FRASE

"Quem escolhe a desonra a fim de evitar o confronto, a conseguirá de pronto, e terá o confronto na sequência."
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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

O Emprego de Veículos no Combate de Infantaria *225


Veículos de Combate de Infantaria

A Segunda Guerra Mundial demonstrou a necessidade de embarcar a infantaria em veículos dedicados, seja para cobrir as distâncias necessárias dentro do teatro de operações, acompanhar os carros de combate sem sacrificar sua alta mobilidade ou combater a partir de uma base de fogo móvel. A combinação de infantaria com veículos armados resultou em efeitos complementares com vantagens significativas, potencializando o poder de combate de ambos. A combinação do veículo com a infantaria proporciona um incremento mútuo no poder de fogo, mobilidade, proteção, capacidade no trânsito de informações e maior presteza na operação em terrenos difíceis. Além de servir como base de fogo encouraçada e transportadores de tropas, os veículos também servem como plataformas de suprimento e de evacuação médica.

Podem operar com a infantaria uma variedade de veículos, cada qual com características distintas, porem todos operam sob os mesmos princípios. Os veículos mais comumente usados junto a tropa de infantaria são o carro de combate (MBT/CC); o veículo de combate de infantaria (IFV/VCIM), a viatura blindada de transporte de pessoal (APC/VBTP) e os veículos sobre rodas multiuso de alta mobilidade.


Princípios 

O binômio infantaria x veículo de combate obedece a 3 princípios de emprego básicos que norteiam sua atuação no campo de batalha. O primeiro é que o veículo deve potencializar o poder da infantaria servindo de base de fogo móvel à tropa desembarcada, apoiando sua ação com suas armas orgânicas e suas outras características de poder de combate. O segundo é que a infantaria apoiará a manobra do veículo quando este for protagonista da ação, principalmente pela supressão de armas anticarro; e o terceiro e último princípio reza que veículos nunca operam sozinhos, assim como os soldados, contando sempre com a proteção mútua de outro veículo. 

A primeira e mais óbvia vantagem que os veículos proporcionam a infantaria é o incremento em sua mobilidade. Eles transportam os infantes em distâncias maiores e os desembarcam para combater, rompendo obstáculos como “bunkers” e edificações. A potência de fogo do veículo, que pode contar com canhões e armas automáticas de vários calibres, aliada à sua mobilidade, resulta em um efeito de choque que ajuda os infantes a alcançarem o rápido desfecho de sua ação. O veículo pode atirar com fogo letal e preciso, mesmo em movimento se contar com armas estabilizadas, em apoio ao assalto. Pode ainda prover a supressão de atiradores identificados (snipers), destruir outros veículos e posições fortificadas, evacuar feridos, oferecer cobertura em locais abertos, auxiliar na aquisição de alvos se dispor de optrônicos e imageadores, prover neblina com seus fumígenos, entre outras possibilidades.

O infante também proporciona ao veículo sua parcela de proteção, atuando principalmente na supressão de armas anticarro, na designação de alvos, na remoção de obstáculos ao seu deslocamento, no fogo contra ameaças blindadas, na exploração de pontos cegos que podem esconder ameaças, entre outras.


Características dos Veículos

Os comandantes da infantaria devem ter uma compreensão clara das capacidades e limitações de seus equipamentos. O CC, o VCIM, o VBTP e o veículo de alta mobilidade sobre rodas possuem seus próprios recursos, limitações, características e requisitos logísticos. Mesmo que seu papel para a infantaria seja praticamente o mesmo, esses veículos fornecem suporte de maneiras diferentes.


Potência de Fogo

Armas e munições são projetadas para bater alvos específicos, embora muitas sejam de múltiplos propósitos. Um líder de infantaria que tenha uma compreensão básica dessas armas e dos tipos de munição, será capaz de empregar melhor suas unidades veiculares em proveito de sua ação.

A arma principal de um carro de combate moderno (MBT/CC) é extremamente precisa e letal, com alcances 2 a 4 mil metros, com calibres de 90 a 125 mm, mais comuns. Os modelos mais recentes e sofisticados contam com canhões principais estabilizados que podem disparar efetivamente mesmo quando se deslocam em alta velocidade. O carro de combate continua a ser a melhor arma anticarro da atualidade e suas várias metralhadoras fornecem um grande volume de fogos de apoio para a infantaria. As capacidades de aquisição de alvos dos carro de combate excedem em capacidade todos os sistemas disponíveis para a  infantaria. Os sistemas de visão térmica fornecem uma capacidade significativa para observação e reconhecimento, e podem ser usados inclusive durante o dia para identificar radiação IR mesmo através de vegetação. O telêmetro laser proporciona capacidade superior para medição de distâncias e estabelecimento de procedimentos de controle de fogo. Sua munição básica são os perfuradores APDS com núcleos duros. Essa munição não é eficaz contra veículos leves blindados ou com rodas, “bunkers”, linhas de trincheiras, edificações ou pessoal. Eles também apresentam um problema de segurança quando disparam sobre as cabeças dos infantes, devido às partes descartáveis liberadas em cada disparo. A munição HE proporciona melhores efeitos destrutivos sobre os alvos mencionados, exceto contra pessoal, onde as metralhadoras são mais eficazes. O reabastecimento é difícil e requer apoio logístico sofisticado. Alguns canhões podem ter problemas de elevação, seja positiva ou negativa em terrenos restritos, como áreas urbanas.

A arma principal do VCIM normalmente consiste de um canhão de tiro rápido de 20, 25 ou 30 mm, que dispara granadas incendiárias altamente explosivas, dotadas ou não de dispositivo traçante. Estas armas são extremamente precisas e letais contra veículos levemente blindados, bunkers, linhas de trincheiras e pessoal em distancias de até 2 mil metros. Se estabilizadas, permitem fogos precisos mesmo quando se deslocam. As ATGW permitem destruir os carros de combate inimigos ou outros alvos pontuais em alcances de 3 a 4 mil metros. Metralhadoras coaxiais fornecem um alto volume de fogo supressivos para defesa pessoal e apoio à infantaria em alcances superiores a 500 metros. A combinação de armas estabilizadas, visão térmica, alto volume de fogo e os efeitos reforçadores de armas e munições, fazem do VCIM um excelente recurso de apoio para assaltos de infantaria. Tal qual os  carro de combate, podem contar com avançados sistemas de visualização e aquisição de alvos como imageadores térmicos e telêmetros laser. O reabastecimento de munição é difícil e requer apoio logístico externo. Os VBTPs geralmente são armados com mísseis anticarro (ATGW) ou metralhadoras 12,7 ou 7,62 mm, ou ambos, e podem apoiar a infantaria contra alvos “macios”, não sendo efetivos contra carro de combate ou VCIMs, a não ser que  estejam armados com as ATGWs. Os veículos de alta mobilidade sobre rodas são mais leves e geralmente embarcam apenas 1 sistema de armas, semelhantes aos usados nos VBTP.


Mobilidade

Os carros de combate combinam sua massa elevada e potência de motor para romper pequenos obstáculos como árvores e pequenas obstruções, permitindo-lhe mover-se em alta velocidade na estrada ou fora dela, atravessar rios rasos e trincheiras, e com preparação rios mais profundos. Consomem grandes quantidades de combustível e o uso constante de eletrônicos com o carro desligado consome rapidamente as baterias, exigindo que sejam ligados periodicamente, principalmente em climas muito frios, cuja baixa temperatura produz efeitos indesejáveis no motor. Produzem muito ruído, fumaça e poeira, e dependendo do terreno, o que dificulta o acompanhamento dos infantes. O M1 Abrams norteamericano produz gases de escape muito quentes (motor a turbina), o que inviabiliza que os infantes se aproximem dele, não se adequando a doutrina de exércitos, como o brasileiro, onde os infantes acompanham de perto o carro de combate. O canhão pode restringir o giro da torre em terreno restrito. Uma perda de tensão nas lagartas pode levar a um “descarrilamento”, cujo reparo pode ser demorado. Veículos muito pesados podem não ser suportados por pontes menos resistentes ou terrenos muito fofos (neste caso veículos com alta pressão sobre o solo), exigindo suporte da engenharia. Os VCIMs montados sobre lagartas partilham destas mesmas características, porém podem acomodar a infantaria em seu interior. São mais leves, e exceção daqueles baseados em chassis de MBTs, como o VCIM israelense Namer. Os VCIMs sobre rodas e VBTTs são rápidos e tem maior mobilidade estratégica, podendo rodar grandes distâncias em estradas, prescindindo de pranchas de transporte. Ambos fornecem proteção aos soldados desembarcados e podem colocá-los rapidamente em posições chaves do campo de batalha. Os pneus podem ser inflados ou esvaziados conforme o terreno, seja lama ou terreno duro. Areia, lama ou neve são melhor enfrentadas por lagartas, e pneus vazios por mais que 8 km pode incendiar o pneu. Os veículos de alta mobilidade sobre rodas tem as mesmas características de mobilidade que os VBTTs e VCIM s/ rodas.


Proteção

Geralmente, a blindagem de um carro de combate oferece excelente proteção para a tripulação. Através de um arco frontal de 60 graus, é impenetrável a todas as armas, exceto as ATGW mais potentes ou às armas principais de outros carros de combate. Ao operar com as escotilhas fechadas, a tripulação está protegida dos disparos de armas menos potentes, estilhaços de artilharia e minas AP; porém a capacidade de adquirir e engajar alvos, principalmente de infantaria próximos, fica reduzida. Os lançadores de fumígenos a bordo proporcionam uma ocultação rápida, exceto a observação térmica. As partes superior, laterais e traseira do carro de combate são vulneráveis a ATGWs mais leves. A parte superior é vulnerável a projéteis de artilharia guiados (de precisão). Minas AC podem imobilizar o veículo. Os VCIM geralmente contam com proteção contra projéteis leves como estilhaços e armas leves, além de minas AP. Os VBTT e veículos de alta mobilidade contam com proteção semelhante, porém são alvos menores e mais difíceis de engajar. Dependendo do modelo pode ser penetrado por projéteis de 12,7 mm se não contar com proteção adicional.


Informação

Nem todos os veículos são equipados com sistemas digitalmente aprimorados. Além disso, a consciência situacional e a situação do inimigo podem não ser facilmente compartilhadas com unidades de infantaria no solo. Os veículos geralmente contam com sistema táticos de situação e consciência situacional, acoplados a sistemas GPS ou similares e INS (sistema de navegação inercial), permitindo atingir locais designados com rapidez e precisão. Sistemas rádio digitais com datalink integram as diversas unidades compartilhando dados em tempo real, além de agilizarem o recebimento de ordens. Sistemas óticos integrados possibilitam a aquisição de alvos e seu compartilhamento com outras unidades. Dispõem ainda de sistemas IR para obtenção de alvos. O pessoal dentro do veículo pode ter dificuldades de visualizar a infantaria próxima e deve ser informado de sua posição, sendo desejável que sejam acompanhados, quando em velocidade reduzida, pela infantaria amiga a pé.


Tamanho e peso

Deve-se considerar sempre o tamanho e o peso dos veículos de combate que estão operando antes de empreender qualquer operação. O terreno que suporta o movimento de infantaria pode ou não suportar o movimento de veículos de combate. Estruturas como pontes, viadutos e bueiros devem ser avaliados com atenção, já que falhas estruturais podem ser mortais para os soldados nas proximidades. Muitas pontes são marcadas com sinais que indicam as capacidades de carga da estrutura, outras não, e outras podem ter marcação incorreta feita pelo inimigo. Em outras áreas, os soldados de infantaria devem confiar nas sobreposições de reconhecimento de rotas que mostram as capacidades de transporte das rotas que estão sendo usadas, porém deve-se sempre usar de cautela e evitar infraestruturas suspeitas.

Conclusão

Os veículos de combate de infantaria se prestam ao apoio do combatente de infantaria multiplicando seu poder de combate, e a acompanhar os carros de combate principais, proporcionando a estes proteção contra a infantaria inimiga. Serve ao mesmo tempo como "táxi" de combate e unidade de apoio, garantindo que os infantes tenham velocidade quando necessitam acompanhar os blindados principais e poder de fogo superior em embates contra infantaria inimiga. 




sábado, 18 de agosto de 2018

Controle do fogo de infantaria *152




O Combate de infantaria é um empreitada dinâmica, perigosa e violenta, e o combatente deve reagir a ele de forma a preservar a integridade física sua e de seus companheiros, e ao mesmo tempo saber aplicar sobre o inimigo a fração de poder militar que lhe compete em tempo real. O poder militar é aplicado em combate através do fogo, que deve ser desencadeado pelo indivíduo obedecendo a critérios internalizados na mente do soldado através de seu treinamento, maximizando seus efeitos e evitando colocar-se em situação de vulnerabilidade, através de regras pré-definidas, consagradas pela doutrina, porém sem tolher a iniciativa de cada um que deve ser incentivada. O treinamento constante e adequado elucidará, na mente do combatente, a diferença entre a desejável iniciativa e o excesso dela que pode resultar em imprudência.

Ao empregar seu poder de fogo, o infante deverá procurar fazê-lo seguindo as diretrizes de seu comandante imediato, tendo consciência de onde estão ou estarão seus companheiros e minimizando sua exposição, maximizando a segurança de todos. A prioridade de fogo deverá visar a ameaça mais imediata e perigosa, através do emprego da arma mais adequada à situação e sem dispensar excesso de munição sobre um alvo inutilmente. O emprego combinado de 2 ou mais armas sobre um mesmo alvo poderá ser o mais adequado em determinadas situações, onde a massificação dos disparos trará efeitos superiores e resultados mais satisfatórios. Deve-se ter ainda em mente a disponibilidade de munição e um plano de contingência para o caso desta escassear. Cabe a todos e especialmente ao líder zelar por estas práticas em observação aos princípios da massa, proteção e economia de meios. 

O líder controlará os fogos de seus subordinados, seja através de diretrizes temporárias, que podem ser de ordem tática, técnica ou legal, sempre dentro das Regras de Engajamento da situação. Algumas razões para este controle são a quantidade limitada de munição, a disciplina de segurança do local em questão e a disciplina de sigilo da operação, entre outros.

Os fogos podem ser de efeito massificado ou de precisão, e a situação tática ditará qual deles usar. A metralhadora e as granadas são os responsáveis pelo maior volume dos fogos, a aos fuzis caberá a função de cobertura. Aos alvos mais “difíceis” reserva-se o fogo dos lança-rojões, e quando assim o exigir a complexidade da situação ou pela insuficiência das armas orgânicas, solicita-se o apoio dos morteiros, artilharia de campanha e naval, carros de combate e aviação de apoio. Os fogos de precisão são geralmente reservados aos atiradores com fuzis especiais e seus aparelhos de pontaria mais apurados, e na ausência destes aos fuzileiros com fuzis padrão. Um grupamento qualquer, operando no terreno, tem um ganho significativo em sua segurança se cobertos pelo fogo de 1 ou 2 atiradores de precisão posicionados em um lugar elevado a retaguarda deles.

O combate requer superioridade de fogos, que é obtida através da massificação deles em pontos críticos, através do emprego combinado dos meios disponíveis, na busca de resultados decisivos. Ao entrar em combate, deve-se fazê-lo com violência e objetivo, a fim de se alcançar resultados decisivos em tempo mínimo, poupando meios e reduzindo os riscos. Os fogos devem ser aplicados sempre em parceria com a manobra, atirando para poder manobrar e manobrando para posicionar-se nos melhores locais para fazer fogo. Na busca da superioridade de fogos os fuzileiros atiram em setores predefinidos para cada um, com campos de tiro sobrepostos, apoiando-se mutuamente, combinando armas de tiro tenso e curvo, sempre focando em pontos mais vulneráveis, com munição de natureza variada de acordo com a situação tática. Alvos podem ser pontuais ou de área, com cada um demandando a arma e munição mais adequadas.


Ao líder de infantaria caberá a avaliação dos fogos de preparação, que devem ser requisitados sempre que disponíveis e adequados, de forma a oferecer ao infante um alvo já debilitado. A artilharia de campanha, os morteiros orgânicos, os carros de combate e a aviação tática estão ali para isso, e devem ser usados. Seja no ataque ou na defesa, estes fogos de apoio contribuem significativamente par reduzir os riscos e facilitar a sua manobra e eficácia.

Os fogos de apoio devem ser inicialmente intensos, prontamente ajustados e cronometrados para que cessem no tempo previsto. Seus efeitos tendem a diminuir com o tempo pois o inimigo adapta-se a eles. Grandes volumes entregues em tempo curto causam danos e choque máximos. Fogos longos retardam o avanço e podem permitir ao inimigo reposicionar-se, recuperar-se e reagir.

Os primeiros fogos devem ser concentrados de forma a permitir o movimento, e para tal são definidos setores de fogo e corredores de manobra, sempre procurando o centro de gravidade tático do momento. Neste momento procura-se alcançar posições ocultas e cobertas, maximizando a proteção da tropa, e ao mesmo tempo permitindo a instalação de boas bases de fogo. A avaliação feita a partir daí definem as capacidades e intenções inimigas, a partir da observação própria e de elementos de vigilância e reconhecimento. Por fim, empenha-se junto ao inimigo o esforço decisivo com ações sincronizadas entre os meios orgânicos e de apoio para aplicar o poder de combate necessário a um desfecho favorável, rápido e procurando manter a integridade da tropa. Uma unidade que sofreu pouco atrito estará pronta para o próximo embate antes de outra mais "cansada".

Toda manobra, seja qual for seu porte contará com um plano de fogo que levará em conta a situação tática e a natureza dos alvos, a munição e os meios disponíveis, a necessidade de fogos não orgânicos e sua duração, o uso de fumígenos e munição especial e os meios de comunicação. Prioriza-se os alvos que representem maior ameaça e os mais próximos, levando em conta o alcance útil de cada uma das armas disponíveis. Fogos excessivos desperdiçam munição que pode fazer falta mais tarde. O uso de marcadores de alvo (eletrônicos, IR, traçantes) é útil em situações de visibilidade limitada.

Os líderes e os operadores devem conhecer as possibilidades e efeitos de cada tipo de arma e munição, de forma a melhor avaliar seus efeitos sobre o alvo. Por exemplo: um ATGW com ogiva HEAT não pode perfurar a blindagem frontal de um MBT moderno, mas pode sim danificar seu trem de rolamento e imobilizar o veículo; metralhadoras médias são efetivas contras veículos não blindados até 1000 m e lança-rojões até 450 m. O fogo deve ser desencadeado o mais cedo possível, com as armas de maior alcance disparando primeiro e forçando o inimigo a reagir o quanto antes, desembarcando e impedindo que sigam seus planos. Deve-se usar cada sistema de armas dentro de seu alcance efetivo, escalonando a profundidade do fogo, debilitando o inimigo a medida que se aproxima, evitando que o combate aproximado seja contra um oponente organizado.



Ao fazer fogo os combatentes devem procurar manter o mínimo de exposição, e quando o fizerem procurar os momentos em que o fogo de cobertura estiver ativo, sempre fazendo com fogo efetivo, sem hesitações. Dobras do terreno, sejam naturais ou preparadas, oferecem abrigo natural; e engajamento pelos flancos e retaguarda, disparo de múltiplas posições e disparos curtos e inesperados reduzem a exposição.

Saber onde está seu companheiro, sua tropa amiga, evita o fogo amigo, bem como conhecer os planos de ataque e manter comunicações constantes. Aos líderes cabe esta tarefa de coordenar seus comandados a fim de evitar acidentes, orientando-os e sabendo onde estão cada uma de suas subunidades. O campo de batalha moderno é multidimensional e muitas vezes não existe “front” definido, exigindo uma coordenação espacial mais apurada de cada elemento. 

Durante progressões sob condições de visibilidade limitada pode-se usar marcações térmicas ou por IR para sinalizar o progresso de cada fração, evitando que frações adjacentes disparem umas contra as outras. Luzes químicas podem ser ligadas em seqüência para marcar um corredor já percorrido, porém deve-se assegurar que estas marcações não possam ser vistas pelo inimigo, por exemplo, se ele dispuser de capacidade de visão noturna infravermelha.

Nevoeiro denso, chuva, tempestades de areia e o uso de fumígenos pelo inimigo podem reduzir significativamente a capacidade do líder de controlar os fogos diretos dos seus. Nesta condições deve-se fazer o uso máximo do equipamento disponível como miras térmicas e sistemas de visão noturna que permitem aos esquadrões manterem o contato com o inimigo como se o engajamento fosse em dia claro.

Nada se faz sem um plano, e nele se considera todos os ativos disponíveis, sempre com medidas alternativas para o caso de equipamento ou pessoal ter sido colocado fora de combate. Capacidades redundantes e ocorrências mais prováveis devem ser a diretriz principal, como por exemplo, setores de fogo alternativos para o caso de elementos ficarem incapacitados.

O combate se vence pelo fogo bem administrado e efetivo, quebrando o poder de combate do inimigo e preservando a integridade dos meios a disposição e do pessoal que integra a tropa própria e aliada.



terça-feira, 15 de maio de 2018

Movimento Tático de Infantaria #148



A infantaria se movimenta no terreno usando formações táticas, quando em condição de provável contato com o inimigo, de forma a minimizar as chances de ser surpreendida e sofrer baixas, além de poder responder ao fogo de forma eficiente se o engajamento for estabelecido. O movimento tático antecede a manobra, e cessa com o inicio desta, que se dá com o estabelecimento do contato. Movimentar-se de forma disciplinada e usando a técnica adequada faz a diferença entre a vida e a morte.

Formações Táticas

São utilizadas 7 formações pré-definidas, cada uma empregada de acordo com a situação tática do momento, onde se leva em consideração as necessidades de velocidade de avanço e fluidez de deslocamento, necessidade de fazer fogo a frente ou para os lados de forma mais eficaz, probabilidade de contato imediato e provável quadrante de contato, entre outras. Ao deslocar-se a infantaria deve manter a coesão do grupo, permitir a comunicação entre seus membros, manter o ímpeto do movimento e alcançar máxima proteção mútua entre seus membros e outros grupos adjacentes. A formação também deve permitir que uma vez estabelecido o contato o grupo possa migrar para uma situação defensiva de forma natural e sem grandes contratempos.

Cada membro do grupo ocupa uma posição padrão na formação de forma que todos possam estar em contato permanente com seu lider imediato e este seu lider superior, além é claro de poder cumprir sua função. As formações não devem ser rígidas, mas sim flexíveis de forma a poder variar se necessário, ao comando de um gesto do líder. As formações em linha, em coluna e em escalão são as menos flexíveis.

As formações são escolhidas de acordo com os fatores largura e profundidade requeridos, sendo que a vantagem de um dos fatores representa desvantagem do outro. Uma coluna de infantaria pode se dispor em coluna, em linha, em V, em cunha, em diamante , em caixa ou em escalão. As formações podem contar com um elemento guia ou com mais de um. A primeira torna o controle mais fácil, porém reduz a superioridade de fogo a frente e vice-versa.

A formação em linha consiste em todos os elementos postados lado a lado, dispondo o grupo com máxima largura e mínima profundidade. Todos podem, de forma otimizada, observar e fazer fogo a frente, com prejuízo dos flancos. O caminho percorrido por um indivíduo ainda não o foi por outro, podendo por exemplo haver uma mina ali, requerendo cautela e esforço de limpeza de itinerário. O movimento deve se dar tendo como base o movimento do líder ou ao seu comando, sendo o controle difícil e é usada quando o contato é iminente. Esta formação implica em baixa velocidade e é inviável em terreno restrito, dificulta a manobra escalonada, favorece a dispersão e alta assinatura. O comando para esta formação é dado quando o líder estica ambos os braços.

A formação em coluna é o oposto da anterior. Os elementos postam-se em fila e assim se deslocam, sendo o terreno relativamente seguro depois da passagem do elemento à frente. Um elemento é destacado para ir um pouco a frente do grupo oferecendo segurança aos demais. Possui poder de fogo máximo nos flancos a mínimo a frente, bem como a observação. É a formação mais fácil de controlar, desde que o elemento a frente não se distancie em muito do líder, e que oferece maior fluidez, mesmo em terrenos mais restritos.  É vulnerável a ataques aéreos e ao fogo de metralhadoras se pouco dispersa. É empregada quando se tem a velocidade como prioridade e o contato com o inimigo é pouco provável, pois a capacidade de manobra fica restrita. O comando para esta formação é um giro de 360 graus com o braço estendido, partindo do alto.

O terceiro tipo á a formação é a em V ou cunha invertida. É similar a formação em coluna, porém oferece mais flexibilidade de manobra pois coloca 2 elementos a frente em vez de 1 só. Possui maior capacidade de fogo e observação à frente, porém mantém a segurança dos flancos em bom nível e oferece boa dispersão. É utilizada quando se quer priorizar a velocidade, porém o contato com o inimigo é mais provável. O controle é similar a formação em coluna, mas um pouco mais complicado. O comando para esta formação são os braços erguidos acima do ombro.

A formação em caixa dispões seus elementos tal qual o formação em cunha invertida na frente e repete esta disposição nos elementos de retaguarda. Possui as mesmas características desta. É uma formação que maximiza a segurança do grupo.

A formação de cunha pode ter 2 variações: cunha a direita ou a esquerda tendo um elemento a frente, dois de um lado de forma escalonada e outro do lado oposto. É usada em situações indefinidas com um elemento a frente. Proporciona alta grau de controle e bom poder de fogo, relativa facilidade em terreno restrito e facilidade de transição para formações de linha ou coluna. Em terrenos muito restritos requer frequente transição para formação em coluna. O comando para esta formação são os dois braços abaixados em 45 graus.

A formação em diamante tem as mesma características da formação em cunha com o quarto elemento disposto à retaguarda do elemento que se desloca a frente.

A sétima formação usada é a formação em escalão, que como a formação em cunha pode ser a direita ou a esquerda. Consiste em escalonar os elementos de forma diagonal a sentido do deslocamento para um dos lados, aquele de onde vem a ameaça. Permite fogo e observação ótima para o lado escalonado e para frente, com segurança debilitada para o lado oposto. É usado quando se tem segurança que a ameaça virá só de uma lado, como na composição de formações maiores com outros grupos que proporcionam segurança mútua, sendo de difícil controle. O comando para esta formação é um braço acima e outros abaixo, sempre no sentido do escalonamento.

Dentro do grupo, os infantes compõem uma equipe de fogo, que nada mais é do que uma atribuição de responsabilidades de cada um de vigiar um quadrante específico, de forma a proporcionar segurança a todo o grupo. casa elemento deverá ter conhecimento de seu quadrante e dos quadrantes de seus companheiros, conhecimento este que concatenado com a formação usada evita que se atire na direção dos parceiros evitando fratricídio. As equipes de fogo guardam um distância de segurança (dispersão) de seus parceiros até o limite do controle, distância esta que é ditada pela situação tática do momento.

A cunha é a formação básica da equipe de fogo, com seus integrantes mantendo um espaço de cerca de 10 metros, variando de acordo com as condições do terreno. Os integrantes da equipe agem de acordo com as ações do líder sem necessidade de ordens explícitas, sendo fundamental que todos tenham sempre o líder em seu visual. Em terrenos seriamente restritos como dentro de edificações e em condições de visibilidade muito limitada se usa a coluna em formação cerrada, pois a cunha é impraticável.

O Itinerário a ser usado

Estabelecer contato no momento e local escolhidos pelo inimigo será sempre desastroso, de forma que entender as peculiaridades do terreno em que se irá operar e selecionar as rotas mais adequadas é vital. Também é importante se deslocar no tempo certo, com a disposição adequadas das armas disponíveis e com o grupo disposto na formação adequada, de forma a chegar ao local escolhido no momento desejado em condições de integridade do grupo e com total potencial de combate.

Quando o movimento não tem por objetivo o engajamento em combate, como aquele praticado por grupos isolados atrás de linha inimigas procurando um reposicionamento, busca-se a máxima segurança e o controle, praticando o contato apenas quando inevitável, movendo-se por rotas ocultas e cobertas que ofereçam poucas possibilidades de emboscadas. Deve-se ainda lançar mão de todos os recursos de camuflagem e disciplina de ruído, manter vigilância em todas as direções e valer-se de recursos como ocultação por fumaça e aplicação de fogos diretos e indiretos quando necessário.

As formações táticas da infantaria determinam o espaçamento entre os membros do grupo, seus setores de fogo e as responsabilidades de cada um. Dentro da formação as técnicas de movimento definem o nível de segurança que um soldado oferece a outro, a posição dos GCs uns em relação aos outros, quem faz fogo e quem se desloca.

Tão importante quanto as outras tarefas do líder, é a habilidade de planejar e selecionar uma rota de deslocamento. Deslocar-se por um itinerário que seja o mais seguro possível, demandem o menor esforço e atinjam o objetivo do deslocamento no tempo adequado é importante. Um deslocamento eficiente começa com uma seleção de rotas bem selecionadas que exige um análise pormenorizada do terreno e termina com uma capacidade de navegação competente. Planejamento e preparação são inúteis se não se consegue encontrar o caminho para o objetivo.

Terrenos perigosos devem ser evitados. Expor-se a observação ou ao fogo, ou ambos também. O planejamento da rota deve levar este fator em consideração e se for inevitável atravessar estas áreas deve-se fazê-lo o mais rapidamente possível e com cautela máxima. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A Evolução Recente da Infantaria *127


baseado no C7-1

A infantaria moderna consolidou seu modo de combate com o advento das últimas tecnologias que surgiram a partir da Primeira Guerra Mundial. As formações rígidas, herdadas das antigas falanges gregas e baseadas no fogo contínuo e nas formações em linha, deram lugar a moderna forma de combate baseadas na combinação de fogo e movimento denominada manobra.

Já nos idos da revolução francesa a infantaria passou a libertar-se das rígidas formações geométricas de outrora e dos intervalos para mudança de formação, adquirindo maior flexibilidade, evolução esta catalizada pelo surgimento do fuzil moderno, carregado pela culatra, com maior alcance e precisão, e maior cadência de tiro. Intervalos entre as formações passaram a existir, batidos pelo fogo de armas mais potentes.

O início do século XX consagrou as novas práticas de combate, lastreadas pelos avanços da revolução industrial, e permitiu a infantaria já dotada dos fuzis em substituição aos ultrapassados mosquetes e arcabuzes e das metralhadoras que passaram a prover volume de fogo ao campo de batalha, firmar-se no seu papel de núcleo e base de qualquer força terrestre.

As primeiras metralhadoras, inicialmente pesadas e entregues a artilharia, foram evoluindo e tornando-se mais leves e práticas, forçando o infante a procurar abrigo junto ao solo. Companhias de armas automáticas foram criadas e a guerra entrou no impasse da guerra de trincheiras, característica da Primeira Grande Guerra.




Apoiada pelas outras armas, a infantaria passa a atuar com o apoio das bocas de fogo da artilharia e com a proteção dos carros de combate da cavalaria, formando com essa um binômio usado com sucesso até os dias atuais, recuperando a impulsão perdida com o advento das metralhadoras. Com maior impulsão surgem os obstáculos artificiais que potencializam os naturais, como os campos minados, o que leva ao surgimento da engenharia de combate como forma de não frear a recém conquistada recuperação da impulsão em combate.

A guerra civil espanhola já faz uso intenso da motorização e a Segunda Guerra Mundial disponibiliza ao infante proteção blindada, permitindo a estes acompanharem os carros de combate, proporcionando-os proteção contra a infantaria inimiga, desembarcando quando já bem próximos desta. Os tempos contemporâneos também trouxeram a aviação que potencializou a infantaria com fogos de apoio e mobilidade nunca antes experimentada.




As lições da grande guerra da segunda década do século XX consolidaram o batalhão como unidade tática padrão da infantaria e organizaram os homens em torno das metralhadoras, formando as esquadras e grupos de combate, que por sua vez integram os pelotões e estes suas companhias. As esquadras atuam pelo conceito do fogo e movimento e proteção mútua, enquanto uma progride a outra a cobre pelo fogo, em movimentos alternados, formando os grupos de combate (GCs). Esta organização mostrou-se eficaz e se mantem atualmente.

Interessante se faz dizer que os avanços táticos ao longo dos tempos são frutos do avanço técnico das armas, pois são suas possibilidades que permitem as novas práticas de combate. Os avanços implementados já no início da Primeira Guerra Mundial podem ser listados como: O fogo passou a restringir o movimento, o combate esquemático deu lugar ao flexível fazendo uso do abrigo e da dispersão, a organização do terreno passou a ter grande valor com a construção de posições fortificadas e o infante aproveitando-o de acordo com suas características dando-lhe um aspecto de esvaziamento, os dispositivos passaram a ser desdobrados em profundidade para melhor a absorção do choque inimigo e a ênfase da defensiva sobre a ofensiva, em parte obrigada pela impasse das trincheiras.




Já na Segunda Guerra Mundial passou-se a buscar os pontos fracos do dispositivo e a infiltração que permite o assédio aos flancos e a retaguarda, menos defendidos, colocando-se dessa forma em posição vantajosa e dando a ofensiva sua importância perdida. Com comunicações mais eficientes, a infantaria passou atuar de forma combinada com a cavalaria, a artilharia e a engenharia de combate, potencializando o poder de cada uma.

A Guerra russo-japonesa deu início às operações noturnas como forma de superar o devastador fogo das metralhadoras. Os meios aéreos e mecanizados permitiram a partir da Segunda Grande Guerra as manobras de envolvimento, potencializadas pela introdução do helicóptero, que teve sua primeira guerra de peso no Vietnam. 




O grau de urbanização alcançado no Século XX tornou os centros urbanos cenário para as guerras de resistência, onde o carro de combate passa a ter papel secundário e infantaria cresce no seu grau de importância, atuando como protagonista das operações. O combate em localidade se mostra como um grande problema aos comandantes militares e a flexibilidade do infante vem de encontro a mais este desafio, pois só ele pode efetuar a varredura das edificações, casa por casa, rua por rua. O carro de combate, senhor do campo aberto, atua também neste cenário, porém como arma de apoio, assim como a artilharia, a engenharia de combate e os helicópteros. As forças irregulares, cada vez mais presentes nas batalhas modernas, atuam muitas vezes mescladas à população civil e cabe a infantaria fazer esta distinção e atuar seletivamente.



O combate embarcado, onde carros especialmente construídos (IFVs) permitem a infantaria atuar protegida pela couraça e ao mesmo tempo acompanhar os carros de combate, valendo-se de proteção mútua com armas potentes orgânicas em seus veículos, passaram a povoar as forças de choque dos exércitos do século XXI, modernizando o conceito de armas combinadas e tornando a infantaria blindada ainda mais eficaz. A infantaria também aprendeu a lançar-se a partir do mar, já nos meados do século passado, através do aperfeiçoamento das técnicas de assalto anfíbio e dotando as marinhas de guerra de poder para estabelecer cabeças de praia amplas e seguras, para que tropas mais numerosas possam desembarcar com tranquilidade. A infantaria conquistou os céus, e através de assaltos aeroterrestres possou a posicionar-se em qualquer ponto dentro de território inimigo, garantindo o domínio de pontos sensíveis até que tropas por terra venham ao seu encontro, em operações de junção.



A tecnologia disponível a partir da última metade do século XX passou a oferecer recursos nunca antes disponíveis, como a capacidade de combater à noite de forma inquestionável e as novas proteções de kevlar que oferecem proteção eficiente sem o ônus das pesadas armaduras dos soldados de outrora. Os desenvolvimentos da tecnologia digital passaram a oferecer a capacidade de NCW a cada um dos infantes, permitindo um grau de comando e controle, assim como de consciência situacional excepcional. Um general, sentado em sua poltrona em seu QG permanente, pode visualizar o que uma esquadra está vendo em combate do outro lado mundo em tempo real, assim como a disposição de seus pelotões e companhias, intervindo se necessário como se lá estivesse. O helicóptero veio para lhe oferecer mobilidade sem igual, permitindo-lhe posicionar-se pontualmente em longas distâncias e tempos curtos, transpondo facilmente obstáculos, combater e em seguida ser recolhida e mudar de posição dando dinamismo ao espaço de batalha.



Seus princípios  e características permanecem, no entanto inalterados. Combater em qualquer terreno e sob quaisquer condições meteorológicas, tendo o indivíduo como núcleo de sua força, onde se sobressai a competência individual e o adestramento, a capacidade de liderança e a fortaleza moral. A capacidade de fazer fogo de uma distância de onde se pode ver as expressões faciais do inimigo, em seguida movimentar-se e fazer fogo novamente, são exclusividades desta arma, base dos exércitos de todo o mundo.  




domingo, 10 de janeiro de 2016

O Pelotão de Infantaria #117



O pelotão é a unidade tática básica da infantaria e base para a formação das companhias. Sua organização pode variar de uma força para outra, porém as variações não são significativas. Mesmo em unidades de infantaria de uma mesma força a composição do pelotão pode mudar de acordo com as singularidades de cada tropa. Um fator determinante da composição de cada tipo de tropa é a capacidade dos veículos que a transportam, pois procura-se acomodar cada "grupo" de forma coesa em um mesmo veículo, seja ele um helicóptero, viatura blindada ou outro qualquer.

No Exército Brasileiro, o pelotão de infantaria é formado por 3 grupos de combate (GC) e 1 grupo de comando e 1 grupo de armas de apoio. No US Army a denominação do GC é de esquadrão (squad), e a organização do pelotão é muito semelhante, totalizando no modelo aqui descrito 42 integrantes.  Uma das capacidades principais do pelotão de infantaria é a de organizar-se como força-tarefa tática, com seus elementos orgânicos e outros agregados em reforço de acordo com cada missão, dando ao comandante de companhia um fração de tropa altamente flexível e poderosa, que pode cumprir tarefas de forma autônoma como parte do esforço desta e do batalhão. A arma do combatente de infantaria é o fuzil de assalto, e a exceção dos metralhadores é dotação comum a todos eles. 




O Grupo de Comando

O grupo de comando (platoon headquarters - PLT HQ no US Army) do pelotão tem por missão prover comando e controle (C2) aos demais. Este grupo atua ainda nas funções de ligação com sua companhia, com os elementos que fornecem apoio de fogo e apoio logístico. Tipicamente é formado por um oficial subalterno ou tenente líder de pelotão, um sargento antigo adjunto ao líder que atua como subcomandante e um sargento ou cabo operador de sistemas de comunicação ou radioperador (RTO no US Army). Conta ainda com um sargento "caçador" (Sniper) e um cabo observador auxiliar deste. Esta equipe agrega a função de observador avançado (OA) dos grupos de morteiros e são os encarregados da ajustagem do tiro destes. Um sexto integrante é um sargento paramédico ou enfermeiro, e ainda, se for o caso, um motorista.



O Líder de Pelotão

O líder do pelotão deve comandar com base no exemplo, com a autoridade que lhe é de direito, assumindo a responsabilidade global pelas ações de seus subordinados, agindo de forma decisiva nas ações e na manutenção da disciplina. Quando em combate sua atuação deverá ser no sentido da atribuição de missões específicas a cada um, sempre dando espaço a iniciativa de seus comandados.

Mesmo tendo a última palavra nas decisões, deverá aconselhar-se sempre com seu sargento adjunto e conhecer todas a facetas operacionais do emprego de seu grupo. São atribuições do líder:
  • Acionar o pelotão no cumprimento das missões que lhes são atribuídas pelo escalão superior, levando-o de encontro com os objetivos deste;
  • Orientar a manobra do pelotão;
  • Sincronizar seus GCs para que manobrem de forma harmônica;
  • Antecipar as ações que o pelotão deverá executar;
  • Solicitar os apoios que forem necessários;
  • Fornecer aos GCs total suporte de C2;
  • Planejar e implementar a segurança de seu pelotão;
  • Orientar o desdobramento das armas do pelotão;
  • Elaborar relatórios aos seus superiores;
  • Posicionar-se da forma mais adequada quando em ação;
  • Atribuir tarefas e objetivos claros, concisos e realizáveis aos seus GCs;
  • Inteirar-se e entender a missão de sua companhia e batalhão.

O líder deverá sempre estar ciente da situação em que está inserido. Deverá conhecer a situação das tropas amigas, inimigas e neutras; bem como as condições do terreno. Deverá visualizar a situação a ser configurada depois do cumprimento de sua missão e tomar as medidas necessárias para ligar o presente ao futuro esperado, sempre avaliando os riscos envolvidos e tomando as medidas para minimizá-los. 


O Adjunto de Pelotão

O adjunto do pelotão (PSG no US Army) é o auxiliar direto do líder, segundo em comando e conhecedor da tática operacional e todas as armas orgânicas e de apoio. Sua função é assessorar o líder no planejamento e zelar junto aos GCs pelo cumprimento de suas ordens. Suas funções básicas são:
  • Supervisionar o pelotão a fim de garantir seu apronto, com checagens pré-combate e inspeções;
  • Estar apto a assumir a liderança do pelotão, se necessário;
  • Posicionar-se da melhor forma para exercer as tarefas de C2, seja junto a base de fogo ou aos elementos de assalto;
  • Zelar pelo apoio logístico do pelotão, gerenciando inclusive a carga de combate;
  • Zelar pelo apoio médico aos soldados sinistrados, com evacuação de feridos e mortos, controlando as baixas e emitindo relatórios com vistas a reposição de pessoal;
  • Operar os sistemas digitais de C2 do pelotão;
  • Inteirar-se e entender a missão de sua companhia e batalhão, tal qual o líder.

O Rádio-Operador do Pelotão

O rádio-operador (RTO no US Army) é o operador da comunicação do pelotão com o comando de sua companhia, e deve manter o líder e seu adjunto cientes da condição de seus sistemas. Deve ter afinidade com todos os procedimentos de radiotelefonia e emissão de relatórios, pedidos de apoio de fogo e antenas de campo de todos os tipos, além de gerenciar o uso de baterias. Deve ainda conhecer os protocolos de comunicação (frequências e sinais de chamada) de sua companhia e batalhão e dar ciência deles a todos os membros do pelotão, assim como auxiliar na operação dos sistemas eletrônicos de C2.

O Observador Avançado do Pelotão/ "Caçador"

O Sargento "caçador" atua como o observador avançado (OA) do pelotão (FO no US Army), e apoiado pelo Operador de rádio é o responsável pelo planejamento e execução dos fogos de apoio (indiretos), incluindo os morteiros da companhia e do batalhão, artilharia de campanha e outros fogos colocados a disposição. Deve saber localizar e designar alvos, chamar os fogos de apoio e ajustá-los. Deve conhecer a missão do pelotão e os conceitos operacionais afins, bem como a doutrina de fogos de apoio. dentre suas funções específicas destacamos:
  • Manter ciente as equipes de coordenação de apoio de fogo da companhia e do batalhão sobre a localização do pelotão e suas necessidades de apoio de fogo;
  • Manter atualizados mapas e croquis do terreno;
  • Chamar e ajustar fogos de apoio;
  • Operar como equipe junto ao operador de rádio;
  • Selecionar alvos em potencial e informar sua localização ás equipes de coordenação de apoio de fogo;
  • Escolher e preparar os postos de observação (POs) e viabilizar suas rotas de acesso;
  • Operar os terminais digitais de contato com as equipes de coordeção de apoio de fogo;
  • Atuar como atirador de precisão.

O Paramédico do Pelotão

O paramédico do pelotão atua junto ao sargento adjunto no apoio médico ao pelotão, sempre interagindo com as equipes médicas da companhia e do batalhão. Deve zelar pela saúde preventiva dos integrantes do pelotão, e trabalhar no tratamento e evacuação de feridos. Cabe a ele ainda aconselhar o adjunto em assuntos afins, gerenciar o suprimento médico (classe VIII) e elaborar os relatórios médicos solicitados.

A Esquadra

A esquadra (Fire Team no US Army) é o núcleo do pelotão, e constituída para lutar como uma equipe monolítica. Podem atuar de forma auto-suficiente no combate direto ao inimigo, dentro é claro do envelope de combate do pelotão. É comumente constituída por 4 elementos: Um fuzileiro-metralhador (AR no US Army) que fornece volume de fogo a esquadra e é a base de fogo direto desta, alocando fogos contínuos sobre pequenas áreas; o fuzileiro-atirador que bate alvos ponto de curto alcance com disparos de precisão e fornece segurança e inteligência aos demais; um fuzileiro-granadeiro que pode bater pequenas áreas com fogos indiretos explosivos (HE) de curto alcance, inclusive em ângulos mortos; Um cabo líder de esquadra (TL no US Army) que fornece o C2 desta e complementa a ação do fuzileiro-atirador. O binômio metralhador-granadeiro é a base de fogo da esquadra.



O Fuzileiro-Atirador

Cabe ao fuzileiro atirador o fogo de precisão da esquadra. Ele prove segurança ao núcleo de fogo da esquadra e trabalha como observador na busca de alvos para o este. São suas atribuições:


  • Efetuar fogo certeiro com seu fuzil e ser especialista em seu emprego, além de saber operar todas as armas da esquadra e poder substituir seus pares, atuando constantemente na segurança de sua equipe;
  • Ser capaz ocupar posições rapidamente de onde possa fazer fogo com eficácia, de dia ou à noite, utilizando os princípios de coberta e abrigo, fortificá-la e camuflá-la;
  • Ter habilidade de transpor obstáculos como campos minados, arame farpado, fossos e paredes, apoiar a lida com prisioneiros, feridos e equipes de demolição; 
  • Repassar ao seu líder toda a informação relevante que adquirir em ação ou que possa ser útil ao esforço da equipe;
  • Atuar em prol da saúde da equipe aplicando medidas de segurança médico-sanitárias ao seu alcance. bem como ter conhecimento de medicina básica de combate;
  • Estar ciente da missão de sua esquadra, pelotão e companhia.


O Fuzileiro-Granadeiro

O granadeiro prove a esquadra fogo de trajetória alta para bate ângulos mortos e forçar o inimigo a abandonar seu abrigo. Todos os soldados podem portar granadas de mão, mas o granadeiro é o único a poder lançar granadas a distâncias maiores (cerca de 300 a 400 m), pode ainda alvejar veículos levemente blindados, desdobrar barreiras de fumaça e iluminar ponto específicos do terreno. Deve ser especialista em seu lançador de granadas e suas munições, sabendo seus limites de segurança. e estar apto a desempenhar todas as funções dos outro integrantes da esquadra. Compõem o núcleo de fogo da esquadra com o metralhador.




O Fuzileiro-Metralhador

O metralhador fornece volume de fogo direto a esquadra e é o componente senior do núcleo de fogo da esquadra. Pode endereçar seus projéteis a qualquer tipo de alvo, menos àqueles abrigados ou providos de armadura. Deve poder ainda substituir qualquer outro integrante da esquadra. Devido a natureza de seu armamento de emprego coletivo, poderá portar uma pistola para defesa pessoal.

O Líder de Esquadra

As atribuições do líder já foram citadas e são invariáveis qualquer que seja o escalão. Ele deve receber suas ordens as cumprir com total liberdade de ação tendo sua iniciativa valorizada. Deve ter a capacidade de pensar rápido e agir demonstrando atitude, imediatismo e precisão, inerentes ao combate de infantaria. O líder ainda complementa a missão do atirador.

Os movimentos da esquadra devem seguir a tradicional prática da infantaria de mover-se rapidamente de um ponto a outro quando o companheiro estiver fazendo fogo, e ao chegar lá fazer fogo para que este possa mover-se. Atirar e manobrar. Todo cuidado deve ser tomado para não se atravessar a linha de fogo dos companheiros.

O Grupo de Combate (GC) ou Esquadrão

O grupo de combate (Squad no US Army)  é formado por 2 esquadras mais um sargento Líder (SL no US Army). Quando embarcados cabem em um IFV ou helicóptero de manobra. É a célula base que o comandante de pelotão usa para manobrar. O sargento comandante de GC tem 2 equipes (esquadras) a disposição e as usa em conjunto; enquanto uma atira a outra manobra.















O líder de GC desempenha as tarefas de líder já citadas, deve ser capaz de substituir o adjunto de pelotão desempenhando todas as suas tarefas e solicitar e ajustar apoio de fogo.

O Atirador de Precisão Designado

Um GC pode ser reforçado por um atirador designado (SDM no US Army) pelo comandante do pelotão, quando for necessário. Este atirador deve estar especialmente treinado em fogo de precisão. Não são franco-atiradores e nem operam nos alcances limite destes, e muito menos de forma autônoma, mas como componentes do GC e sob as ordens de seu líder. Usam armas disponíveis na unidade com mira ótica reforçada.




Ele deve ser escolhido por suas habilidades de tiro, maturidade, experiência, confiabilidade e bom senso. Sua função é a de alvejar alvos de alto valor como oficiais, radio-operadores, metralhadores, atiradores de precisão, operadores de lançadores de rojão e outros. Devem ter a capacidade de alvejar alvos fugazes e expostos por curtos períodos de tempo, em frestas e fendas, parado e em movimento. Pode-se designar um atirador por esquadra no lugar do fuzileiro-atirador, criando-se duas equipes equilibradas e altamente flexíveis, capazes de atingir alvos em distâncias superiores às usuais.

Estes atiradores devem receber treinamento especial no uso de miras telescópicas, tiro de veículos, tiro em movimento, tiro noturno, tiro de engajamento rápido, tiro em combate aproximado (close combat), tiro em até 600 metros, posições de tiro não usuais e tiro de alvo em movimento a longa distância.

O emprego destes atiradores é particularmente indicado em situações onde a precisão é mais importantes que o volume de fogo, como em situações de contra-insurgência, em áreas urbanos a fim de não alvejar civis, em alcances fechados de necessidade imediata, quando o inimigo também os está empregando, situações diversionárias, vigilância de setores e corredores específicos, entre outras.

O Grupo de Armas de Apoio


O grupo de armas de apoio é formado por 2 equipes de metralhadoras médias e 2 equipes de fogo pesado com lançadores de rojões de grande calibre, mais um líder de equipe.



Os Metralhadores

As equipes de metralhadoras médias são compostas cada uma por um metralhador e um metralhador assistente que portam armas de maior potência que as metralhadoras ligeiras que equipam as esquadras, com alcances de até 1.000 metros, fornecendo fogo de supressão de médio alcance. Ao metralhador e seu assistente cabem colocar uma metralhadora média em ação, cuidar de sua manutenção, conhecer sua doutrina de emprego e seu comportamento balístico. Devem ainda assistir seu líder quanto ao emprego da arma, bem com estar apto a substituí-lo, além de conhecer a missão de seu pelotão e companhia. Ao assistente cabe estar apto a assumir o controle da arma se necessário, controlar o fornecimento de munição e trabalhar na designação de alvos ao metralhador sênior.




Os Operadores de Lançadores de Rojões

As equipes de lançadores de rojões são compostas por 1 atirador e 1 assistente. Estas equipes podem operar lançadores de foguetes (rojões) como o AT-4 ou Carl Gustav, ou ainda mísseis leve como Javelin. Elas fornecem ao pelotão uma significativa capacidade anticarro, bem como poder de fogo contra posições fortificadas, em alcances médios. Cabe aos membros da equipe as mesmas funções das equipe de metralhadores, e ao assistente em especial, o gerenciamento no fornecimento de munição. A estas equipes poderão ser alocados mísseis anticarro de maior potência se assim for necessário.

O Líder do Grupo de Armas de Apoio

O líder deste grupo é o substituto natural do adjunto do pelotão e deve conhecer todas as suas atribuições. As demais funções do lider são as mesma já elencadas. Cabe a eles aconselhar diretamente o líder do pelotão quanto ao plano de fogo deste grupo, o gerenciamento do fornecimento de munição do pelotão em auxílio ao sargento adjunto e ao planejamento de emprego das armas de seu grupo.