo, veículos remotamente
operados mantêm a presença humana à distância. O fator crítico que distingue
entre aeronaves e UAVs é a quantidade de informações que estão disponíveis para
o humano pilotando um UAV. As comunidades tecnológicas e operacionais têm
investido consideravelmente no uso de exibições visuais e de dados para
fornecer informações ao humano sobre as condições dentro e ao redor do veículo.
O problema é que essas tecnologias têm sido inadequadas porque o operador
humano é privado de informações significativas sobre o desempenho do veículo,
que inclui atitude, vibração e som, entre outros. Tecnologias mais recentes de
realidade virtual tendem a minimizar estas deficiências. No caso de veículos
que são operados apenas periodicamente por um ser humano, como o Global Hawk
UAV, o operador deve tomar decisões com menos informações sobre o veículo do
que um piloto de bordo.
O conceito é de
que a informação que é fornecida a um operador remoto tem implicações para os
UAVs, principalmente porque aumenta diretamente a eficácia, custo e
complexidade desses veículos. Se nos voltarmos para o caso dos veículos
autônomos, a presença humana existe à distância, limita-se a receber
informações sobre o veículo, e não exerce controle direto sobre o veículo. Por
sua natureza, humanos perdem o controle de veículos autônomos assim que são
lançados, o que implica que os operadores humanos não são controladores destas
operações, e que as informações disponíveis sobre o estado dos veículos são
bastante limitadas. Uma vez que essas limitações são compreendidas, os veículos
autônomos podem ser adequados para atacar alvos cuja localização é conhecida
com precisão. O valor dessa suposição diminui, no entanto, em caso de busca de
alvos móveis, dos quais mísseis SCUD e centros de C2 são exemplos proeminentes.
Um motivo para o desenvolvimento desses veículos é alcançar a capacidade de
destruir aqueles que são conhecidos como alvos críticos de tempo, especialmente
quando esses veículos são mísseis que podem estar armados com armas nucleares,
por exemplo.
Talvez a melhor
maneira de situar os veículos aéreos por suas características seja considerar o
papel da presença humana, que pode ser na forma de tripulante ou controlador
remoto, e pode envolver grandes ou pequenas quantidades de informações sobre a
operação do veículo. No entanto, as informações fornecidas ao piloto não são as
mesmas para todos os tipos de aeronaves pilotadas, por exemplo, enquanto o
MiG-23 e F-15 são ambos caças tripulados, os pilotos de F-15 têm maior
capacidade de percepção visual do que os pilotos do MiG-23 como resultado de um
canopí projetado para ter um maior campo de observação. Para citar outro
exemplo, o piloto do F-15 tem muito mais informações táticas disponíveis do que
o piloto do caça P-51 Mustang da Segunda Guerra Mundial, porque o radar do F-15
amplia em muito a capacidade do piloto de perceber o que está acontecendo em
seu entorno.
Em princípio,
todos os veículos não tripulados possuem algum grau de automação. Um problema
interessante, porém, é que operações autônomas criam situações inesperadas, o
que foi verificado durante os testes do UAV Global Hawk. Não
surpreendentemente, o preço da automação aumenta significativamente o custo de
motores, sistemas hidráulicos, elétricos e de aviônicos que se tornam mais
onerosos devido a necessidade de automação, e que numa aeronave tripulada
seriam controlados por humanos.
Categorizando
Operações Militares
Os papéis dos
UAVs podem variar amplamente com base na natureza da operação militar a ser
realizada. As operações militares mais simples envolvem ataques contra alvos terrestres
fixos, enquanto que as operações mais desafiadores envolvem ataques contra
alvos terrestres móveis e outros veículos. Como seria de se esperar, missões de
ataque contra alvos fixos são mais simples porque é relativamente fácil
encontra-los, pois sua localização é conhecida e podem ser avaliadas com grande
precisão. No entanto, um ataque contra alvos aéreos é mais complexo, porque sua
mobilidade torna mais difícil encontra-lo e destruí-lo, e ainda mais porque a
capacidade de manobra destes alvos os torna muito fugazes. Mesmo quando um alvo
aéreo é localizado, a forma mais simples de ataca-lo é através de uma ação
furtiva, onde o alvo não está ciente de que está sob ataque. Em contraste, um
ataque contra um alvo manobrável que está ciente que está sendo atacado e com
um piloto experiente é muito mais complicado.
Outro tipo de
ataque são aqueles contra alvos inimigos que estão longe das linhas de contato,
que são teoricamente mais simples do que ataques em alvos inimigos localizados
relativamente próximos de forças amigas e melhor defendidos. A principal
dificuldade de realizar este tipo de ataque é o alto nível de coordenação
necessário para que os veículos evitem destruir algo não intencionado, que é
conhecido como efeito colateral.
Uma regra básica
das operações militares é que a dificuldade das situações de combate aumenta à
medida que o número de ameaças inimigas aumenta, e esta regra tem implicações
importantes nas operações ar-ar e ar-terra, quando alvos inimigos e operadores
aliados estão presentes por todo o espaço de batalha. Idealmente, todas as
aeronaves em uma área pertencem ao inimigo, enquanto as aeronaves em outra área
pertencem às forças amigas, mas a realidade é que nas operações militares
modernas o inimigo e as aeronaves amigas estão operando dentro da mesma área. O
problema torna-se ainda mais complexo em operações de não-guerra quando
operadores amigos, inimigos e neutros estão presentes pelo mesmo espaço de
batalha.
Esses conceitos
têm várias implicações importantes para os UAVs. Primeiro, pilotos humanos têm
uma capacidade muito maior de entender e responder às condições em seu entorno
de combate ao redor do veículo do que o humano que opera o veículo à distância.
Em segundo lugar, o número e o tipo de ameaças, o grau de mobilidade de alvos,
e o grau de classificação que é necessário para separar e classificar ameaças,
influencia diretamente no sucesso com que os UAVs podem ser usados ??em
operações militares. Terceiro, apesar dessas limitações, a tecnologia
amadureceu a ponto de ser possível gradualmente mudar as funções de combate de
veículos pilotados para veículos pilotados remotamente, e eventualmente para
veículos autônomos em uma migração que pode transformar a natureza da guerra.
Automação
No entanto, o
sucesso dessa mudança dependerá em grande parte da capacidade de desenvolver
tecnologias que automatizarão muitas das funções que os humanos desempenham em
operações militares, especialmente no campo da inteligência artifical. Em
essência, diz-se que um veículo é autônomo quando pode realizar operações sem
intervenção humana. Para citar um exemplo da atual geração de caças
automatizados, o F-117 pode completar uma missão inteira, desde o recolhimento
do trem de pouso até a operação inversa, sem intervenção do piloto, exceto no
consentimento para liberação de armas. Os veículos que estão sendo concebidos
pela indústria, agregam vários graus de controle, em que o operador remoto
identifica o alvo e o UAV executa um ataque coordenado. Um veículo
verdadeiramente autônomo não exigiria nenhuma forma de intervenção humana.
O valor militar
dos UAVs dependerá da capacidade de automatizar muitas das funções que
historicamente têm sido desempenhadas por humanos, que vai desde guiar um
veículo até a entrega de munições contra alvos militares. A forma mais simples
de automação é o aeromodelo, enquanto um exemplo de veículo aéreo autônomo mais
complicado é o "Buzz Bomb" V-1 da Segunda Guerra Mundial, que
executava tarefas em um seqüência - como faz um míssil de cruzeiro moderno que
é guiado por GPS. O exemplo moderno mais complexo de automação é um UAV que se
baseia em um sistema especialista para detectar, identificar e atacar alvos
móveis. Fundamentalmente, a essência da automação é usar regras para orientar a
tomada de decisão, mas este é um problema altamente complexo de se resolver na
guerra. Esta complexidade é ilustrada pela campanha aérea durante a Guerra do
Golfo Pérsico, que envolveu cerca de 2.600 aeronaves aliadas de pelo menos 41
tipos diferentes e 950 aeronaves inimigas oponentes de 17 tipos, dos quais pelo
menos 6 tipos de aeronaves compartilhavam características comuns com aeronaves
aliadas. Todas essas aeronaves poderiam ser atacadas por várias armas ar-ar,
16.000 mísseis em 10 tipos e 7.000 canhões antiaéreos. Para a automação ter
sucesso em operações militares, um computador deve ser capaz de classificar
grande número de escolhas e tomar boas decisões sobre o uso da força de forma
confiável e oportuna. Atualmente, o problema é que a tomada de decisão baseada
em regras não atingiu um nível suficiente de confiabilidade a ponto de permitir
que veículos autônomos tomem os tipos de decisões que somente humanos de alta
qualificação tomariam, especialmente quando o fracasso pode resultar na morte
de centenas ou milhares de civis inocentes.
Avaliação de
Veículos Aéreos
Até agora,
concentramo-nos a entender as diferenças entre veículos pilotados, não
tripulados, pilotados remotamente e autônomos. Esta discussão agora se volta
para uma consideração das vantagens e desvantagens desses veículos no contexto
de como os avanços da tecnologia estão alterando o papel dos veículos aéreos
nas operações militares.
Características
dos Veículos Pilotados
Embora existam
muitas maneiras de caracterizar aeronaves pilotadas modernas; velocidade, alcance,
altitude e carga útil estão entre as mais importantes quando examinando as
diferenças entre veículos pilotados e não pilotados. Além de que, no entanto, a
característica mais importante é que os veículos pilotados contam com a
presença de humanos para detectar e responder a mudanças na operação do
veículo. Embora os sensores humanos tenham suas próprias limitações e
deficiências, ainda é verdade que o estado atual dos sensores não humanos e as
capacidades de tomada de decisão dos sistemas eletrônicos não são
suficientemente desenvolvidos para substitui-los. Aeronaves historicamente
dependem de pilotos porque a tecnologia não tinha sido até agora capaz de
viabilizar a operação da aeronave sem a presença humana. O humano pode lidar
com a condições limite da aeronave, incluindo vibrações incomuns que podem
indicar danos estruturais ou falha iminente do motor.
A capacidade
humana de analisar informações de forma intuitiva ainda não foi substituída
pela tecnologia, pois a mente humana é capaz de absorver e analisar volumes
maiores de informações, mais diversas e ambíguas do que qualquer máquina. Uma
característica relacionada é que aeronaves pilotadas são projetadas para uma
vida útil mais longa do que suas contrapartes não pilotadas, principalmente
porque a carga humana é considerada intrinsecamente valiosa.
Talvez a
característica mais importante das aeronaves pilotadas seja sua habilidade para
entregar armas que podem ser usadas para atacar uma ampla gama de alvos. Em
termos de segmentação, as aeronaves táticas modernas podem transportar uma
série de munições que podem produzir efeitos de área ampla, bem como efeitos
precisos, e fazê-lo em distâncias de afastamento que variam em milhares de
quilômetros. A tendência nos últimos anos tem sido aumentar a precisão das
munições, o que permite aos projetistas reduzir o tamanho das ogivas.
Finalmente,
enquanto as aeronaves convencionais requerem longas pistas e grande número de
pessoal de apoio, instalações e suprimentos, a mudança para sistemas de armas
que empregam algum grau de automação reduzirão esta dependência da
infraestrutura.
Vantagens
A vantagem mais
significativa dos veículos pilotados é sua capacidade de usar humanos para
detectar ocorrências dentro e fora da aeronave, que é conhecido no jargão militar
como “consciência situacional”. A vantagem da confiança na presença humana é
que não há 2 pilotos que reagem da mesma forma a cada situação, que em
operações militares envolve em identificar ameaças e alvos, tomar decisões de
forma desconhecida e ambígua em situações singulares e o pensamento de forma
analítica e criativa. Os pilotos humanos são capazes de se adaptar a novas e
diferentes circunstâncias, tomar decisões com base em informações incompletas
ou ambíguas e lidar com situações inesperadas, como danos ou defeitos
imprevistos. Uma condição que distingue os veículos pilotados de seus homólogos
automatizados é que estes últimos não possuem essas características. Enquanto
os veículos pilotados usam dispositivos eletrônicos, como rádio, radar, RWR e ECMs,
para complementar os sentidos do piloto, a característica mais fundamental dos
veículos pilotados é que o humano pode tomar decisões críticas sobre o uso da
força letal.
A principal
vantagem dos veículos pilotados é que tripulantes podem resolver problemas que
as máquinas não podem, e ainda podem tolerar maior confusão do que as máquinas
e tomar decisões que não estão previstas nos softwares. Mesmo nas primeiras
décadas do século XXI, ainda não se atingiu o momento em que os humanos estarão
livres destas responsabilidades.
O conceito de
controle humano sobre as funções críticas que são executadas durante as
operações de combate, ainda é muito importante, pois eles têm habilidades
únicas que ainda não foram replicadas em máquinas, e que representam uma
vantagem decisiva em combate, pois podem pensar, sintetizar e compreender mais
rápido do que as máquinas.
Embora os
veículos não tripulados possam realizar operações militares com o mínimo de
risco para os seres humanos, eles tem uma redução na capacidade de tomar
decisões. Até que os UAVs possam realizar esta função, seu papel nas operações
militares permanecerá bastante limitado.
Desvantagens
A principal
desvantagem com aeronaves pilotadas é que a fisiologia humana impõe limites ao
desempenho da aeronave. Ao mesmo tempo, a presença de humanos em aeronaves
aumenta sua complexidade e custo, sendo os veículos pilotados mais vulneráveis
devido ao seu maior tamanho do que a maioria dos UAVs e, portanto, mais
suscetíveis ao ataque de UAVs menores. Uma outra desvantagem é que as aeronaves
pilotadas são vulneráveis ??à exploração política. Existem vários casos
recentes em que a perda de uma aeronave criou dificuldades políticas para seus
governos, como o dos EUA, como a perda de aeronaves no ataque contra a Líbia em
1986 (Operação Eldorado Canyon), Bósnia em 1995, e a perda de um F-117 sobre a
Sérvia em março de 1999.
Características
dos Veículos Não Tripulados
Os UAVs se
dividem em 2 grupos distintos, os pilotados remotamente e veículos autônomos.
Um conceito útil para distinguir entre esses tipos de veículos é lembrar que
veículos operados remotamente não tem piloto embarcado mas operando o veículo à
distância, enquanto veículos autônomos não tem qualquer controle por operador
humano.
Em virtude de seu
alcance, resiliência e altitude operacional, os UAVs aumentam a capacidade de
projetar poder militar, como demonstrado pelos UAVs Predator e Global Hawk da
USAF, cuja resiliência é superior aos veículos tripulados. Por essas razões, os
UAVs podem realizar tarefas que são cada vez mais difíceis para aeronaves
tripuladas, como ataques a instalações de guerra biológica e química, e
suprimir defesas aéreas não previstas que se apresentam como problemas
críticos. Ao mesmo tempo, as tecnologias UAV buscam um nível de maturidade
tecnológica que lhes permitem infligir danos devastadores em muitos alvos.
Em termos
históricos, aumentar o alcance de uma arma ou distância entre o alvo e o
operador de determinada arma sempre foram fatores significativos para o
desenvolvimento de UAVs. O uso de VANTs começou com experiências alemãs com
armas guiadas na Segunda Guerra Mundial, incluindo a V-1 alemã. Essa abordagem
é paralela à tática moderna de usar aeronaves pilotadas em alta altitude ou
mísseis de cruzeiro de baixa altitude para entregar munições junto a seus
alvos.
O desenvolvimento
de UAVs para reconhecimento fotográfico foi estimulado no início dos anos 1960
com a queda do avião U-2 na URSS que foi pilotado por Francis Gary Powers em
maio de 1960, e a derrubada de um U-2 durante a crise de mísseis em Cuba. Além
disso, os UAVs foram usados ??para fins fotográficos, comunicações e
reconhecimento eletrônico, vigilância e combate eletrônico na Guerra do Vietnã,
e por Israel para fotografia e reconhecimento eletrônico, bem como chamarizes
durante a Guerra do Yom Kippur de 1973 e a operação no Líbano em 1982. Mais
recentemente, o US Army, a US Navy, e os US Marines Corps usaram o UAV Pioneer
para reconhecimento tático, vigilância e aquisição de alvos durante a Guerra do
Golfo Pérsico.
Em termos
operacionais, os UAVs podem operar em altitudes que excedem 23 mil metros e
podem transportar sensores de todos os tipos. O desenvolvimento de novas
ogivas, permitem que os UAVs portem armas compactas que podem infligir danos
significativos contra alvos fixos e móveis. Enquanto essas tecnologias podem
ser usadas em aeronaves tripuladas, os UAVs podem ser usados ??para localizar e
destruir seus alvos, em particular devido aos recentes desenvolvimentos de
softwares de reconhecimento automático de alvos.
Vantagens
A principal
vantagem dos UAVs é sua capacidade de reduzir o risco para os seres humanos e,
assim, apresentando boa relação custo-benefício. Opções que podem ser usadas
quando as condições políticas ou ambientais proibirem o uso de sistemas
tripulados. As outras vantagens dos UAVs são a capacidade acelerar a taxas
superiores às suportadas por pilotos humanos, evitar a fadiga, pois o piloto
pode ser trocado na frequência em que se desejar, e eliminar a miríade de
sistemas que sustentam a vida humana no cockpit, que aumentam o peso,
complexidade e custo de aeronaves pilotadas. Uma vez livre dessas limitações,
Os UAVs podem ser mais manobráveis, passarem mais tempo no ar, e ser menos
observáveis do que suas contrapartes pilotadas. Outra capacidade operacional
dos UAVs é sua capacidade de voar perto de alvos bem defendidos, como
lançadores de armas nucleares, biológicas e químicas (NBC), que criam um risco
significativo para os pilotos.
Desvantagens
As principais
desvantagens dos UAVs são sua necessidade por comunicações de grande largura de
banda, vulnerabilidade à interferências e baixos índices de sobrevivência.
Embora seja comumente assumido que os UAVs são relativamente baratos em
comparação com as aeronaves tripuladas, a geração atual de UAVs vem se tornando
relativamente cara para desenvolver e construir. No entanto, esta vantagem de
custo pode ser exagerada se a expectativa operacional for satisfatória, como
por exemplo no caso do Global Hawk que tem aproximadamente metade do custo operacional
do U-2. Embora o Global Hawk não possa realizar todas as missões do U-2, são
menos caros de operar. Por enquanto, os custos de produção de UAVs são
relativamente altos porque esses sistemas normalmente envolvem pequenas
produções, e os aviônicos e armas usados são bastante sofisticados e caros. Uma
importante preocupação é que as perdas de UAVs podem ser proibitivamente caras
se grandes números forem perdidos em situações operacionais.
Um segundo
problema com UAVs é sua necessidade de largura de banda suficiente para
permitir ao operador remoto manter uma ligação de dados adequada com o veículo,
e a necessidade de grandes larguras de banda aumenta a vulnerabilidade à
interferência e bloqueio.
Um terceiro
problema é que os UAVs têm problemas únicos de sobrevivência. O mais notável é
que não são tecnologicamente sofisticados suficientemente para avisar o
operador que o veículo está sob ataque, não podem operar em condições
meteorológicas adversas, e têm um baixo nível de confiabilidade, o que limita
seu papel operacional.
Características
dos Veículos Operados Remotamente
Como os RPVs
possuem operadores remotos, esses veículos são menores, possuem maior
resistência operacional, são mais baratos que os veículos pilotados com
recursos comparáveis ??e contam com sensores e links de comunicação para
informar o operador sobre o estado do veículo. O atual abordagem é usar RPVs
para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR), e existem
intenções de se usar RPVs em missões de combate aéreo para proteger outras
aeronaves de combate ou ativos de alto valor, como o Sistema de Alerta e
Controle Aerotransportado (AEW). No entanto, a capacidade de RPVs para realizar
essas missões exigirão que esses veículos tenham funções autônomas que normalmente
aumentam seus custos de desenvolvimento e de aquisição.
Vantagens
A principal
vantagem dos veículos operados remotamente é sua capacidade de usar o
raciocínio humano, além do veículo ser mais barato do que o seu homólogo
pilotado. Os RPVs podem ser menores, mais leves, ter maior resiliência do que
veículos pilotados, podendo ser furtivos, dependendo do projeto e de seu
sistema de comunicações. No entanto, enquanto os RPVs desfrutam de muitas das
vantagens associadas à tomada de decisão, esses veículos são limitados pelo
fato de que as aeronaves devem dependem dos sensores, e dos “delays” - atrasos
de tempo - que existem quando a aeronave e o operador estão em locais
diferentes.
A vantagem
operacional dos RPVs é sua capacidade de manobrar com mais agilidade do que os
veículos pilotados. Além disso, a regra é que os RPVs são menos detectáveis
porque seu tamanho menor os torna menos observáveis. As funções do operador
remoto são semelhantes à capacidade dos pilotos, que é tomar decisões na
presença de falhas não programadas, lidar com circunstâncias inesperadas e
tomar medidas de proteção do veículo. Para ter sucesso, no entanto, o operador
deve ter acesso a informações oportunas sobre ameaças ao veículo, ser capaz de
identificar que um ataque está em curso ou seja iminente, e tomar medidas de
proteção adequadas. O problema é que a geração atual de RPVs, como
exemplificado pelo Predator UAV, não tem a sofisticação tecnológica para
realizar essas ações.
Desvantagens
A principal
desvantagem é que o operador sempre está fundamentalmente inconsciente da
situação tática ao redor do veículo, que se traduz em uma maior probabilidade
de que a missão falhe ou o veículo seja perdido. Atualmente, os RPVs são
suscetíveis à perda de comunicação com o operador humano, o que tem implicações
catastróficas como a falha da missão ou a perda do veículo. Uma regra geral é
que sistemas militares que dependem de sensores distribuídos são bastante
vulneráveis ??a falhas dos links de comunicação. Outra desvantagem importante
com RPVs, que tende a ser ignorado ou diminuído, é que a distância entre o
veículo e o operador causa um atraso (delay) de tempo, o que torna RPVS menos
responsivo em combate. Finalmente, o operador do RPV não têm o mesmo grau de
consciência situacional que os pilotos embarcados.
Características
dos Veículos Autônomos
Como observado
anteriormente, os veículos autônomos podem desempenhar suas funções sem o
operador humano e, como resultado, tendem a ser menores e menos onerosos que os
veículos pilotados. O fato de os veículos autônomos serem menores do que
veículos operados remotamente reflete a ausência de sistemas de comunicações
mais capazes e seus sistemas de orientação relativamente simples, que dá e
estes veículos resiliência operacional significativamente maior. Enquanto a
atual geração de veículos autônomos limita-se a realizar missões de
inteligência e vigilância (ISR) e atacar alvos fixos, a expectativa é que os
avanços tecnológicos cheguem ao ponto em que poderão se ocupar de alvos móveis,
como lançadores de mísseis ou veículos de comando e controle (C2).
Vantagens
A principal
vantagem dos veículos autônomos é sua capacidade de trabalhar com mais rapidez,
precisão e confiabilidade do que os operados remotamente. Enquanto que o custo
dos veículos autônomos aumenta com a complexidade da tarefa, seu desempenho
depende fundamentalmente da inteligência artificial, capacidade esta que vem se
aprimorando com o passar do tempo, com computadores cada vez mais capazes para
tomar decisões corretas de direcionamento em operações militares.
O custo dos
veículos autônomos está diretamente relacionado às suas capacidades. Veículos
autônomos com sistemas de orientação mais simples não tem poder de se adaptar à
mudanças de condições no campo de batalha enquanto voa em direção ao alvo.
Veículos relativamente baratos e equipados com sensores capazes, podem
interagir com outros sistemas e são capazes de reagir a situações que mudam
rapidamente.
Os veículos
autônomos têm uma vantagem em termos de resistência ou quando estão operando na
presença de substâncias nucleares, químicas ou armas biológicas. Outra grande
vantagem dos veículos autônomos é o fato destes veículos não precisarem de
longas pistas ou grandes suprimentos de combustível e, portanto, podem ser
dispersos em um grande número de pequenos aeródromos. Por fim, estes veículos
por serem suficientemente pequenos, são difíceis de observar e destruir.
Desvantagens
A principal
desvantagem dos veículos autônomos é que os controladores humanos têm muito
pouca informação sobre como a missão está evoluindo ou como o veículo está se
comportando. Enquanto estes veículos podem ser usados ??para fornecer avaliação
de danos de bombardeios da mesma forma que as armas que são guiadas com
sensores eletro-ópticos, o estado da tecnologia empregada e a complexidade e
configuração do veículo ditarão como estas informações serão disponibilizadas.
Uma desvantagem
significativa dos veículos autônomos é que o sistema pode ser suscetível a
ambiguidades ou erros de programação simples, que o podem fazer atacar forças
amigas e causar danos colaterais em áreas que existam civis não-combatentes,
embora a tecnologia atual possa reduzir significativamente este risco. A
desvantagem mais ampla com sistemas puramente autônomos é que os computadores não
podem tomar decisões sem humanos para supervisionar seu comportamento. Em
termos de custo, veículos autônomos que possuem inteligência artificial
sofisticada ou sistemas especialistas serão caros, complexos e propensos a se
comportar de maneiras que um adversário poderia reconhecer e explorar. Em
geral, essas máquinas não podem se adaptar ou explorar os fatores que são
essenciais para o sucesso em combate.
Uma suposição
razoável é que os veículos autônomos não são capazes de analisar os
acontecimentos ou exibir a liberdade de ação que é essencial para sucesso nas
operações militares. Veículos autônomos não podem replicar de forma abrangente
a capacidade humana de compreender as nuances que fazem a diferença entre
sucesso e fracasso na guerra. Eles não podem demonstrar iniciativa, mas devem
contar com os sistemas especialistas ou inteligência artificial que em si é um
produto com listas de regras e contingências explícitas. Esses sistemas não
terão a capacidade humana de se adaptar e se comportar de forma imprevisível, o
que aumenta sua vulnerabilidade às ações inimigas. Uma razão para esta
limitação é que os sistemas especialistas não reagem bem às informações que
operam no limite de seu “conhecimento”, conhecido como “fragilidade”, o que
aumenta sua vulnerabilidade a inimigos que podem usar engodos ou ambiguidades
para confundi-lo. Dado o grande número de objetos que sistemas altamente
automatizados podem encontrar e número de decisões que devem ser tomadas de
forma correta e rápida, o problema é a relativa facilidade com que um
adversário poderia explorar estas deficiências.
Funções militares
para veículos aéreos não tripulados
As aeronaves
tripuladas dominaram o século XX, mas avanços tecnológicos estão levando ao
desenvolvimento de UAVs que poder realizar missões militares que antes eram
reservadas para aeronaves tripuladas. Há uma série de funções que um UAV pode
desempenhar no cenário das operações militares.
Transporte:
Embora até o momento atual não tenhamos UAVs transportando passageiros, eles já
podem transportar cargas, especialmente nas quantidades relativamente pequenas
que se aplicariam em situações táticas. O estado atual da tecnologia pode ser
suficiente para criar helicópteros remotamente pilotados ou autônomos que são
capazes de entregar suprimentos e munições às tropas em campo, desde que
instruções e restrições específicas guiem esses UAVs.
Inteligência,
Vigilância e Reconhecimento (ISR). Uma forma mais prática é usar UAVs para
missões de inteligência, reconhecimento e vigilância, e que tiraria vantagem do
fato de que os UAVs têm tempos de voo significativamente mais longos, e podem
ser posicionados de forma flexível perto de alvos potenciais, sendo pequenos e
relativamente difíceis de detectar. A longa resiliência dos UAVs é particularmente
importante para a vigilância quando essas operações necessitam ser realizadas
ao longo de dias. Nesse sentido, os UAVs poderiam aliviar as plataformas
tripuladas da necessidade de manter o alto ritmo operacional para os períodos
que são a norma nas contingências militares modernas.
Os EUA em missões
de vigilância usam vários UAVs. O Global Hawk da USAF e o RQ-6 Outarider do US
Army e da US Navy são exemplos. Estão em serviço UAVs que podem voar de forma
autônoma e transmitir informações em tempo real, para uso em reconhecimento,
interferência, detecção química ou biológica, e colocar sensores remotos no
campo de batalha. Para ataque à alvos usam-se modelos com capacidade de lançar
armas contra locais de defesa antiaérea, como em 1972, quando um drone Ryan
Lightning Bug lançou com sucesso um míssil AGM-65 Maverick contra uma van de
controle de radar. É possível que UAVs possam atuar na vigilância se estados
rebeldes (na visão dos EUA), que estão envolvidos em fabricar ou armazenar
armas de destruição em massa e atacar aquelas instalações. O Conselho
Consultivo Científico da USAF sugeriu que para atacar essas instalações, os EUA
deveriam desenvolver UAVs com sensores e armas multiespectrais. Este UAV de
vigilância voaria em conjunto com UAVs armados com armas de precisão, armas
penetrantes ou armas que empregam mecanismos de matar que evitam a disseminação
desses materiais.
Os UAVs podem ser
usados ??para atacar alvos terrestres fixos de alto valor em operações
militares. Uma vez que sejam informados a localização, o tipo de alvo e efeitos
de armas desejados ao UAV, este determinaria a maneira correta de atacar os
alvos com um operador remoto ou alguma forma de automação.
Ataque à Alvos
Móveis. O conceito de atacar alvos móveis com UAVs são bastante populares e
envolvem o uso de sensores em UAVs de alta altitude e longa duração em conjunto
com aeronaves. O problema fundamental com o uso de UAVs é a dificuldade de
detectar e identificar alvos em operações de combate modernas. Se equipado com
sensores de vigilância e reconhecimento e munições afins, UAVs pouco
observáveis ??que operar em grandes altitudes por longos períodos poderiam ser
usados para detectar mísseis de teatro, balísticos e de cruzeiro. A resiliência
em ação relativamente longa desses veículos, e a capacidade de detectar e
identificar alvos, poderiam fazer dos UAVs operados remotamente uma opção
viável para esta missão.
Combate Ar-Ar.
Num futuro previsível, a tecnologia permitirá UAVs para realizar operações de
combate ofensivas e defensivas contra aeronaves, mísseis de cruzeiro e mísseis
balísticos. Se os comandantes militares puderem usar UAVs avançados para
interceptar aeronaves, eles disponibilizariam suas aeronaves tripuladas para
outras missões de combate. Se olharmos para o longo prazo, pode ser
tecnologicamente viável desenvolver UAVs que possam substituir a atual geração
de aeronaves de combate com veículos cujo desempenho e a capacidade de
sobrevivência excede a dos veículos pilotados. Além disso, os UAVs poderiam ser
usados para atacar instalações, bem como atacar alvos fixos e móveis críticos.
Veículos pilotados remotamente podem ser valiosos em combate aéreo, e muitos
conceitos que dependem de níveis mais avançados de automação, caminham para se
tornar realidade.
Missões de Apoio
ao Combate. A ideia é usar UAVs para a operações de suporte eletrônico que são
realizadas por aeronaves de ataque e bombardeiros, em conjunto com aeronaves
para atingir e congestionar radares de controle de fogo. Esta categoria de UAV
pode funcionar como um chamariz duplicando as assinaturas de radar,
infravermelho e rádio da força atacante para aumentar a capacidade de
sobrevivência das aeronaves tripuladas, detectando a localização das defesas
aéreas inimigas e transmitindo esses dados para aeronaves de ataque tripuladas,
sendo que estas e outros UAVs poderiam vetorar armas para a supressão destas
defesas, como dito anteriormente.
É inevitável que
os desenvolvimentos tecnológicos permitam UAVs para assumir muitos papéis
militares. Por esse motivo, é fundamental investir em tecnologia UAV para
aumentar a custo-benefício dos sistemas de armas, reduzindo o risco para os
seres humanos em combate. No entanto, a opção mais prudente é manter
capacidades significativas em aeronaves tripuladas até que computadores e sensores
chegarem ao ponto em que serão capazes de tomar as decisões de combate que
historicamente seriam tomadas por humanos, de forma confiável e sem titubear
nas situações limite.
Conclusões
Os militares tem
a sua frente vários conceitos sobre como os UAVs devem ser usados ??em
operações militares, mas o fato é que muitos desses conceitos são ainda
especulações sobre como as tecnologias UAV podem funcionar, embora venham se
tornando realidade dia a dia. Existem ainda limitações na capacidade de usar veículos
não tripulados, especialmente aqueles que dependem de automação para tomar
decisões em combate, além dos problemas de infraestrutura como no caso dos
veículos que necessitam de links satelitais para os países que não os possuem.
Pela maioria dos padrões, a automação é o ponto crítico da tecnologia que
determinará se os UAVs poderão funcionar efetivamente em operações militares.
Não basta dizer que porque a atual geração de mísseis de cruzeiro utiliza
sistemas de navegação inercial, comparação automatizada de terrenos ou Sistema
de Posicionamento Global (GPS), que os UAVs podem assumir um papel dominante.
A realidade é que
o desenvolvimento de UAVs foi retardado pelos problemas associados a construir
máquinas autônomas que possam desempenhar funções humanas, de que tomar
decisões em combate sobre o uso de força letal são provavelmente o mais
difícil. Não há dúvida de que os avanços tecnológicos recentes aumentaram o
valor militar dos UAVs. Por exemplo, os sistemas de controle foram
aperfeiçoados ao ponto em que o operador precisa de muito menos experiência com
veículos operacionais, e pode se concentrar em entregar armas. Também não está
claro que os UAVs serão menos caros para operar do que seus homólogos
tripulados. Enquanto um estudo sugeriu que o Global Hawk UAV pode ser menos
dispendioso de operar do que a aeronave U-2, existem incertezas sobre quanto
custará operar UAVs. Por exemplo, a USAF descobriu durante a campanha de 1999
nos Balcãs que era mais caro operar o UAV Predator do que havia previsto. Finalmente,
os militares devem entender que sempre haverá casos em que os veículos não
tripulados não podem cumprir as missões desempenhadas por aeronaves tripuladas.
O problema tecnológico fundamental com UAVs é sua capacidade limitada de lidar
com a ambiguidade. Durante as operações de imposição da paz ou de guerra
aberta, comandantes militares cometem erros rotineiramente ao identificar
forças amigas e inimigas como bem como civis. Um exemplo notável foi o fracasso
em perceber que civis atravessavam uma ponte no Kosovo ao mesmo tempo que
forças militares, quando foram atacadas por aeronaves da OTAN. O problema é que
os bunkers que podem abrigar civis, centros de C2 ou sistemas de mísseis podem
estar localizados em áreas urbanas, que se atacadas por erro matará civis
inocentes. Para saber o limite onde os UAVs podem ser usados extensivamente em
operações militares, os UAVs devem demonstrar um nível de automação capaz de
lidar com essa ambiguidade, mas esse padrão ainda excede as capacidades
tecnológicas. Até UAVs operados remotamente terem os sensores e computadores
que podem resolver as ambiguidades que existem em combate, os militares não
poderão contar com sistemas totalmente automatizados. Isso não quer dizer que a
tecnologia nunca criará sistemas altamente automatizados que pode guiar UAVs em
missões militares. Mas o volume de informação cresce continuamente, o que
aumenta a pressão para tomar decisões mais rapidamente, e os operadores humanos
podem ficar tão sobrecarregados e voluntariamente abdicarem do controle para
sistemas automatizados. Uma questão relacionada é se o desenvolvimento de UAVs
levará a obsolescência tecnológica ou extinção de aeronaves pilotadas e,
portanto, das forças aéreas tal qual são. O contra-argumento, no entanto, é que
se as forças aéreas não conseguirem se adaptar às rápidas mudanças
tecnológicas, seu papel diminuirá em qualquer caso. No entanto, é concebível
que a dependência de máquinas poderia acelerar o fim de uma era em que os
humanos desempenham um papel decisivo no uso do poder aéreo.
Esses
desenvolvimentos tecnológicos não devem obscurecer o fato de que veículos
aeroespaciais pilotados, pilotados remotamente e autônomos podem fazer
contribuições significativas para as operações militares, e que os militares as
organizações devem considerar como essas tecnologias vão mudar os fundamentos
doutrinários do poder militar. Os militares devem se adaptar às mudanças
tecnológicas se quiserem preservar sua capacidade de prevalecer em operações. E
isso, mais do que a presença de operadores humanos, é o derradeiro teste
militar e tecnológico de sucesso.
À medida que os
avanços tecnológicos aumentam a letalidade das armas no campo de batalha
moderno, é inevitável que os UAVs reduzam os riscos para humanos em combate. É
ilusório, no entanto, acreditar que o progresso da tecnologia apagará
completamente a necessidade de colocar os humanos em perigo. Se há uma
restrição fundamental ao desenvolvimento de UAVs, é que a tecnologia promete
encontrar soluções puramente não tripuladas para combater, mas não pode cumprir
essa promessa. As autoridades políticas e militares devem abordar com cautela a
perspectiva de um mundo em que os sistemas automatizados possam selecionar
alvos militares e empregar munições letais. Vamos imaginar os perigos de uma
situação em que um veículo autônomo armado com mísseis ataca por engano um
ônibus escolar, que está cheio de crianças porque o software de reconhecimento
automático de alvos concluiu que o "alvo" era um
lançador/eretor/transportador que carregava um míssil SCUD. Este problema pode
ser agravado se considerarmos que o sistema automático de reconhecimento de
alvos pode falhar em "perceber" que o míssil móvel está estacionado
no pátio da escola.
Embora a
automação possa ajudar os humanos, ainda não chegamos ao ponto onde a
tecnologia permitirá que sistemas automatizados tomem decisões sobre o uso de
força militar letal. Se o objetivo por trás do desenvolvimento de UAVs é
encontrar soluções tecnológicas para salvar vidas humanas em combate, não deve
desviar a comunidade tecnológica de encontrar melhores maneiras de integrar
humanos e máquinas em um sistema mais eficaz para tomar as melhores decisões
possíveis nos cenários operacionais.