FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."
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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Valor Militar do Terreno *005



Aspectos Estratégico-Operacionais

Toda operação militar se dá no terreno, e sua análise é um dos primeiros fatores a ser considerado no planejamento militar. Suas características irão ditar as linhas de ação dos comandantes militares, pois em função delas se dará toda a manobra pretendida, bem como se desdobrará o suporte logístico necessário. Ao analisarmos o terreno sob a ótica das operações militares, podemos dividir esta análise em dois aspectos distintos, o tático e o estratégico-operacional.

A análise estratégico-operacional do terreno deve ser efetuada por todos aqueles envolvidos no Processo de Planejamento Militar (PPM), sendo praticada principalmente pelos Estados-Maiores das unidades. Quanto maior o escalão envolvido, maior se torna sua importância. Seja na articulação de um sistema de defesa de tempos de paz, ou no planejamento da ocupação de um terreno já defendido pelo inimigo, os estrategistas de uma força armada devem conhecer cada particularidade do terreno que servirá de teatro de operações a fim de que sua características possam ser aproveitadas em benefício da operação. Seu uso racional e inteligente tende a minimizar esforços logísticos desnecessários e prevenir surpresas por parte do inimigo e das condições locais, evitando armadilhas e minimizando perigos que possam se apresentar. As linhas de ação adotadas devem fazer uso das vantagens táticas oferecidas pelas condições já existentes, viabilizando uma manobra eficaz, proporcionando economia de meios e recursos militares limitados, poupando vidas humanas e esforços desnecessários, permitindo a consecução dos objetivos estratégicos em tempo reduzido e causando o menor impacto a população e infraestrutura locais, além de permitir que as forças envolvidas operem dentro do maior nível de segurança possível.

Um processo específico de Integração Missão-Inimigo-Terreno-Condições Meteorológicas-Tempo-Tropas Disponíveis e Assuntos Civis (METT-TC no USArmy) será útil nesta compreensão, pois resulta numa série de mapas e gráficos envolvendo os aspectos do terreno propriamente dito relacionados aos demais aspectos ali presentes.



Ocupando o Terreno

A ocupação militar de um terreno pode-se dar através de um desembarque administrativo, quando não existe perigo de resistência inimiga, onde os modais de desembarque estão dominados por forças amigas, e as forças o ocupam de forma tranquila através da utilização de estradas, portos e aeroportos já defendidos ou não ameaçados. Ou através de um assalto, onde o inimigo espera a invasão e oporá resistência, demandando uma operação militar complexa e traumática, que poderá fracassar se mal implementada, como ocorreu na operação "Market-Garden" na Segunda Guerra Mundial.

Um primeiro aspecto a ser observado é a forma de se chegar ao local das operações, se através de praias ou portos, aeroportos e bases aéreas, fronteiras secas usando estradas e pontes, rodoviárias e ferroviárias. Estes terminais. mesmo os secundários, deverão ser ocupados o quanto antes, pois será através deles que toda a logística fluirá ao longo da campanha, e não somente no dia D da operação de ocupação. Quanto mais adequados forem os terminais, mais facilmente o apoio chegará a frente.

Verificar as condições locais permitirão a ocupação ou se providência devem ser implementadas, que características possuem, se estão defendidos ou não, se comportam o volume da invasão, se as tropas que chegam terão espaço suficiente para estacionamento, se recursos valiosos como fontes de água potável e energia elétrica existentes podem ser utilizados, etc... Uma vez ocupado o terreno e estabelecida a chamada cabeça de ponte, deve-se desdobrar o aparato logístico necessário ao suporte às tropas na velocidade suficiente para que possa suportar as forças em ocupação de forma que estas possam resistir com sucesso aos contra-ataque dos defensores. A proximidade de fronteiras de países aliados ou hostis deve ser observada e as consequências desta consideradas.

Áreas de estacionamento específicas para o aparato logístico e combatente devem ser estabelecidas, sempre próximas à linhas de comunicação adequadas e suficientes, como malhas várias e ferroviárias, aeródromos e portos com capacidades compatíveis às demandas, áreas de segurança em torno desta vital retaguarda e rotas de fuga que se fizerem necessárias. Uma avaliação imprecisa do terreno pode condenar tropas por falta de suprimento, imobilizar colunas motorizadas por deficiência de malha rodoviária ou atolamentos, criar congestionamentos entre unidades impedindo, por exemplo, uma uma tropa em reforço chegue a tempo em uma área de contato com o inimigo. Outro fator que deve ser alvo de atenção são os obstáculos, evitando por, exemplo que um rio não possa ser transposto porque sua ponte foi destruída ou as portadas ainda não desembarcaram do navio. Todo este planejamento se dará através do PPM, já citado.

Organização do Terreno

Todo o terreno ao ser ocupado demandará uma organização tática, de forma a aproveitar suas características no sentido de aumentar o poder combativo da força ocupante, permitindo-lhe o melhor emprego de suas armas e poder de manobra e mobilidade, além de obras de infraestrutura necessárias. Também se busca restringir as possibilidades de atuação do inimigo buscando-se implementar ações de proteção como a construção de fortificações, implementação de dispositivos de camuflagem, construção de obstáculos e outras ações.

Os trabalhos de fortificações de campanha geralmente são realizados em contato com o inimigo ou quando este contato é iminente. Diferenciam-se dos trabalhos de fortificação permanente, realizados em tempo de paz ou quando o inimigo está longe, por serem mais sumários. Enquanto a fortificação permanente é obra de especialistas, a de campanha é missão de todas as tropas de combate, apoio ao combate ou de serviço.

A camuflagem consiste em todos os trabalhos e medidas destinados a proteger a tropa e as instalações contra s observação inimiga. Deve ser encarada como vital e levada a efeito simultaneamente com os trabalhos de fortificações.

Centro Urbanos

De todos os ambientes que se apresentam em uma operação, o ambiente urbano apresenta uma combinação de dificuldades raramente encontradas nos demais. Suas características distintas resultam de uma topografia intrincada e alta densidade populacional. A complexidade da topografia decorre das características artificiais e da infraestrutura de suporte sobreposta ao terreno natural. Centenas, milhares ou milhões de civis podem estar próximos ou misturados com soldados amigos e inimigos, e muitas vezes pode ser difícil distinguir quem é um simples civil e quem é o inimigo. Este segundo fator, e a dimensão humana que representa, é potencialmente o mais importante e desconcertante para os comandantes e os seus Estados-Maiores compreenderem e avaliarem.

Embora as áreas urbanas possuam semelhanças gerais, cada ambiente é distinto e reagirá e afetará a presença e as operações das forças operativas de forma diferente. Uma técnica ou tática eficaz em uma área pode não ser eficaz em outra área devido a diferenças físicas, como padrões de ruas ou o tipo de construção existentes. Uma política aplicada de forma popular à um grupo urbano pode não ser bem aceita por outro devido à diferenças culturais. Todas os ambientes apresentam dificuldades, mas estas são potencializadas nas operações em áreas urbanas. Entra as os dificultadores deste ambiente temos a presença humana que dificulta a manobra sem efeitos colaterais e muitas vezes em precárias condições, as múltiplas possibilidades de emboscadas e esconderijos ao inimigo, a grande quantidade de obstáculos causado por explosões e demolições, a intrincada rede de vias, e outras. Assim, os comandantes em todos os níveis fazem esforços extraordinários para avaliar e entender o ambiente urbano particular para planejar, preparar e executar operações eficazes (combate em localidade).


As áreas urbanas variam em função da sua história, das culturas dos seus habitantes, do seu desenvolvimento económico, do clima local, dos materiais de construção disponíveis e de muitos outros fatores. A mistura em constante mudança de características naturais e artificiais em áreas urbanas apresenta aos comandantes alguns dos terrenos mais difíceis para conduzir operações militares. Embora as áreas urbanas possuam características semelhantes, não há duas idênticas. Operar em Los Angeles, por exemplo, tem pouca semelhança com uma operação em Nova Délhi. Embora conquistar áreas urbanas seja um dos objetivos de muitas operações, sempre que possível devem ser evitadas.

Suprimento de Água, Alimentos, Energia e Recursos Existentes

O suprimento de água é muito importante. As fontes locais, sempre que possível, devem ser utilizadas, pois trazer água de grandes distâncias demanda esforço e dispêndio de recursos que podem ser úteis em outras tarefas, além de oneroso. Deve-se sempre estar atento para a existência de reservatórios, rios e estações de tratamento, e buscar o domínio destes assim que a ocupação for implementada. A ocupação de regiões áridas e com este recurso escasso deve ser cuidadosamente planejada e seu suprimento assegurado. Alimentos "in natura" também podem ser obtidos localmente se existirem e forem de boa qualidade. O suprimento de energia também deve ser aproveitado ao máximo, e o domínio de subestações e linhas de transmissão operacionais pode ser muito útil, além das usinas de produção. Depósitos de combustível, se tomados incólumes, aliviam em muito as necessidades logísticas.

Assuntos Civis

A população local influenciará nas operações de uma forma ou outra, mesmo que de forma passiva e não intencional. Deve-se analisar com detalhes suas características como estruturas, disposição da população de colaborar com as forças amigas e inimigas, organizações relevantes, refugiados, eventos, idiomas, etc...

Forças Marginais

Grupos de ativistas armados, guerrilheiros, carteis de organizações criminosas e outros grupos armados e de ativismo político, marginais às operações, podem estar presentes na área que se vai operar e representarem uma ameaça. Estar bem informado sobre estes grupos é importante, pois eles podem empreender ações hostis às tropas. Se necessário, empreender ações de segurança pode ser essencial na defesa contra esses grupos. Ente outras, deve-se empreender reconhecimentos constantes da área de retaguarda; patrulhamento agressivo nas áreas de defesa e entre as instalações; apoio mútuo entre forças vizinhas; defesa de instalações e zonas críticas; escoltas armadas; emprego de civis como guias; etc... Em situações especiais estes grupos podem aturem como aliados, como no caso da Resistência Francesa e Partisans na Segunda Guerra Mundial, pois geralmente detém um conhecimento apurado do terreno e podem atuar como guias. Forcas policiais devem ser consideradas.

Deve-se buscar informações sobre bases de guerrilhas, líderes dos guerrilheiros e seus colaboradores civis, meios de comunicações e fontes de suprimento. Sua eficiência depende de informes atualizados, e cuidados especiais para impedir que eles os obtenham sobre as operações das forças amigas, instalações e movimentos de tropas devem ser empenhados. Deve ser prestada atenção particular à segurança das comunicações.

Especial atenção deve ser dada às medidas para impedir o apoio logístico à força de guerrilha. Ela não pode operar eficientemente, a menos que obtenha, de algum modo, o apoio da população local. Deve-se envidar esforço continuado para que seja impedido esse apoio nas operações contraguerrilhas.

Aspectos Táticos


Sob o aspecto tático o terreno tem que ser considerado por todos os escalões. Seja no planejamento ou na execução da operação. O comandante militar deverá usá-lo para deslocar e posicionar suas tropas com segurança e efetividade. As características do relevo, vegetação, natureza do solo, hidrografia, obras de arte, localidades e vias de transporte são de suma importância. Dentre o que deve ser minuciosamente analisado estão os corredores de Mobilidade, Acidentes Capitais e Vias de acesso, bem como campos de observação e de tiro, cobertas e abrigos, obstáculos, acidentes capitais, prováveis áreas de engajamento ou de emboscada e outros.


Aspectos Sanitários

Aspectos singulares de cada região não devem ser negligenciados: doenças endêmicas devem ser previnidas, como por exemplo a presença de mosquitos que podem ser muito danosos as forças, transmitindo malária, dengue e outras. Águas não tratadas podem transmitir cólera e outras doenças parasitárias. Doenças podem minar totalmente o poder de combate de uma força inteira.

Mobilidade, Obstáculos e Cobertura

Estradas são de importância vital em qualquer ocupação, e embora forças militares contem com veículos "off road", este tipo de deslocamento só é viável em percursos pequenos. Seu domínio, bem como seus entroncamentos são objetivos primários de qualquer força ocupante. É importante assegurar os pontos críticos dos itinerários como pontes, túneis e locais de afunilamento.

Terrenos restritos como áreas muito acidentadas com abundância de elevações íngremes, desfiladeiros e áreas pantanosas são propícios à defesa por obrigar a passagem em pontos pré-definidos, e podem amenizar a provável superioridade numérica do atacante. Estes locais são propícios a construção de obstáculos e canalização do movimento, facilitando o escalonamento de um dispositivo de defesa em profundidade. Terrenos planos e amplos facilitam a ação de forças mecanizadas e são mais difíceis de defender. Áreas minadas são especialmente adequadas a prover segurança neste tipo de terreno, porém demandam campos minados extensos.


Rios podem ser grandes obstáculos ao deslocamento e excelentes posições defensivas. O domínio de suas pontes é importante e a inoperância ou inexistência destas pode criar grandes problemas ao deslocamento de tropas amigas, exigindo esforços da engenharia, muitas vezes em áreas pesadamente defendidas que exigem grande preparação para travessia, que além do trabalho dos pontoneiros demandam medidas extremas de segurança como a obtenção da superioridade aérea relativa.

Outros obstáculos como barreiras provocadas pelo desabamento de encostas e campos minados exigem esforços de engenharia para ser removidos e podem demandar tempo para serem transpostos. 

Áreas de cobertura são necessárias, principalmente na prevenção a observação aérea. O terreno deve proporcionar esta cobertura através de matas e florestas e instalações subterrâneas, áreas urbanas onde o número de locais cobertos é grande são muito úteis. Áreas urbanas também facilitam a ocultação de tropas numerosas. Em áreas florestais, a vegetação, se densa, pode inviabilizar o movimento motorizado "off road" e sua remoção exigirá esforços de engenharia.


Pântanos devem ser evitados por serem de difícil transposição e abrigarem animais perigosos como crocodilianos e mosquitos. Áreas inundáveis devem ser prevenidas, pois podem causar estragos de grande monta se o inimigo puder manipular comportas e diques.


Elevações e Terreno Alto

O terreno alto propicia o comandamento da região, facilitando a observação e o comando. Posições de tiro, observadores de artilharia, desdobramentos de redes de comunicação e controladores aéreos avançados, também farão bom uso dele. O terreno alto também propicia massa de cobertura a tropas em reserva, áreas de retaguarda e posições de artilharia. O controle destes pontos é importante para se operar em torno deles.


Montanhas e Terreno de Altitude


Operações em áreas montanhosas são revestidas de características próprias. Desprovidas de estradas são uma obstáculo quase intransponível, apenas à tropas a pé especialmente treinadas, muitas vezes servindo como barreira natural. O terreno restringe de forma significativa a manobra, que fica limitada à rede de estradas, se existirem. Montanhas baixas (cerca de até 1500 m) apresentam principalmente restrições ao movimento e queda significativa de temperatura, porém altitudes mais elevadas apresentam frio extremo com rápidas mudanças na temperatura, ventos fortes, ar rarefeito que afeta de forma mais perceptível combatentes e motores a combustão, radiação solar e ultravioleta são mais intensas, tempestades violentas e acúmulo significativo de neve podem ocorrer podendo causar isolamentos por uma ou mais semanas, neblina igualmente intensa ocorre frequentemente, assim como avalanches e deslizamento de rochas. Em altitudes superiores a 3.000 m temos ausência total de árvores.

Altitudes extremas são mais perigosas para as condições físicas do combatente que o fogo inimigo. Um ferimento comum em terreno normal como de um projetil ou estilhaço, pode ser fatal em grandes altitudes. Deslocamentos em alta montanha resultam, com alguma frequência, em ossos quebrados, lacerações profundas, contusões e ferimentos internos causados por quedas ou deslocamentos de pedras. Ulcerações causadas pelo frio e a hipotermia são perigos constantes. O mal da montanha agudo e os edemas pulmonares e cerebrais são frequentemente, podendo ser fatais, e a aclimatação é sempre necessária.

A respiração difícil resultante da baixa pressão atmosférica e do oxigênio rarefeito é outro problema enfrentado pelas tropas. Aqueles que irão operar neste ambiente devem ser selecionados por sua condição física que deve ser acima da média. Soldados de baixa estatura são mais adaptados que os altos e musculosos. Devem ter inteligência acima da média para adaptação mais rápida ao terreno, pois a habilidade mental e física decresce a grande altitude, existindo a possibilidade de ocorrências de desordens de personalidade. Perde-se peso rapidamente. Um programa de aclimatação é o primeiro passo para operar de forma efetiva neste ambiente e demora de 2 a 3 semanas. É necessário fazer um rodízio das tropas em altitudes elevadas a cada 10 dias.

Equipamentos não funcionam como deveriam e as viaturas tem sua capacidade reduzida em 25%, consumindo até 75% a mais de combustível. Motores à diesel não configurados perdem sua eficácia a 3.000 m e podem deixar de funcionar completamente pela insuficiência de oxigênio. A artilharia perde seus parâmetros devido a menor resistência do ar, com os disparos alcançando distâncias maiores, tornando as tabelas de tiro inúteis. Os lubrificantes podem congelar.

O terreno inclui alturas que dominam estradas e vias, as passagens entre as montanhas e os vales, facilitando a vigilância quando não há neblina. Os helicópteros são de muito valor para o movimento da tropa e o transporte do equipamento no terreno difícil, porém perdem sustentação em grandes altitudes, e o transporte feito por animais adaptados pode ser uma alternativa interessante nos extremos. Armas que têm um elevado ângulo de tiro são mais eficientes e pequenos efetivos, em operações descentralizadas são os mais adequados.

Ataques frontais devem ser evitados e a infiltração é a manobra mais usada, demandando forças especialmente treinadas. Forças aeromóveis são muito adequadas para os desbordamentos de maior amplitude. Blindados são pouco efetivos neste locais, mas seu poder de fogo é desejável, sendo a infantaria a estrela neste ambiente. Flancos, desfiladeiros, estradas e os centros de comunicações devem ser sempre protegidos. As operações em montanha são normalmente utilizadas para defender ou conquistar regiões de passagem não sendo um objetivo final. A vigilância aérea é de grande utilidade como um meio de segurança. Embora os contra-ataques sejam operações difíceis, podem ser decisivos.



Meteorologia

Fatores meteorológicos influenciam significativamente nas operações, podendo até inviabilizá-las. Seu entendimento não deve ser negligenciado, especialmente em áreas muitos instáveis. O desembarque na Normandia na Segunda Guerra Mundial foi adiado em um dia por causa da meteorologia. Devem ser prevenidos ainda calor ou frio excessivos, particularidades do clima como as chuvas de monções e nevascas que possam inviabilizar a mobilidade. As características do solo que pode ser barrento ou excessivamente fofo também podem prejudicar a mobilidade. Terrenos congelados em fase de derretimento podem gerar lamaçais capazes de imobilizar exércitos inteiros.

Também devem ser considerados os riscos sanitários como a presença de insetos perigosos como mosquitos transmissores de doenças e animais selvagens que ofereçam risco.



O Terreno Ideal

Não se escolhe o terreno em que se vai operar. A situação é que toma esta decisão. Porém quando se tem características diversas em um mesmo local, opta-se pela mais favorável, e o conhecimento do terreno subsidia esta decisão. No aspecto geral o terreno deve ser aproveitado no sentido de proporcionar cobertura as forças, abrigá-las do fogo inimigo, permitir o deslocamento rápido e eficiente valorizando a mobilidade das tropas, Não conspirar contra estas através de particularidades indesejáveis como doenças e revoltas de forças subterrâneas, fornecer sempre que possível recursos diversos e água em abundância, facilitar a manobra e a consecução do objetivo. 

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Condições Meteorológicas - Influência nas Operações Militares *055


Toda operação militar está sujeita a interferência de fatores climáticos que devem ser considerados em seu planejamento. O clima afeta as operações de forma incontestável, e conhecer antecipadamente o que irá transcorrer nesta área é de suma importância. Ter o conhecimento preciso da probabilidade de ocorrência de mudanças severas de temperatura e degelos repentinos, de precipitações volumosas, de ondas de calor mais intensas, de ventos fortes e outros; é muito importante no planejamento de uma campanha ou na organização de um único engajamento. Tropas corretamente selecionadas, disciplina apurada, um sistema de transporte bem organizado, roupas adequadas e tudo mais contribui para uma organização militar mais eficiente e é de suma importância. O clima também se apresenta como um dos fatores importantes com forte influência no controle de campanhas militares.

Estes fatores influenciam na visibilidade, na mobilidade terrestre e naval, nas operações aéreas, na segurança operacional, na trafegabilidade das ondas eletromagnéticas influenciando as comunicações rádio e operações de sensores como radares e eletro-óticos, entre outros. Operações que envolvam a utilização de satélites como os sensores GPS/Glosnass e a retransmissão de comunicações por estes meios satelitais são seriamente influenciados pelas massas atmosféricas mais densas. A mobilidade é outro fator crítico em uma operação militar, e condições meteorológicas adversas podem inviabilizar a transitabilidade em terrenos ruins, como aqueles excessivamente arenosos e moles, que facilmente se transformam em lodaçais, podendo paralisar todo um exército em marcha. 

O derretimento da neve prejudicou sobremaneira o avanço alemão na Rússia tornando suas precárias estradas intransitáveis, com a formação de lodaçais e impondo um fardo penoso às tropas. Nas mesmas condições, o deslocamento marítimo pode se tornar algo penoso, principalmente a tropas em travessia e não habituadas a vida embarcada. O desembarque do dia D em 1944 na Normandia, por exemplo, foi adiado para o dia 6 de junho devido ao mau tempo, e apesar das condições deste dia não serem as melhores, as tropas já estavam embarcadas a algum tempo e sofrendo de enjoos, e uma espera maior seria inviabilizada pelas condições de maré e da logística de desembarcar todo o contingente e seus meios de apoio para aguardar uma data mais adequada.


A Primeira Grande Guerra forneceu uma oportunidade incomum para estudar a influência do clima nas operações militares modernas. Cada zona de guerra teve seus próprios tipos climáticos especiais e apresentou seus próprios problemas peculiares. Na frente ocidental, a principal dificuldade foram as chuvas de outono e inverno, não tanto por serem extraordinariamente pesadas, mas por sua frequência. Na frente oriental, os invernos foram mais rigorosos do que no oeste. Houve mais sofrimento por causa do frio e por causa das tempestades de neve. A importância de longos períodos de tempo gelado, durante os quais somente os pântanos podem ser atravessados, foi claramente vista. Na frente austro-italiana, os combates ocorreram em meio a neves profundas, avalanches, frio extremo e tempestades violentas. O uso de aviões e zepelins e de gás asfixiante deu ênfase extraordinária à importância do fator clima na guerra. Os alemães tiveram, desde o início, um serviço militar de campo meteorológico muito eficiente, cujo quartel-general, para a frente ocidental, ficava na Bélgica. Seus observadores meteorológicos fizeram previsões das condições mais favoráveis para incursões de zeppelins e para ataques de gás. Muitas lições foram aprendidas, e uma delas foi a necessidade de ter meteorologistas treinados ligados aos exércitos e de dar a todos os oficiais alguma instrução nos princípios de meteorologia e previsão do tempo.

O Desembarque da Normandia, na Segunda Guerra Mundial, representou a maior operação militar combinada em toda a História-Militar e foi definida pelo Primeiro-Ministro Britânico Winston Churchill como “a mais difícil e complicada operação de todos os tempos”. O seu sucesso está diretamente relacionado a mais relevante contribuição da previsão de tempo no Processo do Planejamento Militar (PPM). A equipe de meteorologistas foi decisiva para a escolha da manhã do dia 6 de junho de 1944, como Dia-D da “Operação Overlord”, pelo Comandante da Força Expedicionária Aliada, mesmo que muitos membros do Estado-Maior, sugerissem pela escolha do dia 5 de junho como Dia-D. As análises meteorológicas feitas com modelos de Previsão Numérica do Tempo (PNT) mostraram posteriormente que o dia 6 de junho de 1944 foi provavelmente o único dia do mês que tal operação militar poderia ser realizada. A situação sinótica apresentada nos primeiros dias de junho de 1944 foi algo realmente peculiar. Nos dias 4 e 5 de junho foi observado um tempo extremamente severo no Canal da Mancha, devido a ação de um sistema frontal associado a uma família de três ciclones em deslocamento no Atlântico Norte. O Serviço Meteorológico Alemão sugeriu então o relaxamento da condição de prontidão na Frente Ocidental, não considerando melhora nas condições de tempo e esta possibilidade do inimigo. Porém, os meteorologistas aliados observaram no dia 4, que o ciclone mais a leste começava a ser alcançado pelo segundo ciclone da família, formando um único e possibilitando a desaceleração e a mudança da inclinação do sistema frontal e uma “janela” de tempo, de cerca de 36 horas, favorável para a realização do desembarque. É bem provável, que caso a sugestão não fosse aceita pelo Supremo Comando Aliado, a “Operação Overlord” teria sido um grande fracasso e, possivelmente, a Segunda Guerra Mundial não teria terminado em 1945.

Outra situação na Segunda Guerra Mundial em que a meteorologia teve um grande peso foi a Batalha de Stalingrado. Essa operação militar conduzida pelos alemães e seus aliados contra as forças russas pela posse da cidade de Stalingrado, às margens do rio Volga, na antiga União Soviética. A batalha foi o ponto de virada da guerra na frente oriental, marcando o limite da expansão alemã no território soviético, a partir de onde o Exército Vermelho empurraria as forças alemãs até Berlim, e é considerada a maior e mais sangrenta batalha de toda a História, causando a morte e ferimentos em cerca de 2 milhões de soldados e civis. Em 22 de junho de 1941, a Alemanha e os seus aliados do Eixo invadiram a União Soviética, na chamada Operação Barbarossa, avançando rapidamente para dentro de território soviético. Sofrendo derrota após derrota no verão e no inverno de 1941, as forças soviéticas contra-atacaram em larga escala próximo à capital do país, na chamada Batalha de Moscou, iniciada a 5 de dezembro de 1941. Os alemães, exaustos, com problemas de reposição logística (a maioria das divisões Panzer estava com a maior parte de seus carros de combate inoperantes) e ainda, com as tropas mal equipadas para a guerra no inverno e com linhas de suprimentos além do limite, acabaram sendo afastados das portas da cidade.

O Processo de Planejamento Militar (PPM) e os Fatores Climáticos

A primeira fase para o estudo das condições meteorológicas é dispor-se das bases de dados existentes de forma ostensiva, que darão as características climáticas de determinada região, associadas a época do ano em que se irá operar. Estes dados são lastreados no histórico do tempo ao longo dos anos e dão uma ideia geral das possíveis condições que se apresentarão. A partir daí busca-se informações mais pontuais nas previsões de curto, médio e longo prazo, permitindo que se determine com maior precisão as condições a se enfrentar. Planeja-se então com a elaboração de croquis e tabelas as condições de visibilidade, temperatura, precipitação, etc... o emprego de fulmígenos, trafegabilidade das estradas e fora delas, emprego de sensores e meios de comunicação, navegabilidade, possibilidades de alagamento, vadeabilidade de cursos d'agua, teto operacional para aeronaves e operações de aeródromos, viabilidade de reconhecimento aéreo, possibilidade de observação terrestre e utilização de elevações, entre outras ações.

Elementos ambientais tendem a influenciar de forma diferente unidades e operações com características diversificadas, porem muitos deles podem se apresentar como tendo efeitos semelhantes na maioria dos elementos e operações de combate. Muitos dos efeitos comuns podem ser derivados para fins de planejamento do clima do teatro de operações. Atenção especial deve ser dada aos elementos que podem limitar as operações ou impedi-las completamente. Por exemplo, as operações nos trópicos devem ser planejadas para considerar o ciclo recorrente dos períodos chuvosos, que em determinadas regiões podem ser muito intensos. Na Europa continental deve-se considerar os invernos rigorosos com os degelos anuais de outono e primavera afetando a trafegabilidade e o movimento.

Logo no início do processo de planejamento, deve-se relacionar os possíveis cursos de ação às expectativas meteorológicas derivadas dos estudos climatológicos. Deve haver uma probabilidade aceitável de que as condições climáticas necessárias para qualquer curso de ação proposto ocorram. É imperativo que uma operação seja viável meteorologicamente no nível operacional da guerra (níveis da guerra) e que o planejamento para mudanças climáticas sazonais seja considerado no início do processo de campanha.

Ao considerar os efeitos das condições ambientais, o impacto que o clima e o terreno têm um sobre o outro deve ser considerado. O clima e o terreno estão tão inter-relacionados que devem ser considerados juntos ao planejar as operações terrestres e aéreas. Os elementos climáticos podem alterar drasticamente as características do terreno e a trafegabilidade. Por outro lado, as características do terreno podem exercer uma influência considerável no clima local. A relação entre clima e terreno deve ser cuidadosamente correlacionada em estudos de terreno para produzir informações precisas sobre o terreno. Este planeamento é parte integrante do PPM.

Os elementos que mais influenciam as operações são: 

  • Crepúsculos: Tanto o matutino quanto o vespertino influem na luminosidade e visibilidade e horários de operação, 
  • Fases da Lua: influem na luminosidade noturna;
  • Precipitações: Afetam a visibilidade, trafegabilidade, bem estar da tropa e segurança.
  • Ventos: sua força, altitude e direção ditam as condições de mar, rotas aéreas, emprego de fumígenos e outros;
  • Nebulosidade: Afetam a visibilidade.
  • Temperatura e Umidade:  Afetam equipamento e pessoal.
  • Marés: influenciam em operações de desembarque a partir do mar

Esses elementos específicos variam de acordo com a área geográfica, o tempo e a estação. A descrição do clima de uma grande área considera as influências do terreno apenas em termos gerais; ao passo que uma descrição de uma pequena área, como um único vale, pode ser específica.

É importante que comandantes e respectivos estados-maiores entendam e considerem o clima em seu planejamento tático. Eles devem reconhecer a importância tática dos efeitos climáticos nas operações pretendidas e os riscos ou oportunidades que apresentam. Os efeitos do clima são integrados à análise do inimigo e do terreno.



Visibilidade:

A visibilidade é afetada por quase todos os fatores citados, a exceção das marés. A baixa visibilidade é benéfica para operações ofensivas e prejudicial para operações defensivas. No ataque, dissimula a concentração de manobra ou de forças amigas, potencializando assim o elemento surpresa. A baixa visibilidade dificulta a defesa, porque a coesão e o controle tornam-se difíceis de manter, o reconhecimento e a vigilância são impedidos e a aquisição de alvos é menos precisa. Essas desvantagens podem ser compensadas parcialmente pelo uso extensivo de dispositivos iluminativos, radar, detecção de som, termal e infravermelho (IR); no entanto, os dispositivos de IR são degradados em alcance por qualquer fonte de umidade, precipitação ou fumaça absorvente de umidade. Fumaça e aerossóis termais podem ser esperados em campos de batalha de intensidade média a alta e podem ser usados localmente para reduzir a visibilidade. Em todas as operações, os fatores obscurantistas limitam o uso de aeronaves e dispositivos de vigilância aérea ótica e IR.

O Crepúsculo:

Crepúsculo é a passagem do dia para a noite (crepúsculo vespertino) ou vice-versa (crepúsculo matutino). Existem 3 tipos:  O astronômico cuja visibilidade é muito reduzida e não tem utilidade prática para fins militares, o náutico que proporciona visibilidade suficiente aos movimentos terrestres com visibilidade limitadas a 400 m e uma certa proteção a observação inimiga, e o civil que proporciona luminosidade suficiente a todas as atividades diurnas. A duração dos crepúsculos depende da latitude e varia ao longo dos tempos. Enquanto que na ofensiva, a baixa luminosidade favorece a concentração de forças, a manobra e a obtenção da surpresa, na defensiva, prejudica a vigilância, impede o reconhecimento, dificulta a coordenação e controle e reduz a precisão da busca de alvos.



As Fases da Lua:

A lua influencia diretamente na visibilidade noturna. Na lua nova a visibilidade é mínima, aumenta na crescente e alcança o máximo na cheia, decrescendo na minguante. Assim, a luminosidade deve ser analisada em função do nascer e do pôr do sol e das fases da lua, que exercerão influência nas condições de observação, sigilo, emprego dos meios aéreos e de coordenação e controle das tropas. A visibilidade é influenciada também por outros elementos meteorológicos, tais como precipitações, nebulosidade, ventos, etc.



Precipitações:

O efeito mais importante das precipitações é seu efeito nos solos, visibilidade, eficácia do pessoal e o funcionamento dos sistemas de manobra terrestre, aviação e sistemas eletro-ópticos e IR. Podem trazer impedimentos ou risco ao voo, alagamentos de grandes dimensões, baixa visibilidade, impedir operações administrativas necessárias a céu aberto, desconforto à tropas desdobradas no terreno com o alagamento de abrigos e hipotermia aumentando a fadiga e causando outros problemas físicos e psicológicos, deterioração de estradas pavimentadas e com efeitos mais acentuados nas mau ou não pavimentadas e inviabilização de tráfego "off-road"; reduzir a eficácia dos campos minados e de equipamentos em geral. O granizo pode provocar a destruição de instalações e riscos a integridade humana e material. Descargas elétricas podem incendiar depósitos de munição e combustível, afetar linhas de transmissão e tráfego eletromagnético. Enxurradas podem destruir pontes e alagar áreas habitadas, além de interromper o trânsito em trechos de estradas. A chuva e a neve podem ainda reduzir bastante a eficácia do pessoal limitando a visibilidade, a persistência de agentes químicos ou criar pontos quentes NBC, a gama de lasers, dispositivos de visão noturna, miras térmicas e a eficácia das aeronaves. A precipitação também degrada negativamente a qualidade dos suprimentos armazenados. O acúmulo de neve maior que 1 polegada degrada a trafegabilidade e reduz o impacto de minas e os efeitos de explosão de munições pontuais. Geralmente, a precipitação acima de 0,10 polegadas por hora ou 2 polegadas em um período de 12 horas é considerada crítica para operações táticas. A queda de neve superior a 18 polegadas reduz a velocidade do veículo rastreado; o movimento a pé é muito difícil sem raquetes de neve ou esquis.


Ventos:

A velocidade e a direção do vento, tanto na superfície quanto no ar, geralmente favorecem a força contra o vento no uso de armas NBC e no emprego de fumígenos. Afetam também lançamentos de tropas aerotransportadas, a navegabilidade e a detecção de sons. Podem contribuir para a secagem do solo afetando positivamente a trafegabilidade. Ventos fortes podem derrubar antenas e afetar estacionamentos baseados em barracas e similares. Ventos de velocidade suficiente podem reduzir a eficácia de combate de uma força a favor do vento como resultado do sopro de poeira, fumaça, areia, chuva ou neve no pessoal e no equipamento. A força localizada contra o vento tem melhor visibilidade e pode, portanto, avançar e manobrar mais rapidamente. Os ventos fortes limitam as operações aéreas, de assalto aéreo e de aviação. Ventos e rajadas fortes na superfície podem ferir o pessoal, danificar materiais e estruturas, dar falsos retornos de radar e restringir a visibilidade devido ao vento de areia, poeira e outros materiais. Geralmente, ventos acima de 20 mph náuticos criam tais efeitos. As operações de fumaça geralmente são ineficazes em velocidades de vento superiores a 7 mph náuticas. À medida que a velocidade do vento na superfície aumenta, seja naturalmente ou aprimorada pelo movimento do veículo, a sensação térmica se torna um fator crítico. O fator de resfriamento do vento afeta adversamente o pessoal vestido inadequadamente e impede a atividade em áreas não protegidas. A velocidade do vento também afeta a distância que o som percorrerá.



Nebulosidade:

A nebulosidade pode impedir a observação aérea e de elevações, a segurança do espaço aéreo, principalmente aquele usado pelos helicópteros em baixa altitude. Nuvens escuras podem significar chuva e podem limitar o visibilidade. O tipo e a quantidade de cobertura de nuvens, bem como a altura das bases e topos das nuvens, influenciam as operações de aviação aliadas e inimigas. A extensa cobertura de nuvens reduz a eficácia do apoio aéreo. Esse efeito se torna mais pronunciado à medida que a cobertura de nuvens aumenta, à medida que as bases das nuvens diminuem e as condições associadas às nuvens (como gelo, turbulência e pouca visibilidade no ar) aumentam. Em uma massa de ar relativamente instável, as nuvens estão associadas a fortes correntes verticais, turbulência e visibilidade restrita no ar. Geralmente, as missões CAS e as missões de reabastecimento aéreo requerem um teto de pelo menos 1.000 pés. As nuvens afetam as operações terrestres limitando a iluminação e o aquecimento solar de alvos para sistemas infravermelhos. As nuvens limitam o uso de artilharia guiada por infravermelho, diminuindo o envelope no qual ela pode buscar e travar em alvos designados por laser. Linha de visão livre de nuvens é necessária para a entrega de munições guiadas com precisão pelas aeronaves.



Temperatura e Umidade:

Estes fatores influenciam diretamente os vetores aéreos, como aeronaves, mísseis e granadas de artilharia. Afetam as pessoas e o desempenho do equipamento como motores e eletrônicos em seus extremos, afetam também as atividades a céu aberto como as de construção civil e outras de cunho administrativo como o manuseio de suprimentos nas áreas de apoio de retaguarda. Temperaturas baixas podem trazer neve e demandar o provimento de fardamento e proteções especiais, provocar hipotermia e desconforto, além de prejudicar a destreza dos soldados que ficam com extremidade geladas e são obrigados ao uso de luvas e outros acessórios. A temperatura é função da latitude e da altitude, entre outros fatores de menor importância.

A temperatura e a umidade afetam a densidade do ar. A densidade do ar diminui à medida que a temperatura ou a umidade aumentam; assim, a eficiência da propulsão da aeronave é reduzida em áreas de alta temperatura ou alta umidade. Embora a temperatura e a umidade possam não afetar diretamente uma operação tática específica, os extremos reduzirão as capacidades do equipamento e podem exigir uma redução das cargas úteis da aeronave (por exemplo, combustível, armas e pessoal).

Táticas eficazes em um clima podem ser ineficazes quando aplicadas em outro. As altas temperaturas e umidade nos trópicos são propícias ao crescimento de folhagem densa que afeta muito as operações táticas. Os climas desérticos podem variar de extremamente quentes durante o dia a muito frios à noite, exigindo medidas de proteção adicionais. Em climas árticos, nos períodos de clima frio, cria-se uma necessidade quase constante de abrigos aquecidos, causa dificuldade na construção de fortificações, aumenta a dependência de apoio logísticos e demanda roupas especiais, equipamentos e treinamento de sobrevivência.

Fatores de sensação térmica são produzidos por uma combinação de temperatura e velocidade do vento. Um fator de resfriamento de -26° F (-32° C) é considerado o valor crítico para equipamentos e pessoal operando em clima frio. O extremo oposto, 120° F (49° C), é o valor crítico para o pessoal que opera em clima quente. O valor crítico da temperatura para o pessoal que opera em clima quente é de 90° F. Restrições semelhantes ocorrem em terrenos desérticos, onde a diferença de temperatura do dia para a noite pode variar até 100° F (37 ° C).

As temperaturas de alvos e objetos no campo de batalha à noite são importantes para o uso de miras térmicas e dispositivos infravermelhos de visão frontal (FLIR). Uma diferença de temperatura ou contraste térmico é necessária para que esses dispositivos "vejam" um alvo. Normalmente, o aquecimento e o resfriamento ocorrem em taxas diferentes para o alvo e o plano de fundo. Duas vezes por dia, de manhã e à noite, os alvos sem aquecimento interno atingem relativamente a mesma temperatura do fundo. Neste ponto ocorre o cruzamento térmico e o dispositivo térmico não tem a capacidade de "ver" o alvo. O tempo de cruzamento térmico pode ser de apenas alguns segundos quando o sol da manhã atinge um alvo, ou vários minutos em dias nublados de clima adverso; isso depende do contraste da temperatura limite exigido pelo dispositivo térmico. Auxiliares de decisão tática podem ser usados para prever essas diferenças de temperatura para planejadores e estimar a duração dos períodos de transição térmica.



Marés:

Influenciam operações costeiras como desembarques anfíbios e operações em portos menos preparados. A maré é a subida e descida periódica da água causada principalmente pelo efeito gravitacional da lua e do sol na rotação da terra. Além da subida e descida em um plano vertical, há um movimento horizontal chamado corrente de maré. Quando a corrente de maré flui em direção à costa, é chamada de corrente de inundação; quando flui em direção ao mar, é uma corrente de vazante.

Maré alta é a altura máxima da maré. A maré baixa é a altura mínima da maré vazante. A diferença entre o nível da água nas marés alta e baixa é a amplitude da maré. O período da maré é o intervalo de tempo de uma maré baixa até a próxima maré baixa ou de uma maré alta até a próxima maré alta. Esses intervalos são em média de 12 horas e 25 minutos na maioria dos lugares. Aproximadamente a cada 2 semanas, durante a lua nova e a lua cheia, ocorrem as águas mais altas e as mais baixas. As influências atraentes combinadas do sol e da lua sobre a água nessas horas causam essa amplitude de maré incomumente grande. Essas marés são marés de primavera. Quando a lua está em seu primeiro e terceiro quartos, as influências atrativas do sol e da lua se opõem e a amplitude da maré é incomumente pequena. As marés durante esses períodos são marés mortas. As marés que ocorrem quando a lua está em seu declínio quinzenal máximo são chamadas de marés tropicais. Durante as marés tropicais, a amplitude diária aumenta.

O estágio da maré afeta a largura da praia e, consequentemente, o tipo de arrebentação, a profundidade da água sobre bancos de areia e recifes, a largura da praia exposta que deve ser atravessada e os requisitos de equipamentos especiais para facilitar o desembarque. As amplitudes extremas das marés podem restringir o descarregamento ao período de maré alta. Isso requer velocidade máxima de operação e um acúmulo rápido e pesado de suprimentos nos estágios iniciais de um desembarque.

Se houver uma variação de maré relativamente grande em uma praia levemente inclinada, a água pode subir ou descer na praia tão rapidamente que as embarcações ficam encalhadas em um fundo seco antes de poderem se retrair. Isso pode colocar um número crítico de embarcações fora de ação até a próxima subida da maré. Se, além de um gradiente plano, o fundo tiver muitas irregularidades, uma queda na maré pode encalhar as embarcações longe da praia propriamente dita. O pessoal terá que desembarcar e desembarcar nessas piscinas. Se as piscinas forem profundas, pode-se esperar uma perda considerável de equipamentos.

Em alguns casos, o efeito da maré pode exigir que as embarcações sejam mantidas na praia quando da maré baixa, descarregando sua carga enquanto descansam alto e seco na praia exposta. A embarcação então se retrai na maré seguinte.

A força de um vento extraordinariamente forte exercido sobre a maré na área de desembarque pode alterar muito a largura da praia disponível para as operações. Junto com a maré vazante, um forte vento offshore pode soprar toda a água para fora da praia e, em um gradiente suave, o nível da água pode baixar a uma distância extrema da praia propriamente dita. O pessoal e o material devem então passar por uma ampla praia exposta. Por outro lado, um forte vento onshore pode aumentar o avanço da preamar a tal ponto que as instalações e atividades de praia são ameaçadas ou inundadas.

Onde não existem obstáculos, um desembarque na maré cheia é geralmente preferido para que a embarcação possa ser encalhada e retraída prontamente. Normalmente, é desejável definir o horário de desembarque 2 ou 3 horas antes da maré alta.

Tempo Severo

O clima severo afeta a maioria das operações, apresentando uma ameaça de ferimentos ao pessoal, danificando equipamentos e estruturas, limitando a mobilidade terrestre e aérea e as operações aéreas e ameaçando o moral da tropa. Tempestades elétricas geralmente acompanham condições climáticas severas e aumentam o risco de raios em áreas de armazenamento de munições e pontos de abastecimento. Os raios também podem interromper as comunicações por telefone fixo e o uso de comunicação e não comunicação do espectro eletromagnético.


Fatores de Planejamento do Clima

  • Efeitos do Clima nas Operações de Defesa Aérea

As operações de defesa aérea requerem informações ambientais tanto para implantação quanto para emprego. A implantação requer dados climatológicos, trafegabilidade e previsões meteorológicas severas. Os elementos ambientais que afetam o emprego variam de acordo com o tipo de sistema de armas usado. Quando sistemas de mísseis requerem vigilância por radar, elementos como índice de refração e precipitação devem ser conhecidos. Outros sistemas requerem aquisição de alvo visual.

  • Efeitos do Clima na Operações Anfíbias

Os efeitos do clima nas operações anfíbias podem ser benéficos e prejudiciais. Certas condições climáticas podem ajudar a ocultar as operações de pouso. Outras condições podem dificultar o encalhe e o desembarque, o movimento da força-tarefa e as operações essenciais de apoio aéreo.

  • Efeitos do Clima na Operações Mecanizadas e de Infantaria

As operações de blindados e infantaria são influenciadas principalmente pelos elementos climáticos que degradam a trafegabilidade e a visibilidade.

  • Efeitos do Clima na Operações de Artilharia

As operações da artilharia dependem fortemente do clima. A artilharia não só deve lidar com os efeitos climáticos comuns a todas as unidades, mas também deve compensar uma série de efeitos especiais pertinentes às suas operações.

  • Efeitos do Clima na Operações relativas à Aviação e Operações de Assalto Aéreo

A aviação está envolvida em operações multifacetadas em toda a extensão do campo de batalha. Essas operações incluem armas aéreas, reconhecimento e vigilância e apoio logístico de rotina. As missões são variadas e requerem a operação da aviação, tanto de asa fixa quanto de asa rotativa em diversos modos de voo e altitudes.

  • Efeitos do Clima na Operações de Comunicações Eletrônicas

As operações de Comunicações-Eletrônicas são afetadas por vários elementos climáticos. Praticamente todas as condições climáticas especiais que se aplicam às operações de comunicações eletrônicas afetam a propagação eletromagnética. 

  • Efeitos do Clima na Operações de Engenharia de Combate

As operações de engenharia de combate são influenciadas pelas condições ambientais atuais, condições previstas e climatologia.

  • Efeitos do Clima na Operações de Inteligência

Muitas operações de inteligência dependem do clima. A coleta e a disseminação podem ser dificultadas por certas condições climáticas. O processamento de todas as fontes requer a avaliação de todas as condições climáticas, atuais e previstas, pois elas afetam as operações inimigas e amigas. 

  • Efeitos do Clima na Operações Logísticas

As operações logísticas incluem abastecimento, manutenção e transporte necessários para apoiar a força de combate. Inúmeros fatores climáticos afetam o planejamento e as atividades necessárias para cada operação. Esses fatores climáticos que influenciam as operações logísticas afetam posteriormente a força de combate apoiada. Se as unidades logísticas forem impedidas de apoiar elementos avançados de combate, o sucesso da missão de combate pode ser comprometido.

  • Efeitos do Clima na Operações de Suporte Médico

O uso extensivo de ambulâncias aéreas requer o mesmo suporte meteorológico que outros elementos da aviação. Além das operações de aviação, as influências do clima são consideradas no estabelecimento de hospitais de campanha e na antecipação de pré-estocagem e cargas de trabalho. Os requisitos de suporte meteorológico para evacuação terrestre de vítimas são os mesmos do transporte terrestre, inclusive considerando o conforto do paciente em condições climáticas extremas. 

  • Efeitos do Clima na Operações de Policiamento

As polícias militares (Polícia do Exército, da Marinha e da Força Aérea) estão envolvidas em operações sensíveis ao clima, como reconhecimento de rotas e áreas, segurança, controle de tráfego e movimentação, proteção da área de retaguarda, controle de refugiados, controle de prisioneiro de guerra inimigo, operações de controle de distúrbios civis.

A propagação acústica pode afetar significativamente o uso de alto-falantes em operações de controle de distúrbios civis. A propagação acústica é uma função de atenuação e refração, que por sua vez é influenciada pelo gradiente de temperatura, densidade, vento e cobertura do céu. 

  • Efeitos do Clima na Operações NBC

As operações da NBC são extremamente sensíveis às condições ambientais que afetam o transporte e a difusão de precipitação química ou biológica (CB). Alguns dos elementos críticos a serem considerados ao planejar as operações da NBC são a umidade, temperatura do ar, temperatura do solo, velocidade e direção do vento, gradiente de temperatura de baixo nível, precipitação, cobertura de nuvens e luz solar.

  • Efeitos do Clima na Operações Psicológicas

As operações psicológicas táticas são influenciadas principalmente pelos elementos climáticos que degradam a audibilidade das transmissões de alto-falantes e afetam a distribuição de panfletos.


 

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Artilharia de Tubo em Áreas Urbanas *234


A artilharia de tubo é um dos multiplicadores de combate mais poderosos em um teatro de operações. Em todo o espectro de operações ofensivas, defensivas e de estabilização, ela serve como um meio de apoio de fogo orgânico, oportuno, disponível o tempo todo, sob quaisquer condições climáticas. Embora a artilharia de tubo seja um dos muitos sistemas de armas capazes de utilizar munições de precisão, sua qualidade única vem da capacidade de pronta resposta com um alto volume de fogo, com várias combinações de projéteis e espoletas.

As operações em terreno urbanos, devido às suas peculiaridades, vem demonstrando a preferência dos comandantes de substituir o poder de fogo representados por sistemas complexos, por homens com capacidades de atuação mais pontual e específicas, e o emprego da artilharia de tubo se faz adequado e necessário. Iniciativas de modernização melhoram continuamente o equipamento em uso, adequando-o às novas demandas, e o combate urbano atual exige engenhosidade no uso dos equipamentos disponíveis para preencher lacunas de capacidade, com a incorporação paulatina de novos e mais adequados equipamentos. O sucesso em combates urbanos requer aplicação criativa e conhecimento do básico. Isso inclui “competência transferível”, ou a capacidade de aplicar competências a novos ambientes e situações. A iniciativa dos comandantes de baixo escalão e a rápida adaptação ao campo de batalha são fundamentais para o sucesso neste cenário cada vez mais presente.

O Ambiente Operacional

Emprego da Artilharia de Tubo no Ambiente Urbano

É necessário analisar o emprego neste ambiente sob os seguintes aspectos: Escolha e Ocupação das Posições de Bateria, Dispersão e Técnicas de Emprego; Comunicações e Operações Degradadas; Segurança da Bateria; Fogo Direto e Logística.

Escolha e Ocupação das Posições de Bateria

Com os requisitos da missão e considerações de apoio necessárias, as operações urbanas de artilharia de tubo são inevitáveis. Os comandantes podem considerar operar das periferias, mas muitas áreas urbanas são grandes demais para a execução de fogos destas distâncias, assim como os fogos defensivos a partir de seu interior que também se farão necessários. 

Sejam quais forem as características do terreno, a escolha e ocupação das posições de bateria serão determinadas pelos requisitos da missão. Os critérios padrão não diferem no terreno urbano, mas há um aumento inerente na complexidade de operação nestes locais. As exigências de comunicações, segurança, trafegabilidade e manobrabilidade assumem um papel de apoio, mas são vitais neste esforço. A velocidade de progressão da tropa apoiada é particularmente vital nestas análises: o ritmo da manobra tende a ser lento e deliberado em algumas situações, com combates quarteirão a quarteirão, ou pode ser rápido, no contorno de áreas urbanas, com movimentos diretamente para objetivos selecionados. 

Os ambientes urbanos apresentam grandes massas de cobertura e problemas de mascaramento imediatos. No uso de munições convencionais de saturação de área, o espaço morto é tipicamente 5 vezes a altura dos edifícios para tiro mergulhante e metade desta altura para tiros verticais. Isso causa uma maior propensão para os fogos em tiro vertical de forma a aumentar a eficácia no ataque às áreas desenfiadas entre os edifícios. Para munições convencionais de saturação de área, isso cria uma diminuição na precisão e no alcance. Missões de tiro vertical também exigem mais tempo de trajetória. Essas complexidades adicionais tornam difíceis os engajamentos de alvos de oportunidade e possivelmente até de alvos previstos. Se houverem considerações mais rígidas das regras de engajamento (ROE), as considerações de danos colaterais também podem limitar a capacidade destes fogos de saturação, embora essas considerações possam ser limitadas e minimizadas dependendo da situação. 

Uma análise criteriosa das áreas urbanas é necessária para facilitar os fogos oportunos e maximizar as comunicações, bem como as considerações de segurança. Cada tipo de área urbana apresenta desafios e oportunidades únicos.

As regiões centrais das áreas urbanas apresentam problemas significativos para a artilharia, pois geralmente são muito pequenas e compactas para fornecer áreas de posicionamento. Se a missão exigir ocupação dentro de áreas centrais, os comandantes devem considerar o posicionamento dos obuseiros nas ruas ao longo das linhas de tiro até o alvo, principalmente se a área urbana seguir um padrão radial ou de grade. Como as áreas centrais normalmente restringem o movimento, os comandantes também devem considerar a quantidade de escombros na área de posição e na seleção do local. Estruturas revestidas pesadas são mais propensas a entulho e existem com maior frequência nas regiões mais antigas das áreas centrais, bem como estruturas mais leves são menos propensas a entulho e estão nas regiões mais novas das cidades, especialmente na periferia central. As áreas centrais também podem ter problemas significativos no que se refere à campos de observação. Finalmente, a natureza densa e multidimensional destas áreas tende a dificultar a segurança das baterias.

As áreas de arranha-céus periféricas são semelhantes às áreas centrais, apresentando problemas significativos de comunicações. A diferença está nas grandes áreas abertas, como estacionamentos e parques que separam áreas periféricas de arranha-céus. Essas áreas podem ser grandes o suficiente para ocupações por pelotões e baterias, mas também são propensas ao assédio do inimigo. Os comandantes devem considerar os vários sistemas de transporte coletivo que caracterizam as áreas periféricas de arranha-céus. Estes podem representar vias de aproximação de alta velocidade para as forças inimigas que operam na área.

As áreas militares existentes nos locais podem fornecer espaços de posicionamento adequados para baterias de tiro, pois a defesa será facilitada pelas fortificações permanentes e instalações subterrâneas existentes. Os aeródromos também podem fornecer excelentes áreas de posicionamento e/ou podem funcionar como zonas de pouso de helicópteros ou zonas de coleta. A infraestrutura de comunicações interna ali existentes, podem fornecer um meio de comunicação adicional e redundante. Quanto aos riscos apresentados nas áreas militares, estas podem possuir armas de destruição em massa, gerando risco à força e preocupações com danos colaterais. Além disso, como as áreas militares podem ser um centro de gravidade para as forças inimigas, a chance de ataques complexos e de assédio pode aumentar.

As áreas comerciais podem permitir que a artilharia de tubo seja desdobrada nos corredores, utilizando as vias que cruzam as diferentes áreas urbanas. Em áreas comerciais, os estacionamentos podem ser as posições mais adequadas, mas o espaço de ocupação para obuses rebocados sofrerá restrições. Obuses rebocados terão que plantar suas pás de conteira contra o asfalto ou concreto, entulho ou paredes de construção, ou, alternativamente, encontrar uma área gramada onde se desdobrar. Finalmente, civis podem estar transitando nas proximidades, e áreas residenciais próximas podem existir, aumentando o risco do inimigo usar a população civil como cobertura e ocultação.

A áreas Industriais podem fornecer áreas de posição ideais, com espaços abertos grandes o suficiente para ocupações de pelotões e baterias. As áreas industriais também costumam fornecer ocultação adequada em grandes fábricas e armazéns de teto plano. Essas fábricas e armazéns também podem oferecer excelentes posições de cobertura e ocultação ou, se orientadas na linha de fogo, posições de tiro. Semelhante às áreas periféricas de arranha-céus, os comandantes devem considerar as vias de acesso de alta velocidade facilitadas por vários sistemas de transporte coletivo dentro e ao redor das áreas industriais. Esses centros de transporte comercial geralmente são de natureza multimodal, incluindo aeródromos e as principais rotas marítimas, fluviais, ferroviárias e rodoviárias. As forças militares que operam dentro ou ao redor destas áreas devem tomar cuidado especial com a presença de produtos químicos industriais tóxicos por ali armazenados.

As áreas residenciais estão dispersas pelas áreas urbanas e podem ser difíceis de evitar. Essas áreas podem fornecer áreas de posição ideal para a artilharia, mas exigem uma compreensão e respeito da(s) cultura(s) da área. Finalmente, como as favelas geralmente não contêm vias públicas ou serviços públicos, geralmente apresentam problemas de manobrabilidade/trafegabilidade, particularmente durante e após a ocupação, devendo ser evitadas devida a seus traçados altamente irregulares e não planejados.


Técnicas de Dispersão e Emprego

O combate urbano tem considerações únicas para técnicas de dispersão e emprego, exigindo uma análise cuidadosa do ambiente operacional. O terreno urbano ditará as técnicas de dispersão e poderá limitar o emprego aos escalões abaixo do pelotão, tornando a iniciativa do líder subalterno cada vez mais importante. A adaptação rápida para maximizar a capacidade de sobrevivência e dos fogos eficazes, como o uso de esconderijos e ataques, também podem ser táticas inevitáveis em combates neste ambiente. O espaço físico, as massas de cobertura próximas e as considerações de mascaramento podem ditar a necessidade de emprego em escalões abaixo do pelotão. Operar de forma tão capilarizada aumenta a capacidade de resposta, mas diminui o espaço disponível para fogos de saturação mais emassados. As operações nestes escalões são especialmente adequadas para o uso dos modernos sistemas digitais de direção de tiro dos obuses, mas os fogos emassados em operações degradadas – uma potencial inevitabilidade em combates urbanos – ficam mais difíceis de executar.

Operar com pequenos escalões também aumenta a vulnerabilidade ao assédio de forças terrestres inimigas. As técnicas de dispersão variam de acordo com a ameaça e o terreno. No terreno urbano, as áreas funcionais urbanas e os padrões de ruas surgem como 2 dos pontos vitais de discussão. Diferentes técnicas de dispersão são mais adequadas para áreas urbanas e padrões de ruas com base no espaço disponível, massa de cobertura, mascaramento, segurança e trafegabilidade. Por exemplo, as formações em linha das baterias ou as formações escalonadas em W fornecem controle máximo, mas devido a considerações de espaço, elas podem ser limitadas em áreas periféricas de arranha-céus e áreas centrais. Por outro lado, os comandantes podem considerar o uso das formações em cunha ou estrela em áreas centrais e de arranha-céus porque os edifícios circundantes fornecem cobertura artificial e ocultação de ameaças aéreas e contrabateria. Os espaldões são semelhantes às técnicas, táticas e procedimentos usados em áreas abertas, com seções de armas escalonadas, e em seguida, movendo-se da mesma forma para um posições de troca. Armazéns, pátios ferroviários, celeiros ou oficinas de automóveis podem ser ótimos abrigos. Se posicionadas dentro do alcance operacional da bateria, essas áreas também são excelentes posições de linha de fogo. Quando possível, os comandantes devem considerar abrigos fora das áreas urbanas para evitar a detecção. Abrigos propensos ao emprego de munições termobáricas devem ser evitados.

A proeminência do ataque de artilharia de tubo no combate urbano também pode se tornar uma tática inevitável. Há duas razões principais para esta proposição. Em primeiro lugar, com os problemas de localização até as massas de cobertura e de mascaramento inerentes às áreas urbanas, as formações de artilharia podem ter que trocar de posição rapidamente para apoiar as forças de manobra. A segunda é a natureza letal da ameaça. A realidade é que os sistemas de armas e sensores inimigos sejam tão capazes de encontrar e atacar unidades amigas que se é forçado a empreender missões de tiro deliberadas e/ou apressadas. A sobrevivência pode depender da capacidade de ocupar rapidamente uma posição, executar a missão de tiro necessária, e em seguida retornar rapidamente para trás da linha avançada para outra área de posição ou desenfiamento.

Comunicações e Operações Degradadas

A discussão sobre comunicações e operações degradadas no combate urbano são elencadas em 4 tópicos. Primeiro, planos de comunicação eficazes são essenciais. Em segundo lugar, pode ser necessária flexibilidade para o uso de plataformas e meios de comunicação mais antigos em conexão com meios mais tecnológicos para preencher as lacunas de capacidade criadas por novas tecnologias e demandas. Terceiro, pode haver a necessidade de minimizar as assinaturas eletrônicas. Quarto, as formações de artilharia de tubo devem ser proficientes em operar em modos degradados e analógicos. Pois não importa o ambiente e os meios disponíveis, as missões de tiro tem que ser executadas.

As capacidades inimigas e o terreno urbano podem degradar as comunicações em futuros combates urbanos. Arranha-céus, linhas de energia, transformadores ou outras estruturas urbanas podem interromper os sinais eletromagnéticos necessários para as comunicações. Outros sinais, como telefones celulares, serviços de emergência e outras redes táticas, também podem degradar as comunicações. O espectro eletromagnético Inimigo e os recursos cibernéticos também estão avançando rapidamente, cada um com a capacidade potencial de interromper, degradar ou negar sistemas de comunicação amigos. Planos eficazes maximizam o uso simultâneo dos sistemas de comunicação disponíveis, modernos e tradicionais, monitorando e nivelando-os conforme necessário. Os planos de comunicações bem elaborados minimizam as interrupções nas comunicações, maximizando assim os disparos eficazes e facilitando os mecanismos inter-relacionados de C2.

Os planos de comunicações podem não eliminar todos os gargalos inerentes às comunicações. Consequentemente, são vitais a flexibilidade dos meios C2 que devem permitir a execução descentralizada das missões de tiro. As unidades de artilharia devem ter a capacidade de empregar o maior número de meios simultâneos de comunicações do nível do grupo para o nível da bateria dentro de uma arquitetura flexível. Esses tipos de sistemas disponíveis são o rádio ar-terra-ar, o rádio de alta frequência (HF) e o rádio com link de satélite. A integração bem-sucedida desses 3 sistemas pode determinar a eficácia do apoio de fogo entre os usuários. A capacidade das unidades em executar fogos precisos e oportunos exige o uso eficaz de todos esses 3 sistemas. O rádio tático é o sistema mais abundante nas unidades. Com o uso de um amplificador de potência, estes sistemas são capazes de comunicações de voz até 40 km e dados até 20 KM. O terreno urbano, no entanto, pode restringir severamente o emprego nestes alcances. Equipes de retransmissão podem flexibilizar estes meios sobre ou ao redor de obstáculos para permitir disparos efetivos. Estas equipes devem estar equipadas com o maior número possível de sistemas afins para operar em emprego prolongado, e devem garantir que os locais de retransmissão possam entrar em contato com todos os nós necessários. Como cada sistema requer uma antena para cada rádio na configuração, a situação eletromagnética e operacional destas equipes pode ficar insustentável em algumas situações. Por esse motivo, é vital que elas entendam a missão, e tenham capacidade de uso de locais alternativos e suplementares.

Os comandantes também devem fornecer anexos de segurança às equipes de retransmissão devido às considerações de segurança inerentes ao terreno urbano. O uso de Sistemas Aéreos Não Tripulados para fornecer uma capacidade de retransmissão pode reduzir o risco. Como alternativa a uma equipe de retransmissão, as unidades podem usar outras unidades amigas para retransmitir mensagens quando a comunicação direta não for possível. Os rádios HF fornecem voz à unidade e comunicações digitais que transmitem sobre obstáculos e longas distâncias. Infelizmente, os rádios HF são limitados, mas podem ser necessários para facilitar fogos de longo alcance atendendo às necessidades do terreno urbano. Os rádios satelitais transmitem comunicações de voz e dados em distâncias muito longas. Os grupos de artilharia devem considerar o uso sempre que possível de rádios satelitais para suas baterias, de forma a aumentar a redundância nas comunicações.

No entanto, essa transferência requer treinamento sobre o uso desses sistemas. O combate urbano pode exigir engenhosidade usando plataformas e acessórios de comunicação “desatualizados” e/ou existentes para preencher as lacunas de capacidade criadas pelas novas tecnologias. Por exemplo, sistemas de telefonia celular ou fixos civis podem ser usados em caso de emergência, e sistemas fio podem ser desdobrados através de esgotos e edifícios. Com relação às antenas de campo, os comandantes são limitados apenas pela imaginação. As antenas de campo podem ser colocadas em árvores, amarradas a balões de ar ou colocadas em andares superiores de edifícios para aumentar o alcance. As antenas, no entanto, podem revelar as posições das unidades, de modo que os comandantes devem evitar posições de silhueta.

Por outro lado, o combate urbano pode ditar a necessidade de minimizar as assinaturas eletrônicas. Nesse caso, os comandantes podem considerar períodos de silêncio de rádio para evitar assinatura eletrônica. O silêncio de rádio é um status em que todos os rádios em uma área são solicitados a parar de transmitir, dependendo de uma necessidade imperiosa. Da mesma forma, as equipes de retransmissão permitem que as unidades reduzam a saída de radiofrequência para reduzir as assinaturas eletrônicas em suas posições. Reduzir ou eliminar brevemente as assinaturas eletrônicas reduz o risco de detecção de posições de soldados e unidades. No recente conflito na Ucrânia, a Rússia realizou ataques de artilharia contra o exército ucraniano, visando seus sinais eletrônicos. Os militares dos EUA não tiveram que lidar com essa capacidade durante as guerras no Iraque e no Afeganistão.

As capacidades eletromagnéticas inimigas podem interromper, degradar ou negar os Sinais GPS necessários para sistemas digitais, forçando a artilharia de tubo a operar em modos degradados. Operar em ambientes urbanos requer uma consideração adicional: em modos degradados, os instrumentos magnéticos serão prejudicados e sua precisão degradada em áreas construídas. Essa degradação aumentará nas áreas periféricas de arranha-céus e núcleos, onde existem muitos edifícios altos com estrutura de aço. A precisão é especialmente mais necessária no combate urbano não apenas por causa de considerações de danos colaterais, mas também porque o combate urbano geralmente apresenta alcances de combate direto de fogo inferiores a 100 metros. O ciberespaço e as capacidades eletromagnéticas também podem interromper o comando de missão e o processo de direcionamento de unidades de artilharia amigas, forçando métodos analógicos na eliminação de fogos e gerenciamento do espaço aéreo. Como as redes degradadas reduzem a consciência situacional, os ensaios antes e mesmo durante as operações são vitais – principalmente quando se opera como parte de uma coalizão multinacional.

A Segurança das Baterias

A segurança das baterias em terreno urbano tem uma natureza dupla de desafios e oportunidades: o terreno urbano oferece um ambiente multidimensional para projetar a defesa, porém esta mesma sua natureza multidimensional o torna inerentemente difícil de defender. É necessária uma abordagem holística para reduzir os desafios e maximizar as oportunidades. As iniciativas de modernização para criar uma força mais móvel e ágil aumentarão a capacidade de sobrevivência.

A aplicação criativa do terreno urbano fornece alerta precoce, defesa em profundidade e dispersão. Posições fortificadas podem ser instaladas em edificações abandonadas, e prédios de vários andares podem fornecer ótimos pontos de observação e de rádio-operação, e os principais sistemas de armas podem ser posicionados de forma criativa para fornecer fogos diretos eficazes. A natureza canalizadora e compartimentada do terreno também pode oferecer aos comandantes áreas de engajamento ideais. Finalmente, em terrenos urbanos, os comandantes podem usar a cobertura fornecida por estruturas de vários andares ou podem dispersar suas seções. Em terreno aberto, os comandantes podem optar por dispersar suas pelas em intervalos de 100 metros ou mais, e ainda mais para o comando de linha de fogo (CLF). Em áreas urbanas densas, seja nos centros ou em áreas periféricas de arranha-céus, os edifícios altos podem fornecer cobertura mascarando os sistemas de fogo indireto do inimigo, permitindo uma ocupação mais compacta. Consequentemente, a ocupação em áreas urbanas densas frequentemente exige a execução de fogos verticais (acima de 45 graus).

Além de estabelecer uma defesa padrão, os encarregados da segurança também devem varrer as edificações para cima e para baixo em seus setores para cobrir edifícios de vários andares e outras estruturas altas. Devido a essas complexidades inerentes, uma força de reação rápida designada é vital para a sobrevivência no caso de uma violação do perímetro. Os comandantes também devem coordenar com as unidades adjacentes para aumentar seus planos de segurança, e solicitar anexos de segurança adicionais. Dependendo do tempo disponível, as peças podem individualmente preparar posições suplementares para cobertura de fogo direto em rotas críticas para a posição da bateria

Os sensores dos adversários e os sistemas de armas de fogo indireto também tornam os critérios de movimento de sobrevivência e a capacidade de deslocamento rápido absolutamente críticos. Apesar da agilidade da artilharia rebocada em ataques aéreos e operações aerotransportadas, elas possuem limitações inerentes nos tempos de deslocamento e proteção das guarnições. De certa forma, isso limita sua viabilidade em campos de batalha urbanos.

Há um argumento crível de que sistemas de obuseiros leves e móveis são necessários devido à necessidade premente de ocupações e deslocamentos mais rápidos. Mesmo se operado dentro dos padrões de tempo. Os atuais sistemas de armas rebocadas se deslocam taticamente em um ritmo muito lento para sobreviver no campo de batalha urbano cada vez mais exigente. Além disso, a fadiga da tripulação nos atuais sistemas de armas rebocadas é uma preocupação.

Da mesma forma, as capacidades inimigas e o denso terreno urbano exigem postos de comando (PC) mais móveis e menores. As limitações de comunicação do terreno urbano exigem PCs ágeis e móveis para manter fogos eficazes e C2 eficientes. Preocupações com a sobrevivência, especialmente aquelas relativas aos fogos de contrabateria, também ditam a necessidade de movimentos frequentes e rápidos. Com as exigentes configurações de pessoal e equipamento inerentes aos grupos, deve haver um maior equilíbrio entre eficácia e capacidade de sobrevivência.

A defesa da bateria no terreno urbano também deve seguir uma abordagem holística. Pontos vitais adicionais de discussão incluem, mas não estão limitados à técnicas de emprego e seleção de área de posição. A robótica usada na defesa e reconhecimento de baterias também pode eventualmente ser um tópico de discussão; no entanto, há uma maior necessidade dessas formações de manobra e os custos associados de projeto e desenvolvimento são altos.

Fogo Direto

Embora não seja sua missão principal, a artilharia de tubo pode fornecer uma capacidade de fogo direto de grande calibre que é eficaz na guerra urbana. Durante a Primeira Batalha de Grozny, de dezembro de 1993 a março de 1994, as forças russas utilizaram tiros de canhão indiretos para moldar e suprimir os arredores da cidade. Depois que as forças de manobra conquistaram seus objetivos iniciais, os russos utilizaram parte de sua artilharia autopropulsada em um papel de fogo direto, fornecendo um fogo de longo alcance contra bunkers, fortificações pesadas ou posições inimigas reforçadas em edifícios de concreto. Isso se mostrou eficaz, com o benefício adicional de que o fogo direto produzia menos escombros nas ruas do que o fogo indireto, permitindo maior liberdade de manobra às forças russas que avançavam.

Obuses em uma função de fogo direto trazem capacidades significativas para aumentar os sistemas de armas orgânicas de fogo direto. Muitos MBTs em função de apoio são incapazes de se elevar para engajar alvos nos andares superiores dos edifícios, e os sistemas de armas de artilharia, por sua própria natureza, podem engajar em qualquer elevação. Projéteis de 155 mm podem penetrar até 38 polegadas de tijolo e concreto não armado e até 28 polegadas de concreto armado com danos consideráveis além da parede. Projéteis de 105 mm causarão danos significativos a edifícios construídos com material leve e podem penetrar em paredes de pedra e tijolo de camada única ou concreto armado leve. Essa capacidade é especialmente significativa nas tropas de Infantaria leve e paraquedistas, porque essas formações carecem de sistemas orgânicos de armas de fogo direto de grande calibre.

Considerações adicionais para obuses empregarem fogo direto incluem capacidade de sobrevivência, tempo de ocupação de posição e deslocamento, precisão e mobilidade. Os obuseiros autopropulsados (SPGs) são sem dúvida a melhor opção, mas não oferecem a mesma proteção que um MBT a suas tripulações. As peças de artilharia rebocadas são relativamente vulneráveis, pois não fornecem proteção às suas tripulações e são mais lentas nas movimentações. Sistemas de obuseiros móveis em vez de sistemas rebocados atuais podem reduzir essa lacuna de capacidade.

Os comandantes só devem optar por empregar artilharia de tubo em uma função de fogo direto após uma análise cuidadosa da adequação, viabilidade e aceitabilidade do uso de artilharia para completar o fogo dos MBT ou outras armas de fogo direto. Quando os obuses são retirados de seu papel tradicional, a capacidade de apoiar forças de manobra e moldar objetivos futuros é degradada. Os comandantes devem pesar o esforço principal e realizar uma análise de custo-benefício dos riscos associados à utilização de obuses em uma função de fogo direto.

Logística

Devido à natureza híbrida e letal das ameaças, as dificuldades logísticas das brigadas serão ampliadas em terreno urbano. Como visto na batalha de Aachen durante a Segunda Guerra Mundial, o desafio logístico resultante para igualar este aumento acentuado de munições é significativo. Operações engenhosas e planejamento eficaz são necessários para manter fogos oportunos e eficazes. As futuras iniciativas de modernização auxiliarão no atendimento da demanda logística.

Manter o ritmo com linhas de abastecimento difíceis em grandes terrenos urbanos podem exigir que as baterias operem com uma logística limitada. Durante a invasão do Iraque em 2003, os Marines operaram sem leitos, sem sacos de dormir e, às vezes, com apenas uma refeição pronta para comer por dia. Estes regimentos também foram equipados com kits de teste de combustível para capturar e utilizar combustível inimigo, e veículos e equipamentos foram mantidos escrupulosamente.

A capacidade da artilharia de tubo de fornecer apoio de fogo eficaz depende de sua capacidade de prever efetivamente seu consumo de munição. Áreas urbanas podem ditar uma maior necessidade de certas munições, e certos conjuntos de missões requerem diferentes combinações de espoletas, por exemplo, espoletas de retardo para penetrar no concreto, granadas fumígenas usadas em operações de abertura e passagem de brechas, minas espalhadas para isolar formações inimigas de suas linhas logísticas fora da cidade, munições de precisão para alvos de alta prioridade, etc. Garantir a quantidade e o tipo corretos de munição no lugar e na hora certos é fundamental. O S3 (oficial de operações) e os comandantes de linha de fogo (CLFs) devem identificar esses requisitos no início do processo de planejamento (análise da missão) para garantir tempo suficiente para encomendar e entregar munição.

Mas apesar dos riscos à força e missão causados pelas dificuldades logísticas inerentes ao combate urbano futuro, 3 tendências tecnológicas emergentes merecem destaque. A primeira é o uso de técnicas de manufatura adaptativa, como a impressão 3D, para reduzir custos e aprimorar significativamente o trem logístico, fornecendo ressuprimento antecipado de peças e outros materiais. A segunda é usar inteligência artificial (IA) ou plataformas não tripuladas operadas por humanos para complementar os atuais trens logísticos, reduzindo o risco de força e missão em movimentos logísticos. O terceiro são os avanços tecnológicos na geração e armazenamento de energia para diminuir a dependência dos serviços logísticos em relação ao combustível. Uma dependência reduzida de combustível reduzirá significativamente os requisitos de transporte e comboios logísticos.