FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."
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sábado, 6 de julho de 2024

Engenharia Militar *241



A Arma de Engenharia, uma da 5 armas-componente presentes em qualquer exército moderno, tem por missão apoiar a manobra das demais tropas no que tange a serviços e informações especializadas, proteção, mobilidade e contramobilidade, além de executar serviços de infraestrutura de toda ordem.

Os meios de Engenharia de uma força armada terrestre devem ser capazes de acompanhar a força a qual apoiam, garantindo seu avanço durante as operações através dos obstáculos que se configurem, permitindo-lhe sua progressão ininterrupta através do terreno, necessitando dessa forma possuir a mesma mobilidade das demais unidades.

Para tanto as tropas de Engenharia sempre compõem a vanguarda de qualquer avanço, colhendo informações técnicas através das atividades de reconhecimento especializado e trabalhando para a consecução de estradas e vias de transposição de terreno sólidas e capazes de suportar o pesado tráfego demandado pelos veículos militares, além de pontes e outros dispositivos necessários a superação de pontos críticos como rios, depressões, terrenos difíceis, florestas densas, campos minados, etc...

Devido as estas condições de emprego, onde o risco de contato com o inimigo está no mesmo nível daquele encontrado pelas tropas das armas-base, as tropas de Engenharia devem dispor de meios e treinamento adequados à sua sobrevivência, sendo uma força combatente com capacidade técnica para serviços especializados, podendo se for necessário, engajar com o inimigo em situações de autodefesa, ou mesmo em reforço às tropas das armas-base.

Além do fundamental apoio a mobilidade desempenhado, as tropas de Engenharia proporcionam também apoio a contramobilidade em combate, através de ações que visem dificultar a manobra inimiga no terreno, como a construção de obstáculos (campos minados, obstrução de vias, alagamento de áreas, etc...) e obras de infraestrutura e proteção.



Reconhecimento de Engenharia

A Engenharia produz dados de inteligência, quer para subsidiar a inteligência militar ou de forma mais especializada com dados importantes às operações das unidades apoiadas. Produzir estes dados é um processo contínuo e permanente. Uma coluna motorizada, por exemplo, não pode deslocar-se por uma via desconhecida sem saber se as pontes suportarão o peso dos veículos, especialmente se estes veículos forem caminhões ou blindados pesados. Este reconhecimento deverá ser intimamente coordenado pelo pessoal de inteligência do escalão superior, o qual agregará aos planos operacionais, através de sua seção de informações, os dados que julgar pertinentes.

Busca-se, através da Engenharia informações sobre meteorologia, topografia, localidades, hidrografia, corredores de mobilidade, itinerários em rodovias e ferrovias ou mesmo “off road”, acidentes capitais relevantes, obstáculos, pontes, vaus, balsas, portos, aeródromos, túneis, campos de observação, campos de tiro, cobertas e abrigos, locais de construção, material e equipamentos de Engenharia, dados sobre suprimento de água e outros itens relevantes. Todas as fontes são úteis como reconhecimento aéreo e terrestre, radares, cartas e fotografias, imagens de satélite, civis e prisioneiros de guerra, dados fornecidos por outras unidades, panfletos e outros.

O reconhecimento, invariavelmente, é executado em áreas próximas ao inimigo, e estes destacamentos que contam com capacidade plena de combate e autodefesa, devem fazê-lo sem engajarem-se em combate se este puder ser evitado, pois não é esta sua missão, salvo ordem contrária. Pode-se obter informes de caráter geral em determinada área ou informes detalhados para uma tarefa específica, sendo que estes seguem-se ao primeiro. O terreno e sua influência nas operações é um dos principais componentes do estudo de situação no PPM (Processo de Planejamento Militar). Determinar sua influência e das condições meteorológicas nas operações é de vital importância.



Emprego Tático

A tropa de Engenharia atua no apoio à mobilidade dos elementos de manobra, executando todos os trabalhos que visem permitir a manobra da força apoiada como a remoção de obstáculos, construção de pontes, demolições necessárias, abertura de brechas em campos minados, consolidação de vias de tráfego e outros que se façam necessários. Atua também no apoio à contramobilidade dificultando a manobra do inimigo através da demolição de pontes, lançamento de campos minados, construção de obstáculos diversos, inundação de áreas alagadiças e outras ações afins. Uma terceira forma de apoio aos elementos são os serviços de proteção que visem reduzir sua vulnerabilidade contra o inimigo e as intempéries, como a construção de fortificações e serviços de camuflagem, construção de instalações que aumentem o bem estar dos combatentes, bloqueio de vias por onde o inimigo possa acessar áreas mais vulneráveis de retaguarda, infraestruturas diversas e outros.

É sempre desejável que a tropa de Engenharia de combate opere sob coordenação de um escalão superior da mesma arma, onde se obtém maior eficiência operacional, podendo no entanto, que destacamentos possam operar vinculado a elementos de manobra quando este operar isoladamente. Este destacamento será normalmente, por exemplo, de um pelotão de Engenharia de combate para um batalhão de infantaria. Poderá ainda esta tropa ser destacada como um elemento de trabalho para cumprir uma tarefa específica, sendo que nesse caso, a composição será variável de acordo com a natureza da tarefa a ser executada.

Enquanto as unidades de Engenharia de combate atuam junto às tropas em apoio a estas, a Engenharia de construção atua normalmente nas áreas de retaguarda em apoio aos grandes comandos logísticos do teatro de operações, que são à princípio zonas mais seguras, em tarefas mais técnicas e planejadas, como as já citadas obras de infraestrutura, fortificações de campanha elaboradas e campos de prisioneiros de guerra. Cabe salientar que em um teatro de guerra nenhum lugar é totalmente seguro e os cuidados com a vigilância e proteção devem sempre ser considerados.

Uma das missões mais importantes da Engenharia é a manutenção em condições de tráfego das vias de transporte. As operações, impõem às vias de transporte um volume de tráfego intenso e vias precárias deterioram-se rapidamente, e cabe à Engenharia manter estas vias operacionais e criar novas se necessário, elaborar cartas rodoviárias e ferroviárias, identificar e precaver-se sobre eventuais obstáculos (pontes, locais de queda de barreiras, pistas inferiores, etc...). A construção, a reparação e a conservação das pontes fixas e o desdobramento de pontes provisórias, em um teatro de operações, constituem uma das mais importantes e complexas missões da Engenharia, sendo as pontes vitais para a manobra terrestre. As pontes demandam ainda proteção e controle de tráfego. Todos os tipos de edificações a serem executadas de qualquer natureza, sejam novas ou reparações, também são atribuições da Engenharia.

Dentre a inúmeras atribuições desta tropa altamente especializada temos a organização do terreno, que consiste em modificar suas características, por meio de construções e destruições, com a finalidade de potencializar o poder de combate amigo e prejudicar o do inimigo, através de ações de fortificações de campanha e camuflagem. A construção de barreiras que são uma série de obstáculos, dispostos em profundidade que barram, restringem ou canalizam as vias de acesso do inimigo em uma determinada direção. Elas aproveitam ao máximo os obstáculos naturais e utilizam o mínimo necessário de obstáculos artificiais, apoiando a manobra tática e aumentando a eficiência dos fogos amigos, impedindo o inimigo de passar, retardando seu avanço ou canalizando-o para uma “zona de morte” onde os fogos amigos podem atuar com maior eficiência.

A destruição de pontos críticos são outra atribuição da Engenharia, que são locais de passagem obrigatórios ao longo de um itinerário, onde a vulnerabilidade da tropa pode chegar a níveis perigosos, facilitando a ação inimiga ou mesmo impedindo o avanço por causas outras, ou ainda que por características próprias coloque a tropa em risco. Estes locais devem ser trabalhados na forma que o risco seja minimizado, seja por obras necessárias, ocupação ou destruições. O lançamento e a abertura de brechas, ou mesmo limpeza de campos minados constituem a guerra com minas. Abrange o emprego de minas contra o inimigo, como também de contramedidas face à utilização de minas pelo mesmo. Compreende todas as formas e todos os processos de utilização de minas. Embora todas a tropas tenham habilidade para evita-las ou utiliza-las de alguma forma, cabe a Engenharia sua manipulação de forma mais abrangente, lançando campos minados ou neutralizando-os.

A Engenharia é responsável ainda por todas as construções militares no teatro de operações terrestre e sua respectiva reparação e conservação, exceto as de comunicações e as obras especificas de outras armas, além dos serviços de tratamento de água, energia e esgoto, e a segurança destes canteiros. Atua em aeródromos, portos e instalações portuárias, oleodutos, instalações ferroviárias, acantonamentos, campos de instrução e de prisioneiros de guerra, instalações de assistência ao pessoal, instalações de comando, instalações logísticas, como depósitos e hospitais; e sistemas de iluminação, de energia e de abastecimento de água. Outras atribuições são a produção de cartas, o suprimento e manutenção de material de Engenharia, a obtenção e otimização de imóveis, a disponibilização de áreas de estacionamento e o combate a incêndios.

Dentre a infindáveis possibilidades desta arma, está ainda a assistência técnica às outras armas na construção de obstáculos; destruições e demolições; minas e armadilhas; serviços de camuflagem; aparelhos de força; abrigos e instalações diversas embarcações fluviais e navegação; organização de posição defensiva, e outras operações especiais.



Operações sob Condições Especiais

Nas operações sob condições de frio extremo atua na limpeza da neve e do gelo das estradas. Com o degelo, as estradas sem revestimento tornam se lamacentas, quase impossibilitando o tráfego de viaturas sobre rodas. Impõe-se, nesse caso, a execução de melhoramentos, que podem ser feitos mediante a utilização de cascalho ou troncos de árvores. As pontes, durante o degelo, devem ser muito bem protegidas e a transposição de rios congelados devem ser cuidadosamente reconhecidos, tendo em vista verificar a capacidade de suporte da camada de gelo. Nas operações em regiões desérticas os pontos de suprimento de água e de campos de minas inimigos são aspectos importantes. Praticamente, nada escapa a observação aérea no deserto e a camuflagem se faz relevante, enterrando-se o que for possível. Pontes, estradas e fortificações são de pouca importância devido a facilidade de deslocamento. Os obstáculos são só aqueles baseados em acidentes naturais e extensos campos minados. A principal missão da Engenharia, nas operações ofensivas, é a abertura de passagens nos campos de minas inimigos, e na defensiva o lançamento de minas e destruição de recursos.

Nas operações nas selvas a conquista, construção e a proteção dos aeródromos e de zonas de pouso de helicópteros podem, muitas vezes, constituir o objetivo inicial das forças empenhadas nas operações. Os reconhecimentos de Engenharia apresentam como principal dificuldade a limitação da observação. A Engenharia executa os trabalhos essenciais de construção e manutenção de estradas e pontes, e devido a humidade constante a drenagem destas se faz de grande importância. Neste ambiente a Engenharia atua em pequenas frações. Equipes de Engenharia devem ser enviadas em incursões para destruir pontes, depósitos, barragens e outras instalações inimigas, devido a facilidade de ocultação e acesso a sua retaguarda. Pontes para pequenos cursos d’agua são construídas pela Engenharia com meios locais, e balsas são necessárias para a transposição dos maiores. As cartas geralmente são precárias e desatualizadas e cabe a Engenharia mantê-las operacionais.

Nas regiões montanhosas o apoio aos elementos de combate deve ser maior que o prestado em operações comuns, devido a hostilidade do terreno. A tropa de Engenharia necessita de um treinamento especial e deve ser dotada de equipamento mecânico (perfuratrizes, serras, marteletes) e transportes (motorizados e cargueiros) mais adequados às condições de emprego do que os que possui normalmente. O equipamento é do tipo mais leve e portátil, porém a reparação de estradas pode exigir equipamento pesado. Sob condições de guerra química, biológica e nuclear (NBC) a Engenharia pode ser designada para missões limitadas de descontaminação de ambientes agredidos, tais como: a descontaminação de um aeródromo ou a desobstrução de uma estrada através de uma área contaminada. Depois de uma explosão nuclear, a Engenharia pode ser solicitada para remover destroços, procurar baixas ou extinguir incêndios.



Unidades de Engenharia

As tropas de Engenharia são organizadas como unidades de Engenharia de combate e unidades de Engenharia de construção, podendo ainda existirem outras unidades com funções mais especializadas, dependendo das necessidades de cada força.

As tropas de Engenharia de combate, tem por missão o apoio direto a mobilidade da tropa apoiada, com meios mais adequados a operar próximos às linhas de contato e capazes de prestar apoio rápido e com sofisticação pouco apurada. Podem ser baseadas em companhia ou batalhões atendendo a escalões específicos, sendo que as unidades orgânicas de escalões menores possuem capacidades mais limitadas a fim de prover apoio mais imediato a tropa em manobra. Operam junto às linhas de contato com alto grau de contato como inimigo. Os meios a disposição da Engenharia de combate deverão ser capazes de atender os requisitos mais imediatos que possibilitem a manobra da tropa apoiada.

As tropas de Engenharia de construção são unidades capazes de serviços mais especializados no que tange a construção de dispositivos diversos como fortificações sofisticadas, pontes permanentes, serviços mais completos de infraestrutura e manutenção de estradas e linhas férreas, demolições de grande monta, lançamento e remoção de campos minados de grande porte, e outras obras relacionadas à constrição civil. Compõem escalões mais elevados e operam em área menos “quentes” do teatro de operações, como as retaguardas onde a situação tática está dominada e o assédio inimigo é menos provável.

Outras unidades de variados portes e especialização específica ainda podem ser constituídas onde se faça, necessárias. Podemos ter unidades especializadas em pontes de diversos tipos e de produção de água potável, ferroviárias, de estruturas, cartografia, concreto, embarcações de emprego especializado, serviços gerais, redes elétricas, equipamentos diversos e outras.

A composição das diversas unidades de Engenharia atende a padrões regulares em tempos de paz, porém em situações de emprego em campanha podem ter constituições variáveis, de acordo com a durabilidade exigida dos trabalhos, de sua progressividade, a profundidade do apoio exigido e dos canais técnicos exigidos.

Normalmente se aloca um pelotão de Engenharia de combate para cada batalhão apoiado, porém estes atuam em conjunto e não subordinados a estes batalhões e sim ao seu escalão superior, constituindo unidade próprias como companhia ou batalhões, sendo esta divisão apenas para fins de dimensionamento. Esta ainda pode variar se a situação assim o exigir. A Engenharia de construção será dimensionada de acordo com as condições gerais do teatro de operações.



quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A Evolução Recente da Infantaria *127


baseado no C7-1

A infantaria moderna consolidou seu modo de combate com o advento das últimas tecnologias que surgiram a partir da Primeira Guerra Mundial. As formações rígidas, herdadas das antigas falanges gregas e baseadas no fogo contínuo e nas formações em linha, deram lugar a moderna forma de combate baseadas na combinação de fogo e movimento denominada manobra.

Já nos idos da revolução francesa a infantaria passou a libertar-se das rígidas formações geométricas de outrora e dos intervalos para mudança de formação, adquirindo maior flexibilidade, evolução esta catalizada pelo surgimento do fuzil moderno, carregado pela culatra, com maior alcance e precisão, e maior cadência de tiro. Intervalos entre as formações passaram a existir, batidos pelo fogo de armas mais potentes.

O início do século XX consagrou as novas práticas de combate, lastreadas pelos avanços da revolução industrial, e permitiu a infantaria já dotada dos fuzis em substituição aos ultrapassados mosquetes e arcabuzes e das metralhadoras que passaram a prover volume de fogo ao campo de batalha, firmar-se no seu papel de núcleo e base de qualquer força terrestre.

As primeiras metralhadoras, inicialmente pesadas e entregues a artilharia, foram evoluindo e tornando-se mais leves e práticas, forçando o infante a procurar abrigo junto ao solo. Companhias de armas automáticas foram criadas e a guerra entrou no impasse da guerra de trincheiras, característica da Primeira Grande Guerra.




Apoiada pelas outras armas, a infantaria passa a atuar com o apoio das bocas de fogo da artilharia e com a proteção dos carros de combate da cavalaria, formando com essa um binômio usado com sucesso até os dias atuais, recuperando a impulsão perdida com o advento das metralhadoras. Com maior impulsão surgem os obstáculos artificiais que potencializam os naturais, como os campos minados, o que leva ao surgimento da engenharia de combate como forma de não frear a recém conquistada recuperação da impulsão em combate.

A guerra civil espanhola já faz uso intenso da motorização e a Segunda Guerra Mundial disponibiliza ao infante proteção blindada, permitindo a estes acompanharem os carros de combate, proporcionando-os proteção contra a infantaria inimiga, desembarcando quando já bem próximos desta. Os tempos contemporâneos também trouxeram a aviação que potencializou a infantaria com fogos de apoio e mobilidade nunca antes experimentada.




As lições da grande guerra da segunda década do século XX consolidaram o batalhão como unidade tática padrão da infantaria e organizaram os homens em torno das metralhadoras, formando as esquadras e grupos de combate, que por sua vez integram os pelotões e estes suas companhias. As esquadras atuam pelo conceito do fogo e movimento e proteção mútua, enquanto uma progride a outra a cobre pelo fogo, em movimentos alternados, formando os grupos de combate (GCs). Esta organização mostrou-se eficaz e se mantem atualmente.

Interessante se faz dizer que os avanços táticos ao longo dos tempos são frutos do avanço técnico das armas, pois são suas possibilidades que permitem as novas práticas de combate. Os avanços implementados já no início da Primeira Guerra Mundial podem ser listados como: O fogo passou a restringir o movimento, o combate esquemático deu lugar ao flexível fazendo uso do abrigo e da dispersão, a organização do terreno passou a ter grande valor com a construção de posições fortificadas e o infante aproveitando-o de acordo com suas características dando-lhe um aspecto de esvaziamento, os dispositivos passaram a ser desdobrados em profundidade para melhor a absorção do choque inimigo e a ênfase da defensiva sobre a ofensiva, em parte obrigada pela impasse das trincheiras.




Já na Segunda Guerra Mundial passou-se a buscar os pontos fracos do dispositivo e a infiltração que permite o assédio aos flancos e a retaguarda, menos defendidos, colocando-se dessa forma em posição vantajosa e dando a ofensiva sua importância perdida. Com comunicações mais eficientes, a infantaria passou atuar de forma combinada com a cavalaria, a artilharia e a engenharia de combate, potencializando o poder de cada uma.

A Guerra russo-japonesa deu início às operações noturnas como forma de superar o devastador fogo das metralhadoras. Os meios aéreos e mecanizados permitiram a partir da Segunda Grande Guerra as manobras de envolvimento, potencializadas pela introdução do helicóptero, que teve sua primeira guerra de peso no Vietnam. 




O grau de urbanização alcançado no Século XX tornou os centros urbanos cenário para as guerras de resistência, onde o carro de combate passa a ter papel secundário e infantaria cresce no seu grau de importância, atuando como protagonista das operações. O combate em localidade se mostra como um grande problema aos comandantes militares e a flexibilidade do infante vem de encontro a mais este desafio, pois só ele pode efetuar a varredura das edificações, casa por casa, rua por rua. O carro de combate, senhor do campo aberto, atua também neste cenário, porém como arma de apoio, assim como a artilharia, a engenharia de combate e os helicópteros. As forças irregulares, cada vez mais presentes nas batalhas modernas, atuam muitas vezes mescladas à população civil e cabe a infantaria fazer esta distinção e atuar seletivamente.



O combate embarcado, onde carros especialmente construídos (IFVs) permitem a infantaria atuar protegida pela couraça e ao mesmo tempo acompanhar os carros de combate, valendo-se de proteção mútua com armas potentes orgânicas em seus veículos, passaram a povoar as forças de choque dos exércitos do século XXI, modernizando o conceito de armas combinadas e tornando a infantaria blindada ainda mais eficaz. A infantaria também aprendeu a lançar-se a partir do mar, já nos meados do século passado, através do aperfeiçoamento das técnicas de assalto anfíbio e dotando as marinhas de guerra de poder para estabelecer cabeças de praia amplas e seguras, para que tropas mais numerosas possam desembarcar com tranquilidade. A infantaria conquistou os céus, e através de assaltos aeroterrestres possou a posicionar-se em qualquer ponto dentro de território inimigo, garantindo o domínio de pontos sensíveis até que tropas por terra venham ao seu encontro, em operações de junção.



A tecnologia disponível a partir da última metade do século XX passou a oferecer recursos nunca antes disponíveis, como a capacidade de combater à noite de forma inquestionável e as novas proteções de kevlar que oferecem proteção eficiente sem o ônus das pesadas armaduras dos soldados de outrora. Os desenvolvimentos da tecnologia digital passaram a oferecer a capacidade de NCW a cada um dos infantes, permitindo um grau de comando e controle, assim como de consciência situacional excepcional. Um general, sentado em sua poltrona em seu QG permanente, pode visualizar o que uma esquadra está vendo em combate do outro lado mundo em tempo real, assim como a disposição de seus pelotões e companhias, intervindo se necessário como se lá estivesse. O helicóptero veio para lhe oferecer mobilidade sem igual, permitindo-lhe posicionar-se pontualmente em longas distâncias e tempos curtos, transpondo facilmente obstáculos, combater e em seguida ser recolhida e mudar de posição dando dinamismo ao espaço de batalha.



Seus princípios  e características permanecem, no entanto inalterados. Combater em qualquer terreno e sob quaisquer condições meteorológicas, tendo o indivíduo como núcleo de sua força, onde se sobressai a competência individual e o adestramento, a capacidade de liderança e a fortaleza moral. A capacidade de fazer fogo de uma distância de onde se pode ver as expressões faciais do inimigo, em seguida movimentar-se e fazer fogo novamente, são exclusividades desta arma, base dos exércitos de todo o mundo.  




domingo, 7 de agosto de 2016

O Franco-Atirador (Sniper) #123


O franco-atirador ou "sniper" é o caçador dos campos de batalha. Sua função é o abate de alvos de valor significativo, como oficiais e outros cuja perda provoquem prejuízos ao inimigo maiores que a perda de um simples combatente. Para a maior parte dos combatente a batalha é algo impessoal, um confronto contra uma equipe adversária, mas para o franco-atirador é um confronto "um contra um". Seu grau de eficiência pode ser descrito pela frase: "um tiro, um abate". Pode atuar como observador avançado para artilharia e controlador aéreo avançado, além de coletar informações em campo.

Sua aproximação se dá de forma incógnita, empregado um variedade de técnicas de camuflagem e movimentação furtiva, muitas vezes seguida de uma espera que pode durar horas ou dias, até que o momento adequado permita levar sua missão a cabo. Pode permanecer imóvel pelo tempo que se fizer necessário, ignorando adversidades meteorológicas, sem fazer o mais leve movimento, sempre em busca do anonimato tático. Após o disparo, que se faz a distâncias consideravelmente longas, pode continuar imóvel aguardando o momento de deixar o local em que se encontra sem ser notado, como o cair da noite. O atirador de elite como é conhecido, pode ter diferentes níveis de treinamento podendo ser um elemento de atuação isolada e treinamento super apurado, ou um apoiador para a infantaria e treinamento mais genérico.

Cabe ao caçador distinguir entre muitos quem é o comandante, o mensageiro, o rádio-operador e outros. O abate de cachorros e seus tratadores também é muito usado, uma vez que estes são usado para localizar suas posições. Outros alvos são comandantes de blindados e helicópteros, observadores avançados e outros caçadores e guarnições de armas coletivas.




Durante a Segunda Guerra Mundial, algumas da exigências do British Army para escolha de seus caçadores era, entre outras, inteligência acima da média, vigor físico destacado, aptidão para permanecer isolado por períodos longos e pontaria inquestionável; características mais presentes nos homens oriundos do meio rural. Com o fim da guerra esta modalidade de combate foi deixada de lado pela maioria dos exércitos. Os ingleses, no entanto, logo perceberam o erro devido às escaramuças dos guerrilheiros no seu vasto império, e estes combatentes de elite tiveram seu lugar assegurado em suas fileiras. A Guerra da Coréia e do Vietnam mostraram sua importância.

Uma das atribuições do franco-atirador é impor um pressão psicológica ao inimigo. Estar em uma área onde a presença deles é reconhecida ou pelo menos provável, faz-se pensar duas vezes antes de fazer qualquer movimento, mesmo na segurança de uma base. Se alguém for periodicamente atingido esta tensão se acentuará em demasia. Seus alvos são de alto valor, determinados por uma observação cuidadosa, não desperdiçando seu tempo com alvos de menor importância. Seu treinamento enfatiza a observação e a capacidade para determinar o que interessa de fato.




Uma segunda função deste combatente é servir de vanguarda ao avanço da infantaria, abatendo aqueles elementos inimigos que constituem obstáculos ao avanço, como por exemplo as guarnições de metralhadoras que podem deter o avanço de frações inteiras. Uma boa prática para estes combatentes é atuar em duplas, com um indivíduo atuando como observador e portando uma arma automática para autodefesa.

A arma do atirador de precisão é especialmente destinada podendo ser um simples fuzil melhorado e dotado de aparelho de pontaria mais apurado, geral mente usado no apoio a frações de infantaria; até armas especialmente constituídas atirando a distâncias que alcançam 2 km ou mais. O fuzil padrão da infantaria é uma arma produzida em série e eficiente para o combate a distâncias de 100 ou 200 m, porém não atende as demandas de alcance e precisão a distâncias mais longas. O moderno fuzil do franco atirador é uma arma de culatra móvel, cano pesado, coronha e peças de apoio ajustáveis, assim como o gatilho. Seu aparelho de pontaria possui mira telescópica dotada de zoom e telêmetro para medir distâncias e determinar alcances, munição selecionada de alta precisão e seu calibre pode chegar aos outrora usados para tiro antiaéreo de 12,7 mm, padrão de armas ocidentais. Possui bipé, redutor de clarão do disparo e silenciador de boca. Funcionamento de repetição é preferência devido a sua maior precisão, sendo que o semi-automático evita o movimento manual do ferrolho, facilitando a ocultação e discrição.




Indivíduos fumantes, que usam óculos que pode oferecer reflexos, ou ainda que não estejam em saúde perfeita são prontamente desqualificados para esta função, pois uma pequena tosse pode revelar sua posição. O altíssimo nível de concentração exigido pode gerar estresse e diminuir sua eficácia, sendo que estes soldados devem atuar preferencialmente em sistema de revezamento. O treinamento nesta função é útil também para o soldado comum, que pode atuar em seu pelotão com mais eficácia e elevar o nível geral das fileiras de infantaria.

Este soldado desfruta de um nível de liberdade não alcançado pelos demais, pois pode ir onde quiser  a fazer o que bem entender, é claro, dentro dos limites de sua missão. Sua capacidade e perícia influem diretamente na vida e na segurança de seus companheiros, e apesar do alto risco de se atuar sozinho ou no máximo com a companhia de um observador/designador de alvos, ele desfruta de ampla autonomia.





sábado, 8 de setembro de 2012

Mergulhadores de Combate 038


Mergulhadores de Combate são soldados integrantes das forças especiais, geralmente vinculados a suas respectivas marinhas de guerra. Com doutrina semelhante às outras forças especiais, porém voltados a uma atuação a partir do mar, sua função é a de se infiltrar, sem serem percebidos, em áreas litorâneas e ribeirinhas, e executar tarefas como reconhecimento e destruição de alvos de valor estratégico. 

Também são especialistas em guerra irregular (guerrilha) o que também caracteriza a sua doutrina das forças especiais. Atuam principalmente a partir de submarinos que os levam até suas áreas de atuação e depois os recolhem. Podem sair nadando, em caiaques, barcos ou em veículos especialmente construídos como minisubmersíveis, que podem ser lançados dos submarinos ainda sob a água. Também podem alcançar o alvo saltando de paraquedas ou desembarcando de helicópteros.

Como exemplo destas tropas temos os US Seals da US Navy, o SBS britânico e o nosso Grumec da Marinha do Brasil, entre outros.






Possibilidades de atuação dos mergulhadores de Combate:


  • Limpeza de Portos e Canais de acesso, minas e destroços; 
  • Detecção e desativação de engenhos explosivos convencionais e improvisados; 
  • Ataques de sabotagem, Interdição e diversionários contra navios (com minas imantadas, de retardo, que são presas aos cascos), instalações portuárias, diques, defesas costeiras, plataformas petrolíferas, refinarias e terminais de petróleo Reconhecimento e vigilância de praias, rios, canais e portos; 
  • Apoio a operações de guerra anfíbia. As complexas operações anfíbias têm, nos MECs, elementos virtualmente indispensáveis. Cabe a eles obter informações vitais ao desembarque como o gradiente (inclinação) da praia escolhida, dados sobre o tipo de solo (areia, pedra, lama, etc.) obstáculos naturais e artificiais, minas e a existência de" edificações e habitantes da área. Igualmente importante será a avaliação das forças de oposição, o que deve ser feito sem contato com o inimigo, se possível;
  • Apoio a operações C-SAR;
  • Recuperação pessoal aliado;
  • Seqüestro de pessoal selecionado; 
  • Buscas Subaquáticas; 
  • Patrulhas de segurança e contraterrorismo. 


Pra saber mais: 
http://www.tropasdeelite.xpg.com.br/mergulhadores_de_combate.htm

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Controlador Aéreo Avançado #034





Controlador Aéreo Avançado (Forward Air Controllers - FAC) é uma tropa especialmente treinada para guiar o fogo de aeronaves táticas em missões de apoio aéreo aproximado. Operando contra tropas inimigas, muitas vezes em contato com as forças amigas, os pilotos tem dificuldade de identificar quem é quem, e as chaces de fratricídio são grandes.

A função do FAC é detectar, localizar e identificar alvos visualmente em terra, orientando as aeronaves contra estes alvos, de forma a maximizar sua eficiência e minimizar riscos operacionais. Estas tropas, normalmente compostas por soldados das forças especiais da própria força aérea ou mesmo pilotos experientes, altamente treinados, especialmente nesta função, operam juntos as forças em terra e em contato com seus comandantes, tendo pleno conhecimentos das intenções destes e de todos os detalhes das linhas de contato que os batalhões tem a disposição. O FAC também pode ser um observador de artilharia e coordenar fogos da artilharia terrestre e naval.

O FAC não opera sozinho, mas em equipe, portando armamento para autodefesa e equipamento de comunicações para ligação com os batalhões e com as aeronaves e satélites, bem como equipamento especializado em observação como terminais táticos, telêmetros, e equipamento óticos diversos. Todos este equipamento não pode ser carregado por uma única pessoa, daí a razão de operar em equipe. Pode operar em terra ou aeroembarcado em aeronaves lentas que permitam a observação, e devem ter contato direto também com as demais aeronaves de C2 e AEW operando na área.



Pode cooordenar missões como o pouso de assalto de helicópteros e paraquedistas, lançamento de carga aérea e ressuprimento. O número de FAC é variável em cada situação, seu treinamento é caro, mas dependendo da situação pode-se ter até um por companhia. São alvos de alto valor para os franco-atiradores inimigos, e altamente vulneráveis devido a suas constantes emissões rádio.

O FAC tem como funções básicas:

  • Assessorar os comandantes em terra quanto ao uso do poder aéreo, tal qual faz um oficial de ligação de artilharia, visualizando oportunidades e limitações deste em cada situação específica.
  • Orientar a missão das aeronaves de apoio aéreo, transmitindo-lhes detalhes do alvo e as intenções dos comandantes terrestres.
  • Usar os vários meios disponíveis a fim de determinar as posições dos alvos de forma precisa e clara, marcando-os, se possível, para melhor visualização pelas aeronaves.
  • Auxiliar os pilotos quando do disparo das armas, em coordenação com outros meios.
  • Avaliar os efeitos dos ataques e pedir sua repetição se for necessário.
  • Contribuir com os serviços de informações das tropas, repassando as informações que coletar a fim detalhar seus quadros de situação.
  • Auxiliar nas missões de resgate de pilotos abatidos (CSAR)


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Cavalaria #021





A Cavalaria é, juntamente com a infantaria a arma-base, e tem por característica principal a velocidade. O termo cavalaria não é, como a maioria das pessoas imagina, associado a figura do cavalo e sim o contrário. O termo cavalaria deriva do sânscrito antigo e significa "combater em vantagem de posição", ou seja em um nível superior ao inimigo, seja em cima de um cavalo ou um elefante. A cavalaria foi ao longo dos séculos, a tropa que podia deslocar-se grandes distâncias em curto espaço de tempo, e combater em níveis superiores ao do soldado a pé (a infantaria). Na atualidade a cavalaria, mantendo suas características seculares de velocidade e poder de choque, emprega o veículo blindado como ferramenta principal, seja nas ações de choque ou esclarecimento, das quais é a herdeira legítima.



Características da Cavalaria

A cavalaria moderna para bem conduzir a sua missão, agrega em sua constituição três elementos fundamentais que a caracterizam como arma: a mobilidade, o poder de fogo e a proteção blindada.

  • Mobilidade: característica mais antiga da cavalaria, a mobilidade permite que estas tropas realizar manobras rápidas e flexíveis em terrenos diversos, podendo deslocar-se com extrema fluidez, engajar-se desengajar-se rapidamente de combate, intervir prontamente em pontos afastados em um grande raios de ação, além de transpor variados terrenos por grandes distâncias em curtos espaço de tempo.
  • Poder de fogo: esta característica permite a cavalaria efetuar disparos potentes e eficazes em apoio a sua manobra com o armamento orgânico de seus veículos, apoiada pela artilharia de campanha sempre que necessário.
  • Proteção blindada: Esta característica, fundamental no combate moderno, confere a arma de cavalaria uma notável capacidade de sobrevivência, através da couraça de seus veículos, capazes de suportar castigos acentuados proporcionados pelo fogo das armas inimigas. 
O resultado da combinação destas características é uma potente ação de choque que causa impacto e surpresa ao inimigo.



Missões da Cavalaria




  • Esclarecimento
Uma das missões principais da cavalaria moderna são as missões de esclarecimento. Normalmente desempenhadas pela cavalaria ligeira, dotadas de veículos sobre rodas capazes de desenvolver altas velocidades em terrenos variados, as missões de esclarecimento visam dar ao comandante de campo a visão do que está acontecendo a frente de sua tropa. 



A cavalaria ligeira atua de forma a evitar engajar-se em combate, mas podendo faze-lo se for necessário, pois seus veículos sacrificam seu poder de fogo e proteção blindada a fim de alcançarem maior fluidez na sua missão principal de busca de informações.

  • Choque
A outra missão desempenhada pela cavalaria é a de provocar contato direto com o inimigo através do choque, missão esta desempenhada pela cavalaria pesada ou de choque, através de carros de combate fortemente blindados e dotados de armamento com altíssimo poder de fogo. Estas forças são melhor empregadas em manobras de flanco, desbordando das áreas mais defendidas do dispositivo inimigo e procurando seus pontos mais sensíveis como postos de comando e áreas de apoio logístico, destruindo suas reservas e orgãos de apoio, envolvendo seu dispositivo impedindo-o de receber reforços ou retrair, isolando-o. Estas manobras são altamente eficazes e contribuem sobremaneira para a redução do seu poder de combate.



A cavalaria de choque também atua, na impossibilidade de efetuar envolvimentos, na ruptura do dispositivo e abertura de brechas que permitam penetrar a retaguarda do inimigo bloqueando seu retraimento, dificultando sua manobra e impedindo a chegada de reforços, pondo-se em perseguição assim que este se desorganizar.

A cavalaria ainda é empregada em missões de segurança do grosso das tropas amigas, vigiando o perímetro   de desdobramento destas, posicionando-se a frente a fim de manter contato com o inimigo e vigiá-lo, destruíndo seus elementos de vanguarda e retardando sua concentração. Atua ainda como reserva móvel a disposição do comando.




Tropas de Cavalaria

A cavalaria, a exemplo das outras armas, organiza-se de acordo com a tropa que compõem. Pode atuar junto a tropas leves como os paraquedistas,  fazer o uso de meios aéreos para deslocamento e observação como helicópteros e veículos não tripulados, e compor formações blindadas com seus veículos rápidos de reconhecimento e veículos pesados como os chamados carros de combate principais. Devido a sua características as tropas de cavalaria demandam em nível acentuados de malhas viárias e ferroviárias para seu deslocamento tático e estratégico, apoio logístico compatível para distribuição de combustível e munição, oficinas de manutenção de campo e eficaz defesa contra a aviação do inimigo.



domingo, 12 de fevereiro de 2012

Artilharia de Campanha #020


A artilharia de campanha é a arma componente das forças terrestres que tem por missão principal apoiar pelo fogo a manobra das armas-base, aprofundar o combate através de fogo de longo alcance junto à retaguarda das linhas inimigas e executar outras missões de fogo que lhes são próprias . As formações de artilharia de campanha posicionam-se a retaguarda das tropas em vanguarda, e através do tiro de trajetória balística, disparam suas granadas por sobre suas cabeças, atingindo os alvos a sua frente e a seu pedido, bem como os demais alvos designados pelo escalão superior.

O poder de fogo da artilharia de campanha é devastador, sendo a responsável terrestre pela maior parte das baixas inimigas em combate, "amaciando" sobremaneira os alvos a serem vencidos pelas armas-base, no decorrer de sua manobra e no cumprimento de seus objetivos. Devido as características de arma de apoio, a artilharia de campanha nunca é posta em reserva, e atua na totalidade de suas unidades o tempo todo, acompanhando a manobra das grandes unidades a que estiver subordinada.

Missões e Possibilidades

A artilharia de campanha pode aplicar sobre seus alvos uma variedade de fogos com características distintas de acordo com as necessidades de cada situação. Suas baterias podem, sem trocar de posição, alocar seus fogos rapidamente de uma posição a outra em reduzido espaço de tempo provendo um apoio flexível e eficaz, apenas variando o alcance e o azimute de seus disparos, através de variações na pontaria de suas peças ou na configuração das cargas de projeção.

Suas baterias trocam de posição de forma alternada a fim de que os fogos não cessem durante tais manobras, sendo que normalmente cerca de 2/3 delas permanecem atirando continuamente, se necessário. As unidades de artilharia podem atuar organicamente apoiando sua grande-unidade ou integrando agrupamentos de artilharia coordenados pelo escalão superior a fim emassar fogos em objetivos de alto valor. As missões de tiro podem ser de oportunidade ou seguir um plano de fogos pré-estabelecido, através de solicitação da arma-base, dos observadores avançados ou do escalão superior.


Efetua normalmente os seguinte fogos:
  • Fogos de preparação:  são aqueles efetuados forma contínua por um período de tempo determinado, sempre antes de um ataque da arma-base a fim de debilitar formações defensivas para que aquelas possam cumprir sua missão de uma forma mais previsível contra um alvo menos resistente e difícil.
  • Fogos de cobertura: são fogos destinados proteger forças amigas quando em manobras de retraimento ou que necessitem de proteção contra fogos inimigos.
  • Fogos de contrabateria: são fogos destinados a neutralização da artilharia inimiga, perigosos se esta tiver alcance similar, sendo desejável neste caso, que o alcance do material empregado seja superior ao do inimigo.
  • Fogos de contrapreparação: são fogos destinados a frustar a organização inimiga, evitando ou dificultando que desdobre dispositivos de combate.
  • Fogos de barragem: são fogos destinados a evitar que o inimigo ultrapasse determinadas linhas, criando barreiras ao seu deslocamento.
  • Fogos de interdição: são fogos destinados a destruição de alvos no campo de batalha, a fim de impedir que o inimigo se utilize deles para sua manobra. Como exemplo de alvos temos depósitos de combustível e munição, usinas de energia e de tratamento de água, pontes e aeródromos, entre outros.
  • Fogos de profundidade: são fogos destinados a atingir alvos bem a retaguarda do dispositivo inimigo, como, por exemplo, suas áreas de desdobramento logístico, a fim de prejudicar sua atividade.
  • Fogos de apoio aproximado: são fogos apontados diretamente frente da tropa apoiada a fim de facilitar a sua manobra e a seu pedido.
  • Fogos de inquietação: são fogos destinados diretamente a minar o moral inimigo, impedindo seu descanso, preparação ou articulação, efetuados de forma aleatória e imprevisível. Estes fogos podem ser efetuados de forma contínua, imprimem uma tensão constante ao inimigo diminuindo sua capacidade de operaçao.
  • Fogos de iluminação: são fogos destinados a prover iluminação às tropas através de munição especialmente desenvolvida.
  • Fogos de propaganda: são fogos destinados e transportar material de propaganda junto às linhas inimigas.


Devido as suas características a artilharia podem ainda atingir alvos desenfiados (posicionados atrás de elevações), alvos-ponto, alvo-área e alvos móveis. É muito vulnerável a ação aérea inimiga e tem limitações para se engajar em combate aproximado. Sua grande vulnerabilidade, no entanto, é a necessidade constante de grande quantidade de munição, e se não dispuser de apoio logístico eficaz pode ter sua operacionalidade comprometida.

Outras grande vulnerabilidade é quanto aos fogos de contrabateria inimigos. Assim que abre fogo, os disparos são prontamente detectados pelo inimigo através de seus OA e radares que calculam sua origem com grande rapidez e acionam suas baterias para réplica. Devido a esta ameaça as baterias tem que abandonar suas posições com grande rapidez após cada missão de tiro.




O Sistema Operacional

Para cumprir sua missão a artilharia de campanha se vale vários subsistemas. Fundamentalmente emprega três elementos básicos que agem simultaneamente em proveito próprio. A inoperância de qualquer um deles inviabiliza o emprego da arma e todos são igualmente importantes para sua operacionalidade. São eles o observador avançado (OA), a central de tiro e a linha de fogo.


  • O Observador Avançado (OA) : Posiciona-se a frente das baterias de tiro, em posições desenfiadas da observação inimiga e em condições de visualizar os alvos e os impactos no terreno. Pode acompanhar as armas apoiadas ou atuar sozinho, normalmente em pontos mais elevados ou em aeronaves que lhe permitam boas condições de observação. Cabe ao OA determinar as características dos alvos a serem batidos, suas dimensões e posicionamento (coordenadas no terreno), assim como corrigir e ajustar os disparos.
  • A Central de Tiro (CTir): Valendo-se de dados obtidos pelo OA e outros dados de inteligência como cartas topográficas e características dos alvos escolhidos, a C Tir plota em suas pranchetas a posição do alvo e das baterias de tiro, calculando alcance e elevação a serem aplicados às peças, seleciona regime de tiro, tipo de munição e a carga de projeção a ser utilizada, passando estes dados  a linha de fogo para o cumprimento da missão.
  • Linha de Fogo (LF):  É a bateria de tiro propriamente dita com cerca de 4 a oito peças  (obuses, morteiros ou lançadores múltiplos) . A Linha de fogo alimenta em suas peças os dados provenientes da C Tir e comanda os disparos, que serão observados pelo OA. Este efetua as correções necessárias levando em consideração a distância entre os impactos e o alvo e as repassa a central de tiro que recalcula os elementos de tiro e o ciclo recomeça. As linhas de fogo normalmente contam com mini centrais de tiro a fim de que possam operar independentemente quando necessário.
Outros sub-sistemas também são necessários ao bom funcionamento da artilharia de campanha.
  • Comunicações: necessárias para efetuar a ligação entre Comando, OA, Linha de fogo e Central de Tiro. Valem-se de redes fio para posições fixas ou redes por enlaces de rádio encriptadas e de salto de frequência operando comando de voz ou data-link.
  • Apoio logístico: Necessário para prover combustível e munição continuamente aos operadores, além de outros ítens.
  • Comando, controle e coordenação: Para alocação de fogos onde e quando forem necessários. 
  • Busca de Alvos: Os alvos podem ser designados pelo AO, arma-base, ou por outras unidades e subunidades, cujos pedidos de fogo chegam escalão superior de artilharia de campanha.
  • Topografia: Através de serviços de campo desenha uma trama de pontos precisos no terreno possibilitando tiro eficazes sem ajustagem prévia.
  • Meteorologia: Fornece dados sobre as condições atmosféricas que podem influenciar no cálculo das trajetórias, tornando os elementos de tiro mais confiáveis.
Apenas para exemplificar uma bateria de artilharia moderna, montada em peças autopropulsadas, dotada de GPS e DataLink poderia em questão segundos receber uma missão de tiro (via DataLink), parar no local onde se encontra e apontar suas peças instantaneamente, através de comandos pelo mesmo dataLink às outras peças, e através de soluções de pontaria fornecidas em tempo real pelos computadores balísticos que possuem desencadear seus fogos em poucos segundos e rapidamente trocar de posição a fim de evitar o fogo de contrabateria. Uma guarnição bem treinada poderia pode efetuar tal missão em menos de 1 minuto. Àqueles, como eu, que foram treinados numa central de tiro a moda da segunda guerra sabem o que isso significa. Mesmo diante da existência de meios modernos, os artilheiros continuam a ser treinados no cálculo manual do tiro, importante se a tecnologia não estiver disponível e condição fundamental para serem chamados de "artilheiros".

Materiais de artilharia de campanha

A artilharia de campanha emprega uma variedade de materiais diversos, cada um com características próprias e adequado a tropa que compõem e a missão a que se destina, sendo o mais tradicional o obuseiro. Podemos classificar o material de artilharia quanto ao quesito mobilidade e peso, elementos este que definem qual tropa emprega qual material.

Quanto a mobilidade o material de artilharia pode ser rebocado ou propulsado. O material rebocado possui peso e mobilidade inferior ao propulsado, e depende de uma viatura QT para seu deslocamento. A dimensão desta viatura depende muito do material a rebocar e pode ser uma viatura 3/4 Ton para rebocar um lançador múltiplo leve ou uma viatura de 5 Ton para rebocar obuseiros de 155 mm, por exemplo.

No ocidente utiliza-se o obuseiro de 105 mm quando o quesito peso for a prioridade, como no caso de tropas leve e helitransportadas, como tropas paraquedistas e de montanha. Nestes casos obuseiros leves fazem a diferença, pois favorecem a mobilidade estratégica, podendo ser deslocados por ar em intervalos de tempo muito curtos. No Brasil utiliza-se o obuseiro Oto Melara Mod 56 que pode ser desmontado em partes e transportado no lombo de animais, dentro de uma viatura M113 e lançado de paraquedas, além de ser rebocado por viaturas leves. Outro material leve artilharia é o morteiro de 120 mm que possui as mesmas características de mobilidade dos modelos Oto Melara. Lançadores múltiplos leves também podem ser helitransportados e possuem altíssimo poder de fogo. Estes materiais possuem um alcance de cerca de 11 a 12 mil metros, sendo que o morteiro possui um alcance menor, de aproximadamente 6 mil metros.




Modelos de 105 mm como o inglês Light Gun podem ser facilmente aerotransportados por aeronaves C-130, e são utilizados por tropas mais convencionais, como as brigadas de infantaria. A tendência mundial é equipagem destas tropas com obuseiros mais potentes de 155 mm também rebocados. Estas peças possuem um alcance de cerca de 30 km, pesam de 4 a 5 ton e requerem viaturas mais pesadas para tracioná-las. Alguns modelos deste calibre possuem limitações quanto ao aerotransporte por aeronaves C-130.

Para equipar a artilharia de campanha das brigadas e divisões blindadas utiliza-se versões autopropulsadas dos obuseiros de 105 mm e 155 mm, que são peças de artilharia montadas em veículos blindados especialmente construídos ou adaptados de outros chassis blindados, estando o calibre de 105 mm gradativamente caindo em desuso nestas unidades. Estes modelos possuem a mobilidade tática necessária para acompanhar carros de combate principais em seus avanços, mas sua mobilidade estratégico-operacional é mais limitada, uma vez que só pode ser aerotransportada por aeronaves pesadas ou embarcações. Para deslocamentos terrestres demandam carretas ou transporte ferroviário.

A artilharia de foguetes também está presente nos exércitos modernos, e geralmente é empregada em bombardeios de profundidade, uma vez que os foguetes alcançam distâncias bem superiores a artilharia de tubo. Como exemplo destes sistemas temos o Astros II brasileiros e o MLRS norte-americano. Possuem as mesmas características de mobilidade dos obuseiros autopropulsados. Estes sistemas são altamente eficazes e alvos de busca da aviação inimiga no início de qualquer conflito, carecendo de efetiva proteção antiaérea.





Unidades de Artilharia

As unidades de artilharia, no Brasil denominadas Grupos de Artilharia, são organizadas em baterias de tiro de 2 a 4 conforme a unidade cada uma com 4 a 8 peças. Unidades autopropulsadas apoiam as brigadas e divisões blindadas, unidades leves apoiam tropas paraquedistas, infantaria leve, tropas de selva e de montanha. Outras unidades, geralmente rebocadas apoiam tropas mais convencionais.

As unidades de artilharia, por serem forças de apoio nunca são colocadas em reserva. Se uma brigada estiver em tal situação, seu grupo de artilharia permanece a disposição do comando divisionário para reforço àquelas unidades que apoiam as tropas em ação. Apesar de se subordinar a uma determinada grande unidade os escalões superiores de artilharia podem rapidamente assumir seu controle e agregar uma grande quantidade de grupos sob comando único a fim de cumprir missões especialmente designadas.

Busca e aquisição de alvos

Os alvos da artilharia podem ser de oportunidade ou pré-programados em um plano geral de fogos, confeccionado pelo comando da artilharia. Estes alvos são elencados a partir de inúmeros meios de busca que partem dos observadores avançados de artilharia, da arma-base, da observação por satélite, dos esclarecedores da brigada, de veículos de observação aérea como a aviação do exército em seus helicópteros e veículos não tripulados, da força aérea, radares de artilharia e busca de alvos, sistemas de inteligência tipo ELINT, entre outros.